sábado, 31 de maio de 2008

Muitos anos nesse post

Em meados dos anos 70, meu pai resolveu construir uma casa na roça. Logo meu pai, apegado ao lema "Um Lima nunca constrói, sempre reforma" animou-se a fazer um recanto para a familia, mal sabendo que aquilo tudo era para mim.
Num local privilegiado, estrategicamente escolhido por meu Tio Sênio, que mais tarde morreria num grave acidente, e sob a batuta de um mestre de obras antigo lá na roça, em pouco tempo, saiu a minha casa de sonho. Passei lá alguns dos melhores dias da minha vida.
Habitei ali com meus pais, amigos, namoradas ou "quem chegasse era bem vindo" durante um bom período, sem saber que muitos anos depois, muito perto dali, nasceria o Sítio Odete Lima, onde hoje habito eventualmente (Odete Lima tem ficado cada vez mais eventual na minha vida, o que é um erro crasso). Tinha época que eu chegava de Niterói onde estudava e nem passava em casa. Ia direto pra roça.
Comíamos o famoso macarrão do Paturi. Geraldo Paturi era um caseiro que bebia mais do que qualquer outra coisa. E sabia fazer um macarrão.
Usávamos canecões pra pescar traira no açude. Bebíamos uma cachaça amarela de muito boa qualidade.
Ali nasceram amizades que estão enraizadas até hoje. Algumas já se foram. O próprio Paturi, o Nogueira, o Pipi, partiram apressados de nós.
Íamos de jeep, de carona, de charrete. E quando caía a noite, íamos a Paraiso do Tobias ver as meninas.
Não tinha luz elétrica nos primeiros tempos. Víamos a noite cair naturalmente, ponteando uma violinha animada.
Naquele mês, deixei de comprar um disco com a sobra da mesada e comprei um poster imenso de Susan Dey , que até hoje parece habitar entre os escombros da velha casa.

Essa história toda é pra contar que, trinta anos depois, pude viver um momento parecido.
Ontem depois de apagar alguns incêndios, peguei a estrada e fui com Chicó pra Arraial do Cabo. Lá em Arraial, numa espécie de sede marítima de Odete Lima (acho que comprei aquele apartamento pensando na canção do Sidney Miller, mas essa é uma outra história), passamos ótimos momentos a dois.
Chegamos no final da tarde, mas deu pra pegar um resto de Sol. Sentamos num daqueles quiosques da Prainha e eu fiquei ali bebericando uma Petra e ele uma Coca.
Depois de várias Petras e Cocas, algumas entradas no mar e uma conversa amena de pai (46) e filho (6), fomos pra casa.
De repente, Arraial do Cabo ou pelo menos a minha rua, foi acometida por um apagão que durou até duas da madrugada.
Pouco ligamos. Conversávamos e ríamos como dois meninos da mesma idade, às vezes o assunto era o relógio do Ben 10, às vezes uma conversa mais séria sobre pais separados.
Assim, vimos a noite cair como na velha casinha.

Por menos que quisesse ou soubesse, Chicó acabou me dando uma retrocedida no tempo em que viver era a mais honestas das iguarias.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Cida Moreira

Tenho ouvido Angenor, o disco que Cida Moreira dedica à obra de Cartola, com frequência cada vez maior. É um belo disco, com destaque para a toada Feriado na roça, um Cartola pouco conhecido, com um belo arranjo de violão. O disco se perde um pouco nas canções arranjadas para piano, mas nada que o desmereça.

Cida é mestra em song books. Na minha opinião, o melhor disco dedicado à obra de Chico foi feito por ela. É também seu melhor disco. Acertou em cheio aos escolher as canções teatrais de Chico, que parecem ter sido talhadas para sua voz operística. A voz do dono e o dono da voz com Cida deveria constar em qualquer antologia de Chico que se preze.

Nos anos 80, vi Cida muitas vezes. Dois memoráveis foram Porter a Porter e Cida canta Brecht (que também gerou um disco maravilhoso) no Teatro Rival. Vi um show íntimo, de voz e piano dela no Teatro da UFF. Depois de muitas tangibrinas, pedi que ela cantasse Viver de Amor, que ela tinha cantado no Rival e nunca gravou. É da Ópera do Malandro e uma das coisas mais densas que o Chico fez. Saí do Teatro sem ouvir. Cida parece não fazer concessões . Ou não estava num dia bom.

Adoro ouvi-la cantando Mais que a lei da Gravidade de Paulinho da Viola, dos primeiros discos. Dos últimos, prefiro Pra ver o Sol Nascer, no disco Na trilha do cinema e Si te adoro do disco Uma Canção pelo Ar.

Cida Moreira é um oásis nesse deserto de ridicularias que a mídia nos impõe.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Alê ou a solidariedade


Amanhã Alessandra faz anos. Toda vez que penso em solidariedade, penso em Alê. Alê tem cacoete de boa filha, boa mulher, boa amiga. É das minhas há muito tempo.
Desde que tropecei na corda bamba no interminável ano de 2002, Alê me carregou no colo e não desgrudou de mim. E até hoje quando penso em Alê, penso naquele anjo de pijaminhas na minha casa em Miracema.
Alê me faz lembrar de Luisa. Luisa, do alto dos seus doze anos, vive a tomar conta de mim.

Claro que Alê se dispersou com o tempo. Casou-se, cresceu no trabalho, projetou-se na vida, alçou os vôos que toda pessoa dedicada e inteligente como ela consegue alçar. Mas prefiro lembrá-la como naquele dia em que fui buscá-la em sua casa na Glória, e pegamos a estrada. Prefiro lembrá-la dos chopps no Centro, das voltas pra Niteroi conversando, das viagens para os Fóruns, rindo dos outros, gozando da vida.

