domingo, 29 de junho de 2008

Das lembranças que eu trago na vida

Probablemente ya
de mí te te has olvidado
y sin embargo yo
te seguiré esperando.

No me he querido ir
para ver si algún día
que tú quieras volver
me encuentres todavía.

Por eso aún estoy
en el lugar de siempre
en la misma ciudad
y con la misma gente.

Para que tú al volver
no encuentres nada extraño
y sea como ayer
y nunca más dejarnos.

Probablemente estoy
pidiendo demasiado
se me olvidaba que
ya habíamos terminado.

Que nunca volverás
que nunca me quisiste
se me olvidó otra vez
que sólo yo te quise.


Nelinha me pede uma seleção pessoal Roberto Carlos. Trata-se de um acontecimento em nossas vidas. Não é um cantor a quem recorremos em tempo algum da nossa história comum. Fico feliz. Já queria reouvir esses discos há algum tempo. Roberto ocupou boa parte da minha infância e adolescência em Miracema. Depois foi se apagando de forma anárquica pela ordem natural dos meus gostos empolados, mas nunca foi de vez. Ainda acho sua voz admirável e gostaria muito que ele gravasse um song book só com canções de Tito Madi, como ele prometeu há muitos anos.
Um pedido de Nelinha é sempre especial. Debruço-me sobre a obra do rei. Filtro para a biblioteca cerca de 30 cançòes dos anos 60, 70 e 80. Depois de 1985, Roberto Carlos limitou-se a fazer homenagens às gordinhas, às míopes e a Deus. Pouco restou da boa canção romântica e dos tempos da jovem guarda. Ao final, as vinte selecionadas são dos anos 70 em sua esmagadora maioria.
Começo com três baladas frementes: Atitudes (Getúlio Cortes), Abandono (Ivor Lancelotti) e Eu preciso de você (Roberto e Erasmo). O disco já mostra a que veio. Afinal, o melhor e Roberto é voz e baba.
Depois Costumes (Roberto e Erasmo), pra mim um clássico. Prefiro com Bethânia, mas Nelinha me deu ordem expressa de só Roberto interpretando.
E ai vem Se me olvido otra vez, do mexicano Juan Gabriel. Tenho uma paixão muito especial por essa música, que conheci com Roberto mesmo (depois, interpretações menores do Mana e do Plácido Domingo). De forma que, entre Miracema e Laranjal, volto pra ela umas oito vezes, passando por todas mulheres que se foram de mim, mas em mim ficaram.
Na sequência, Amada Amante, e lembro de eu menino e meu tio Reginaldo tocando essa canção no violão. E Palavras e Detalhes, que obviamente não podem faltar em nenhuma seleta Roberto Carlos sob pena de prisão para o autor da seleção.
E daí Amigos, amigos e o fox I love you, com Roberto cantando em falsete, uma raridade.
E Quero ver você de perto, Benito di Paula. Em 1974, quando foi lançado esse disco, eu tinha 13 e meu pai ligava a eletrola telefunken bem alto todo domingo de manhã. Essas músicas ficaram impregnadas em mim. Até hoje quando ouço a entrada de Eu quero apenas, dá um nó gostoso, um nó antigo que não se fabrica mais. Desse disco, ainda aproveitei O Portão e A Deusa da Minha Rua.
Aí eu permto minha primeira desobediência: As curvas da Estrada de Santos só com Nara Leão e aquele arranjo blue do Antônio Adolfo. A outra foi Você, que Bethânia canta belissimamente acompanhada de João Carlos Assis Brasil.
E Outra vez, Isolda e Milton Carlos, também indispensável em seletas desse tipo.
Completam a seleção, À distância, Olha, Tu cuerpo (em espanhol claríssimo) e Eu te amo, com Roberto e Marisa.
A viagem hoje ficou mais leve. E espero que Nelinha goste.

sábado, 28 de junho de 2008

A história se repete


Saí cansado ontem do Rio depois de uma reunião pesadíssima, peguei a estrada numa dúvida danada, mas acabei chegando aqui. Meus filhos me acolheram com a alegria de sempre. Logo fiquei bem, as dores foram pro espaço, o esgotamento cedeu e ficamos os quatro vendo Canal Disney, comendo pizza em casa, conversando sobre tudo, esquecendo da vida lá fora. A cada dia parecemos nos entender melhor. A vida aqui com eles é facinha facinha.
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Hoje foi um dia trabalhoso. Trocar o óleo da S1o, acertar as contas do mês, cabelo e barba. Terminei o dia na casa da irmã do Alexandre numa conversa que se alongou até agora (0:40). Com Luisa, naturalmente. Laura numa festa, Chicó em outra. Conversa boa, de muitos amigos. Ótima cerveja. Estou voltando aos meus tempos ébrios!
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Ontem vim ouvindo o novo do Gil. Aquém de tudo que já foi feito por ele. O ministério deve ter diminuído sua capacidade de compor. Em forma, Gil é o nosso artista mais completo. Mesmo fora de forma, consegue alguns relâmpagos de gênio. Também ouvi Francisco forró y frevo. Altos (mais) e baixos (menos). Chico César é um dos bons compositores dessa última leva, que também trouxe Lenine, Moska e Zeca Baleiro. Completei a viagem com Ludovico Einaudi no Scala (brilhante) e o disco do Rufo Herrera e a Orquestra Experimental de Ouro Preto. Levei quase um ano pra conseguir esse disco. Rufo tocou no Festival de Jazz e em Ouro Preto (foto clicada por mim) não há um disco dele à venda. Obrigatório!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Atualizando

