quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Cinquenta anos

"Eu vim aqui prestar contas
De poucos acertos
De erros sem fim
Eu tropecei tanto as tontas
Que acabei chegando no fundo de mim
O filme da vida não quer despedida
E me indica: ache a saída
E pede socorro onde a lua
Que encanta o alto do morro
Que gane que nem cachorro
Correndo atrás do momento que foi vivido.
Venha de onde vier
Ninguém lembra porque quer
Eu beijo na boca de hoje
As lágrimas de outra mulher
Cinquenta anos são bodas de sangue
Casei com a inconstância e o prazer
Perdôo a todos, não peço desculpas
Foi isso que eu quis viver
Acolho o futuro de braços abertos
Citando Cartola:
- Eu fiz o que pude
Aos cinquenta anos
Insisto na juventude"

Aldir Blanc

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Olhos do tempo

"Ao longe sobre um porto cheio
de casas sem calefação
em meio às chaminés de navio
de um telhado mastreado de varais
uma mulher hasteia velas
sobre o vento
expondo seus lençóis matinais
com pregadores de madeira
Oh mamífero adorável
seus seios seminus
arrojam sombras retesadas
quando ela se estica
para pendurar de alma lavada
seu último pecado
mas umidamente sensual
ele se enrola nela
agarrado à sua pele
Capturada assim de braços
erguidos
ela atira a cabeça para trás
numa gargalhada muda
e num gesto espontâneo
espalha então cabelo dourado
enquanto nas inatingíveis paisagens marinhas
entre lonas brancas e enfunadas
sobressaem radiantes os barcos a vapor
para o outro mundo"

Lawrene Ferlinghetti

Uma trânsito infernal na ida, um samba na Rua da Capivara, mais uma derrota do Fluminense, alguns episódios de Shameless, uma conversa franca, um aniversário, uma rinite que não me larga, um baixa de imunidade, muitas canções dispersas, poemas de Lawrence Ferlinghetti, um resto de frio em Miracema, o Sol voltando a queimar, meu fim de semana não trouxe mais do que esses lapsos bons e ruins.
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Hoje não foi muito diferente. Tinha tanta gente e tão pouco ônibus que resolvi voltar a pé pra casa. Subi o Morro São Sebastião congestionado de gripe, ouvindo a ótima trilha do filme Noel, que tinha desprezado inicialmente e agora botei pra rodar no Itreco. Também rodando em ótimos ouvidos, o cd da sambista pernambucana, Karina Spinelli, bela mostra de como é possível fugir da mesmice e reinventar o bom e velho samba. Mas o campeão de ouvidos dessa semana foi Olhos do tempo, de Rafael Altério e Cristina Saraiva, do disco Cristina Saraiva por Manuella Cavalaro. Três recomendações finas para meus três amados leitores.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Nem Diogo nem Carolina



Nem Diogo nem Carolina
Só eu mesmo desarmado
Um copo de estricnina
E oitenta discos de fado.
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Jantamos ontem eu e Renatinha no Filé do Moraes em São Paulo. O Moraes é um restaurante antigo que tem na Santos e que me foi recomendado pelo Wanderley e pelo Euclides. Segundo Euclides, faz o meu estilo: comida farta e bom preço. Fomos conferir.
Acima do bom filé, da bela batata e do atendimento honesto, pairava a boa conversa. Ter um tempo de Renatinha fora do trabalho pode ser um achado melhor do que um bom restaurante em São Paulo.
Voltamos hoje e tivemos que passar pelo execrável check in da Gol em Congonhas. Ir a São Paulo nos últimos anos está me dando engulhos por causa da Gol Linhas Aéreas.
Ficamos umas duas horas engastalhados no aeroporto, mas com Renatinha, nunca são horas jogadas fora.
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Entre os discos estranhos que entraram no Itreco semana passada, o que mais tem me agradado é esse Lisa Ekdahl ao vivo no Olympia. A cantora sueca (foto acima) tem uma voz agridoce, meio fanhosa, de fazer bem a bons ouvidos.
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E por falar em boa música, amanhã tem Thiago Amud no auditório do BNDES. Sou suspeito, já coloquei Contenda, de Thiago e Guinga, entre as duas ou três melhores composições do século, mas Thiago vale uma esticada na noite no centro do Rio.
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O Fluminense, lamentavelmente, foi pro buraco outra vez. Não dá nem pra culpar o Digão, que falhou nos dois gols do Santos. O time todo está lerdo, incapaz de criar uma única jogada de gol.
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Hoje é aniversário de um amigo querido, Paulo Schott. Não tenho dúvidas de que o que eu sou hoje, é parte do que ele me ensinou. É daquelas pessoas que estão na categoria de indispensáveis.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Histórias de amor em tempos de desamor


No teu Sol, me acabo
No teu ar, me esfrio,
No teu mar, me solto.
Areia quente e branquinha.

