tag:blogger.com,1999:blog-45864686042721319812024-03-27T20:54:31.846-03:00DESCONVERSAFrancisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.comBlogger1083125tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-88549834934167045072024-03-26T10:21:00.001-03:002024-03-26T10:21:42.083-03:00Onde comer bem no Centro do Rio<p style="text-align: justify;">O tempo tem mostrado que comer no Centro do Rio é tarefa cada vez mais complicada. Ando limitado aos restaurantes antigos que como há mais de vinte anos. Enjoei dos quilos, prefiro pagar um pouco mais por uma comida mais saudável e que permita ser apreciada com mais tempo. O tempo é um aliado do paladar (Leon Eliachar: "a pressa é inimiga da refeição"). Além disso, aproveito para responder e-mails de trabalho, que cada dia mais se avolumam. </p><p style="text-align: justify;">Aqui onde eu habito na Rio Branco com Vargas, não chega nem perto das opções que tenho em São Paulo. São Paulo tem mil variações possíveis, dos mais avriados sabores e preços, a começar pela Quinta do Marquês, onde se come um pastel de nata muito parecido com o que se come em Lisboa. Há restaurantes em todo canto para todo gosto em SP.</p><p style="text-align: justify;">Para os meus amados dois ou tres leitores, faço uma seleção dos restaurantes que sobraram, por ordem de grandeza. Evidente, é uma avaliação muito pessoal sem qualquer pretensão culinária.</p><p style="text-align: justify;">1) O Árabe (antigo Damasco) - entre 50 e 60 reais - na Rua do Rosário, é onde almoço quase todo dia. A cozinha é a mesma de muitos anos, e agora tem um prato executivo que serve muito bem. Em geral, eu peço o Galeto com salada da casa e arroz de lentilha ou o quibe assado com salada fatuche e arroz de lentilha. </p><p style="text-align: justify;">2) Caçarolinha - entre 80 e 100 reais - escondido na Rua do Rosário, 157, sobreloja, fica dentro de um chin ling e é tão bem escondido que poucos conseguem chegar, mas nunca se arrependem. Serve o melhor bacalhau do centro do Rio. Recomendo o Bacalhau Caçarolinha. O restaurante é uma miniatura do que foi o grande Caçarola, fechado com a pandemia. Os garçons adquiriram o espaço, o chef é o mesmo. Vale muito a experiência.</p><p style="text-align: justify;">3) Escondidinho - entre 80 e 100 reais - No Beco dos Baleiros, reina o Escondidinho, que também mudou de nome e de dono e agora se chama Costela do beco. Existe desde 1.941. A costela é para os melhores paladares, talvez um pouco decadente sem o velho Seu Abílio. Reserve espaço para a sobremesa. O Mineiro de Botas é imperdível.</p><p style="text-align: justify;">4) Marian - entre 40 e 50 reais - Rua do Rosário, 145. É o único quilo da minha lista. Em alguns dias vale a pena, principalmente nos dias que tem comida árabe (acho que às quintas) . Fuja do churrasco (em geral, esturricado), evite horário pesado (12:30 a 13h), não vá mais do que uma vez por semana. Ao contrário dos outros, enjoa rápido.</p><p style="text-align: justify;">5) Giuseppe - entre 120 e 150 reais - Rua Sete de setembro, 65 - A imbatível maminha no sal grosso continua fazendo a diferença. Também tem massas, peixes (recomendo o pargo fresco assado no sal grosso) e outras carnes, Vale para os dias de fartura.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-90341028772742077792024-02-19T12:07:00.006-03:002024-02-19T13:32:51.767-03:00Íris<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8He8fGhWYMRnVIdWcjg98cc11jtDMcQNeaNkYue7R3bDW3tjYSvH1aWAkKg5I0Etxoefw9WJu1Y6c4iRpC-wf3iGAeoX9R3gHLmeueUlqbKkWc5yGoXYu7jXAHcX9DNxiImtIuFWWSpTOmgqeFXvjUJ62_ZFQtbBk5HU0o-M-w7ZMMVo3LQxQC8yDRuxZ/s884/WhatsApp%20Image%202024-02-19%20at%2011.29.31.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="884" data-original-width="809" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8He8fGhWYMRnVIdWcjg98cc11jtDMcQNeaNkYue7R3bDW3tjYSvH1aWAkKg5I0Etxoefw9WJu1Y6c4iRpC-wf3iGAeoX9R3gHLmeueUlqbKkWc5yGoXYu7jXAHcX9DNxiImtIuFWWSpTOmgqeFXvjUJ62_ZFQtbBk5HU0o-M-w7ZMMVo3LQxQC8yDRuxZ/s320/WhatsApp%20Image%202024-02-19%20at%2011.29.31.jpeg" width="293" /></a></div><p></p><p><br /></p><p style="text-align: right;">"Meu pai chorou</p><p style="text-align: right;">Escondido no fundo do quartinho</p><p style="text-align: right;">Um cavaleiro embaixo do moinho</p><p style="text-align: right;">Me deu um puta dum pavor.</p><p style="text-align: right;">Chão afundou</p><p style="text-align: right;">O mundo imenso e eu pequenininho</p><p style="text-align: right;">Mais assustado do que um passarinho</p><p style="text-align: right;">Depois que o galho se quebrou</p><p style="text-align: right;">O ninho foi e ele ficou.</p><p style="text-align: right;">Meu pai chorou</p><p style="text-align: right;">E eu rasguei a imagem do santinho</p><p style="text-align: right;">Porque Deus me pareceu mesquinho</p><p style="text-align: right;">Em ter cometido o desalinho</p><p style="text-align: right;">De criar a dor e pôr espinho</p><p style="text-align: right;">Até mesmo no sentir carinho</p><p style="text-align: right;">É cruel sofrer de amor.