sábado, 30 de abril de 2011

Ainda há aqueles



"Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente."

Fernando Pessoa

"Seu França não presta pra nada -
Só pra tocar violão.
De beber água no chapéu as formigas já sabem quem ele é.
Não presta pra nada.
Mesmo que dizer:
- Povo que gosta de resto de sopa é mosca.
Disse que precisa de não ser ninguém toda vida.
De ser o nada desenvolvido.
E disse que o artista tem origem nesse ato suicida."

Manoel de Barros

Os sábados vão se sucedendo e já me acostumei a um ou outro ser bom ou ruim. Se estivesse em Niterói, estaria feliz sozinho comendo biscoito e assistindo Drop dead diva. Mas acabei de chofre vindo pra Miracema e cá estou a refletir sobre Pessoa e Manoel, o que já é grande coisa. Passei na festa, comi uma carne e uma torta e voltei. Uma passadinha rápida como quem nada quer. Nada queria mesmo, a não ser carne e torta. E antes que comece a rodear sobre solidão e abstinência alcoólica, é melhor ir deixando de lado essa escrita cambeta.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Salve Nana

Nossa melhor intérprete está fazendo 70 anos hoje. Merece festa. No Itreco hoje, só toca Nana.
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Pra mim, tudo começou com Mudança dos ventos, em 1980. Conhecia muito pouco os discos anteriores, tinha um certo preconceito, adorava Elis demais pra gostar de quem quer que fosse. Mas aquela fita cassete que ganhei de um amigo de Paraíso do Tobias não saía do walkman nem pra escovar os dentes. De Mudança dos ventos a Essas tardes assim, fui decorando cada uma como se fosse a última. As melhores e definitivas versões de Meu bem querer e Mistérios estão ali. Porque Nana recriou a forma de interpretar essas canções de tal modo que parecem feitas por ela. A mesma coisa aconteceu com Ponta de Areia, Contrato de separação, Clube de esquina 2 e tantas outras. Nesses 30 anos, faço festa cada vez que leio que vem disco novo aí. Poderia destacar aqueles que ficaram meses tocando. Foram muitos. Como o irrepreenssível A noite do meu bem, em que ela disseca a obra de Dolores. Ou aquele que começa com Deixa eu cantar. São muitos que fizeram festa na minha vida besta.
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Quem pode acreditar nesse Fluminense de ontem? Mais parecia uma barata tonta em campo no segundo tempo do jogo. Dominado pelos paraguaios, aproveitou-se do talento individual de Conca e Marquinhos (que até aquele momento não havia feito nada de produtivo) para chegar à vitória. Vamos ver lá, Seu Moreira!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Recomendações atualizadas

Essa minha desvontade de escrever ainda vai me levar à ver o que não presta mais de uma vez. Ultimamente, o blog tem sido meu melhor recurso para recordar o que vi, li, ouvi e gostei ou não. De sábado pra cá assisti alguns filmes. Começando pelo fraco 127 hs. Nenhum filme consegue explorar o sofrimento de um sujeito duas horas seguidas e agradar. Especialmente quando esse sofrimento está limitado a um único cenário. Também vi London River. Também é um filme sobre dor, mas consegue ser diversificado quanto à natureza do sofrimento e às questões humanas. Vi ainda De pernas pro ar, e achei médio.
O melhor da semana foi Abutres, com Ricardo Darin. Assisto com prazer a ascenção do cinema argentino. Esse romance, que tem como pano de fundo a indústria do seguro contra acidentes de trânsito na Argentina, ainda trás a ótima Martina Gusman no papel de uma médica recém-formada. Bela trama, com direção ágil de Pablo Trapero, e uma trilha que inclui Javier Solis e Chango Spasiuk. A cena do bolero é tocante.
Na viagem de domingo com Laura, o que mais tocou foi o novo do Couple Coffee, Quarto Grão. Voz e baixo muito afinados, belo repertório, que inclui Amor e rock, uma das coisas mais interessantes feitas por Luiz Tatit.
Cheguei de São Paulo há pouco, passei raiva com a Gol linhas aéreas, dei mais uma passada na Livraria Cultura pra abastecer e jantei com Moacyr Nobre no Rufinos, um peixe mediterrâneo triplo A.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Dois discos de rock que gostei de ouvir em abril

