quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Dois anos desconversando

Escrever pra recordar. Pra não perder. Pra juntar. Escrever pra repetir. Isso parece nome de blog de amiga, mas é o desconversa mesmo, que faz dois anos amanhã. Quando decidi escrever, tinha o orkut, o MSN e outras ferramentas de comunicação via web. Minha escrita é um ato corrente de solidão. O blog era o caminho mais lógico. Não me arrependi. Tentei várias vezes um endereço no MSN, acho que a Laura fez um orkut pra mim, mas nada disso deu certo.
Nesses dois anos, escrever tem sido, por exemplo, descobrir uma canção e saudá-la. Achar um trecho bonito e dividí-lo. Comentar sobre um filme interessante ou não.
Escrever sem ter pretensão crítica. Sem a obrigação de tentar ser igual ou diferente do que quer que seja. Escrever sem estar vinculado a nenhum tipo de compromisso estético.
Escrever quando muitas vezes é só a escrita que resta. A escrita e o abismo. E no dia seguinte, detonar o abismo porque já é outro dia. Meus textos de abismo costumam ser efêmeros. Geralmente, só os conhecem, quem lê o blog todo dia. Costumo rever, suavizar, apagar.
Escrever quando se perde. Nesses dois anos perdi muito. Perdi amigos, parentes, pessoas que continuo amando mesmo que não estejam mais aqui comigo. Consolidei perdas sofridas de muitos anos. Escrever sobre as perdas é mais complicado.
Mais fáci escrever quando se ganha. Ganhei muito. Ganhei três filhos cada vez mais próximos, vi o trabalho fluir com naturalidade. Ganhei companheirismo, compreeensão e afeto sempre que precisei deles.
Sempre que sentei pra escrever, a escrita só fluía quando era necessária. Só ficava boa se fosse vomitada. Só permanecia quando era misturada com dor, alegria, cansaço, ilusão. Só perpetuava quando estava relacionava com viver ou morrer.
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Um ano de desconversa aqui.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Cinco momentos especiais de 2009 que eu não dividi aqui no Desconversa

Bacalhau na casa da Renatinha - foi no início de dezembro, uma dessas rarezas da gente se encontrar pra fazer festa. Contamos nos dedos esses momentos. Longarino preparou e nós ficamos olhando a Enseada de Botafogo boquiabertos com a janela que Renatinha arranjou. De torcer para que esses dias sejam mais amiúdes em 2010.

Sarau aqui em Miracema - era para ser um encontro da nossa geração com a da Luisa, mas a turma da Luisa furou. Então viemos aqui pra casa e o Moreira comandou a noite chorada. Uma pétala de noite, certamente uma das melhores do ano.

Nova York, eu te amo, com as meninas - na última sessão de cinema do ano, fomos ao Odeon assistir. Um filme delicado, gostoso de ver.

Marina de La Riva no CCBB - tinha feito um comentário, mas depois detonei. Marina amadurecida, ainda melhor do que a cantora que vi no Che Bar na FLIP de 2007.

Os discos do Geraldo Maia - mês passado recebi uma caixinha com quatro cds do Geraldo Maia, enviados pelo próprio, inclusive o Samba de São João. Foi um dos cinco presentes do ano.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Cinco livros de 2009

Leite derramado, Chico Buarque - merece estar presente em todas as listas de melhores do ano, é um livro singular. Até então, só tinha lido Calabar do autor. Talvez porque tenha uma admiração enorme pelo compositor, não quis que a prosa comprometesse a melodia. Esse ano quando soube de sua ida na FLIP e do lançamento do livro, não resisti. A história começa com a música: o Velho Francisco se torna o Velho Eulálio, o personagem. Ótimo livro.

A pista de gelo, Roberto Bolaño - Esse Bolaño deu pega, ficou mais enxuto do que Os detetives selvagens e o Noturno no Chile. Foi o que mais gostei. Três personagens, dentre os quais um poeta (Bolaño sempre compõe muito bem os personagens poetas) costuram uma história de amor e morte. Imperdível.

O albatroz azul, João Ubaldo Ribeiro - esse não vi em nenhuma lista, mas na minha não poderia faltar. Escrito no dialeto de Itaparica, é uma delícia de ler.