Uma vez fui estúpido com Alê. Tive ciúme doentio dela, ao vê-la cada vez mais distante, cada vez indo mais longe. Isso é tão natural como eu não querer que Luisa cresça mais, que continue assim, pequenininha a me tomar conta. Mas, sim, fui estúpido. Alê chorou. Seu choro sincero e autêntico mostrou pra mim o quanto nos amamos. A mim, deu-me vontade de chorar também.

Acompanhei Alê pajeando sua mãe o tempo todo. Sua capacidade de doação, ainda que pouco tivesse, sua pouca política, seu sorriso triste, são coisas que me comovem intensamente e fazem com que eu a ame mais ainda.

Meu amigo Wagner há de me desculpar por estar sendo tão babão, mas a verdade é que quem tem um brilhante desses na mão, tem que se sujeitar a ouvir todos os elogios despretenciosos do Mundo.

Alê é grande. No meu coração, maior ainda!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Mais seis ou treze.


Comprei a edição nova do Moby Dick, belissimamente encadernada pela Cosac. Estou tomando coragem.
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Fiz uma seleção dos vinis que nunca saíram em cd e consegui baixar. Recomendações triplo A: Santo Amaro, com Aldir Blanc, O Bonde, com Zé Luiz Mazziotti, Unicornio, com Clara Sandroni, Boneca Cobiçada, com Ney Matogrosso, Ele vai te flechar, com Zé Renato, Demais, com Eduardo Conde e por aí vai.
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Fred Hersch tocando Cole Porter (songs whithout words) não para de repetir no Ipod.
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Desci da Cantareira, peguei a Primeiro de Março, entrei pela Rosário, passei no Cláudio e tomei café com João e Raimundo, cheguei na empresa. O trabalho rendeu bem. Almoçamos no Tarantino. De tarde, trabalho bom igualmente. Subi a Cantareira, peguei o Morro São Sebastião e entrei no Ingá. O vélox demorou a entrar. nada demais. Estranha segunda-feira tranqüila.

domingo, 25 de maio de 2008

Maestro, dá um lá menor aí, s'il vous plait

Em meados dos 90, eu tinha um Santana vinho, 2.0GL, a alcool. Era um bom carro. Infelizmente, lembro-me dele por um episódio ruim. Foi quando vim ao Rio me desfazer dos meus vinis. Enchi o Santana com quase dois mil discos e entrei na Sete de Setembro pelo Largo de São Francisco até a falecida Moto Discos. Foram-se quase todos a preço injusto e até hoje pago pelo arrependimento. Coisas da vida!

Eduardo Conde era um ator mediano, cantor idem. Deve ter sido ótima pessoa. Pouco me importa, quem gosta de música por diletantismo, pode se dar ao luxo de gostar inclusive da mediocridade, o que não é o caso.

O disco Certas Canções passou pela minha vida como obra prima. Gershwin, Aldir ( a melhor versão do Retrato Cantado), Tom (Demais, demais mesmo!), tudo interpretado bem fim de noite, bem abismo, bem ressaca por Eduado Conde e Luiz alves (baixo), Pena Café ( bateria) e Luis Aguiar (piano). Tudo isso foi embora com meus vinis.

Pois agora, graças ao site poeiras e cantos pude escutá-lo novamente. Obrigado, Poeiras e Cantos. Saudações Tricolores!!!!

sábado, 24 de maio de 2008

Uma semana inteira com Laura e Luisa

a) Ver a terceira temporada de Lost. Só faltam dois capítulos pra nós. E tivemos a sorte de ver o melhor episódio de todas as temporadas. Aquele em que o Hugo liga o foda-se pra ilha, pros others, pra Kate , pro Jack, pro diretor, pro roteirista, pra todo Mundo e bota aquela Kombi velha pra funcionar.
b) Ver Indiana Jones 4 - obrigatório para velhos (eu) e moços (elas).
c) Ir ao rodízio de pizza da Parmê e esquecer da vida.
d) Ir à Mostra de Literatura para Jovens e Crianças no Museu de Arte Moderna.
e) Trabalhar com elas, atravessar as barcas com elas, perambular com elas, incluindo uma passada na Berinjela (livros) e outra no Cláudio (discos).
f) Dar um jeito de arranjar uma aulinha de balé pra Laura (ela mesma deu o jeito).
g) Ouvir música no carro, em casa, na rua, incluindo o show da Cristina Braga.
h) Dormir colado, reclamar do ronco, assustar com meu grito de gol, conversar sobre coisa nenhuma e sobre muita coisa.
i) Pedir uma pizza do Domino's, um China in box qualquer, fazer compra nas Sendas e Americanas ( coisas que detesto e passo a gostar por causa delas), almoçar no Dona Santa.
j) Vê-las dormir e ficar com o coração alegre do soninho delas.
i) Acordar com elas, com toda dificuldade que a Luisa tem pra levantar, tomar café com elas.
j) Ver Laura linda amadurecendo, já tomando conta da casa, arrumando a cozinha, pondo a mesa.
l) Acompanhar Luisa tão menina e já cheia de auto suficiência.
m) Estar enfim, todas as horas de um dia ao lado delas e babar de orgulho de ter filhas assim.

Meus três leitores já devem ter percebido quais são as minhas mais gratas companhias, não é mesmo?