O rock parou no tempo pra mim. Minhas recordações pessoais ainda povoam meus sentimentos roqueiros. Ouvia (e ouço) muito Smiths, Beatles, Floyd, Zeppelim, Clapton, enfim, muitos dinossauros que ainda transitam por aí. Vez por outra, uma resenha convincente me leva a um disco. Foi o que aconteceu com John Grant, Queen of Denmark. É um ótimo disco de rock. A boa voz do cantor, algo depressiva, o bom gosto do repertório e arranjos, fizeram com que o disco permanecesse o mês inteiro no shuffle.
Outro disco que me agradou foi o da cantora Allison Kraus, Paper airplane. Um country ligeiro, com ótimas baladas, como Dimming off the day. Também estacionou em abril no shuffle.

domingo, 24 de abril de 2011

Porque hoje é sábado



"Na casa aberta,
É noite de festa
Dançam Geraldo, Helena, Flor.
Na beira do rio, escuto Ramiro.
Dona Mercês toca tambor."

Flávio Henrique e Chico Amaral.


No sábado, como tem sido sempre que vou a Miracema, a Academia do Choro voltou a se reunir na minha casa. Dessa vez, foi absolutamente ímpar. Voltou Marila, Marcione veio, o grupo estava quase completo, e estávamos todos muito bem sintonizados e felizes. Mais que todos, reinava Francisco ali no canto da mesa parecendo não acreditar ser possível uma celebração dessas nesse fim de Mundo. De onde veio esse sete cordas iluminado e aquela voz ali cantando Claudionor e Pedro Caetano (Engomadinho) divinamente? Onde mais podem existir esses enleios?
Na minha vida vazia, esses sábados têm sido um sopro de esperança e credulidade, por mais esquisita que seja essa palavra.
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Pois bem, já no domingo, tive que assistir o Flamengo vencer nos pênaltis a semi-final da Taça Rio. Difícil de aguentar! Está claro pra mim que o Fluminense não tem comando. Quase elogiei o técnico Moreira no último texto, mas concluí que foi muito bom não ter queimado minha língua. O técnico parecia não saber o que fazer à beira do gramado. Demorou demais para substituir, quando substituiu fez errado, enfim, percebia-se nitidamente que o time estava perdido e não tinha quem arrumasse. Do outro lado, Luxemburgo, que não é nem um bobo, conseguiu arrumar a casa do Flamengo no segundo tempo.
Águas passadas, acho que a diretoria do Fluminense tem que explicar direitinho à sua torcida, essa saída do Emerson. Ainda não me convenceu essa história de que cantou hino, etc. Pra mim, é mais uma trapalhada dessa tal facção política.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Dois discos esquecidos que brotaram em abril

Tenho esse grave defeito: compro e não ouço, não leio, não vejo. Fica ali guardado na estante empoeirando. Até que uma providencial limpeza trás de volta livros, discos e filmes. No mês de abril, duas preciosidades foram abertas e ouvidas à exaustão: Glória Bomfim, Santo e orixá e Trio de Câmara Brasileiro, Saudades de princesa.
O primeiro poderia ter ficado esquecido no tempo, não fosse o alerta dado por Marila. O canto de Glória Bomfim é de um especial encantamento. Suas rezas são um corte seco para aqueles que não têm fé religiosa. Lembro dos versos de Abel Silva: Sou desprovido de fé religiosa, mas entro nessa igreja. Pois Glória nos convida a entrar nos cantos e rezas de Paulo César Pinheiro com uma força comovente

Saudades de princesa trás luz à obra de Canhoto da Paraíba, interpretada por um trio que não deixa dúvidas quanto à qualidade: Pedro Amorim, Caio Cézar e Alessandro Valente. Não precisa dizer mais nada pra concluir que é obrigatório!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

NEEEEENNNSE!!!!!!