Até o dia em que o cão morreu, Daniel Galera - Galera é um autor visceralista, gosta de mexer com emoções rasteiras. Acabei de ler e corri pra comprar Cordilheira, o mais recente. Prometido para 2010.

O animal agonizante, Philip Roth - comecei pelo filme, custei a descobrir o livro. Mais um Roth esplêndido!

Os cinco de 2008 aqui.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Ensopagdo

Depois de um dia de Sol escaldante, veio a tempestade, Niterói alagou. Esse guarda-chuva de 5 só dá pra tapar metade, o resto fica molhado. Foi assim que cheguei em casa, com uma bolsa cheia de cds, minha pasta, e o corpo moído sem uma explicação plausível. Deve ser gripe.
Vim ouvindo tangos e milongas de Cristóbal Repetto, já ouviu falar? Não?? Pois devia! A voz lembra Gardel, o repertório é dos melhores, a cozinha magnífica. Dos novos cantores de tango (sim, há novos e ótimos cantores de tango!), Cristóbal e Verônica Silva são os que mais me emocionam.
Não achei Ubaldo e seu Albatroz Azul em nenhuma das listas de melhores livros de 2009. Esqueceram de lê-lo, só pode!
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Histriônicos - pessoas dramáticas, exageradas, sedutoras, que tendem a chamar atenção para si mesmas e controlam pessoas e circunstâncias para conseguirem o que querem - manipuladores. Discuti hoje com meu terapeuta sobre essa gente. Já coloquei no meu planejamento estratégico para 2010, um patuá para afastar esse tipo de espírito (de porco).
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Alfredo, lamento por Rafael e sua família, mas respeito sua decisão. Esse Mundo é uma bosta mesmo!

domingo, 27 de dezembro de 2009

Cinco filmes de 2009


Café dos maestros - poucos são os filmes que me fazem sair de casa hoje em dia. Como Niterói só passa blockbuster, a maioria eu espero sair em DVD. Não esse! Fui ao Estação Botafogo cheio de espectativas. Nenhuma delas foi traida. Ao contrário, aprendi a gostar de novos velhos tangos. Passei o ano ouvindo Mariano Mores e tentando descobrir a linha que une o tango Taquito Militar ao frevo Vassourinhas. Belo aprendizado. Buenos Aires ficou muito mais próxima.

Gran torino - Clint Eastwood fez o filme do ano. Direção e atuação impecáveis. Comecei a gostar de cinema muito menino, indo ao Cine XV de Miracema com meu pai. Esse filme trouxe de volta um pouco daquele tempo. Logo que saiu em DVD, comprei para ele.

Conversas com meu jardineiro - um belo filme sobre amizade, companheirismo e revisão de conceitos.

Só 10% é mentira - um filme sobre Manoel de Barros já merece muitos prêmios só pela tentativa de trazer para as grandes platéias, nosso maior poeta vivo. Mas o documentário não se presta só a isso, e fornece uma biografia recheada de momentos emocionantes (Fausto Wolff sublime!) com o poeta e seus admiradores.

Fatal (O animal agonizante) - além de ser baseado num livro de Philip Roth, contou com atuações excepcionais de Penelope Cruz e Ben Kingsley.

Vale mencionar, nesse ano de ótimos filmes, que me agradou muito ver Nelson Freire, o documentário e Valsa com Bashir. Nenhum dos dois surpreenderia se também, fizesse parte dessa lista.
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Os cinco filmes de 2008 aqui.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Tabacaria

"Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um, os andrajos e as chagas e a mentira.
E penso: talvez nunca vivesses, nem estudasses, nem amasses, nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime."