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Harpa e voz

Fui ver Cristina Braga com as meninas no Teatro Municipal de Niterói. Exímia harpista, tem um grave defeito: canta mal. Nada que possa descolorir sua harpa.
Muito bem escoltada por Marcos Nrinchter (piano/sanfona) e Ricardo Medeiros (baixo), a moça encanta com um repertório bossa novista e alguma coisa autoral, igualmente interessante.
Fiquei com medo de levar as meninas. Quando penso em harpa, ligo logo nos anjos do céu entoando cantigas celestiais indefectíveis. Nada disso! Ela consegue tirar um som muito vibrante daquela harpa.
Um único escorregão no repertório: Disparada (Vandré) não é para ser tocada por harpa. O resto foi muito bom, inclusive uma canção belíssima que eu já tinha esquecido do Francis e do Rui Guerra (Último Canto).
A moça só peca quando canta. Errou feio na Valsinha, fez um Atrás da Porta chocho, e por aí vai.
Ainda não ouvi os discos dela (estão comprados há tempos, porém ainda no plástico). Pode ser que reveja a opinião, mas não acho que Cristina Braga deva soltar a voz.

A propósito de 1968

No incensado ano de 1968, eu tinha 6 anos, idade do Chicó hoje. Absurdamente alienado, meus heróis eram o Príncipe Namor, o Nacional Kid e o Capitão América. Brincava de mocinho e bandido, meu sonho era ser da polícia.

Estudava no Jardim da Infânia Clarinda Damasceno, onde minha mãe era professora. Ia à missa todos os domingos e acreditava cegamente em Deus.

Meu avô materno, meu grande herói da infância, era vivo e gostava generosamente dos meus primeiros versos, já desprovidos de qualquer talento.

Em 1968, quebrava os discos de 78 rotações do meu pai e ficava de castigo dentro de um balaio de roupas, mas continuava ouvindo tudo de novo no dia seguinte. Inventei eu mesmo uma vitrolinha de caixa de papelão para ouvir minhas canções imaginárias. Já era doido.

O Álbum Branco dos Beatles, lançado em 68, não tocava lá em casa, portanto só fui gostar dele muitos anos depois, mas o meu disco preferido dos Beatles ainda é o Abbey Road. Adorava ouvir Oh! Darling e muitos anos depois, ouvi uma versão cortante do Coral A Garganta Profunda e me apaixonei pela vocalista gordinha do Garganta (Onde andará?)

Tropicália ou Panis et Circenses também não entrou na minha vida em 1968. Comecei a gostar do disco(que até hoje ainda acho um pouco enjoado) lá por volta de 74 e a melhor versão da canção pra mim está num disco antológico do MPB4 chamado Bons Tempos, Hein!.
O ídolo lá de casa era Roberto Carlos, que em 68 lançou o cd O Inimitável. Meu hit era o clássico Ninguém Vai Tirar Você de Mim.

Em 68, não tomei um porre para chorar a morte de Manoel Bandeira. Fiz isso muitos anos depois na morte de Drummond, recitando A Mesa e O Caso do Vestido pra uma platéia pouco afeita à poesia.

Morava numa cidade pacatíssima, não tive conhecimento dos movimentos estudantis, da ditadura militar, de Ferreira Gullar , de Zuenir, dos Festivais da Record, de Geraldo Vandré, de nada.
Em 1968, eu habitava um país chamado Miracema, e era feliz num canto qualquer da Rua das Flores.

O ano em que eu fui ao inferno foi 2002. O ano que nunca terminou pra mim foi 2002. Mas um dia termina.....

quarta-feira, 21 de maio de 2008

NEEEEEENNNNSE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Lindo demais pra deixar pra escrever depois. Eu quero agora essa onda, essa loucura, esse prazer de ver o Fluminense ganhar mais uma!!! Eu quero beijar a Laura, abraçar a Luisa (e assustá-la com meus gritos de gol), acordar meu pai, dançar com minha mãe, felizmente todos aqui e agora comigo!!! Ligar pro Chicó, sair pra Rua, cumprimentar meu vizinho, quero tudo, quero já!
Estão todos abençoados. Meus amigos, meus inimigos, hoje lavo minha alma e comemoro com todos. Hoje o perdão é gratuito e sincero.
Pode nem ganhar mais nada que já valeu tudo!
Lamento, São Paulinos, vão ter que esperar mais uma ano.
O Sobrenatural de Almeida adentrou o Maraca mais uma vez, Nelson deve estar rolando de felicidade no túmulo.
Esse time afinado, essa vitória inconteste, esse golzinho no último minuto, ainda que nem Lua nem conhaque, deixam a gente comovido como o Diabo!!!!!

Quatro Tons de fazer chorar

Antes tarde do que nunca, está saindo do forno, a coleção dos originais de Tom Jobim em edições descentemente remasterizadas. Ponto para a Universal e para a Warner.
Em menino, aprendi a gostar de Tom na contra-mão da bossa nova. Meu primeiro Tom foi Matita Perê. Meu primeiro hit de Tom foi Matita Perê. Letra longa do PC Pinheiro, muito a gosto de Guimarães. E Ana Luiza. Sonhei muito com o cochilo do guarda e eu penetrando no castelo, nos vales, nos rios, nas fontes de AnaLuisa.
Tom era aficcionado por Luisa. Tanto que deu nome a pelo menos três de suas canções. Claro que a Luisa do Tom teve grande influência na escolha do nome da minha Luisa. Luisa muito novinha, eu e Laura cantávamos o samba de Maria Luisa pra ela.
Outro disco que me marcou foi Terra Brasilis, de Falando de amor. O samba de uma nota só, cantado ao piano, de forma diferente de João Gilberto, belíssimo. Até hoje tenho dúvidas se gosto mais de Falando de Amor com Tom ou com Ney.
Edu e Tom, Tom e Edu é um disco clássico pra mim. Pouco valorizado pela crítica, quase furou na minha vitrolinha. A Canção do Amanhecer (de Edu) com o piano choroso de Tom é o fino. E Chovendo na Roseira, e É preciso dizer Adeus e O Canto Triste, dois gênios em plena criação.
Por fim, outro Tom que marcou minha vida foi Passarim. Amo Chansong. Quem não amaria depois de ouvi-la milhares de vezes, como eu?

terça-feira, 20 de maio de 2008

Os melhores discos que ouvi em 2007 - 6

A mais grata surpresa de 2007 foi a coletânea econômica da Gravadora Universal Rodrigo Leão - O Mundo. Comprei sem esperar nada dela. Com o tempo, percebi que foi a melhor coletânea econômica já lançada. As músicas se casam perfeitamente.