</p><p style="text-align: right;">Meu pai chorou</p><p style="text-align: right;">E dessa vez não tinha sido o vinho</p><p style="text-align: right;">Ninguém tocava um samba do Paulinho</p><p style="text-align: right;">Não tinha um filme arrasador</p><p style="text-align: right;">Sol apagou</p><p style="text-align: right;">Seu olho azul ficou azul-marinho</p><p style="text-align: right;">Seu corpo imenso algo tiquititinho</p><p style="text-align: right;">Que olhou pra mim e disfarçou</p><p style="text-align: right;">Mas, de pouquinho, se entregou</p><p style="text-align: right;">Meu pai chorou</p><p style="text-align: right;">Tudo em mim fez um redemoinho</p><p style="text-align: right;">Ele, ali, no chão sujando o linho</p><p style="text-align: right;">Foi a vez que fiquei mais sozinho</p><p style="text-align: right;">Sem Pelé deixei de ser Coutinho</p><p style="text-align: right;">Sem seus pés entrei por um caminho</p><p style="text-align: right;">Nunca mais parei de andar</p><p style="text-align: right;">Lembro do meu pai me pegando a mão</p><p style="text-align: right;">Lembro do meu pai dando a decisão</p><p style="text-align: right;">Lembro do meu pai sempre ser meu pai</p><p style="text-align: right;">Sempre ter seu brilho</p><p style="text-align: right;">Eu virei seu filho</p><p style="text-align: right;">Quando vi meu pai chorar"</p><p style="text-align: right;">Celso Viáfora</p><p style="text-align: right;"><br /></p><p style="text-align: justify;">A bordo do MSC View e todos os seus benefícios, suas cafonices e suas limitações, viajo novamente com meus filhos.</p><p style="text-align: justify;">E novamente demoramos para embarcar nas filas imensas, com minha paciência por um fio. Esgoto-me rápido, acho que meus estabilizadores de humor estão datados. Os meninos tentam entender. Lucas me abraça, Chicote contemporiza, eles ajudam a carregar o peso da minha bipolaridade.</p><p style="text-align: justify;">Ao entrarmos, percebemos que limaram a parada em Ilha Bela, a troco de uma pequena compensação em dólar, que será consumida em chocolates e um wi-fi por um dia, de presente para eles. Nada de wi fi para mim. Viajei para ficar disperso mesmo.</p><p style="text-align: justify;">Minha íris fotografada no navio mostra com clareza, os lagos, as cicatrizes e as esquinas que dão a volta no meu olho esquerdo. Será que eles percebem? Será que imaginam o quanto caminhei para chegar até aqui?</p><p style="text-align: justify;">A programação é a mesma do ano passado: jantamos às 18:30, vamos ao show das 19:30 e depois nos recolhemos. De dia quando há Sol, vamos às piscinas confratenizar com as famílias imensas que viajam conosco.</p><p style="text-align: justify;">Em Montevideu, lembramos da experiência anterior e não vamos mais à excursão fajuta que o navio oferece. Vamos ao Estádio Centenário e ao Mercado do Porto. Ótimas visitas para uma manhã. O estádio, posso estar blasfemando, mas achei mais bonito que o Maracanã. É mais tradicional e mais antigo. Na sala de troféus, sentimos falta de uma homenagem (não tinha uma foto sequer) a Pelé.</p><p style="text-align: justify;">O Mercado do Porto de Montevidéu é ótimo. Tem souvenir de tudo quanto é tipo, come-se muito bem e pode se tomar um medio a medio, bebida típica do lugar, bem recomendada por um amigo.</p><p style="text-align: justify;">Já conhecemos intimamente Buenos Aires, de modo que mais uma vez fizemos nosso próprio roteiro. Não sei se por influência da extrema direita que governa o país, os argentinos estão ficando cada vez mais grossos no trato com os brasileiros. Logo nós que deixamos nossos dólares lá e deveríamos ser muito bem tratados.</p><p style="text-align: justify;">Escolhemos duas paradas: o Monumental de Nuñes e o La Cabrera. Não vou ficar detalhando meu mau humor na imensa fila do Estádio do River, que privilegia argentinos e cujo leão de chácaras é um sujeito extremamente grosseiro. Dessa vez até Lucas se destemperou. O Estádio é muito bonito e tivemos o direito (pago, obviamente) de ver o gramado. </p><p style="text-align: justify;">O La Cabrera (que também quase desisti por causa da fila) continua o mesmo. Tivemos a sorte de sermos servidos pelo mesmo garçon das últimas vezes. Ótima carne e melhor ainda panqueca de doce de leite.</p><p style="text-align: justify;">Desembarcamos no Rio sem grandes atropelos, e dessa vez, não reservei para o ano que vem. Mas é possível. </p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-24018513143579002842024-02-16T11:25:00.001-03:002024-02-16T14:48:17.687-03:00Evidências<p style="text-align: justify;">Eu assisti o concerto de João Gilberto no Teatro Municipal em 2008 com a admiração e fascínio do menino que ouviu o Amoroso centenas de vezes seguidas.</p><p style="text-align: justify;">Vi Luis Melodia no Teatro da UFF depois de um atraso de 3 horas fazer um concerto intimista de voz e violão de comover .</p><p style="text-align: justify;">Tive a chance de assistir Gal Costa entrar pela porta da frente do Canecão com o Olodum e ficar deslumbrado com sua voz e seu carisma.</p><p style="text-align: justify;">Eu assisti Nana Caymmi, Djavan e Fátima Guedes no Teatro Leopoldo Fróes em Niterói nos tempos do Projeto Pixinguinha em shows que ficarão comigo para sempre.</p><p style="text-align: justify;">Eu vi Ana Moura, Mariza e Gisela João cantarem seus fados no Rio e me emocionei em cada canção.