Álvaro de Campos

Natal em família

Comecei minha ronda às 20:40 na casa da Fábia. Fui ver minhas filhas e a própria Fábia, que faz aniversário hoje. Aproveitei pra dar um abraço na Isa, no Paulinho, na Isadora e na Sofia. Todas essas pessoas são gente da mesma familia, da minha familia. Gosto deles como irmãos, filhas, sobrinhos, afilhada.
Depois fui a Pádua, começando pelo Chicó. Dei um beijo de natal no meu filho e parti pra Marila.
A morte do Mário ainda não bateu forte, ando anestesiado de saber, fiz um texto pouco emotivo, apenas juntando algumas das milhares de histórias da nossa vida em comum. Nem é que eu não aceite, apenas parece que ele ainda está por ali, debochando da própria sorte.
Quando meu tio morreu, aceitei sua morte até como um descanso depois de ter sofrido tanto. mas o Mário estava longe de descansar. Fosse eu, um plurimetabólico que não tem vergonha de se recusar a dosar uma glicose, talvez fosse mais fácil de aceitar. Mas o Mário...
Daí eu cheguei na Marila e fiquei ali conversando com Letícia, Marila, Joana, Carol e João Grilo. Depois só com Leticia, aquela conversa de amigos velhos, surrados, queridos, conversa de familia. Ando meio desorientado, falo coisas desconexas, esqueço outras importantes. Não tenho sido uma boa companhia, mas ainda me aguentam. Fiquei por ali até 22:30, depois fui pro Alexandre.
Lá foi a mesma coisa. A imensa familia do Alex reunida e eu ali... em familia! Gisele, Lorena e Marcela também são minha familia.
E finalmente arrematei a noite comendo rabanadas no Jadim com ele e a Teresa, sempre meio aéreo, meio esquecido. Ainda bem que estava em família.
Amanhã almoço com meus pais.
Não gosto muito dessas datas, mas em todo caso, feliz natal para meus dois ou três leitores.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Cinco refeições inesquecíveis de 2009

O Bacalhau Joaquinzinho do Caçarola -o secular restaurante (até os garçons são seculares!) da Rua do Rosário oferece um bacalhau gratinado de primeiríssima linha. Estive lá umas 3 ou 4 vezes em 2009. Imperdível pra quem vem ao centro.

O carneiro do Damasco - ao lado do Caçarola, há o Damasco, especializado em comida árabe. O carneiro com arroz de lentilha é a melhor pedida, mas tem também o mishupa, preferido das orquideas.

O sorvete de queijo com cauda de doce de leite quente do Cine Odeon - um manjar. Fui com Rose e as meninas. Indicação matemática da Andréia.

O sorvete de bacuri do Mangal das Garças - pra quem vai a Belém, conhecer os doces que essa frutinha dá é mandatório. Pode ser no aeroporto, no belo píer que construíram, mas o melhor é no Mangal das Garças. O lugar é paradisíaco e o sorvete, nota 1000.

A moqueca de camarão do Ibero Star na Praia do Forte - quem vai a Salvador, está acostumado com os camarões de lá. Esse resort na Praia do Forte tem um diferencial substancial em relação a outros resorts (Club Med, Blue Tree, etc): a comida é muito boa. E um dos restaurantes típicos é o de comida baiana. Não saia de lá sem comer a moqueca.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Até breve