Conheci Rodrigo Leão nas chamadas da mini-série Os Maias da TV Globo. Não sabia se o que me perturbava mais era a voz de Teresa Salgueiro ou o arranjo denso de Rodrigo da cantiga O Pastor. Foi ali que descobri também a Madredeus. Rodrigo, não por acaso, participou da primeira e melhor fase do grupo.
Do Mundo de Rodrigo, comecei gostando de Rosa. Rosa Passos canta essa canção no disco, de um jeito diferente do que ela canta normalmente, mas igualmente lindo. Depois vieram Pasion, Solitude, Noche, Tardes de Bolonha e o disco foi entranhando pelas vísceras até o encantamento completo.
Já se disse que Drumonnd, um tímido extremado, pegava-se dançando pela casa sozinho, ensimesmado. Pois bem, Pasion é o tipo de música que dá vontade de sair dançando sozinho pela casa. A voz de Verônika (Gotan Project) contribui muito para minha dança imaginária.

E Rodrigo arremessa seu piano pelos cantos da casa, na Cantareira, nas noites de hotel, correu Mundo comigo no ano de 2007.
Você pode ouvir Voltar (outra iguaria) aqui.
No atropelado ano de 2007, esse disco foi minha melhor descoberta.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Eu também já fui brasileiro

Eu também já fui brasileiro moreno como vocês.
Ponteei viola, guiei forde
e aprendi na mesa dos bares que o nacionalismo é uma virtude.
Mas há uma hora em que os bares se fecham e todas as virtudes se negam
.
Eu também já fui poeta.
Bastava olhar para mulher,
pensava logo nas estrelas e outros substantivos celestes.
Mas eram tantas, o céu tamanho, minha poesia perturbou-se.

Eu também já tive meu ritmo.
Fazia isso, dizia aquilo.
E meus amigos me queriam,
meus inimigos me odiavam.
Eu irônico deslizava satisfeito de ter meu ritmo.
Mas acabei confundindo tudo.
Hoje não deslizo mais não,
não sou irônico mais não,
não tenho ritmo mais não.

Carlos Drummond de Andrade
Alguma Poesia (1930)

Restos de fim de semana complicado

Meu final de semana continuou confuso depois de sábado a noite. Terminei a noite numa festa de bodas de ouro, tipo de evento que você só participa quando quem comemora são os pais de um dos seus melhores amigos.
E como está cada vez mais escassa essa raça de "melhores amigos", lá fui eu, escoltado por Laura, Luisa e Chicó.
Como sempre acontece nessas solenidades, estava deslocado, alienado, perdido. Até que uma boa alma me acolheu à sua mesa e fiquei ali de conversa pouco útil do tipo "como vai a família?", etc etc.
O bom da festa: o discurso leve de uma das filhas do casal, o fato de só terem convidado a família e os amigos mais chegados (aliviou uma possível síndrome do pânico), e a comida farta e de boa qualidade.
E mais: uma crooner desfilando o repertório completo de Benito di Paula e aqueles bolerões de zona, e canções previsíveis dos anos 80 (já tinha confortavelmente deletado Reluz, Marcos Sabino da minha memória, Mas Raquel, a crooner fez questão de me lembrar)
Saí de lá meia noite e como perdi a hora de dormir, acabei custando a pegar no sono e dormi mau.

Péssimo sábado para dormir mal, pois tive que organizar a volta para Niterói no domingo com minha mãe e as meninas, que vieram passar a semana e o feriado comigo É sempre um acúmulo sobrehumano de malas, bolsas, cobertores, compras na Sendas para o abastecimento caseiro da semana, motivos de sobra para aumentar a irritabilidade de quem dormiu mal.

Tenho tentado lidar com minha irritabilidade (quando ela acontece, o que tem sido raro) da forma mais natural possível ou seja: guardo ela só prá mim, procuro não descarregá-la em ninguém, mas às vezes sobra. Luisa não gosta de me ver assim, veio brigar comigo. Sublimo, sublimo, sublimo. Mas não sublimei o sujeito fazendo gesto no estacionamento do supermercado como se eu estivesse atrapalhando a vida dele. Fiz como a Kate aí em cima. Luisa não gostou.
Pra completar o domingo, o time mirim do Fluminense se espojou na lama e perdeu para o Náutico em casa. Depois vai buscar esse resultado aonde? O Fluminense anda jogando mal sempre. Poupar o quê????? Fora Renato Gaúcho!
O dia caiu sobre a cidade. É segunda?? Espero que não!!

sábado, 17 de maio de 2008

Hay dias que no se lo que me pasa

Tardes de sábado em Miracema: Laura(15) na internet, Chicó (6) no Cartoon, Luisa (12) entediada. Depois de uma leve soneca de fim de tarde, acordei (46) irritado. Já dissertei aqui sobre QI, irritabilidade e meu sono leve de tarde: é aquilo mesmo, pra quem já leu. Decidi que, a contar dessa data, irei abandonar a sesta de sábado em Miracema. Sei que não conseguirei manter a decisão, mas isso não tem a menor importância.