E, como uma alma penada que volta sobre seus próprios passos, voltava eu para a varanda da frente da Santa Anita florida de azaléias e gerânios em que certa tarde fiz vovó ler Heidegger para mim (contra a vontade dela), e na qual enquanto ela lia resignada e eu me balançava placidamente no balanço procurando seguir o fio dos árduos pensamentos, um beija-flor que revoava sobre os vasos de plantas, embaralhava o fio com seu vôo e não deixava que me concentrasse. De repente o beija-flor pousou num gerânio, o tempo parou e a tarde se eternizou nesse instante. No escuro da noite, na cegueira da minha vida, na prisão de mim mesmo, na estreiteza desse quarto, na pequenez dessa cama, entre pernilongos e balas, pude recuperar esse instante e ele trazia as cores do beija-flor: azul, vermelho e verde.
Fernando Vallejo.

Todo torcedor tricolor sabe que o time é capaz de virar esse jogo na quarta que vem. Todo torcedor tricolor sabe que toda vitória do time é sofrida. Nem pensei, ao responder a enquete do Globo de ontem: vamos ganhar, mas vamos sofrer. Foi assim, meio de ressaca e combalido, que acordei hoje daquele fiasco de ontem. O time precisa jogar bola. Será que o Renato sabe disso?
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Passei minha bibioteca do Itunes pro Euclides. São mais de oito mil canções escolhidas nos últimos cinco anos, desde que comprei meu primeiro Ipod. Ele quer filtrar. Filtrar uma biblioteca é como construir uma ruina. Gosto igualmente tanto de Bule Bule e Antônio Queiroz quanto do terceiro movimento da Titã. É indivizível. Ou por outra, só eu posso dividir.
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O novo disco velho de Mônica Salmaso (gravado em 2002, saiu só agora), Nem um Ai, é um consolidado de grandes canções brasileiras tratadas de forma atonal por um time de bons músicos. A primeira vista, estranho. A segunda vista, duvidoso. Na terceira você começa a gostar.
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Depois de fechar minha ida para Paraty na FLIP, estou fazendo a programação OFF: Elisa Lucinda no Che Bar na quinta, Maria Marta no Margarida Café na sexta, almoçar no Santa Rita no sábado e por aí vai.
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A Reunião do Colégio Nacional de Auditores (São Paulo ontem), tem passado por um momento delicado com relação a interesses locais, regionais e nacionais. Percebo que algumas solicitações de pauta vêm ao Colégio apenas com o interesse de atender a uma demanda específica de um lugar. Nesse país de proporções continentais, muita coisa que serve pr'aqui, não serve pra lá e vice-versa. E o Colégio tem que ter maturidade pra separar essas questões com imparcialidade.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Antônio Vieira

A nossa poesia é uma só
Eu não vejo razão pra separar
Todo o conhecimento que está cá
Foi trazido dentro de um só mocó
E ao chegar aqui abriram o nó
E foi como se ela saísse do ovo
A poesia recebeu sangue novo
Elementos deveras salutares
Os nomes dos poetas populares
Deveriam estar na boca do povo

Os livros que vieram para cá
O Lunário e a Missão Abreviada
A donzela Teodora e a fábula
Obrigaram o sertão a estudar
De repente começaram a rimar
A criar um sistema todo novo
O diabo deixou de ser um estorvo
E o boi ocupou outros lugares
Os nomes dos poetas populares
Deveriam estar na boca do povo

No contexto de uma sala de aula
Não estarem esses nomes me dá pena
A escola devia ensinar
Pro aluno não me achar um bobo
Sem saber que os nomes que eu louvo
São vates de muitas qualidades
O aluno devia bater palma
Saber de cada um o nome todo
Se sentir satisfeito e orgulhoso
E falar deles para os de menor idade
Os nomes dos poetas populares.

Meio barro, meio tijolo

Mas comecei em La Solita e acabei em La Esperanza, deixando Victor apoiado na moldura de uma porta. Sente-se, Victor, e descanse que agora tudo acabou: papai já morreu, e embora lendo o que escrevo aqui, você pense que estou vivo, ah, como faz tempo que eu também morri! Hoje sou apenas míseras palavras sobre o papel. Logo o Tempo todo poderoso se encarregará de desmanchar o papel e embaralhar essas palavras até que não signifiquem mais nada. Tudo morre. E este idioma também. O quê? Por acaso essa língua imbecil se acha eterna?! Língua tola de um povo obtuso de padres e criadores de caso, deixo registrada aqui sua iminente morte. Requiescat in pace,lingua hispânica.
Fernando Vallejo
Desanuvie. No final, o que ficam mesmo são os amores velhos que mantêm uma pequena chama acesa. Nada vale muito mesmo, tudo é relativo.
Os dias bons são aqueles que você dorme de 11 às 6, acorda sem barulho, levanta-se lentamente, pega a Cantareira menos atolada de gente, passa no sebo, encontra os amigos, chega no trabalho, encontra os amigos, e consegue evoluir sem grandes interrupções bruscas. Ao fim do dia, é melhor não sair muito tarde por causa do trânsito, chegar em casa e dormir de 11 às 6.
E assim, segue-se o fluxo. Passam-se os dias.
Desconverse. Os grandes problemas também passam. E se você viver por conta deles, não vive. O saldo final das lutas tem sido sempre positivo além de. naturalmente, aprende-se mais quando se perde. A vida é boa quando as coisas passam suavemente.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Fim de semana tumultuado