Parece que o ano começou para o Fluminense. A emoção hoje bateu forte, de uma forma parecida parecida com aquela de maio de 2008 (aqui). Alheio à discussões intermináveis nos bastidores, incompetência de facções políticas e consequente perda de técnico e jogadores, o time do Fluminense soube ser maior e ressurgiu mais uma vez das míseras possibilidades oferecidas pelo matemático Tristão Garcia. A vitória convincente sobre o Argentino Jrs deve calar não só os tristões, mas também os muricys, as facções e boa parte da imprensa instigadora (no mau sentido). Vitórias como essa, arrancadas de uma garra e de uma força inerente aos que vestem essa camisa, valem por muitos campeonatos.
Só vi o segundo tempo. Estava no samba com meus amigos durante o primeiro. Hoje uma menina fez um Ilha de Maré tão perfeita que deu vontade de vazar do jogo e ficar ali a noite toda. Por pouco não fiquei, ouvindo seu canto doce.
Nem imaginava que outras emoções fortes estavam pra acontecer. Chegamos em casa, 2 a 2. e daí pra frente foi só taquicardia.
Que noite que há muito não me ocorre nem em sonho!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Disco do mês de abril

Adianto logo minha opinião: o disco do mês de abril vai para Ney Matogrosso e seu Beijo Bandido ao vivo. Porque é reconfortante ouvir um cantor chegar onde chegou e continuar pleno. Ou mais, melhor a cada dia ou a cada disco. Ouvi-lo cantar Mulher sem razão ou A cor do desejo ao vivo é ainda mais sublime que ouvir as versões de estúdio, que já são muito boas.
Comecei a gostar de Ney na época dos Secos e Molhados. Eu era menino quando ganhei o LP. Não consegui parar de ouvi-lo. Até hoje sei das sequências de cor.
Depois vi Ney no Teatro Carlos Gomes com Moreira Lima, Rafael Rabelo, Paulo Moura e Chacal, num show inesquecível. Cantando Chico, Cartola ou Itamar (sim, Ney é um dos poucos que cantaram e ainda cantam a obra inestimável de Itamar Assumpção), Ney oferece sempre um algo mais com seu canto ímpar.
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E olha que abril está difícil de escolher. Tem Ná, Geraldo, Adriana, muita coisa boa acontecendo.No fim do mês a gente acerta as contas,mas adianto que Ney está imbatível nesse abril.

domingo, 17 de abril de 2011

Prá São João decidir

Arrigo Barnabé fez a ponte entre Lupicínio e Tom Waits pra quem viu Senhor Brasil na TV Cultura hoje (obrigado, Marila). Há uma similar aqui. Puro Tom Waits. Está longe da interpretação original de Chico Alves, mas vale ouvir muitas vezes. Estranho ouvir o erudito Arrigo, que lançou recentemente uma Missa em memória de Itamar Assumção, cantar Lupicínio até com certa propriedade.
Sou um apaixonado pela versão do Chico Alves, que meu pai me ensinou a gostar desde que ouço música. Sempre me achei derrotado pelo vizinho nessa canção, e ao longo desses anos, de um modo ou de outro, se foram muitas Rosinhas.
Graças à outro Chico, o da Moto Discos, que lançou às próprias custas um cd contendo grandes interpretações de Francisco Alves, inclusive Pra São João decidir, a canção me acompanha há anos. Quando vim trabalhar no Rio em 97, embalava minhas madrugadas na estrada. Nunca deixei de ouvi-la.
E nem de acreditar que João possa trazer junhos melhores.
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Belíssima a crônica de Cora Ronai quinta-feira, narrando a história dos meninos da Orquestra Sifônica Brasileira Jovem, que subiram ao palco do Teatro Municipal na abertura da temporada mas se recusaram a tocar em consideração aos músicos da OSB principal, afastados porque não aceitaram passar por uma avaliação controversa. Bela crônica, belo exemplo deram esses meninos.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Micróbio do samba

Os puristas vão estranhar a guitarrinha meio distorcida no cd Micróbio do samba de Adriana Calcanhoto, mas aqui vai um aprendizado: insista. Ao final de algumas audições, você vai encontrar um ótimo disco. É do tipo que vai crescendo a cada vez que se ouve. Mesmo bobagens, como Pode se remoer ou Já reparou soam interessantes na voz da cantora. Adriana vai se firmando como uma das boas compositoras dessa geração carente. Por enquanto, a minha preferida é a delícia Vem ver.
Na minha inútil peregrinação por filmes novos, tenho preferido as revisões. Depois de passar uma síndrome de abstinência por Deadwood, revi A fraternidade é vermelha. Já não se fazem filmes como esse, trilhas como essa, mulheres como essa Irene. Irene ri, Irene ri, Irene!!!!!!
Ontem vi um filme com Antonio Banderas chamado Morte por encomenda. É meio como o cd de Adriana. No final, você acaba gostando.
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Ando cheio de desvontades, principalmente de escrever. Espero que meus três leitores me compreendam.