Arraial do Cabo
Vou voltar pro Rio
Mas depois eu volto
Pra essa casinha

Sidney Miller, Casinha do Arraial.

Hoje topei com alguns conhecidos meus
Me dão bom-dia, cheios de carinho
Dizem para eu ter muita luz, ficar com Deus

Eles têm pena de eu viver sozinho

Hoje a cidade acordou toda em contramão
Homens com raiva, buzinas, sirenes, estardalhaço
De volta a casa, na rua recolhi um cão

Que de hora em hora me arranca um pedaço

Hoje pensei em ter religião
De alguma ovelha, talvez, fazer sacrifício
Por uma estátua ter adoração

Amar uma mulher sem orifício

Hoje afinal conheci o amor
E era o amor uma obscura trama
Não bato nela nem com uma flor

Mas se ela chora, desejo me inflama

Hoje o inimigo veio me espreitar
Armou tocaia lá na curva do rio
Trouxe um porrete a mó de me quebrar

Mas eu não quebro porque sou macio, viu.

Chico Buarque, Querido Diário

Pra quê escrever, se tudo já está escrito?

Meia idade é uma merda. É um tempo em que as responsabilidades se multiplicam em riscos, filhos, pais, depressão e fama. Costumo me impor uma rotina militar para tocar esse barco. Ainda assim ando disperso com a saúde, desatento com os problemas, em falta com os amigos.
Nesse final de semana, resolvi quebrar minha militar rotina e fui pro Arraial do Cabo. Não baixava lá desde julho do ano passado. Uma motivação extra, a necessidade de ouvir o barulho do mar e dividir a rede da varanda, alguma coisa que parecia estar escrita há séculos (os escafandristas ainda tentarão decifrar o enigma!!). Fui para o Arraial em ótima companhia.
Cheguei lá comprei uns petiscos, meia dúzia de cerveja, tirei a viola do saco e ficamos ali lendo Bandeira e Sérgio Santanna um pro outro, ouvindo Bonga e Tom Waits. Pequenas gentilezas inimagináveis nesses tempos duros,
O Sol também resolveu ser gentil e se abriu todo pra gente no sábado como se nos homenageasse. A Prainha quase deserta era feitio de oração.
Mas aí baixou a pomba gira da meia idade e tive que pesar, além dessas iguarias relatadas, um resfriado seco, uma preocupação com os filhos, uma cegueira noturna para dirigir.
Pouco importa! Meu fim de semana foi janela aberta e brisa pra quem só tem visto o beco nos últimos tempos.
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William Macy e Emmy Rossum dão um banho de atuação em Shameless, uma série que peguei por acaso e não desgrudo mais dela. A vida real, sem meias palavras.
E cada vez gosto mais de Querido diário, o sucesso rejeitado do disco novo do Chico.


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Samba da Capivara

Olha como a flor se acende
Quando o dia amanhece
Minha mágoa se esconde
A esperança aparece
O que me restou da noite
O cansaço, e a incerteza
La se vão na Beleza deste lindo alvorecer

E este mar em revolta que canta na areia
Tal a tristeza que trago e minhalma canteia
Quero solução sim.. pois quero cantar
Desfrutar desta alegria
Que só me faz despertar do meu penar
E este canto bonito que vem da alvorada
Não é meu grito aflito pela madrugada
Tudo tão suave.. liberdade em cor
O refúgio da alma vencida pelo desamor


Ivone e Délcio

Sexta-feira retornamos ao Samba da Capivara. Jadim vem se esforçando para trazer de volta, o tradicional reduto do samba miracemense, berço de encontros memoráveis dos Garotos do Sereno. Acho que ele está conseguindo. São outros tempos, mas o samba ainda resiste. Foi uma noite inspirada do Lilito, que não poupou nenhuma de suas seis cordas para dar luz aos sambas puxados pelo Rafael, que andava sumido da roda. Alguns partidos que já nem me lembrava, bons pagodes e esse Alvorecer clássico de Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho, de rejuvenescer qualquer espírito adormecido.
Entre os discos estranhos que botei pra rodar no Itreco, gostei mais de dois: o novo de Joss Stone (LP 1) e o do canadense Russ Hewitt, de quem nunca tinha ouvido falar, mas toca um violão redondo em Alma vieja. Joss Stone, além de pitéu, tem uma voz diferenciada da maioria de cantoras que surgem a cada seis horas, igual a antibiótico pra garganta.
Mas nada cresce mais no ouvido do que os discos de Wisnik e Chico. Cada dia um alumbramento.