Esse fim de semana não deu pra desconversar. Respirei o tempo todo a Fundação Getúlio Vargas. Explico: fui convidado pela Fundação para dar aula para uma turma de pós graduação em gestão de economia em saúde. O convite, além de ter me honrado muito, deu-me a incumbêmcia de preparar material pra ontem. De forma que eu fiquei escrevendo até altas horas todos os dias.
Além disso, a família apareceu. Laura Luisa, meu pai e minha mãe vieram prum casamento de prima e, naturalmente, pra Ana Botafogo.
Quando tento dar o melhor de mim tendo que assoviar e chupar cana, sobra pra irritação com coisas pequenas. Principalmente quando as coisas pequenas são: minha mãe esquece o gás ligado, a porta aberta (ela acha que está em Miracema e todos são bonzinhos), a geladeirinha de água desligada, enfim, rotinas que costumo levar bem quando sou só eu e ela. Laura e Luisa não gostam de me ver irritado. Nem eu. Tento fugir de mim, mas não consigo.
Com as meninas vi o já decantado Os Sete Pecados Capitais, sublime, O Agente 86, médio e o casamento da minha prima, igual a todo casamento. Também dei ataque de pelanca no cinema, depois de apresentar a certidão de nascimento da Laura (15) e o sujeito vetar a meia entrada. Não há nada mais estimulante para a pirataria do que a arrogante bilheteria e preço do Cinemark. Argh!!!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Pecadinho

Hoje de manhã fui acompanhado por Santa Luzia. Só assim pra encontrar trânsito livre no Rio e conseguir participar de uma reunião na Barra e outra no Centro. E ainda ter a companhia luxuosa de Sandra e Longarino no almoço. A boa conversa da hora do almoço. Fundamental. Estava sem fome nenhuma. Fui pela boa conversa.
Acabo de sair da Reunião da Câmara Técnica de Medicina Baseada em Evidências. Sempre saio bem dessa reunião, já falei. Não dormi bem a noite depois daquele jogo ruim, acordei muito cedo pra ir à Barra, estava bastante esgotado, mas essa reunião costuma me tirar do esgotamento e me colocar em estado de encanto.

Em estado de encanto aguardo Laura e Luisa. Vamos ver Os sete pecados, Kurt Weil e Ana Botafogo no Municipal. Os olhos brilharam quando avisei pra Laura da Ana Botafogo. Estávamos ao telefone, mas o brilho não resistiu aos fios e chegou a mim, vibrando, acendendo a noite niteroiense.

Em estado de encanto tenho escutado Márcia Castro, Marta Gomez, Hamilton de Holanda e Mike Marshall, dentre outras iguarias especiais. Tem um frevinho do Tom Zé no disco da Márcia Castro que chama Pecadinho, que é tudo de bom!

Cometi um pecadinho ao nominar meus três leitores. Peço desculpas aos outros dois. Mas valeu pela reprimenda. E pelo afago em seguida.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Flanando na poeira

D. Nilza, minha faxineira, faltou semana passada, de forma que esse apartamento está parecendo um lixo. Uma preguiça crônica de afazeres domésticos transformou a cozinha num caos de pratos, garfos e biscoitos.
Hoje teve janta, coisa rara por aqui. Ieda me trouxe um quibe cru delicioso e eu o devorei com pão fresco. Gastei os últimos seres limpos da cozinha. Se D. Nilza não vier amanhã, eu me afogo.

Pra completar, invernou em Niterói, outra coisa rara. E embora eu adore o frio, esqueço que no inverno, tudo dói mais. E a poeira só faz piorar a minha rinite claustrofóbica.
Passei o dia, - entre um incêndio e outro no trabalho, ou na cantareira ou aqui em casa- , traduzindo artigos sobre câncer de prostata e radioterapia conformada, com meu inglês estupendo de ruim. O resultado é que enquanto meu consultor consegue ler 71 textos, eu leio 2. Não obstante, percebo avanços no meu aprendizado. E tem duas coisas que eu adoro fazer: uma é o próprio tema. Lidar com boa prática médica é lidar com evidência científica. A outra é aprender. Aprender é um luxo pra quem tem 46. Hora que dá vontade de rebobinar a fita, né?

Renata e Sandra não são só a melhor dupla com quem já trabalhei não, elas tomam conta de mim. Se quero almoçar no Fumacê, elas querem. Se vai um capuccino depois, elas vão. Dá prazer trabalhar com essas duas. E agora, para completar o quadro de proximidade inconteste, as duas estão pensando em vir para o outro lado da Baía. Mais perto de mim impossível. Amo as duas. Sou um bígamo em essência no trabalho.

Camila está de luto, Leticia está afônica, Renata com virose. Meus três leitores incapacitados!! Ainda acabo com esse blog!!!!