</p><p style="text-align: justify;">Eu vi Eduardo Gudin e Celso Viáfora no Rio, dois compositores paulistas que fazem parte do seleto grupo de 3 ou 4 dos melhores compositores de samba vivos.</p><p style="text-align: justify;">Eu fui a Rosal e vi os melhores chorões se apresentarem em jams inesquecíveis.</p><p style="text-align: justify;">Desculpe, mas eu tenho todo direito de achar "Evidências", uma boa merda.</p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-19471027490267434292024-01-03T12:00:00.007-03:002024-03-26T10:57:20.165-03:00Playlist nº 2<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgk4NfuoVJsTnfLVjAiUr3YYRLGGO0KI20RupJ8ss8oxBYt0f1Eol9uk2XtWOwz_YtTluqFi8ACCbqfYK8-ELAKs0I3UkjtVP3398lxk4A0nGnxj3OuqhnMJxFd7uqbvBr2fpshWg2aBNfOuT8-NASjJqnXkVB9LzwcszmmdXoILn9LKpf9kNRMTgFqMMKv/s1024/WhatsApp%20Image%202024-01-03%20at%2011.10.06.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="768" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgk4NfuoVJsTnfLVjAiUr3YYRLGGO0KI20RupJ8ss8oxBYt0f1Eol9uk2XtWOwz_YtTluqFi8ACCbqfYK8-ELAKs0I3UkjtVP3398lxk4A0nGnxj3OuqhnMJxFd7uqbvBr2fpshWg2aBNfOuT8-NASjJqnXkVB9LzwcszmmdXoILn9LKpf9kNRMTgFqMMKv/s320/WhatsApp%20Image%202024-01-03%20at%2011.10.06.jpeg" width="240" /></a></div><p><br /></p><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Partidas e chegadas são a história fiel da minha bipolaridade. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O evento musical do ano foi o show de Chico e Mônica no Vivo Rio, que depois virou streaming e agora virou disco e talvez também ganhasse o <i>troféu Desconversa</i> de disco do ano, não fosse o Selo Sesc ter lançado um álbum de inéditas de João Gilberto, um tributo à Wilson Batista, um álbum com canções de Carlos Lyra, um Hermínio novinho, com poesias maravilhosas recitadas por Fernanda Montenegro. Então parabéns para o SESC por perpetuar essa dádiva de podermos ouvir nossas músicas do jeito que quisermos. Infelizmente as edições saem em pequeno número. A de João Gilberto tive que esperar a segunda leva e mesmo assim quase perco. Disseram que o Japão comprou tudo. Faz sentido.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">.......................................................................</div><div style="text-align: justify;">Edu Lobo comemorou 80 anos com disco e show na Sala Cecília Meireles. O disco e o show contaram com Mônica Salmaso, Zé Renato, e dos semi novos (e ótimos) Vanessa Moreno e Ayrton Montarroios. Gosto de Edu pela parceria com Chico Buarque e pelo disco <i>Edu e Tom, Tom e Edu</i>, que reputo como um dos 6 ou 13 melhores discos da MPB. O show foi bom para relembrar o <i>Tango de Nancy</i>, interpretado por Vanessa Moreno de forma correta, mas longe da original de Lucinha Lins e o <i>Canto Triste</i>, interpretado magistralmente por Mônica Salmaso, mas desgraçadamente fora do disco. Jacob, que não gostava de Edu, ficou emocionado quando ouviu o Canto Triste. </div><div style="text-align: justify;">Mas há um lado complicado em Edu Lobo. Em 2023, acabou patrocinando mais uma polêmica ao afirmar que o Clube de Esquina era mais sofisticado do que a Tropicália. Independente dos méritos, não faço idéia de onde Edu tira essas coisas da cartola.</div><div style="text-align: justify;">......................................................................................</div><div style="text-align: justify;">Vi Lucinha no Teatro Rival cantar lindamente com Zé Luiz Mazziotti em homenagem a Leni. E descobri que a Universal incluiu o Sempre sempre mais no catálogo do spotify com ótima sonoridade. Uma pena não terem lançado em cd..</div><div style="text-align: justify;">..................................................................................</div><div style="text-align: justify;">Na sala, vi também Wisnik lançar <i>Vão</i>. Toda vez que ele vem ao Rio, eu corro atrás .Bom demais!</div><div style="text-align: justify;">...................................................................................</div><div style="text-align: justify;">Na questão tecnológica, a grata surpresa foi o Samsung Galaxy S23 ultra. É melhor do que o Iphone em vários aspectos. A tela tem um visual mais claro (só leio os jornais e livros nele), a máquina fotográfica é melhor, a canetinha faz a diferença. Para o Iphone só resta mesmo a organização e a discoteca, que ainda pode ser digitalizada, mas infelizmente a apple a cada faz uma besteira com nossa discoteca pessoal a cada atualização.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><p></p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-11813523435511320802023-12-20T10:46:00.004-03:002023-12-20T10:46:57.797-03:00Playlist nº1<p style="text-align: right;">O importante não é o chocolate, mas com que você compartilha.