Mário Guilherme era um homem a frente do seu tempo.
Conheci Mário numa festa no sítio do João Leitão em Miracema. Na época, Marila ainda tinha cabelos longos. O que mais me chamou a atenção foi que no final da festa, o sujeito que tocava banalidades, deu-lhe o microfone e ele começou a cantar Arrumação. Ôpa!, pensei, eis aí um igual!
Tímido, puxei alguma conversa, mas dali não saiu muita coisa. No dia seguinte, deixei na Casa de Saúde Santa Mônica, uma lembrança daquele dia: o disco Taperoá do Vital Farias. Era uma parte de mim que deixava para eles. Mais tarde retribuíram com milhares de partes.
Tempos depois nos vimos na Kiskina em Miracema, eu estava voltando da Casa de Saúde e era dia de comício em frente a minha antiga casa. Tomamos um chopp e levei os dois pra minha casa. Dali pra frente, nunca mais nos separamos. Nem altos nem baixos serviram para interferir na nossa relação. Luisa, então com 2 anos, passou a chamá-lo de Marilo. Era uma relação movida à música. Dividíamos cada descoberta, cada acorde novo que aparecia, cada nota.
Ontem mesmo lembrava do dia que fomos aos Arcos ver Moacir Luz. Na época, eles ainda estavam muito ligados ao forró e quando Moacir puxou Santa Cecília protege o tocador, os dois se levantaram e foram dançar próximo ao pequeno palco. Levaram uma ovação que deixou Moacir em segundo plano.
Numa esquina do tempo, Mário me deu Letícia, certamente a pessoa mais encantadora que conheci nessa vida. Fomos unha e carne por muitos anos, até que uma quantidade enorme dessas coisa que a gente nunca vai entender, nos separou. A convivência só fortaleceu a amizade e, de fato, nunca nos separamos de verdade. Letícia nunca deixou de ser parte de mim. Parte da minha melhor parte.
Jacob do Bandolim adorava Adelino Moreira e não gostava de Edu Lobo. Mário também. Tinha um cacoete para a emoção que a música lhe proporcionava. Gostava da linha reta. Nem por isso deixou de valorizar as dissonantes.
Como Jacob e Mário, eu também amo Adelino. Sou assim também . O que mais me emociona são os fados, os tangos, choros, abismos. E agora que o perdi, acredito que o número de pessoas que se entendem por música comigo, vai cair para dois ou três, se muito.
Éramos dois apaixonados pelo Fluminense, cada um com seu jeito próprio de sofrer. Enquanto eu sofria (e sofro) até o último minuto do segundo tempo, Mário abandonava o time quando ele começava a perder, e só voltava a ver os jogos quando melhorava. Olhava de banda os resultados depois dos jogos e muchochava muito. Quando ganhávamos do Flamengo, era festa de ganhar campeonato. A última vez que fui ao Maracanã foi com ele foi quando o Fluminense foi campeão carioca em cima do Volta Redonda.
Era mais que tudo isso, um grande amigo. Parceiro querido, companheiro de muitas alegrias e algumas dores. Não dessa dor maior que foi perdê-lo. Do jeito que era, vai estar sempre na categoria dos insubstituíveis.
A vida é breve, por isso, não estranho que logo estaremos juntos, apenas nas boas lembranças que proporcionamos aos que amamos.
Por tudo que me ensinou de integridade e de companheirismo, nunca vai deixar de existir nas minhas mais resguardadas lembranças.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Cúmplices

Jadim, um abraço, que já são milhares de anos de consideração e estima se contarmos nos dedos as contas dos nossos abraços.
Renatinha, um abraço, desses que explicam tudo, que nada mais precisa ser dito, pois o contato dos corpos já explicou que há uma fortaleza incorruptível de afeto, amizade e respeito entre nós dois.
Laura, um abraço, muitas vezes mais de amigo do que de pai, um abraço de quem já chorou junto e viu na lágrima, a força necessária para se manter unido e abraçado.
Ronaldo, um abraço, pelo reencontro depois de muitos anos, como se fosse ontem, intacto, renascido.
Nelinha, um abraço, sofrido, chorado, partido, mas também um abraço de reencontro, de podermos compartilhar novamente dos nossos ritos de afeto.
Sandra Carreirinha, um abraço, um conhecimento de olhos e abraços que vai crescendo a cada novo abraço.
Eugênio, um abraço, meu irmão, pela superação, pela manutenção da dignidade e por nos tornarmos mais irmãos ainda nesse último ano.
Paulo Schott, um abraço, que a vida ainda nos dê muitos abraços.
Luisa, um abraço e parte de mim, que vai com ele.
Gilson, um abraço de uma parceria e um companheirismo que já valem mais que um abraço.
Longarino, um abraço, um camarão na moranga e muitos anos de abraços.
Chicó, um abraço tricolor, colorido de sofrimento e raça.
Tia Cicida, um abraço e obrigado por tudo, especialmente por me entender e me abraçar.
A todos que esqueci nesse texto, mas continuo amando, um abraço, porque abraçar tem sido um conforto, uma compreensão, uma superação e um refúgio.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Roteiro de viagem

