sábado, 6 de outubro de 2012

Aquela casa fechada

"Aquela casa fechada
não tem vasos na entrada
nem se vê luz duma vela
dizem que a casa está morta
já ninguém lhe bate a porta
nem se assoma na janela."



Em Cuiabá, ando preocupado com os efeitos deletérios da Lei José Riva, que proíbe o uso do cigarro e outros produtos fumígenos em vários ambientes. Até para um não fumante como eu, é ameaçador. Já fiz o roteiro das melhores peixarias e agora retorno acompanhado, no Vôo Azul 4124, da Banda João Carreiro e Capataz. Desconfio que o Capataz viaja na poltrona à frente da minha. 
Ouço Zambujo, possivelmente desconhecido da banda. O disco é, de fato, irresistível. Dói, regenera e claudica como todo o fado. Na biblioteca há algumas de Camané, muito mais sofrido que Zambujo e ainda mais distante da dupla sertaneja. Arrisco ouvir, mesmo sabendo que vai doer ainda mais. 
Queria um chuvisco na Chapada dos Guimarães, um peixe de beira rio, um sono mais prolongado, mas vai ficar pra depois. Voltar ao Rio parece-me mais atraente para o momento que qualquer souvenir turístico cuiabano.
Ontem também adormeci ouvindo fado .O dia extenuado doía-me até o cabelo. Fiquei feliz com um telefonema que recebi, mas até a felicidade doía. A dor do fado costuma aliviar a dor física.
Não há vôo direto de Cuiabá para o Rio. Espero pacientemente no Aeroporto Vira Copos em Campinas pela minha conexão. Cada vez acredito mais nesse conceito do Aldir de que a vida é um sinal que não sai do amarelo 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Nada mudou, em essência

Pra Marila.

"Quem seria capaz de abrir o peito e mostrar a ferida?
Antônio Maria

1 - De tanto escrever coisas inúteis, afeiçoei-me a elas. Hoje não tenho mais tempo de escrever coisas inúteis. Sei que essa próxima meia hora em que escrevo, roubo de preparar um treino para Cuiabá, responder 53 e-mails, atender A ou B.
2- Não há amigo mais presente em minha vida atual do que o Macedo. Leva-me aos aeroportos do Rio e trás me de volta pra casa, pelo menos duas vezes por semana. É um homem feliz, apesar de ter ficado doente nos últimos anos. Tem um casamento de muitos anos, diferente "do meu fruto sem cuidado que ainda verde, apodreceu". Exorta as pequenas coisas boas da vida. Mora perto da minha casa, mas prefere elogiar o pão da padaria do outro quarteirão (Pão e etc) do que lamentar o fechamento da Panificação Palácio. Já eu...
3 - Absolutamente encantado com o disco novo de Antônio Zambujo, o Quinto, que já recomendo para as listas de melhores do ano. É o que mais aproxima o cantor do fado, dos que ouvi.
4 - Sei que Zambujo se apresentou recentemente no Rio, que Rosa Passos estará no Miranda, mas de que adianta? Meu tempo é quando?
5 - E mesmo que não fosse, assisti ao show do Gudin com uma indisfarçável melancolia, de sair no meio, de pressa e com medo de doer mais.
6 - Também é de Zambujo, a interpretação da música mais bonita que ouvi esse ano: o Fado Saramago, de Ivan Lins e José Saramago, do último disco do Ivan. 
7 - Na foto acima, a visão panorâmica do meu guarda-roupa. Se olharem minha mesa, minha pasta, meu carro, o quadro é o mesmo: vão pensar que o abandono mora aqui.
8 - Quando prescindo do Macedo e assumo eu mesmo o volante, como ontem numa ida a Cabo Frio e Araruama, sou um desastre. A cegueira noturna tem se acentuado e o Rio vira um sinal amarelo nos horários pesados.
9 - Como sempre a música tem salvado esses momentos duros. Não sai da vitrola de ouvido, o disco novo de Isaías e seus Chorões e Quintal Brasileiro. Um Lábios que beijei de chorar todas. 

Triste cuíca

Aceitar o castigo imerecido Não por faqueza, mas por altivez No tormento mais fundo, o teu gemido Trocar um grito de ódio a quem o fez As de...