O certo é que acordo meio zonzo e só me vem à cabeça o que não tem solução. A sede do peixe. Pra acordar de vez, disparei a ler tudo o que encontrava pela casa: Jornais novos e velhos, revistas, livros, com uma voracidade de quem lê seu último capítulo. Sexta e sábado é fartura nos jornais do Rio: Tárik, Mauro Ferreira, Prosa e Verso, Dapieve, Calazans, dá pra ler um bom tempo.

Hoje recebi a visita ilustre do meu amigo Flávio. Há uns bons anos não nos víamos, a não ser pelo blog (o dele, flaviodiario, está indicado ali à direita). O mesmo Flávio de sempre: crítico, mordaz e sem concessões. Mas de alguma forma, pareceu-me um pouco mais leve. O tempo vai amolecendo as pessoas.

Não há muito o que se esperar de mim desse resto de sábado. Câmbio e desligo.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Solvitur ambulando

Sexta-feira, 22:30 de um dia bastante intenso. Comecei revendo As Invasões Bárbaras, numa sessão pipoca para gerentes da empresa. Revi pela terceira vez. Comoveu-me pela terceira vez, embora ainda não saiba quais sejam as reais invasões retratadas na película. Além de tudo, é um retrato cru do sistema de saúde canadense, importante para quem lida com gestão de saúde.

Depois do almoço, peguei a estrada. Quatro horas ouvindo Bethânia, Dori, Rosa Passos, Sabina.

Numa das transversais da Rua Florida em Buenos Aires tem uma loja de cds chamada Tango. Foi lá que conheci Joaquin Sabina. Não, não é um cantor de tangos. É meio que uma mistura de ritmos latinos com rock, um pouco de Dylan, um pouco de Paco, um pouco de Serrat. Gostei do cara.

Cheguei em Miracema no fim da tarde, peguei Luisa e fomos jantar com Mário e Marila. Finalmente conseguimos conversar alguma coisa, longe dos barulhos do nosso última encontro. Boa cerveja. boa carne, boa conversa. Definitivamente, o Sebastião Bunda de Fora é a melhor e talvez a única opção nas noites miracemenses.

Luisa dorme serena e é muito lindo vê-la dormir assim. Boa noite.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Entre linhas

Os dias de reunião da Câmara Técnica de Medicina Baseada em Evidências são como feriado pra mim. Não há nada mais nobre do que o aprendizado. Principalmente quando aprender e trabalhar vêm juntos, um ajudando o outro. Foi assim hoje.
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Nesses dias, esqueço das horas, que passam bem rápido, infelizmente. Esqueço dos bons e dos ruins. Sou só, ali entre colegas, tentando acrescentar um pouco mais ao que já aprendi. Pra quem já queimou mais de meia vela (toc, toc, toc), esses dias são estimulantes mesmo. Pena que é só uma vez por mês.
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Estou cada vez mais convencido de que o desenho desse blog vai ser sempre assim: textos curtos pontilhados. Uma ponta na minha pressa, outra na minha limitação de ficar fosforilando muito.
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De qualquer modo, chego à conclusão que arranjei um bom amigo. Procuro ser fiel a ele. e não deixo passar muita coisa. Um blog que se preza deve se prestar a esse tipo de companheirismo.
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Zélia Duncan gravou A Companheira, um clássico de Luiz Tatit, musicalmente parecido com o início da minha relação com Leticia. A gente ouviu muito essa canção.
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Também Clara Sandroni gravou Quase, outra boa do Tatit. Tatit é tudo de bom

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Veja bem , meu bem

Não é exagero não, a interpretação do Ney pra essa canção do Camelo aí de cima dá banho em Maria Rita. O moço parece vinho. Cada vez melhor.
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O cantor de tango é um relato apaixonado, visceral, imprescindível da história do tango. Júlio Martel é um hemofílico que canta tango por diletantismo. O livro contamina.
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Rosecrilda me manda uma finíssima farinha de cupioba de Salvador. Axé!
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A Feira do Livro está na Cinelândia. Ótima oportunidade para se comprar bons livros a bons preços. Só tome cuidado depois das 17:30. Cai a noite, a turma do roubo de celular agita por ali.
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Faltam dois meses para a FLIP. Está na hora de fazer as reservas.
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Sobre São Paulo (1) e Fluminense (0): o Fluminense deixou a desejar no primeiro tempo e vai ter dificuldade pra virar aqui, mas tudo é possível, principalmente se Dodô jogar mais um pouco (metade do que jogou contra o Arsenal aqui no Rio já está de bom tamanho). Preferia Thiago Neves e Conca juntos e ficou claro que Conca não pode ficar fora desse time, independente de quem saia. Achei que o Fernando Henrique falhou no gol, rifando a bola pro Adriano, limpinha. E Luis Alberto jogou uma bola muito redonda. Pra mim, o melhor do Fluminense. Esses jogos vão tirando um pouco do meu fôlego ralo. Faz calor nessa noite fria niteroiense. Vamos à luta!
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Não dá prá ficar ouvindo Falcão comentar futebol. Argh!!!!!

terça-feira, 13 de maio de 2008

Já na terça

Bem, todo Mundo tem direito à sua segunda-feira durante a semana. A minha foi na terça. Às oito e dez, fui sacar dinheiro na Caixa da Rua do Rosário pra fazer um acerto de um cartão de crédito que me roubou descaradamente, me lesou descaradamente, mas meu advogado achou que não. Essa história, eu prometo contar detalhadamente. Por hora, limito-me a alertar: se um(a) fulano(a) qualquer te ligar lá pelas 19h, oferecendo um Cartão Americanas Itaucard, com todas as vantagens que você nunca imaginou ter, desligue rápido. Fuja de casa pra evitar o risco de contaminação!