</p><p style="text-align: right;">Wonka</p><p style="text-align: right;"><br /></p><p style="text-align: justify;">Gostei muito de Assassinos da Lua das Flores e de Openheiner, mas o filme que fez diferença esse ano foi Wonka. </p><p style="text-align: justify;">Domingo, fui procurar um filme qualquer para ver com meu filho e dei de cara com Wonka. Até ali, não sabia nada da refilmagem. Nem é bem uma refilmagem, é um novo filme com o mesmo Willie, muito bem interpretado por Thimotee Chalamet. O elenco se dá ao luxo de ter Olivia Colman e Hugh Grant como coadjuvantes em ótimos papéis. Wonka é uma lição sobre amizade, companheirismo, resignação e chocolate de dar água na boca. </p><p style="text-align: justify;">No cinema com meu filho, lembrei dos filmes que via com meu pai. Eu era o preferido do meu pai para ir ao cinema nas segundas, quando repetiam o filme de domingo. Naquela época, em que eu tinha a idade do Lucas, meu pai já sabia que eu era anormal. Que música, letra e palco me contaminavam de forma diferente dos outros. Mais tarde eu detectei essa anormalidade nas minhas filhas. E a história foi a mesma. </p><p style="text-align: justify;">Hoje eu tento contaminar meu filho com crônicas do Juca e do Tostão. Essa geração resiste à boa leitura, mas ainda há esperança.</p><p style="text-align: justify;">Minha paixão pelos livros também faz parte desse quadro clínico. Meus livros se dividem em três categorias: os que li, os que não li e os que provavelmente nunca lerei. Não importa, é importante tê-los. Um dia quem sabe? Tento contaminar meu filho com os melhores cronistas da Folha e do Globo, que leio todo dia na Barca. Essas novas gerações não têm o hábito de ler do jeito que líamos. Seleciono as melhores crônicas esportivas, principalmente Juca e Tostão, e mando. Acho que ele gosta.</p><p style="text-align: justify;">O segundo filme do ano para mim foi Elis e Tom, que detalha a contrução de um dos álbuns mais emblemáticos da história da música brasileira.</p><p style="text-align: justify;">...................................................................</p><p style="text-align: justify;">Entre os tênis do ano, dois superaram qualquer expectativa no quesito conforto: um brooks cascadia amarelo e um adidas NMD R1 preto. São leves e facilitam muito minhas poucas caminhadas. O amarelo é mais bonito.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-53882527841017078882023-12-06T13:55:00.002-03:002023-12-06T13:55:47.836-03:00Um bom domingo<p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhx5XNPdjHThjfeTmiVJ6vpZUyqf0jocsRAWL55yIRYoBXTxa8XvV0UIYYCPNKuxtyPwHVGNZpteSGzcqKnZNMGtawz3_sMRyp4UAEw3Aff5wAzAN20jPg61Cd7fiiWcDJEs_6BfFzwJYlhc1gHhlPHRYGZ68Dpw0I2j5qSX8w-BehVHtDz1j7EvSE57ndN/s1024/WhatsApp%20Image%202023-12-06%20at%2010.38.33.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="768" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhx5XNPdjHThjfeTmiVJ6vpZUyqf0jocsRAWL55yIRYoBXTxa8XvV0UIYYCPNKuxtyPwHVGNZpteSGzcqKnZNMGtawz3_sMRyp4UAEw3Aff5wAzAN20jPg61Cd7fiiWcDJEs_6BfFzwJYlhc1gHhlPHRYGZ68Dpw0I2j5qSX8w-BehVHtDz1j7EvSE57ndN/s320/WhatsApp%20Image%202023-12-06%20at%2010.38.33.jpeg" width="240" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">Minha filha me comove pela sua humildade e pela sua resiliência. Esteve aqui hoje de manhã no meu trabalho e conversamos um pouco. Aconselhei-a a voltar de metrô, mas ela retrucou: <i>pode deixar, pai. Eu vou a pé mesmo</i>. Insisti, está muito calor e ela finalmente concordou, não sei se somente para agradar. E se foi de mim, ela e seu chinelo franciscano. E eu não consegui ficar sem marejar os olhos pelo carinho e pela ternura que Laura demonstra quando vem, mesmo ficando uns poucos minutos. E que qualquer pai se sente o mais gratificado dos pais por ter filhos assim. Queria fazer mais por ela. Acredito que seja feliz com suas escolhas, espero que seja. Queria que soubesse também que estarei aqui por ela, sempre.</div><p></p><p style="text-align: justify;">A compostura da humildade se transforma quando ela canta. Está se tornando uma bela cantora lírica e é bonito quando ela solta o Carlos Gomes da voz. Fico maravilhado olhando e ouvindo.</p><p style="text-align: justify;">.................................................................................................</p><p style="text-align: justify;">Passei um ótimo fim de semana em Miracema, acompanhado dos melhores amigos e de Luisa. Muita conversa boa, comida da melhor qualidade, e esse duplo arco íris em Além Paraíba.</p><p style="text-align: justify;">No domingo, vim cedo para almoçarmos em família. Quis chegar a tempo de termos uma tarde toda pela frente. A viagem deu tudo certo, com uma pequena retenção em Pirapetinga, o que é de praxe. Valeu a pena. O Rio não estava com esse calor infernal de hoje e o cair da tarde foi sereno e intenso ao mesmo tempo. Um bom domingo de paz.</p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-51422125988029742102023-11-29T16:25:00.002-03:002023-11-30T11:41:19.519-03:00Eu e meu filho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaVAQGHOQrgyOUhxo1WSCrEJVeAvFD1WPxVqFRlfE_FKoR8_wC4Q-S8WQV_U125c1DFrkHYbKhdqBvZAcAHCkSyBKGngOEDhNvrj8RykrF0X-4scGdMD1Afn-itTl19rUc9nMtTylZtALM9uhnnZ5s7SwB1OT1Pi-KII2F10wfYSQQBrSqFvz7unCHMG4w/s1024/WhatsApp%20Image%202023-11-21%20at%2011.17.18.