Estou mais lento do que esse claro 3G em Miracema, substituído pelo TIM na espectativa de dias melhores com a internet local, mas que nada agregou. Saí hoje cedo de Niterói pra aproveitar o dia com as crianças, mas dei com a rotina delas de intermináveis afazeres. Restou-me a cama macia e o sono. Fiquei mole.
Vim ouvindo tanta coisa boa que passou rápido demais a viagem. Nesses tempos em que o sentimento está meio machucado, dano a criar canções de afeto uma atrás da outra e vou ouvindo no carro.
Geraldo Maia gravou Amor Paregórico e Não sei se vivendo morro. A primeira, conhecia do disco do Véio Mangaba, sempre gostei muito da música e do disco. Geraldo deu à ela o que faltava: um tom mais intimista e melancólico. Não sei se vivendo morro é uma canção monocórdica do Maciel Melo. Sempre achei meio chata. Mas Geraldo imprimiu uma nova nuance, valorizando suas dissonantes e tornou a canção mais plural. Coisa de intérprete que cria em cima da criação dos outros. João Gilberto cantando Estate, Marcos Sacramento cantando Notícia, Nana cantando Mudança dos ventos e por aí vai.
O disco Pimenteira do Pedro Miranda vai crescendo cada vez que ouço. Tem uma canção dolente do Paulo César Pinheiro e Maurício Carrilho que vale o disco.
Ouvi uma sequência de frevos diabo, Antônio Nóbrega, Spok, Siba, etc, que encurtou a Serra do Capim, tendo passado pelo pedágio, pelo posto de gasolina sem sentir nenhuma curva.
Fiz uma seleção dolorosa e cotovelística que foi de Românticos (Vander Lee) a Luz e mistério (Zé Renato), que acabou se tornando algo masoquista.
A noite sonhei contigo, a versão argentina de Kevin Johansen, voltou umas quatro vezes no cd, e uma do disco acústico do Arnaldo antunes, cujo nome não me recordo, também tocou à exaustão.
Ouvir música sempre foi muito mágico pra mim. Sempre me transportou para lugares improvaveis e místicos. Desde menino.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Flávia Alessandra

Flávia Alessandra é desses colírios que fazem acreditar que a vida vale a pena. E pela novela, dá pra perceber que esbanja simpatia e carisma. Vez em quando, zapeio pela globo às sete e meia só pra dar uma espiada. As fotos da Playboy no iate próximo das Ilhas Cagarras foram deslumbrantes. Carregadas de um lirismo marítmo, a nudez de Flávia combinou com aqueles enleios. Ainda olho praquelas fotos embasbacado de ver tanta beleza.
A nova Playboy trouxe Flávia de volta. Presente de natal. Não achei essas novas tão boas quanto as primeiras. Prefiro Flávia mais contida.
As fotos que misturavam iate, mar e solidão, deram um acento melancólico que valorizavam cada pose.
As novas parecem mais extrovertidas. Flávia se soltou um pouco além da conta. Mas continua sendo a mulher da minha vida. Outras como Carolina Dieckman, Mariana Ximnenes, Cláudia Abreu (ainda dá tempo), Malu Mader (idem) deveriam repensar esse rigor metódico de não pousarem nuas. O que é bonito, deve ser mostrado.

domingo, 13 de dezembro de 2009

As cinco canções que mais ouvi em 2009

Ronca o besouro na fulô- maxixe de João Pernambuco e Stefania de Macedo - gravado originalmente por Stefania de Macedo em fevereiro de 1930 (infelizmente não conheço a gravação original), apareceu clássica em Leandro Carvalho - João Pernambuco, o poeta do violão e no Samba de São João de Geraldo Maia, já exaustivamente citado aqui. É um maxixe que surpreende pela letra irônica e andamento idem. Dá um prazer nostálgico ouvi-la centenas de vezes.

Bafo de onça - Mais um maxixe de 1896 de Zequinha de Abreu, apresentado esse ano pelo Quatro a Zero (Porta Aberta), num arranjo eletro-acústico que amplia as possibilidades do maxixe. Zequinha certamente teria aprovado.

Sonho de Caramujo - João Bosco e Aldir Blanc reataram a parceria com esse samba de 2009 mesmo. Cresceu com o disco e nunca mais parou de tocar.

Beleza - de Rodrigo Campos e Luisa Maita, 2009, gravado no disco de Mariana Aydar, Peixes pássaros pessoas com ela e Mayra Andrade. A música é altamente libidinosa Novas composições, novos intérpretes, a música vai se renovando.

Moneda de cobre - um tango de 1942 de Carlos Vivan e Horácio Sanguinetti. Conheci com a Fervor de Buenos Aires, uma orquestra efêmera que só lançou um disco. Essa moneda representa meus abismos, tão necessários aos amantes das grandes canções.
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Aqui as cinco canções de 2008.
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Valeu, Renatinha, maravilha! Esse seu abraço de cinco minutos conversa mais comigo que qualquer palavrório.

sábado, 12 de dezembro de 2009

O lance do poema

Imagine se por algum estranho motivo,
A música parasse de tocar.