Voltando à minha manhã, ao sacar, desgraçadamente deixei meu cartão de crédito cair dentro da maquininha de cuspir dinheiro. Ninguém pra me atender. Voltei às nove, tinha um guarda, que nada pode fazer. Às nove e meia, só o guarda e a faxineira. Às dez e quinze, depois de passar exatos vinte e sete minutos tentando convencer à atendente que sim, é possível que o cartão caia dentro da maquininha (já estava me convencendo que o Sobrenatural de Almeida tinha levado meu cartão), consegui que um gerente abrisse a maquininha e encontrasse meu cartão.

Os bancos sobretaxam tudo que você utiliza deles. Ganham sobre todos as possibilidades com seu dinheiro. É melhor ficar em casa contando rendimento do que encarar a Rio Branco todo dia e trabalhar feito um condenado.

É por isso que hospitais estão sucateados, operadoras de planos de saúde migrando para funções menos nobres do que subsidiar a melhor prática médica, clientes em pé de guerra porque não são bem atendidos, etc, etc, etc.

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Pela enésima vez, abdico de um show que achava imperdível depois de já ter comprado ingresso (dessa vez, foi ainda pior: pedi à Letícia que os comprasse pra mim): a homenagem a Altamiro Carrilho no Vivo Rio. Cansaço, velhice, preguiça, dê o nome que quiser. Desculpe, Nelinha!





segunda-feira, 12 de maio de 2008

Correria de segunda

Segunda-feira atípica, branda, trabalho rendendo bem. Sem grandes atropelos na Cantareira. Renata e Sandra de ótimo humor. Almoço no Al Farábi.

Faz frio em Niterói. Raríssimo, como essa segunda.

Fui ouvindo Zélia e Simone. Mais do mesmo. O que mais admiro em Zélia Duncan é o fato de estar sempre buscando repertórios novos, finos, desacoplados da mídia.
Voltei ouvindo Antônio Príncipe. O fino do chamamé. Conheci essa iguaria com Mercedes Sosa e Antônio Tarago Rios. Achei esse disco, comprei no escuro. É ótimo.

Fui lendo O Cantor de Tango. Cada vez melhor. Lembra Bolaño.
Voltei lendo O Globo. Joaquim Ferreira dos Santos reclamando da segunda feira. Médio.

Scarlet Johansson cantando Tom Waits - a primeira impressão é algo deslocado do contexto. Não deu pra gostar de nada ainda, Vou ter que ouvir mais. Tom Waits é genial, Scarlet é muito bunitinha, tem que ter coisa boa ali. Merece uma investigação melhor.

Indicados ao Prêmio Tim na categoria Fulltrack: Amigo Apaixonado (Victor e Léo), Futuro Prometido (Sorriso Maroto) e Não precisa mudar (Ivete Semgalo). Não sei bem o que é essa categoria, mas deve ser uma coisa bem gasosa e repolhenta.

No momento, Vitor Assis Brasil arrasa Wave, Tom Jobim. Boa Noite.



domingo, 11 de maio de 2008

Ainda no domingo

Acabo de assistir ao empate do Atlético-MG com o time mirim do Fluminense. Um bom resultado? Sim, mas podia ter sido melhor. Pois logo no jogo em que Arouca põe os pés na bola, Renato Gaúcho resolve sacá-lo. Ai, Jisus! Quem ainda agüenta esse técnico tricolor????.
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George Constanza, melhor amigo de Jerry Seinfield, não consegue dispensar a namorada no episódio The Strongbox. Planeja então traí-la com uma outra, mas acaba não conseguindo dispensar nenhuma das duas, que aceitam dividi-lo, mas não abrem mão dele. Essa dificuldade colossal em determinar o final de uma relação, já vivi muitas vezes. Não é que um episódio tão bobinho pode sugerir tanta coisa!!!!
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Comecei a ler Tomás Eloy Martínez, O cantor de Tango. Ótimo início, parece muito bom. Buenos Aires é cenário para qualquer coisa.
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De madrugada, roubaram todos os jornais do dono da banca de revistas da minha Rua. Uma nova modalidade de assaltos. Os ladrões devem estar muito bem informados!! Tive que comprar o jornal em outra banca. O Globo de hoje: Xexéo, Calazans, Mauro Ventura, Veríssimo, Ubaldo e muito pouco mais.
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Bom resto de domingo, especialmente para as mães que leram até aqui.

Dia das mães

Ontem fui ver Zezé Polessa no monólogo Não sou feliz, mas tenho marido, no Teatro Municipal de Niterói. Cheguei no risco de não achar mais ingresso, fui para a galeria, quarto andar do Teatro, torci o pescoço, mas deu pra ver. É o segundo monólogo que eu vejo nesses últimos tempos. O primeiro foi Clarice Niskier, A alma Imoral. Gostei mais de Clarice. Não que Zezé não seja excelente atriz, capaz de levar um monólogo por quase duas horas sem cansar. Mas confesso, quase cansei. Algumas tiradas excelentes, a história de 27 anos de um casamento desgastado pelo futebol de domingo, pela construção da casa, pela divisão equivocada das tarefas (ela cozinha, ele come, etc), e por outras tantas situações que Zezé disseca com ótimo humor.
Não há como não ficar deprimido depois de tantos fracassos matrimoniais, depois de ver aquela peça. Acabei me vendo num pouco dos esteriótipos que ela interpretou.

Faz frio em Niterói, o que é raríssimo. Chove lá fora. Mais um domingo solitário, pleno dia das mães. Da mãe das meninas, da mãe do menino, da minha mãe. Das mães que aprendi a admirar. Gisele, Marila, Silvia, Rose, Dri, Sandra. De Renata, que resolveu largar quase tudo pra ser só mãe. E da minha Tia Cicida, mãe de todos nós. Nas horas mais difíceis, foi meu melhor abrigo essa tia. Imagino que ela deva compartilhar dessa solidão de domingo.