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="768" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaVAQGHOQrgyOUhxo1WSCrEJVeAvFD1WPxVqFRlfE_FKoR8_wC4Q-S8WQV_U125c1DFrkHYbKhdqBvZAcAHCkSyBKGngOEDhNvrj8RykrF0X-4scGdMD1Afn-itTl19rUc9nMtTylZtALM9uhnnZ5s7SwB1OT1Pi-KII2F10wfYSQQBrSqFvz7unCHMG4w/s320/WhatsApp%20Image%202023-11-21%20at%2011.17.18.jpeg" width="240" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">Venho de uma família de vascaínos, mas acredito que já tenha nascido torcedor do Fluminense. Meu pai não ligava, achava até interessante um filho tricolor, e me contava histórias do goleiro Castilho e dos zagueiros Píndaro e Pinheiro. </p><p style="text-align: justify;">Comecei minha carreira de torcedor no radinho de pilha, ouvindo Jorge Curi, Waldir Amaral, João Saldanha e Mário Vianna, só para citar algumas referências. Em 1970, o Fluminense tinha Félix e Marco Antônio na seleção brasileira e acho que foi ali que eu peguei gosto pelos jogos. </p><p style="text-align: justify;">Acompanhei grandes times do Fluminense no radinho, mas nunca vou esquecer daquele montado pelo revolucionário Francisco Horta, que trouxe Rivelino, Edinho, Gil, Doval, Dirceu, Paulo César Caju e os Carlos Albertos Pintinho e Torres. Era magia pura ouvír a máquina jogar.</p><p style="text-align: justify;">Em 1995, quando o Fluminense foi campeão carioca com gol de barriga do Renato Gaúcho, eu tinha uma antena Santa Rita na minha casa na Rua do Sapo em Miracema. Só tinham duas Santas Ritas na cidade: a minha e a do Clube XV, de tal modo que o jogo só passou lá em casa e no clube. O resultado foram 20 flamenguistas empilhados no sofá da sala e eu esmirrado num canto torcendo. Quando o Renato fez aquele gol, foi uma emoção absurda, indescritível, de nunca esquecer.</p><p style="text-align: justify;">Passei do rádio para a televisão e fiquei por aí. Até que meu filho veio morar comigo.</p><p style="text-align: justify;">Até então tinha ido ao Maracanã três vezes. Uma com meu pai e meus irmãos da qual não me lembro o jogo. Quando o Fluminense foi campeão brasileiro em 1984 em cima do Vasco. Fui com meu irmão vascaíno e cada um ficou numa torcida. E por último, quando o Fluminense foi campeâo carioca ganhando do Volta Redonda em 2005.</p><p style="text-align: justify;">Pois agora virei sócio arquiba 100% do Fluminense e acompanho meu filho sempre que posso. Entre atropelamentos, quedas, insolações e outros acidentes, compartilhamos da mesma emoção de estar ali na leste inferior torcendo pelo tricolor. </p><p style="text-align: justify;">Meu filho mudou meu modo de torcer. Deixei de ser um mestre do sofá para ir ao estádio. </p><p style="text-align: justify;">Nem posso detalhar as inúmeras vezes que fomos, mas em especial a goleada sobre o Flamengo que deu o Campeonato Carioca ao Fluminense. Na correria, fui atropelado por uma moto e mesmo assim fui ao jogo com a perna direita ferida e com gelo na perna, oferecido por camelôs e vendedores de rua.</p><p style="text-align: justify;">Hoje eu tenho todas as camisas do Fluminense, e mais os bonés, os chaveiros, as medalhas, sou um freguês assíduo da loja do Fluminense no Plaza Shopping. </p><p style="text-align: justify;">Quando viajo com ele, vamos primeiro aos Estádios conhecer a história dos times. Somos parceiros nas alegrias e nas derrotas.</p><p style="text-align: justify;">Não dá para não comentar sobre como vibramos juntos com a conquista da Libertadores. Começou naquele jogo com o Inter no Beira Rio, que vimos em casa. Dando a derrota como certa, acabei tomando meu coquetel molotov para insônia no intervalo do jogo. Quando o Fluminense fez 2 a 1, eu já estava meio babando Nunca vi uma vibração sonolenta, mas Chicote não deixou que eu dormisse. E depois a decisão, ele no Maracanã eu em casa, e parecia que havia uma transmissão de ondas de vibração nos momentos mais cruciais do jogo, do gol de Cano ao gol de Kennedy, estávamos inpreterivelmente juntos.</p><p style="text-align: justify;">A conquista da libertadores coroou um ano de convivência, respeito e afeto de mútua reciprocidade. Conhecendo meu filho, me conheci um pouco melhor e gostei do que conheci. </p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-53516045595351184562023-11-23T18:00:00.000-03:002023-11-23T18:00:07.584-03:00Ao que vai chegar<p style="text-align: right;">" Quando chegares aqui</p><p style="text-align: right;">Podes entrar sem bater</p><p style="text-align: right;">Ligue a vitrola baixinho</p><p style="text-align: right;">Espera o anoitecer</p><p style="text-align: right;">Logo que ouvires meus passos</p><p style="text-align: right;">Corre pra me receber</p><p style="text-align: right;">Sorri, me beija e me abraça</p><p style="text-align: right;">Não me perguntes por quê"</p><p style="text-align: right;"><br /></p><p style="text-align: right;">"Não é por me gavar</p><p style="text-align: right;">Mas eu não tenho esplendor</p><p style="text-align: right;">Sou referente pra ferrugem</p><p style="text-align: right;">Mais do que referente pra fulgor"</p><p style="text-align: justify;">Há muito não tenho ninguém. Há muito tempo minha vida tem sido uma estradas de idas e vindas, de caminhos tortos, de esquinas mal resolvidas. </p><p style="text-align: justify;">Se um dia te encontrar, não repare, estarei confuso. Serei aquele instável, que às vezes fala uma coisa e resolve outra. A perspectiva de te encontrar já me confunde. </p><p style="text-align: justify;">Não espero mais nada da vida. O que ela tinha que dar já me deu, e sou grato por tudo. </p><p style="text-align: justify;">Há tempos meus objetivos são os mais humildes e simples: estar com meus filhos o maior tempo possível, dar algum conforto a eles e a mim, e aproveitar da convivência com meus dois ou três amigos. E trabalhar, porque o trabalho me completa.