E pudesse apenas ser apreciada através de uma partitura.

O Mundo ia ficar mais triste.
Isso aconteceu com a poesia,
Ao se afastar da fala e se confundir com a escrita,
Se afastou do público
E passou a ser monopólio de um estreito círculo de iniciados.
Mas isso está mudando.
ISSO ESTÁ MU-DAN-DO

Chacal


Tenho ouvido esse poema americano do Chacal desde a FLIP de 2007, mas nada parece ter mudado muito, pelo menos pra mim. Continuo amando a poesia, mais a falada do que a escrita, mas ainda acho que opero numa língua pouco percebida. Dia desses, fui ao SESC em São Paulo assistir ao show de lançamento da caixa da expedição Mário de Andrade. Enquanto esperava, um menino de vinte e poucos anos, rompeu de um gesto malabarístico e recitou, para uma menina de vinte e poucos, o Guardar do Antônio Cícero. Aquilo me comoveu bastante. Há quem goste, pensei.
Sempre que posso, alimento minhas filhas de poesia. Laura já parece abduzida. Luisa é questão de tempo. Outro dia, recitei o mesmo Guardar pra Laura. Ela guardou.
E assim, vamos levando a vida. Enquanto gira o Mundo bizarro.
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Ontem matei a noite assistindo Os normais 2. Dá pra rir bastante, mas aquelas cenas com a tarja preta tapando o sexo lembra em muito as bolinhas de laranja mecânica, o clássico de Kubrick. Deveriam ter encontrado outra forma de esconder as coisas. Enfim, o filme cai muito quando toca nessas questões. Parece dirigido pelo Pedro Cardoso.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Not a love history.






"O filme a seguir é uma história de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Especialmente você, Jenny Beckman. Vaca!".
A revelação inicial já denuncia que vem aí mais um romance hilário. Romances hilários estão em moda no cinema. Esse "500 dias com ela" tem qualquer coisa a mais de original e afetuoso. Adorei vê-lo.
Uma historinha muito bem costurada por Marc Webb, com ótimas interpretações de Joseph Gordon-Levitt (nunca tinha visto mais gordon) e Zooey Deschanel (linda, lembra a Sylvia dos anos 80 - se você ler essa croniqueta, veja o filme!).
E também uma trilha de primeira, Regina Spector e Smiths comandando a festa. Prato cheio prum fim de semana sem grandes espectativas.
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Sabrina Sato faz uma presença na minha área de trabalho. Belo par de coxas!!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Cinco discos de 2009

João Bosco, Não vou pro céu, mas já não vivo no chão - deve constar em todas as listas de melhores do ano. Reestabelecida a parceria com Aldir (musicar o Navalha foi um achado e Sonho de caramujo já nasceu arrebatadora), o disco não se prende à dupla. Parcerias ótimas com o filho Francisco (adorei Desnortes), Carlos Rennó e a regravação de Ingenuidade, do repertório de Clementina. Um disco completo, com a verve de Bosco nas veias.

Nana Caymmi, Sem poupar coração. - nossa melhor intérprete continua sendo , sem exageros, nossa melhor intérprete. E daí, ouvir Senhorinha, Violão e Confissão são como acalantos para nossos ouvidos. E um tiro nos corações desavisados: onde você estiver, não se esqueça de mim.

Ná Ozzetti, Balangandãs - uma homenagem de primeira grandeza à Carmem Miranda, um time de músicos especialíssimos, comandados por Mário Manga. Indispensável em qualquer prateleira de discos que se preze.

Leonard Cohen, live in London - Cohen, que já havia abandonado a carreira, revisita seus grandes sucessos no estilo cavernoso de sempre. Ótima oportunidade pra quem conhece pouco além de Hallelujah.

Leila Pinheiro e Eduardo Gudin, Prá iluminar - mais uma ousadia da Leila não tão grande quanto gravar Guinga e Aldir, mas com o mesmo bom gosto. Deveria sair um registro em Estúdio e em DVD. Gudin não se esgota e Leila sabe disso!