Resolvi assistir Tropa de Elite ontem. Datado??? Nada mais pode ser tão datado!!!!Aguardei a explosão de cópias piratas, os comentários e críticas daquela cópia, a estréia nos cinemas, os prêmios e os enxovalhos que recebeu da crítica internacional, comprei o dvd. Pra quem esperou tanto, achei apenas razoável.
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Felipe Massa ganhou mais uma! Ainda não dá pra reunir a turma de madrugada, mas começa a me animar.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Saudações tricolores

Nenhum torcedor do Fluminense, Vasco ou Botafogo pode deixar de ter uma ponta de satisfação quando o Flamengo apronta um vexame. É de dar pena!
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Na vitrolinha, Avishai Cohen Trio, Gently Disturbed, recomendação triplo A.
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Por falar na vitrolinha, esqueci de comentar que no último final de semana, tirei o pó da pick up, só pra ouvir Às próprias custas, Itamar Assumpção. Trata-se do melhor disco ao vivo que saiu por aqui nos anos 80. Mais precisamente, em 15 de novembro de 1982, na Sala Guiomar Novaes em São Paulo. Itamar em plena forma, desconstruindo Geraldo Pereira, Wally Saylormoon, Luis Melodia, Adoniram e muito dele mesmo. Itamar, além de brilhante compositor, era um intérprete finíssimo. Aqui no CCBB, numa das suas raras apresentações no Rio, perto de morrer, pude ver Itamar trucidar Boa Noite, Djavan, transformando uma música relativamente banal num clássico.A Gravadora Baratos Afins cometeu o mais grave dos seus erros ao remasterizar o vinil para cd. Ficou horrível. Vozes abafadas, tudo de ruim.
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Aquele foi um mês inesquecível no CCBB, com a boa música de São Paulo. Wisnick, Tatit, Ná, Premê, Arrigo, só faltou Eduardo Gudin.
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Nunca ter visto uma apresentação do Eduardo Gudin, um compositor que admiro muito, me deixa deprimido. Não me lembro de ver anunciada qualquer apresentação dele aqui no Rio.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Paulo Polzonoff Jr

"Sim, meus amigos, é fato: existem pessoas com vidas piores do que as nossas. Existe câncer no pâncreas e existe cárcere privado e incesto; existe infanticídio e parricídio e padres que voam em balões; existem jogadores de futebol que pegam travestis na rua e… qual é mesmo a desgraça da vez?

Mas nada disso – nada – diminui, a longo prazo, a dor individual, que pode ser a dor de não encontrar a pessoa certa, de não ser capaz de pagar a prestação da geladeira nas Casas Bahia ou mesmo a dor de escolher o destino das próximas férias (Buenos Aires ou Santiago?).

A dor individual não tem escalas. Até porque, se tivesse, depois de Auschwitz todos nós seríamos indescritivelmente felizes."

Esse pequeno texto é dez. Agradeço mas uma vez à Camila pela indicação. O blog do cara está nos links aqui do lado.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Essas e outras

Na minguada vitória do Fluminense contra o Atlético de Medelim, só se salvaram Conca e Roger, que fez o gol. É muito pouco para um time que quer chegar ao Japão. Renato Gaúcho continua fazendo tudo o que pode para piorar o time. Justo na hora em que parecia acertar, colocou Maurício no lugar do Thiago Neves.
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A oferta de hospitais na Cidade do Rio de Janeiro continua uma lástima. Hoje, eu e minha fiel escudeira, Renata (nesse caso houve uma inversão quixotesca da história) fomos visitar um CTI em construção. Garantindo vaga pra junho!
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Chegou a playboy da Juliana do BBB. Nada de novo. É uma linda mulher. Mas a crua nudez, trabalhada com o auxílio do fotoshop, parece não agradar a mais ninguém (ou será que sou eu que envelheço agudamente?) . A verdade, meus amigos, é que a mulher vestida tem me chamado muito mais a atenção (pra ficar dentro do politicamente correto) do que a mulher nua. A mulher vestida é um mistério inviolável.
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Almocei hoje no Fredo, um barzinho muito simpático aqui de Niterói. Ótimos bifes. Recomendação para quem passa aqui pelo centro na hora do almoço.
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Quem não sai do meu Ipod essa semana é Ledo Urrutia e Julio Cobelli, Montevitango. Não conhece??? Lamento, você está perdendo! Vai uma palinha aí? Afina com Gardel tu sintonia.
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Eu não gosto dos dias que eu fico fora da minha base. Hoje com duas reuniões externas, não foi diferente. Meu humor azedou de manhã.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

O dia caiu sobre a cidade.

As filas quilométricas da Cantareira denunciam uma segunda feira tumultuada.
Acordei tarde, meu biodespertador não funcionou direito.
Lavar o rosto, tomar o remédio, verificar se o celular está na mochila.
Segunda-feira é o cão!
Meu Ipod não coopera. Passo. Passo mais uma. Quando chegar esse fim de Sol, a canção delirante de Caymmi (Sargaço Mar) no disco novo da Adriana Calcanhoto. Não gostei com Adriana. Melhor com Dori e muito melhor numa versão do Paulo Moura no disco Paulo Moura e Ociladocê interpretam Dorival Caymmi (procurei o intérprete, mas não há a informação no disco).
Chego atrasado pra receber um pessoal que está trabalhando com radioterapia cirúrgica aqui no Rio. Mais incorporação tecnológica. Aprendo um pouco. Anoto. Parece uma turma boa.
Vivo atormentado pela sensação de só escrever palavras inúteis. Lampejos de nadas.
Na hora do almoço, passei no Cláudio, meu fornecedor de cds. Ele me apresentou Mulheres de Holanda (parece mais um Quarteto em Cy interpreta Chico) e o cd/dvd da Rio Jazz Orquestra. Compro, não discuto.
De tarde encontrei Longarino, que estava em Buenos Aires e trouxe uns alfajores para nós. Apago todos os incêndios habituais da segunda feira e volto pra casa, encontrando nova fila quilométrica na Cantareira.