domingo, 10 de abril de 2011

Como outro qualquer

Passei o final de semana recluso, a maior parte do tempo reflexivo, mas hoje acordei de um sonho tranquilo. E aí lembrei-me dos domingos em que meu pai ligava a eletrola telefunken alto e colocava seus discos pra tocar depois da misssa. E Chico Alves, Silvio Caldas, Clara Nunes, Roberto Carlos povoavam nossa manhã fria miracemense. Hoje, nessa manhã fria miracemense, coloquei minha seleção pessoal Ella Fitzgerald. Ninguém cantou Porter ou Gershwinn tão bem quanto Ella.
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A tranquilidade logo deu lugar à estrada e vim também ouvindo Ella, Fátima, Soraya e Ana Bacalhau. Na estrada, a música alta, às vezes aguda, me aproxima mais da solidão, mas continua a ser uma bela companhia.
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Mal teve início Americano 1x5 Fluminense e Raul Quadros começou a tagarelar contra o time e a favor do Americano. Depois do primeiro tempo, o comentarista sumiu. O técnico, contra todas as minhas convicções, acertou ao colocar Marquinho nolugar de Deco. Vai entender!!!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Francisco, Francisco

Geraldo Azevedo está lançando um novo disco, uma espécie de song book do Rio São Francisco. Foi a melhor coisa que fez nos últimos anos. Natural de Petrolina, Geraldo banhou muito nessas águas que agora canta.
Há grandes acertos no disco. Por enquanto o que mais me agradou foi a parceria de Geraldo e Moraes em Petrolina e Juazeiro. Um xotezinho manso, que brinca com as cidades e o Rio. Mas há Roberto Mendes (na supra citada Francisco, Francisco), Fernanda Takai, Maria Bethânia e até Ivete Sangalo que resolve ser e acaba conseguindo ser uma boa intérprete em O ciúme.
Conheci Geraldo em 79 do disco Bicho de sete cabeças, um clássico nordestino. Foi um dos discos que furaram na vitrolinha. Depois acompanhei a carreira do cantor nos anos 80 e 90, assisti a alguns de seus shows e acho que são antológicos o trio de discos que ele fez para a gravadora Ariola: Inclinações Musicais, For all para todos e Tempo tempero. Adoro a vitrine de lps que tem na contra- capa de Inclinações musicais. E o fato dele ter misturado Um dia (Caetano) com Vem Morena (Gonzaga), e de ter feito a cinematográfica Você se lembra.
Geraldo é de um tempo secreto, em que eu era feliz e não sabia.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Trabalho e música

Preciso de um qualquer tempo no meu quarto escondido nos fundos da minha casa em Miracema. sem rede, sem tv a cabo, sem responsabilidade. Um tempo pra mim. Aqui nem consigo mudar o disco. Emendei de novo as três temporadas de Deadwood para não ter que escolher nada. Até escolher está difícil. Bem, é verdade, Deadwood é muito bom e vai prendendo a gente. Tentei ver o Cisne negro, mas os primeiros 40 minutos são tão deprimentes que desisti ali. Voltei para Deadwood.
Hoje só consigo ser alcançado por trabalho e música. eve ter sido aí que apareceu esse disco novo da Virgínia Rosa. Gosto de Virgínia Rosa desde Batuque, acho que seu primeiro disco. Ao longo desses anos, interpretações marcantes de Pressentimento (no cd A voz do coração) ou Você passa eu acho graça (Ataulfo Alves, 100 anos) foram deixando uma ótima impressão da cantora. Esse novo, de voz e piano, gravado com Geraldo Flack, não deixa de ser um bom disco, mas peca muito pelo excesso de obviedades. Duvido que alguém que queira ouvir Maria, Maria, vá puxar da estante o disco de Virgínia, quando há tantas gravações clássicas. Em todo caso, Virgínia merece crédito. Poderia vir ao Rio lançar o disco. Ao vivo, a interpretação deve crescer.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Oi Nélis


"E há tempos nem os santos têm ao certo
A medida da maldade
Há tempos são os jovens que adoecem
Há tempos o encanto está ausente
E há ferrugem nos sorrisos
E só o acaso estende os braços
A quem procura abrigo e proteção."