Serrat 2

Desamor

Joan Manoel Serrat

En su soledad, sentados frente a frente
a la hora de siempre y en la misma mesa
café de por medio, la misma pareja
de mediana edad y pinta de buena gente.
No les queda resto para otra jugada.
Se torció el camino...
Se dio vuelta el viento.
Les pudo el fracaso y le resentimiento
y hoy son dos ejércitos en retirada.

Ay desamor,
desamor...negro desamor...
feroz desamor...

Casi sin mirarla,
él le habla de puntillas
con frases muy cortas mientras ella niega
con los ojos fijos en la taza y juega
mecánicamente con la cucharilla.
Se sacó del bolso tal vez un anillo
lo tiró en el mármol y sonó a mentira
Él busca su mano y ella la retira
con la excusa de encender un cigarrillo.

Qué triste se ve.
Qué lejos está.
Tanto que olvidary nada que decirse.
Quién diría que
un día tambiénse quisieron y tal vez
fueron felices.
Mientras él, inmóvil se quedó sentado
ella muy despacio llegó hasta la puerta,
abriéndose paso entre las horas muertas
y la indiferencia de los parroquianos.
Y tras el cristal de la cafetería
calle abajo la siguió con la mirada
impotente, viendo cómo se alejaba
sin volver la cara el último tranvía.

Qué triste se ve.
Qué lejos está.
Tanto que olvidary nada que decirse.
Quién diría queun día también
se quisieron y tal vez
fueron felices.

Y mañana la mujer de la limpieza
junto a las colillas barrerá del suelo
unos besos mustios y un mechón de pelo
algo pisoteado por la clientela.

Angeli 2


domingo, 15 de junho de 2008

Restos de domingo

A morte de Jamelão deixa uma lacuna grande na história do samba. Mais especificamente, dos puxadores de samba. Assim que eu gostava de Jamelão. Assim ele não gostava de ser reconhecido. Tenho alguns discos dele, mas confesso, não ouço muito. Sempre achei que as músicas de Lupicínio devem ser acompanhadas por regional. Jamelão as gravou com orquestra pesada. Ainda agora, uma outra bela voz, Eduardo Canto, gravou Lupicinio acompanhado da guitarra insossa de Roberto Menescal. Não sou muito disso, mas vou dar um conselho pro Eduardo: regrave esse disco todo com regional. Aproveita que o melhor bandolinista brasileiro, Joel Nascimento, ainda está vivo e peça ajuda a ele.Vai continuar não vendendo nada porque ninguém alardeia esse tipo de música nesse país de bundas, axés e pagodões, mas vai se tornar uma obra prima.
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Depois de reler esse texto aí de baixo, achei de uma pieguice só. Não dá pra transpor um sonho desses sem um texto que parece tirado dos livros de auto-ajuda. Não tenho esse talento. Pensei em deletá-lo, mas por enquanto vou deixando por aí.

Um fim de semana com saldo pouco favorável. Deixei de viajar pra Miracema porque assumi um compromisso de trabalho que acabou não acontecendo. O resultado foi que fiquei absolutamente só nesses dois dias. Acostumado ao meu ócio caseiro, nem ousei sair pra ver Marcos Sacramento (ontem) nem Bobby Mc Ferrin (hoje).

A maior parte do tempo fiquei fuçando esse note novo. instalando programas, reorganizando o Itunes, testando o gravador. Tive a ajuda luxuosa e remota do meu amigo Wagner.

Vi sem muito interesse o Brasil perder para o Paraguai. Ainda não sei se Dunga é técnico ou uma invenção desastrosa da CBF.


Vi dois filmes franceses. Um pseudo-erótico chamado Lila Diz e um suspense/drama com Daniel Auteuil (O adversário). Ambos razoáveis. Daniel sempre ótimo. É dos que eu mais gosto.

Almocei sempre às 15 h no Dona Santa, um kilo fraco metido a besta aqui do Ingá.

Um fim de semana chocho e lento. A estagnação é o caos do homem depois dos quarenta.
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Uma última do Jamelâo: perguntado por Hebe Camargo quando entrou na Mangueira, respondeu na bucha:
Eu, hein!!! Tô fora dessa!

Acordar de domingo.

Acordei domingo de um sonho bom. Um sonho leve que não aparecia faz tempo. Um sonho de encontro. Um sonho de conhecer, de aprofundar, de explorar as coisas mais bonitas, aquilo que está no vazio estagnado de um tempo melhor e que hoje não se explora mais.

Meu acordar de domingo foi acompanhado da crença de que há solução para a humanidade. Alguém muito diferente de hoje apareceu e conversou comigo. Horas e horas de uma conversa que não se tem mais hoje em dia. Falamos de nós. Das nosssa espectativas. Da lida diária. Da nossa vontade de poder crescer onde houvesse mais harmonia.

Estávamos num lugar parecido com Odete Lima. Mas não a solidão dos patos, dos gansos e dos marrecos de Odete Lima. Havia gente por perto. E gente que parecia estar em harmonia também.

Sei que falei de trabalho, de projetos, das coisas que li, ouvi e gostei. Falei da esperança de acordar amanhã e começar tudo de novo.

Acordei domingo de um sonho âmbar. Quem habitava meu sonho era alguém não conheço. Alguém que poderia estar por vir. Uma pessoa única.

Caminhamos a passos lentos e varamos a noite com nossa conversa inútil. Tínhamos conhecimento pleno do nosso egoismo de sermos só um para o outro. Às vezes, nossas mãos se encontravam, mas não passou disso.

