quarta-feira, 25 de julho de 2012

Esperando Gudin


Eduardo Gudin vem ao Rio em 6 de setembro. Soube ontem acessando o site do Rival pra saber do show do Marcos Sacramento semana que vem. 
Pode parecer exagero, mas para mim é o acontecimento musical do ano. Há muito espero pela vinda do compositor. Porque Gudin nunca vem ao Rio. Lembro-me que há poucos anos, ele veio numa única noite, lançar o disco (antológico) que gravou com Leila Pinheiro. Perdi, já estava comprometido com viagem, trabalho, o escambau. Mas não dessa vez. Fiz questão de ir ao Rival pessoalmente adquirir o ingresso, que escaneei para perpetuar. 
Aprendi a gostar de Eduardo Gudin tardiamente, quando ele lançou o primeiro cd com o Notícias dum Brasil em 1995. Na época, reinava a Eclipse Discos em Miracema, loja super alternativa que eu e Jadim teimávamos em manter aberta, apesar dos constantes prejuízos. Os prejuízos eram só financeiros, porque a loja serviu para que dividíssemos as melhores canções e infinitas conversas de boa palavra. 
Esse cd, comprado numa queima de estoque sem muita espectativa, se transformou na nossa maior referência musical naquele ano. Foi também meu primeiro contato com a voz de Mônica Salmaso e Renato Braz. Mas acima de tudo, pairavam as composições.
Uma vez eu fui numa noite de autógrafos do lançamento de uma antologia do Sérgio Natureza e indaguei a ele pela falta de Luzes da mesma luz naquela antologia. 
Há tanta coisa pra recordar daquele disco e da obra do compositor, especialmente dos três cds da série Notícas dum Brasil, que um texto só é muito pouco. Os melhores intérpretes da nova geração passaram pelas formações do grupo. Só para citar, além dos já citados, Fabiana Cozza, Ilana Volkov, Luciane Alves.
Só para citar mais uma, que acabou virando amiga, Maria Martha. Como ainda dói, ouvir Maria Martha cantando Águas passadas!
Se você nunca ouviu, ainda é tempo. Se você mora no Rio, é uma oportunidade única.
Comprei um par de ingressos. Quem sabe Luisa não se habilita... 

domingo, 22 de julho de 2012

Perto do coração

Passei o dia do amigo ausente dos amigos e viajando com Laura pra Niterói. Viemos conversando como velhos amigos conversam no dia do amigo ou em qualquer outro dia. Mas conversar com Laura é sempre muito especial. Da vida pessoal de cada um, da carreira, de canções e poesias, de Luisa e Chicó,  não importa o assunto, são pai e filha conversando como velhos amigos. Uma amizade conquistada com muitos silêncios, gestos de  consideração, uma cumplicidade de afetos e algum tempo difícil.
Mais cedo em casa, eu remexi em velhas seleções musicais, assim meio sem propósito, mal podia imaginar que seria a trilha de uma viagem dessas que a gente pede pra durar mais um pouco. Canções de Bach, Debussy, Nelson Ayres, Piazzolla contos de Clarice e Guimarães, poesia de Gullar, tudo fluindo como se fosse a próxima a ser ouvida, embalando nossa palavra fácil.
Lembrou das minhas viagens de menino pro Nordeste, do pouco dinheiro, do carro com quebra vento, do toca fitas auto reverse, e de uma pauta interminável de assuntos inúteis e importantes.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Sintra



"À porta do casebre,
O meu coração vazio,
O meu coração insatisfeito,
O meu coração mais humano do que eu, mais exato que a vida.
Na estrada de Sintra, perto da meia noite, ao Luar, ao volante,
Na estrada de Sintra, que cansaço da própria imaginação,
Na estrada de Sintra, cada vez mais perto de Sintra,
Na estrada de Sintra, cada vez menos perto de mim..."

Fernando Pessoa, Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra.

O que sobrou da FLIP 2012 foi a conversa afinada com Laura e Luisa e ver como elas estão plenas de boa palavra. São as minhas meninas e não há nada mais confortante do que vê-las crescer e aparecer.
O que sobrou da FLIP 2012 foi Maria Martha fazendo um Lola a capela quase que só pra mim, depois de um pedido bêbado e pungente, irrecusável. Maria continua sendo um dos encantos escondidos de Paraty. 
O que sobrou da FLIP 2012 foi caminhar de mãos dadas com o amor pelos pedregulhos e acreditar que a fala das mãos é mais forte do que a das palavras. 
O que sobrou da FLIP 2012 foi voltar ao Santa Rita e comer aquele Camarão Geraldo Lins, outro encanto escondido insuperável.
O que sobrou da FLIP 2012 foi a conversa de amigos na Chácara das Acácias regada a cerveja escura e amendoim colorido. Muitos anos de conviver e conversar.
O que sobrou da FLIP 2012 foi a cara de Manu, se aboletando no meio das conversas com suas canções, requebros e uma pilha que não descarrega nunca.
O que sobrou da FLIP 2012 foi que, apesar de não ter ido à nenhuma mesa, de não ter participado de nenhuma discussão literária mais aprofundada, não deixei de me contaminar pelo ar poético e musical da cidade nessa época do ano. 

Triste cuíca

Aceitar o castigo imerecido Não por faqueza, mas por altivez No tormento mais fundo, o teu gemido Trocar um grito de ódio a quem o fez As de...