Renato Russo

Entro segunda manhã disperso dispersivo encontro Nélis no café. Oi Nélis. Um oi meio chocho de quem já tá pensando na próxima tarefa. Muito distante daquele velho Oooooooiiiiii Néééélis.
Da minha sala, vejo Nélis trabalhando e penso num átimo que bom seria se pudéssemos jogar conversa furada tola remelenta fora como em outros tempos. Mas já vem uma enxurrada de e-mails para responder e outros assuntos para discutir e reuniões de nem sair pra almoçar e o dia passa relâmpago. Volto pra casa, tchau Nélis. Nem sei quem sou mais.
Sou o que me mandam aos ouvidos. Como a Valsa de um subúrbio mandada por Carlos Navas do ótimo Junte tudo que é seu, ou Las doce de la noche por Lidia Borda. Sou essa correria de gente pra pegar um lugar na Cantareira na triste Baía de Guanabara. E um monte de citações, referências, desacordos.
E voltei a ouvir Dalva de Oliveira. Dalva ainda tem muito que ensinar de dor e prazer. Chego em casa pensando em escrever tudo isso.
Queria que Nélis soubesse o quanto me é cara e o quanto sou grato por estar com ela às segundas no trabalho mesmo que seja para um vago e dispersivo Oi nélis.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Enquanto gira o Mundo bizarro

"Dizem que o exercício ajuda, mas para fazer o exercício é preciso chegar à academia, e para chegar à academia, é preciso sair de casa - sair de casa sendo, talvez, uma das coisas mais difíceis de se executar no fundo do poço. Até encontrar os amigos é complicado, porque as conversas se tornam tão difíceis de acompanhar quanto a atmosfera feliz que costuma reger tais encontros.
Viajar quebra um pouco essa rotina asfixiante, mas na verdade não resolve nada, apenas leva o fundo do poço para outra paisagem"
Cora Ronai, no Globo de quinta.
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Meia hora antes do choro e da traíra, minha mãe foi encaminhada ao CTI da Casa de Saúde Santa Marta com suspeita de tromboembolismo pulmonar, que depois foi confirmado. Eu estava a 300 km de distância, os amigos chegando, a traira temperada e a cerveja na temperatura quando meu primo ligou. Eram quase 9 horas e agonizei sem saber direito o que fazer. Decidi não falar sobre o assunto e me esforcei para não estragar a noite, ao mesmo tempo que tentava resolver as coisas por telefone. Na manhã seguinte, corri pra Niterói e passei a semana entre o trabalho e minha mãe, que hoje passa bem. Muitas noites numa noite, trabalho, discussão, conversa muito engarrafamento e nem me esforcei pra trocar a temporada de Deadwood quando chegava em casa já tarde. Emendei logo a segunda. Esse resumo e mais angústia, vazio, engarrafamento, cantareira apinhada de gente, foram a minha semana. Nem deu vontade de escrever. Ou melhor, parafraseando Cora, pra escrever tinha que ligar a máquina e daí...
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Estou tentando voltar aos poucos, acompanhando a melhora de minha mãe. Ontem ainda tentei ensaiar uma ida no teatro com Nélis, mas só tinha um ingresso pra peça do Abujamra. No jornal, leio as trapalhadas que a turma que elegeu Peter Siemsem como presidente do Fluminense anda fazendo. Ninguém fez mais pelo clube do que o patrocinador nesses últimos anos. No shuffle, Eva Cassidy quase chora o songbird no meu ouvido.

Onde comer bem no Centro do Rio

O tempo tem mostrado que comer no Centro do Rio é tarefa cada vez mais complicada. Ando limitado aos restaurantes antigos que como há mais d...