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O disco que mais ouvi esse ano não é de 2009. Trata-se de Samba de São João de Geraldo Maia. Um trabalho de pesquisa irrepreenssível, músicas lindas e pouco óbvias do repertório de João Pernambuco, Meira, Capiba e outros. Lamentavelmente, está esgotado. Mas é parada obrigatória para ouvir e ouvir e ouvir e gostar cada vez mais!
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Se quiser saber os cinco de 2008, é só clicar aqui.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Campeão às avessas



Deixemos de lado essas cartas rancorosas, pois como escreveu Elisa Lucinda, "o rancor é um cocô inibido e medroso e, se fica, vira o rei do corpo e instaura o reino da prisão do ente". Peço perdão e parabenizo flamenguistas e botafoguenses de plantão, mas nenhum deles fez um tento maior do que o Fluminense. O Flamengo ganhou o campeonato muito mais pela mediocridade dos concorrentes diretos do que por méritos pessoais. Já o Botafogo decidiu sua sorte no Engenhão, empurrado pela torcida. Isso não tira o mérito de nenhum dos dois, mas só faz reforçar o triunfo do Fluminense.
Mais uma vez, o matemático Tristão Garcia vai pra casa triste (tristão por assim dizer), pois suas previsões não passaram de fumaça matemática. Ano passado ele já havia previsto a derrocada (aqui).
Ontem foi tensão o tempo todo, uma torcida enlouquecida contra, gol anulado dentro da linha, mas nem tudo isso foi suficiente para tirar a tranquilidade e a superação de Cuca e seu time. O técnico Cuca, que tantas vezes critiquei aqui, saiu de Curitiba de alma lavada e demonstrou ser um excelente treinador motivacional.
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Os livros de auto-ajuda (argh!!!!!!!!) e o técnico Cuca estão contra-dizendo minhas convicções. Amanhã mesmo eu vou comprar Pai Rico, Filho Pobre, Virando a mesa e Rezar, amar e foder pra ver se eu melhoro essa ziquizira.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Das coisas que realmente importam


Não importam os 600 km que separam Niterói do Sul do Estado e daí pro Norte.
Não importam os buracos da BR 393, rodovia esburacada e com pedágio, inusitada novidade no cenário rodoviário.
Não importa ter que passar pela Dutra, por Piraí, Barra do Piraí, Conservatória, Paraíba do Sul, Três Rios, Sapucaia, Anta, Além Paraíba, Carmo, Volta Grande, Estrela Dalva, Pirapetinga e Pádua.
Pouco importam a dor de cabeça, o cansaço, a noite mal dormida, e a esperança de dias melhores.

E não importa a fotografia mal tirada, indefinida lá da fila H1, tremida da emoção e do pouco talento para fotografar.
Importa esse alumbramento que eu tive diante da sua entrada naquele palco. Uma mistura de embasbacado e orgulhoso!
Importa sim, ver você ali, plena, inteira, entregue, feliz.
Importa que eu possa ser feliz e ser feliz pra mim ontem de noite foi poder ver você naquele estado de graça.
Nas horas que vão passando pela estrada, pela janela, pelo tempo que chamam vida, pensar que você existe, é minha força maior. Parabéns!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Notas de sexta em Niterói

A sky "presenteou-me" com 1 mês dos canais sexyhot e playboy. Eu e a todos os assinantes do campeonato brasileiro nesse mês sem futebol na tela. Troca-se momentaneamente o futebol pela sacanagem. Tentei recusar o presente, mas quando vi, já tinha conectado. As imagens são deprimentes. Em menino, adorava as revistinhas do Carlos Zéfiro (que também é co-autor d' A flor e o espinho com o pseudônimo de Alcides Caminha). Agora está tudo meio vulgarizado. Não aguentei mais que 5 minutos. Zéfiro também não aguentaria.
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Chove muito em Niterói. Há pouco, teve um apagão que durou bem uns 20 minutos. Amanhã pego a estrada para Conservatória, participo de uma mesa de discussões e depois vou pra Miracema. Laura se apresenta no Teatro Municipal de Pádua dançando Vila. Eu vou lá babar.
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Pensei em sair um pouco pra desanuviar, mas dá um desânimo muito grande sair sozinho em Niterói na chuva. O máximo em programação é a casa Sendas. Falta um Bunda de Fora em Niterói.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