</p><p style="text-align: justify;">Não quero conhecer o desconhecido. Minhas viagens se resumirão à minha aldeia, e quando for possível, à lugares que amo, especialmente Lisboa e Buenos Aires, cidades que cheiram música.</p><p style="text-align: justify;">É dificílimo um bipolar sustentar uma relação. Porque um bipolar é cheio de altos e baixos, e por mais que os (muitos) medicamentos ajudem, há sempre um certo grau de instabilidade.</p><p style="text-align: justify;">Uma noite mal dormida já me transforma em zumbi. É difícil lidar com zumbis. No geral, quando estou zumbi, eu me isolo do Mundo. Ou, quando consigo, me agarro a uma tarefa demorada e só saio dali com ela pronta, quando já está na hora de dormir de novo.</p><p style="text-align: justify;">Nesses últimos anos, larguei a bebida pelo sono. Dormir bem é uma dádiva. Por isso durmo cedo e procuro desacelerar quando deito. Meu sono começa a fluir com a TV ligada. Quando chega perto delle, eu desligo.</p><p style="text-align: justify;">Leio em demasia, mas leio muito menos do que queria e mesmo assim, meu repertório de conversas é escasso. Quando me aquieto, preciso de respeito pelo silêncio, mas não quer dizer que esteja mal. O silêncio faz parte da minha vida e me completa.</p><p style="text-align: justify;">A intimidade também precisará de tempo e silêncio (tiempo y silencio, voz y quebranto). Coisas íntimas são muito pessoais e eu não quero me machucar mais. </p><p style="text-align: justify;">Adoro letra e música. Conservo meus discos como pedras preciosas e sempre que posso, compro novos. E apesar de ser antiquado, para os melhores amigos, dou discos de presente. </p><p style="text-align: justify;">Nunca gostei de bichos. O único cão que aprecio é o Horácio, que pertence à minha filha. Ele e ela cuidaram de mim num tempo sombrio.</p><p style="text-align: justify;">Dirijo muito pouco. Os olhos ficaram dispersos e me distraio muito. Ademais, não preciso de carro. Gosto de atravessar a Baía de barca e não me importo de ir de ônibus para minha cidade.</p><p style="text-align: justify;">Já perdi pai, perdi mãe, perdi irmão. A saúde é frágil, a história pregressa é cheia de desvios, alguns gatilhos ainda me exaltam. Mas ainda estou por aqui.</p><p style="text-align: justify;">.........................................................................</p><p style="text-align: justify;">O primeiro poema (Quando chegares) é de Vinicius e Carlos Lyra. O segundo (Poema sobre nada) é de Manoel de Barros.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: right;">Rio, 9 de novembro de 2023</p><p style="text-align: right;"><br /></p><p style="text-align: right;"><br /></p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-91831195647725320592023-10-22T11:19:00.010-03:002023-10-22T18:11:05.560-03:00Alone again<p style="text-align: justify;">Os meninos são um desastre com a casa no fim de semana. É possível que tenham puxado o pai. Não é incomum encontrar, no final do domingo, a pia da cozinha cheia de copos, pratos, talheres e sujeira, o quarto dos dois em frangalhos e a sala cheia de resto de doces, tigelas e outros restos.</p><p style="text-align: justify;">Os meninos são um desastre com a casa no fim de semana, mas como fazem falta! Fins de semana sem eles e como este, são verdadeiros abismos. </p><p style="text-align: justify;">A primeira armadilha para o fim de semana solitário é ficar em casa. Comecei a planejar meu fim de semana na sexta. Na sexta decretei que queria ser Carlinhos Lima e olhei o roteiro dos filmes. Meu pai era apaixonado por cinema e ia a Cinelândia de sala em sala toda vez que vinha ao Rio.</p><p style="text-align: justify;">Comecei na sexta mesmo com <i>O protetor 3. </i>O filme é longe o pior dos protetores. Perdi a matança inicial porque confundi no início do horário da sessão e passei na Americanas para comprar chocolate e água. Uma passada na Americanas é essencial para quem não gosta de pipocas e voltarei a comentar sobre o assunto no final. O filme é caricato, abusa da violência e Denzel Washington que reputo como um dos grandes atores da minha geração, virou um canastrão. Nem a belíssima Sicília como cenário salva o filme.</p><p style="text-align: justify;">Sábado teve sessão dupla na Reserva Cultural. Adoro o espaço, mas não tenho frequentado ultimamente. Os cinemas são pequenos e aconchegantes, as poltronas confortáveis, o som muito bom. Fiquei triste porque a Livraria Blooks fechou. A Blooks era ampla e refrigerada e ótima para espiar e comprar livros e discos. Era parte do motivo pelo qual íamos a Reserva.</p><p style="text-align: justify;">Comecei assistindo <i>Meu nome é Gal</i>. O filme não é mais do que um média metragem com Gal muito bem interpretada por Sophie Charlotte, que atua, canta e dubla muito bem. Mas só pega os primeiros anos, deixando a impressão de que terá uma continuação. Vale mais como um documentário sobre a repressão militar, com boas atuações dos atores que interpretaram Caetano, Gil, Torquato e principalmente, Guilherme Araújo.