Acordei domingo com vontade de escrever isso tudo. A vida anda tão dura, que até sonho bom dá vontade de guardar e dividir. pois hoje em dia tudo é ralo e vazio.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

O sobe desce do meu shuffle

Categoria Descendo ladeira:


Zélia e Simone - parece disco de aposentadoria. Pouca coisa interessante, como Zélia cantando Cuide-se bem, de Arantes. Zélia deveria se desgarrar desse monte de projeto paralelo, tipo Mutantes, Simone, e continuar com seu pré pós tudo bossa band. Canta mais Itamar, Zélia!


Marina Machado - a cantora deixou seu lado lisérgico grotão de Minas pra fazer um disco chocho. Baile das Pulgas é muito mais bonito e muito mais Marina Machado. De bonito mesmo, a versão de Canção da América com a letra original inglesa.


Categoria Cada vez ouço mais:


Clara Sandroni, Cassiopéia - gosto muito dessa Clara. A uma porque não tem medo de inovar com o que de melhor tem aparecido aqui no nosso cancioneiro (Luis Capucho, Matilda Kovak) e a duas porque consegue revisitar clássicos e fazer mais bonito que os originais (Um Quase, de Luis Tatit, belíssimo). E continua sendo uma ótima revisora da obra de Silvio Rodriguez.


Cuba le canta a Serrat - maravilhoso, tenho aprendido a gostar cada vez mais de Serrat nesse disco duplo, comprado em Buenos Aires. Já falei de Pio Leiva em Me gusta todo de ti, tem muitas outras no mesmo nível.


Silvio Rodriguez, erase que era - outro duplo que não consigo deletar do meu shuffle. O mesmo Silvio de sempre. Letras enxutas, canções urgentes.


quinta-feira, 12 de junho de 2008

Olhos felizes


Nos dois últimos sábados que passei em Miracema, saí só com Luisa. Não era o dia de pegar o menino, ou porque Laura tinha um evento qualquer (aniversário ou dança), de modo que não é exagero afirmar que Luisa tem sido minha companhia mais constante nos sábados.
E enquanto não chegam os amigos (meus e dela), vamos conversando os dois sobre os assuntos mais variados, que podem ir desde a aula de história até uma coletânea do Led Zeppelim que ela me pediu pra copiar.
Não preciso conversar com Luisa pra sentir o quanto a amo. Olhinhos curiosos de compreensão e afeto, abraços prolongados e espontâneos, um sorriso de mil dentes felizes demonstram que além de pai e filha, somos grandes amigos e gozamos da intimidade de nos entender pelos olhos e gestos.
Luisa não é uma pessoa fácil. Chama-me a atenção como qualquer adulto, se aborrece quando é contrariada, dificilmente se dá por vencida. Mas é tão raro que ela me peça qualquer coisa, que quando acontece, aquilo me desarma de tal modo aprofundado que eu nunca consigo negar-lhe nada.
As coisas mais simples que fazemos em comum são também as mais especiais: a tristeza pela morte do Charlie em Lost, pedir uma pizza do Vitor e comer em casa só nós dois, experimentar o chantily de café que a mãe dela fez, chegar e partir, viver.
Nesse solitário dia dos namorados, a lembrança mais doce que me vem à cabeça é o carinho especial que Luisa guarda pra mim e me surpreende de um jeito novo a cada vez que a encontro.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Angeli

Noções de reconhecimento para iniciantes


Não espere nada de ninguém e seja feliz.
Máxima de botequim que venho aprendendo a duras penas nesses 46 anos.
Sempre fui muito dado. Da turma que acredita que compartilhar é mais importante do que reter. E sempre murro em ponta de faca. Sempre o outro lado do outro lado da rua aprendendo pra poder não ensinar.
Não espere desse texto, a alegria branda dos últimos. É um texto amargo de quem recebeu uma notícia que, embora não tenha impacto material nenhum, tem grande impacto afetivo. Doei meu tempo, minha saúde, meu sossego durante anos por algo que não representou nada pra ninguém. Não quero comentar o fato em si. Ainda bem que tudo isso é passado mesmo.
Quero só alertar para a máxima. Não espere nada de ninguém e seja feliz.
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A boa notícia é que consegui dormir bem essa noite. Tinha estado mal ontem por conta da noite anterior. Meu relógio biológico não me dava conta da hora do sono e fiquei lendo, trabalhando e baixando arquivo no meu novo desk até 2 da madrugada. Senti um calor estranho nessa estranha Niterói fria e liguei o ar condicionado. Acordei às 4 igual a um pingüim e não consegui dormir mais. E logo véspera de segunda. Renata e Sandra aguentaram meu bico.
Brigo com meu sono há muitos anos. Durante um tempo na sua vida, você dorme mal e está pouco se lixando pra isso. Mas tem horas, depois que os anos passam, que você precisa daquelas seis horinhas. Ontem na Cantareira, no tumulto barulhento de seis e meia da Cantareira, tinha duas mulheres sentadas, literalmente dormindo. Uma de boca aberta! Que inveja!
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Confirmei minha reserva para Paraty na sexta. Mais uma FLIP, que costuma ser dia santo no meu calendário. Em Paraty nesta época, tirando alguns modismos superficiais, pode-se respirar literatura. Além disso, tem Maria Martha, o Che Bar, o Camarão Geraldo Lins e as vendedoras de assinatura. Ano passado, depois de um porre homérico, cambaleando pelas Rua das Pedras, num claro acesso de generosidade e pretensão etérea, fiz uma assinatura da Playboy com um moça categoria duplo A. Ontem chegou a Mulher Melancia. Me lembrei d'As mulheres gordas tomadas banho, de Elisa Lucinda, narrado por Paulo José. A humanidade está mudando seus padrões.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Rá butô rêlo??????