domingo, 14 de agosto de 2011

Poema sujo



"saímos de casa às quatro
com as luzes da rua ainda acesas

meu pai levava a maleta
eu levava uma sacola

rumamos por Afogados
outras ladeiras e ruas

o que pra ele era rotina
pra mim era uma aventura

quando chegamos a gare
o trem realmente esperava

ali parado esperando
muito cumprido e chiava

entramos no carro os dois
eu entre alegre a assustado

meu pai (que já não existe)
me fez sentar ao seu lado

talvez mais feliz que eu
por me levar na viagem

meu pai (que já não existe)
sorria, os olhos brilhando"

Ferreira Gullar




sábado, 13 de agosto de 2011

As sem razões do amor

"Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
E nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
E com amor não se paga.

Amor é dado de graça
É semeado no vento,
Na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
E a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
Bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
Não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
Feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
E da morte vencedor,
Por mais que o matem (e matam)
A cada instante de amor."

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Perto do coração


Obras na Praça XV, a Cantareira veio abaixo hoje. Dava pra ver a hora que a multidão ia ser expremida. Meu Riocard vacilou duas vezes antes de liberar a passagem. A multidão alvoroçada mandava seguir e a catraca se recusava a atender meus apelos. Quase voltei.
Mas depois descobri que não há volta. Foi quando a catraca resolveu me liberar. Entrei na fila 17:30, peguei a barca de 18:10. Vim sentado.
Logo que entrei, botei pra tocar a valsa Perto do coração de Nelson Ayres. É a valsa mais bonita da primeira década desse século.
Sublimei o aperto, a dor muscular, a perspectiva de um ônibus cheio, a miséria cotidiana geral, a queda vertiginosa da bovespa e botei Nelson Ayres pra descer a Baía. Anoitecia leve em Niterói.

domingo, 7 de agosto de 2011

O que há de novo no A


Como torcedor, acho esse episódio entre a torcida do Fluminense e Fred, uma grande palhaçada. O comportamento da primeira e a falta de profissionalismo do segundo são execráveis. Quem ganha 700 milhas e deixa de jogar dois jogos importantes por falta de condições psicológicas? Se dependesse de mim, mandava o Fred passar a régua. Não é desse tipo de jogador que o Fluminense precisa.
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Tirei o domingo para ajeitar a letra A da minha discoteca. Vai ter que ser assim, uma letra por semana.
Há muitas considerações acerca dessa letra. Jobim (Antônio Carlos) e Piazzola (Astor) estão no meio dela. Só eles ocupam duas fileiras inteiras na gaveta. Quase tudo que fizeram já foi bem remasterizado e pode ser bem ouvido. De Jobim, o que gosto mais de ouvir é Terra Brasilis.De Piazzolla, o Inverno Porteño em qualquer lugar.
Já os discos de Amália Rodrigues ainda carecem de trato melhor. O único que salva no meu acervo é - pasmem - um disco que comprei na Argentina chamado 40 fados imprecindibles. Mesmo assim, adoro o disco que ela gravou no Canecão. Foi minha primeira grande lição de fado. Ainda cai uma lágrima no Fado do ciúme e naquele das cinco pedras.
Outra fadista que fez parte das comemorações do domingo foi Ana Moura. Seus discos finalmente se encontraram. Gosto de tudo que Ana Moura já gravou, mas Leva-me aos fados ainda é o maior dos seus clássicos. Por um dia é tão úmido quanto os fados citados de Amália.
Ataulfo, Ari e Adoniran estão de mãos dadas na gaveta. Dois mineiros e um paulista a serviço de ótimos sambas. De Adoniran, sua obra é muito bem representada pelos três discos que ele gravou na Odeon, principalmente o último, de duetos. Mas há ainda as coletâneas, os discos póstumos e uma gravação de Filosofia, do Noel, onde Adoniran faz uma modificação sutil no verso e em vez de cantar Se eu vou morrer de sede, canta Se de sede eu vou morrer e a música fica mais limpa e bonita. Essa é a típica informação desnecessária que esse blog se presta a fazer com um prazer de missão cumprida. Vou morrer cantando Filosofia do modo Adoniran.
Alceu Valença e Ângela RoRo, embora a criatividade pareça tê-los deixado estacionados nos anos 80, também têm lugar garantido.
Entre os chorôes, destacam-se os discos de Altamiro Carrilho e Água de Moringa. As gravadoras precisavam de um cuidado melhor com os discos de Altamiro. Há clássicos, como Altamiro interpreta Patápio, da Marcus Pereira, que soa abafado, ruim de ouvir. O mais estranho é que sua obra fundamental Clássicos em choro volume 1, nunca saiu em cd.
Antônio Nóbrega abre a última fileira, que também conta com duas Aracys e uma Áurea. No final, tive que expremer Aretha Franklin com os Aarons Goldberg e Neville.
Dá pra passar uma vida ouvindo a letra A, um domingo é muito pouco pra ela.
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Domingo que terminou com a bizonha derrota do Fluminense para o fraquíssimo América Mineiro. De dar raiva de ter resevado tempo pra ver essa pândega. Devia ter ficado arrumando melhor a letra A.
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Parada do shuffle da última semana:
Primeiro lugar - Indivisível, com Wisnik, com 7 audições
Segundo lugar, empatados, Tipo um baião, com Chico e Seu mané é um homem, com Geraldo Maia, com 6 audições
Terceiro lugar - Canção Necessária, com Wisnik e Sorriso de Cristina, com Água de Moringa, com 5 audições
Quarto lugar - Nuestro juramento, com Javier Solis, com 4 audições, maior tempo do ano no shuffle, já mandou 23 vezes na barca.
Quinto lugar - Coming home, com K D Lang, com 3 audições.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Onde o arvoredo inventa um ballet