</p><p style="text-align: justify;">Na sequência de Gal, vi A<i>ssassinos da rua das flores, </i>novo filme de Scorcese<i>. </i>É muito bom ver Scorcese, De Niro e Di Caprio trabalhando juntos novamente. Eles fazem um filme de mais de 3 horas passar mais rápido do que médias metragens entediantes (e nem estou falando de Meu nome é Gal). A tragédia dos índios Osage e a criação do FBI é filme para muitos Oscars.</p><p style="text-align: justify;">Em casa, assisti (de novo), <i>Melhor é impossível </i>(disponível no Prime). Jack Nicholson caricato e brilhante merece ser visto muitas vezes. E leio, com enorme prazer, <i>Tempos vividos, sonhados e perdidos</i>, do craque do futebol e da crônica Tostão. O Mário era apaixonado na escrita do Tostão, eu achava meio chato. Hoje abro a Folha primeiro para ler o Tostão.</p><p style="text-align: justify;">E hoje ainda tem <i>Elis e Tom</i> na Reserva.</p><p style="text-align: justify;">Sobre nossas idas ao cinema em família, as crianças adoravam pipoca, mas o meu lado sovina achava um absurdo aquela pipoca de cinema. Eu sempre argumentava que se podia comprar quilos de milho de pipoca. Foi daí que nasceu a história da passadinha na Americanas. O mais que comprássemos não chegava perto da pipoca no Cinemark. Virou hábito. Hoje só o Lucas faz questão da pipoca no cinema. Tem muito filme que ele dá mais importância à pipoca do que ao filme.</p><p style="text-align: justify;">................................................................</p><p style="text-align: justify;"><i>Elis e Tom</i> é um excepcional documentário sobre a criação de um dos discos mais emblemáticos da música popular brasileira. Devia passar nas escolas.</p><p style="text-align: justify;">Em três dias, fui mais ao cinema do que no ano todo. E adorei voltar ao Reserva, mas achei tudo muito vazio. Espero que não esmoreça.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-68630881540024255262023-10-18T13:45:00.002-03:002023-10-18T13:46:08.760-03:00Roteiro inútil<p style="text-align: justify;">Se vc estivesse aqui comigo,eu te levaria ao Damasco na Rosário, onde se faz um homus muito parecido com o do Seu Abdo, que comíamos invariavelmente aos domingos. Iríamos ao Capela comer um cabrito a portuguesa, que você apreciava tanto. Passearíamos pelo velho centro e pela Colombo, pelo Real Gabinete Português de Leitura, pela estátua do Pixinguinha na Rua da Travessa, pelo Paço do Império. </p><p style="text-align: justify;">Eu te levaria a conhecer o Mosteiro de São Bento, tão afeito à sua fé inabalável. E aprenderia um pouco mais do tanto que você me ensinou e eu desaprendi.</p><p style="text-align: justify;">Se ainda pudesse estar com você, eu levaria a cabo meu sonho de te dar de presente a minha S10, que você gostava tanto e nunca pode ter. Quantas vezes estive na esquina da Rua das Flores e a ideia me ocorreu? De que vale tudo isso agora, se não tenho mais nem você nem a S10?</p><p style="text-align: justify;">E viajaríamos o quanto pudéssemos, pois viagem e cinema eram pela ordem, as coisas que você mais gostava de fazer. Eu te levaria aos lugares que mais gostei: a passear pelo Porto Madero, navegar pelo Rio Tejo, caminhar pela Paulista, andar de gôndola em Veneza. E assistiríamos o fado em Lisboa, o tango em Buenos Aires, ao choro no centro do Rio. </p><p style="text-align: justify;">E passaríamos o domingo de cinema em cinema, assistindo aos lançamentos do mês, preferencialmente os faroestes e os filmes policiais que você esfregava as mãos em cada cena que te agradava.</p><p style="text-align: justify;">E depois sentaríamos num café para conversar. Porque você, como eu, preferia o silêncio, preferia a pausa entre as palavras, mas uma vez ou outra, abria o verbo e falávamos muito.</p><p style="text-align: justify;">Se estivesse aqui, eu faria o que pudesse para corrigir a minha omissão, a minha indiferença e o meu egoísmo. Eu te diria o quanto eu senti ter te perdido sem sequer ter a chance de te dar um último abraço.</p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-25740340583740692852023-09-29T15:35:00.004-03:002023-10-03T15:28:30.579-03:00A voz da torcida do Fluminense<p style="text-align: justify;">Gabriel Carvalho tem metade da minha idade. Não tenho nenhum conhecimento da sua história, mas acompanho seus comentários após os jogos do Fluminense no GE. Na maioria das vezes, concordo. </p><p style="text-align: justify;">Gabriel é mais um torcedor apaixonado como somos eu e meu filho. Ri muito pouco. Comenta com seriedade, mesmo quando o time vence. Aqui no nosso núcleo familiar é diferente. Em geral, o time perde e guardamos silêncio. Quando vence, é sempre festa. </p><p style="text-align: justify;">Gabriel consegue achar as palavras certas nas derrotas. Como ontem, ele usou o termo vergonhoso. E foi, sim, uma derrota vergonhosa, com um Fluminense apático e sonolento depois que fez o segundo gol. Não se pode tirar os méritos do Vasco, que soube aproveitar da inacreditável fragilidade da defesa. Acho que nunca tinha visto André jogar tão mal como fez no segundo tempo de ontem. </p><p style="text-align: justify;">....................................................................................................