Ando nostálgico mesmo nos últimos tempos. Faço crer a mim que estou tornando esse blog um canteiro de boas lembranças. Que fazer? Eu não pedi para escrevê-las! Elas vêm a mim tão espontaneamente que não resisto em colocá-las no papel!


Agora mesmo recebo esse convite pra comemorar os 60 anos de João Augusto. Como não acender a memória para as coisas boas comuns que vivemos eu, João e Adriana? Como poderei esquecer do Palati a 5,60, do guaraviton de boca larga, do bauru para três e do refrigerante para dois, sempre anotado na comanda da Adriana?


João chega aos 60 parecendo mais novo que eu (46). E não só na aparência, está mesmo mais novo. Dorme bem, alimenta-se com critério, está muito bem casado, parece feliz e realizado sobre todos os aspectos. Perdeu a bucólica Teresópolis, mas está muito bem situado em São Paulo.


A passagem de João aqui pela empresa foi marcada por sua sensatez e boa política. Ao mesmo tempo que cultivava uma disciplina invejável, João deu alguns pontapés iniciais para que esse desenho que hoje nos orgulha, se tornasse possível.


Fazíamos viagens inesquecíveis, a trabalho, mas sempre com um tempinho para longas conversas de mútua compreensão. Não dá pra esquecer da ida à Natal e do jantar no Restaurante Camarões e da caminhada depois pela praia. Sempre os três. Era um tempo em que as fogueiras de vaidade eram mais brandas e podíamos conversar e rir abertamente um do outro. E como ríamos!


Percorremos o Estado todo levando os projetos da empresa. Íamos sempre alertados e precavidos da pão durice do João e sua adoração por restaurantes a kilo. A melhor refeição que patrocinou aqui no Estado foi quando fomos a Campos e almoçamos na casa dos pais dele. Uma vez ele trouxe de Teresópolis um finíssimo doce português de tamanho tão diminuto, que tivemos que dividir os farelos. E ríamos!


Mais do que um dirigente, João Augusto foi um grande parceiro, um amigo sempre disposto a ouvir e ajudar e merece toda essa juventude aos 60. Deus conserve!

sábado, 7 de junho de 2008

Forró do Marilo


Conheci Mário e Marila num dia de comício na Rua do Sapo onde morava. Também me lembro que era lançamento do disco da Leila cantando Guinga e Aldir e eu mostrei pra eles O coco do coco.

A primeira vez que vi Antônio Nóbrega foi com Mário e Marila no Canecão. Foi uma noite de Alceu no Rival e Nóbrega no Canecão.

Entre os dez discos que mais ouvi e gostei na década de 90, um foi Maciel Melo, Janelas. Foram eles que me apresentaram Maciel e o disco. E numa outra noite mágica, Maciel cantou pra nós na Rua do Sapo.

Eugênio Avelino, uma das vozes mais bonitas do nosso cancioneiro, eu conheci pessoalmente através deles. E os discos que a mulher do Elomar vendia escondido dele na Casa dos Carneiros, eles compraram pra mim também.

Quando a Lapa passava longe desse modismo todo, fomos lá nos Arcos assistir Moacir Luz e eu lembro deles até hoje dançando "Bate na caixa, bate no tambor"e de receberem uma ovação de palmas ao final. Moacir gravou outro dos discos entre os que mais ouvi e gostei da década de 90, o Samba da Cidade. Esse disco, fui eu que apresentei para eles.

O único companheiro efetivamente político que tive na minha vida foi o Mário. Quando disputei a presidência da empresa, ele dividiu comigo o dia inteiro de boca de urna. Incansável.

Minhas primeiras seleções musicais em cd foram feitas para eles. Essa do título do texto, que meu hd fóssil já tinha deletado há muito tempo, foi resgatada e restaurada por Marila e me reapresentada ontem. E Luisa com 3 anos, só chamava o Mário de Marilo.

A última vez que fui ao Maracanã foi com Mário (decisão do Campeonato Carioca, Fluminense e Volta Redonda). Também compartilhamos dessa paixão arrebatadora pelo Fluminense.

Leticia, filha deles, é minha grande amiga e dispensa comentários, pois já virou personagem desse blog e compartilha de tudo que fizemos em comum.

São muitos anos de convivência e muitos cocos, maxixes, chorinhos, baiões e todo gênero de canção brasileira . E muito o que contar. Estou sendo injusto por não comentar sobre o caximbau do Tatu, o camarão do Bar do Mar, a picanha do Jorge, as domingueiras de jogos do tricolor, os churrascos caseiros, as passagens de ano novo e as intermináveis conversas de música.

Semana passada foi aniversário da Marila. Ontem comemoramos no Bunda de Fora.