Em 1979, atravessei a Baía da Guanabara pela primeira vez sozinho de noite: fui assistir Gonzaguinha no seis e meia do Teatro João Caetano. O título desse post foi tirado de uma canção dele: Dias de Santos e Silva. O cd de Daniel Gonzaga interpretando Gonzaguinha é corretíssimo. Deviam dar mais chances pro rapaz.

domingo, 4 de maio de 2008

Mais seis ou treze coisas sobre o fim de semana.

Renata, desliguei a TV quando o Flamengo fez 3 a 1. Homenagem póstuma ao seu Botafogo. Só vi o segundo tempo do jogo. O Flamengo mandou.
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Ontem, tomei a dianteira firme na decisão de passar o sábado de noite e o domingo de dia arrumando a cdteca. Fui almoçar hoje às quatro e meia. Moído. Pedi uma H2O maçã. Horrível!
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Já estava com medo de ter disco repetido, mas só uma antologia do Lou Reed. Sometimes I feel so happy.
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Entre o A e o L ficou tudo muito bem arrumado. O resto, mais ou menos.
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Durante a arrumação, botei o Ipod no aleatório e depois de muitas boas canções, me veio o Forró Z de Maciel Melo. Antológico forró, quase chorei.
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Por falar em Ipod, não me canso de ouvir Três, do novo cd Adriana Calcanhoto. Poemaço de Antônio Cícero esquecido no último disco da Marima.
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S. , quem disse que a exposição de Miracema não me lembra você? Eu me lembro muito bem das noites frias em Miracema. Isso dava uma outra história longa, né?
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Vi três filmes nesse fim de semana: Conduta de risco, Valente e O reino. Gostei muito de Conduta de risco. Um thriller provocativo, mostrando a podridão da malha judicial. Valente é um drama com Jodie Foster e Naveen Andrews, o Sayid de Lost. Além da curiosidade de ver o Sayid atuando em outra atraçao, o filme é bem bonzinho. O reino, sobre o conflito Arábia - EUA, achei o pior dos três.

sábado, 3 de maio de 2008

Participar da exposição agropecuária de Miracema é...


a) Um ato de amor e atenção com meus filhos. Não fosse por isso, eu jamais retornaria àquele poeirão.
b) Levar Chicó no parque e andar de bate bate com ele. Foto embaçada da Laura denuncia meu entusiasmo!
c) Se encher de carne vermelha na Barraca do Bode.
d) Conversar com Mário e Marila sem escutar o que eles dizem porque o som do palco alternativo (!!!!) não deixa.
e) Ver Laura maravilhosa andando pelo parque e lembrar do tempo em que eu gostava de andar pelo parque.
f) Aproveitar um pouco mais do resto de meninice da Luisa.
g) Rever um grande amor antigo e secreto e perceber que continua linda e intocável.
h) Comer uma dúzia de palha italiana da Barraca da APAE.
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Todas as histórias que eu tenho pra contar dali dariam um blog só pra elas.
Da noite que eu virei conversando com uma menina que nunca mais vi, mas ficou. Era gordinha, gordinha, mas tinha uma conversa que fazia viajar longe.
Das primeiras namoradas. E daí os primeiros beijos, os primeiros etcs.
Da Casa da minha Vó, onde estrategicamente nos hospedávamos. Eu, Alexandre, Rodrigo Siri, João Trombada, Zé Antônio, Mineiro e tantos outros .
De terminarmos a noite na Boite da Piscina, absolutamente bêbados.
Das fugas pra roça no meio da noite no fusca velho.
Do frio doído que fazia na cidade naquela época.
Da Rosa de Prata misturada com sukita e um litro por noite.
De tudo que jamais volta, mas que ficou em pedaços vivos dentro de mim.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Redescobrir

Pensei em deixar esse blog de lado por uns dias. Aqui em Miracema há outras ocupações, mas a verdade é que sinto falta de conversar com ele. É bom conversar com quem não ouve, não rebate, não complica. A vida já anda bastante complicada. Deixo de procurar grandes amigos por conta de não desapontá-los com minha falta de assunto.
Ando lendo muito, ouvindo muito, mas tenho pouco para falar. Tenho sido observador mais do que manifestante, estudante mais do que professor. Um velho amigo meu, suicida por convicção, dizia-me que um dia eu iria aprender que a discrição é um forma de sutileza. Acho que aprendo um pouco mais sobre o tema a cada dia.
A verdade é que as coisas que me emocionam são muito particulares.
Por exemplo, uma carta que recebi semana passada de uma amiga distante. Há centenas de quilômetros daqui, deu pra sentir que todos esses anos de ausência e todos esses quilômetros de distância são poucos para causar um afastamento que não me permitisse reconhecer cada palavra de consideração, cada frase de afeto. Pois eu não consegui respondê-la com o mesmo capricho com que me escreveu. Revendo minha resposta, fico desapontado mesmo, há pouca vida naquilo que escrevi.
Queria poder rebobinar a fita e consertar, não um arrependimento, mas uma sutileza qualquer que tivesse ficado mal resolvida.
Desconstruir até ficar resolvido.

Onde comer bem no Centro do Rio

O tempo tem mostrado que comer no Centro do Rio é tarefa cada vez mais complicada. Ando limitado aos restaurantes antigos que como há mais d...