Gosto de Zélia Duncan. Gosto mais da Zélia exploradora de repertórios alheiros. Suas melhores interpretações são, na minha opinião e pela ordem, as canções de Itamar Assumpção e as do disco Eu me transformo em outras, em que Zélia repassa com um time de virtuoses, sambas, choros e outros clássicos dos nossos melhores compositores. E há o disco de 1994, do qual tenho as melhores lembranças.
A verdade é que só de trazer luz à obra de Itamar, já vale uma ouvida no repertório de Zélia. Ela sabe pescar uma pérola.
Zélia está lançando Pelo sabor do gesto em cena. Faz parte da rotina que tem sido adotada pelas gravadoras de lançar o disco do disco: um ao vivo que apresenta o repertório do original. Confesso que acho meio chato. Roberta Sá, por exemplo, lançou uma xerox exata de seu disco de estúdio ao vivo.
Ouvi pouco o Pelo sabor do gesto original, ficou nem meia semana rodando no shuffle. De forma que quando saiu o Em cena, achei justo ouvir com mais cuidado.
E aí no meio da Baía, disperso lendo qualquer coisa inútil, me vem essa regravação de Telhados de Paris, bela canção de Nei Lisboa. Um belo presente de Zélia para chamar a atenção de um dos nossos compositores mais profícuos e esquecidos da mídia. Vale o disco.
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Zezé Moreira, na foto passeando por Miracema com meu avô, foi técnico do Fluminense quando o time foi campeão mundial em 2 de agosto de 1952, há exatos 59 anos. O time contava com Castilho, Píndaro, Pinheiro, Telê Santana e Didi. A FIFA, injustamente, nunca reconheceu o título.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Para ver as meninas

"Qual o grau de miopia
Necessário pra esse dia
Acabar de jeito bom?
Apenas um a menos."

Sonantes

Eu era um menino de 29 e usava um par de óculos pesado. Um sujeito de passagem pela cidade ofereceu vida eterna longe das lentes. Caí no conto e resolvi curar minha miopia na faca. Durou oito anos a lua de mel. Um belo dia, Alê me deu uma prensa de tanto me ver expremer o olho e me mandou botar óculos. De lá pra cá, um inferno a minha visão, a córnea fragilizada pela lâmina, troquei a miopia por hipermetropia, astigmatismo e outras que nem me lembro. Uso óculos pra perto, longe e meio. E ainda assim enxergo mais ou menos. Literalmente mais ou menos, porque às vezes ocorre da córnea fraquejar e a letrinha fugir.
Eu era um menino de 29 que queria ver as meninas de cara limpa. Melhor, queria mesmo que as meninas me vissem. Deu certo por 8 anos.
Agora toda vez que tenho que fazer prova pra renovar a carteira de motorista vem essa aflição de novo. Hoje fui pianinho pro médico do DETRAN e de cara, já fui contando meu passado negro pra não passar vergonha. Passei raspando. Um alívio que vai durar mais 5.

Onde comer bem no Centro do Rio

O tempo tem mostrado que comer no Centro do Rio é tarefa cada vez mais complicada. Ando limitado aos restaurantes antigos que como há mais d...