O cardápio de sempre: boa música, boa comida, boa conversa. Imprescindíveis!!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Notas enquanto espero pra pegar Laura

Somam-se os dias e eu vou ficando cada vez mais cansado dessas viagens quinzenais Rio-Miracema. São muitos caminhões, buracos, pedágios, apurrinhações. E o peso de uma semana inteira de trabalho para trás. Já nem sei mais se é melhor passar por Leopoldina ou Pirapetinga. Costumo decidir no trevo. Passar por Pirapetinga costuma ser mais rápido , mas tem mais buraco, é mais dolorido e amargo no quesito lembranças.

A verdade é que quando chego aqui e encontro esse abraço apertado e demorado da Luisa e esse carinho derramado da Laura, esqueço das dores e dos cansaços e entendo porque vale tanto a pena. Inda agora enquanto escrevo essas coisas , espero a hora de pegar a Laura numa festa. Essas pequenas coisas, que são raras pra mim, pois passo a maior parte do tempo distante delas, deixam-me muito comovido.

Isso aqui vai ficando cada vez mais passado. Um resto de amigos, pais, filhos que daqui um tempinho vão embora também, e algumas quinquilharias importantes, tais como o Celso Barbeiro, o Bastião Bunda de Fora, a Diô, o Seu Amado, pessoas que tornam a cidade interessante e útil pra mim.

A verdade mesmo é que não sei de mim daqui pra frente. Só sei agora. Depois de 3 casamentos, concluo que o único casamento que deu certo na minha vida foi com meu trabalho. É ele que costuma despertar minhas perspectivas futuras.

Que ótimo amigo tem sido esse blog! Como me ouve!

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Tudo que eu escrevi sobre Flu e Boca aqui foi traduzido com muito mais elegância por Fernando Calazans no Globo. A crônica "De braços cruzados", publicada sexta-feira é para ser lida e relida.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Alô Ralf, Euclides, Emilsom, Alexandre e Flamenguistas de Plantão


Valeu mais essa!!!


Renato Gaúcho não aprende! Faz a gente sofrer por exatos 65 minutos e ainda se considera um dos cinco melhores treinadores do país. Vai ter que comer muita grama ainda, companheiro!


Dessa vez deixei pra comentar de manhã. Pela primeira vez, ouvi comentários, entrevistas, mesas redondas, fui dormir às duas. A vitória pode ser creditada aos seguintes fatores: a) A sorte de campeão (32,5%); b) A competência da barreira Fernando Henrique, Luis Alberto, Thiago Silva e Ygor (25,4%); c) Os chutes fraquinhos de Palerma e Palhaço (ou será outra coisa - 4,3%) e d) O ótimo jogo de Conca, Washington e principalmente, Dodô (37,8%)


Depois da entrada de Dodô, o time se encontrou em campo e equilibrou a partida. Note bem, não mandou no jogo em momento algum, apenas equilibrou a partida. Continuávamos sofrendo, ainda que Rikelme não tivesse nos seus melhores dias. Thiago Neves também não estava! A diferença é que Rikelme é craque e ainda que não esteja nos melhores dias, tem relâmpagos de gênio. Já Thiago Neves, é apenas um projeto de craque e nesses dias, nada joga.


Agora todo o Brasil vai ter que torcer pro Fluminense, pois se ganhar, abre vaga prum pequeno na Libertadores (que pode ser Flamengo, Vasco ou Botafogo). E a Fla Boca hein? Sumiu!!!!


Conclusões finais: 1)Dodô não pode ficar fora desse time, 2)Se Thiago Neves já está realmente vendido pro exterior, manda ele ir logo e 3) O Time mereceu cada centímetro do Maracanã dessa vitória brilhante!

Saudações tricolores

terça-feira, 3 de junho de 2008

Timesheet

"A TIMESHEET funciona como uma espécie de folha de horas que resume todas as diligências efectuadas por um determinado utilizador, entre um determinado intervalo de tempo."
(Fonte : google)