E há Altamiro Carrilho



Fim de ano que nem bem começou e já vêm as inevitáveis antologias. Começo a pensar nos cinco discos e cinco livros do ano. Já até citei Ubaldo e seu albatroz azul. Também não dá pra não lembrar que no início de 2009, fui surpreendido com esse Samba de São João, de Geraldo Maia e acho que nada mais me encantou tanto. O problema é que eu nunca consegui comprar o disco físico. Que raio de mega stores fajutas são essas que não têm um disco tão clássico??? Consegui o telefone no site e liguei pro Geraldo Maia. Ele mesmo atendeu.
- Você não faz idéia do quanto fez-me bem ouvir Os sambas de São João esse ano, eu disse. Quero os discos, o livro e tudo que você puder me mandar, porque aqui no Rio, não chega nada do Recife.
Ele foi muito gentil e ficou de mandar.Tive vontade de perguntar onde anda a chorona Dalva Torres, mas acabei esquecendo. Dei uma googlada e vi que ela participou recentemente de um programa do Boldrin. Eu só vejo o Boldrin quando a Marila liga e alerta. Dia desses foi o Zé Luiz Mazziotti. Esse da Dalva, Marila não ligou. Mas, enfim, estou esperando, Geraldo. Vai ser um belo presente de natal!
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Acabei de almoçar e por acaso, passei pela Saraiva e, para minha surpresa, a fala da flauta estava lá. Altamiro Carrilho em pessoa, tocando com ninguém menos que Maurício Einhor e autografando a caixa de DVDs A fala da flauta. Pode ser que eu esteja me precipitando (de novo!!!), mas acho que essa caixa é o acontecimento musical do ano.
Não custa nada lembrar que Altamiro é paduano, cidade vizinha da minha, e onde mora Chicó. Já fiz campanha pra mudarem o nome da cidade para Altamiro, mas nem uma praça eles colocam com o nome do sujeito. É de doer saber que o flautista vai comemorar 85 anos dia 21 e nada se fala naquela cidade do norte do Estado.
Conversou com todos, foi muito simpático, mas não atendeu ao meu pedido de tocar a máquina de escrever, porque faltava justamente uma máquina para fazer a percussão.
Altamiro é digno de todas as homenagens. Sua Flor Amorosa, mais sua do que de Calado de tanto que a tocou, é de ouvir chorando e acreditando na vida.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Redescobrir

O calor tem afetado meus miolos. Ando sem vontade de escrever. Não é só o calor, é também uma certa per-ple-xi-da-de com a vida. Há motivos de sobra para estar perplexo. Não quero escrever sobre isso agora.
Há também João Ubaldo. Precipito-me em afirmar que O albatroz azul é o livro do ano, mas está sendo uma delícia lê-lo. Releio cada página com um prazer incomum. Economizo para tê-lo por mais tempo comigo.
Há ainda, meu Ipod shuffle, esquecido desgraçadamente no sebo, mas guardado a sete chaves por meus amigos. Logo reconheceram minha música ali dentro. Transitam por lá, Roque Ferreira, Pedro Miranda, Sérgio Santos (mais uma obra prima), Rodrigo Leão e Cinema Ensemble, Joaquin Sabina, tudo novo e diferente, fazendo crer que a música se renova com a vida e pede passagem para a dor (será um clichê?, bom, tanto faz se a dor for embora do mesmo jeito!)
E há a evidência científica. Vou me envolvendo com ela como pinto no lixo. Gasto um tempo no meu trabalho e um tempo aqui em casa com pesquisa, avaliação crítica, treinamento. É mesmo incrível acreditar que posso redescobrir meu gosto pelo ofício a cada texto novo.
E há os amigos. É certo que Renatinha entrou de férias sem avisar e ontem fiquei meio desnorteado com a perspectiva, mas já me conformei. Essas pessoas que nos fazem tão bem só de sabê-las ali em frente não deveriam ter direito à férias.
A madrugada aqui do prédio pode trazer um coleiro assobiando música, um galo de Odete Lima cantando, uma esperança de paz.

Triste cuíca

Aceitar o castigo imerecido Não por faqueza, mas por altivez No tormento mais fundo, o teu gemido Trocar um grito de ódio a quem o fez As de...