Acordei de uma noite de pouco dormir e muito pensar às seis e quinze. Liguei o computador. Esperei meia hora pelo vélox. Tinha um resto de uva e um mamão na geladeira. Comi o mamão. Enquanto esperava pelo vélox, desatei a ler jornais velhos em atraso. Uma linda crônica do Dapieve sobre "Em Terapia", o seriado da HBO. Eu teria escrito aquilo.
O vélox veio, mas não trouxe nada de novo.
Na ida pro aeroporto de Congonhas, o motorista do táxi me presenteou com Isabela Taviani, Diga sim pra mim. É tudo de ruim! Um clone sofrível da já sofrível Ana Carolina. Por oportuno, ainda não consegui gostar de Scarlet canta Waits, que já ouvi duas vezes e meia (tá ficando ruim pra Scarlet).
Tem um maluco que escreve no caderno B do JB (Mário Marques) que detesta Tom Zé. Ora, ora, quem detesta Tom Zé não pode ser lá grandes coisas não. Aconselho uma audição única do clássico Estudando o samba. É um disco antológico que qualquer crítico musical deveria ter a obrigação de ouvir cem vezes.
Não, não é a mesma coisa que o Marcelo Madureira dizer que o Glauber é uma merda! O Glauber, realmente, é uma merda, até que você comece a gostar dele. Não sei se vai dar tempo pra mim, ainda estou na fase Marcelo Madureira.
Já li a Revista da TAM, o Jornal do Brasil, o Estadão, o Lance e essa porra desse avião não decola.
A aeromoça me oferece balas arcor. Pego a cesta inteira como sempre. Rimos juntos. Resgato algumas balas, devolvo a cesta. Balas arcor pros meus dentes pobres.
Chego a São Paulo (quando venho, venho de, crasear o A pra quê?) depois de ler umas vinte páginas de O despenhadeiro, Fernando Vallejo. Se você acha que já leu alguma coisa escrita com vísceras, esqueça. Vallejo é nojento e corrosivo. Tô gostando!
Um colega de Angra me liga pra saber sobre segunda opinião em cirurgia videolaparoscópica.
Um colega de Volta Redonda me liga pra saber a dosagem padrão da toxina botulínica por local de aplicação.
Memorizo as indicações do tratamento cirúrgico da epilepsia. A principal indicação é para epilepsia de lobo temporal. Necessidade de curva de aprendizado e conhecimento íntimo da anatomia do hipocampo. A prevalência de epilepsia na população é de 1%, sendo que 20% desses são candidatos potenciais à cirurgia.
Ligo pra Camila, não atende.
Ligo pra Valéria, peço detalhes do acordo com a SOBRACIL sobre cirurgia videolaparoscópica.
Pela ordem , falo com Gilson, Adriana, Sandra, Rose e Renata pelo telefone. Resolvendo pepinos.
Entro num cyber café e respondo alguns e-mails da empresa.
Camila me liga. Almoçamos juntos. Nem foi bem um almoço, foi um café na Livraria Martins Fontes. Cultivo a máxima de Sérgio Santana em Um Romance de Geração de que a proximidade física costuma ser inversamente proporcional à proximidade espiritual. Falo melhor com Camila pelo blog e pela correspondência. Conversamos uma meia hora sobre música, literatura, Paraty, as frustrações e os prazeres comuns.
Vou pra reunião na Paulista. Pauta do Congresso Nacional de Auditoria Médica setembro em Foz. Palpito, discuto, contribuo. Três horas de discussão proveitosa.
Volto com Marlus do Paraná ao Aeroporto de Congonhas. Discuto sobre um processo de desburocratização que estamos trabalhando juntos.
Na volta, repito a cena da bala arcor. E mais vinte páginas do Despenhadeiro. Arrisquei uma Xingu no avião, fato inédito. Nunca bebo sozinho.
No jornal só leio sobre Flu e Boca. Começa a tensão.
No táxi de volta, a Hora do Brasil. "O que se paga de hora extra nesse país poderia dar emprego à seis milhões de cidadãos". O locutor parece falar com um ovo na boca. Gosto mais dele do que da Isabela Taviani.
No táxi, ainda falo com Valéria e Márcio Portilho.
Chego em casa, Ligo o computador. O vélox atrasa.
Tomo aquele banho que resolve noventa por cento dos problemas.
Abro a geladeira. tem um resto de uva.


segunda-feira, 2 de junho de 2008

Isso de SIMPATIA É QUASE AMOR

Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,

Pelas notas mais chorosas
Do canto do Sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá !

Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá.

Pelas tranças da mãe-d'água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá.

Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá !

Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá !
Pelas florestas imensas
Que falam de Jeová !
Pela lança ensangüentado
Da flor do maracujá !

Por tudo que o céu revela !
Por tudo que a terra dá
Eu te juro que minh'alma
De tua alma escrava está !!..
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá !

Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em - a -
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!

Falar de Cláudia é difícil pra mim. Porque vão aí misturados alguns sentimentos de afeto, carinho, identificação, um qualquer coisa de amor mal resolvido. Meu avô já dizia não existir amizade entre homem e mulher. Estava errado. Estão aí para provar Sandra, Alê, Renatinha e tantas outras amigas.

Mas Cláudia não é exatamente o que eu posso chamar de amiga. Não nos termos exatos da palavra. Vinicius já dizia que é uma espécie de molejo de amor machucado. A verdade é que Cláudia é e será sempre um enigma. Um enigma deliciosamente indecifrável.

Tudo isso que escrevi até agora não deixa de ser uma fábula. Claúdia vai muito bem casadinha da Silva. Lamentei muito, ameacei tirar-lhe a condição de orquidea, mas que fazer? Casou-se e parece feliz.


Fora isso, temos uma história de trabalho em comum na empresa. Cláudia é uma guerreira que luta cada dia para levar adiante suas convicções. Por obra e graça de seu trabalho incansável, seu setor foi dos que mais cresceu aqui nos últimos anos. É pau pra toda obra.


Por conta disso tem tido pouco tempo para nossos almoços, nossos chopinhos de sexta, nossa conversa afiada. Mas memórias nunca hão de faltar para nossas coisas em comum. Um forte laço que ficou disso tudo. Laços de humanidade, companheirismo, de pessoas honestas de bem querer, de solidário sofrer e encantamento.

Meus três infalíveis leitores já devem ter percebido que eu mudei esse texto umas dez vezes. Que fazer? Cláudia merece todas as revisões! Além do que, é a própria flor do maracujá do Fagundes Varela


Onde comer bem no Centro do Rio

O tempo tem mostrado que comer no Centro do Rio é tarefa cada vez mais complicada. Ando limitado aos restaurantes antigos que como há mais d...