</p><p style="text-align: justify;">Quando volto a esse texto, o Fluminense já empatou com o Inter em outro jogo de dar nos nervos. E Gabriel era um misto de satisfação e desapontamento. Particularmente achei que esse empate foi heróico. mas vai ser muito difícil lá.</p><p style="text-align: justify;">.......................................................................................................</p><p style="text-align: justify;">Quando volto de novo, mais uma derrota vergonhosa, dessa vez para o Cuiabá. Está difícil, Gabriel!!</p><p style="text-align: justify;">......................................................................................</p><p style="text-align: justify;">E hoje, aniversário do filho, Laura e Lavínia me presentearam com o que há de melhor num presente: a presença. Que bom vê-las bem.</p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-72442433497539272662023-09-13T09:27:00.003-03:002023-09-15T13:33:35.329-03:00Onde queres livraria, sou farmácia<p style="text-align: right;"><i>"É preciso aprender a ficar submerso</i></p><p style="text-align: right;"><i>por algum tempo. É preciso aprender</i></p><p style="text-align: right;"><i>Há dias de Sol por cima da prancha</i></p><p style="text-align: right;"><i>há outros em que tudo é caixote, vaca,</i></p><p style="text-align: right;"><i>caldo. É preciso aprender a ficar submerso</i></p><p style="text-align: right;"><i>por algum tempo. É preciso aprender.</i></p><p style="text-align: right;"><i>a persistir, a não desistir, é preciso</i></p><p style="text-align: right;"><i>é preciso aprender a ficar submerso</i></p><p style="text-align: right;"><i>é preciso aprender a ficar lá embaixo</i></p><p style="text-align: right;"><i>no círculo sem luz, no furacão de água</i></p><p style="text-align: right;"><i>que o arremessa ainda mais para baixo,</i></p><p style="text-align: right;"><i>onde estão os desafiadores dos limites</i></p><p style="text-align: right;"><i>humanos".</i></p><p style="text-align: right;">Alberto Pucheu</p><p><br /></p><p style="text-align: justify;">Eis um prazer que me permito uma vez por semana, desde que comecei a trabalhar 100% presencialmente. Eu faço meu horário de almoço na Livraria Beringela. A Beringela é um oásis localizada no Marquês do Herval, ao lado da histórica Leonardo da Vinci. Passo uma hora inteira lá conversando com o Márcio e com a Sílvia e sempre saio com um saco de livros e paz de espírito.</p><p style="text-align: justify;">A livraria resistiu ao tempo e permanece intacta desde que o menino que fui, a descobriu. Da poesia de Antônio Cícero (A cidade e os livros), a maior parte dos sebos se extinguiu. Ao contrário das farmácias, que cresceram em proporção geométrica e ocupam metade do centro do Rio. As megas Pachecos e Raias estão em todo canto.</p><p style="text-align: justify;">Por isso mesmo, é confortante saber que a Bienal do livro vendeu milhões de livros. Ainda que sejam livros baseados nas canções e nas biografias da cantora Taylor Swift. Não fui, mas sei que Hugo Mãe, Maria Clara Machado, Laurentino Gomes e outros grandes escritores estavam lá.</p><p style="text-align: justify;">Na Barca, troquei o alfarrabista John Dunning (Impressões e Provas, mais lento do que Edições Perigosas, mas igualmente ótimo) pelo Malabarista Arnaldo Jabor. As crônicas da infância marejaram meus olhos ontem na Baía. Há muita semelhança entre um menino criado no subúrbio e outro no interior. E também sinto muitas saudade de ligar para minha mãe, mas não lembro mais de como ela me atendia. Só lembro que na sequência, independente da idade, ela perguntaria: <i>tem escovado os dentes? Tem olhado para os lados ao atravessar a rua</i>? Minha mãe partiu há mais de onze anos, mas como me falta.</p><p style="text-align: justify;">...............................................................................</p><p style="text-align: justify;">Estou revendo, e recomendo, a série Boss. Paguei 14,90 para assinar a Lionsgate só para assistir de novo. Kelsey Grammer, que conheci da série, é um ator excepcional. O elenco todo é afiado e responde bem. A direção (alguns episódios) e produção de Gus Van Sant acrescenta um certo visceralismo ao enredo. Nesse intervalo de séries e filmes ruins, rever Boss é um ensinamento.</p><div class="Qy5T6b O3LMFb QduVPe" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; background-color: white; border-bottom: 1px solid rgb(236, 239, 241); color: rgba(0, 0, 0, 0.87); display: flex; flex-direction: row; flex: 0 0 auto; font-family: Roboto, RobotoDraft, Helvetica, Arial, sans-serif;"><div class="Wdqgzf" jsname="NH5xk" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; display: flex; flex: 1 1 auto; overflow-y: auto;"><div class="UDDHsc" jsname="wrZXc" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; margin-bottom: auto; margin-top: auto; padding-bottom: 6px;"></div><div class="J5mHKd" jsaction="JIbuQc:UEmoBd;" jscontroller="zn1zxc" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; display: flex; flex-direction: row;"><div aria-disabled="false" aria-label="Mais opções" class="U26fgb mUbCce fKz7Od bsjNHb M9Bg4d" data-tooltip-horizontal-offset="0" data-tooltip-vertical-offset="-12" data-tooltip="Mais opções" jsaction="click:cOuCgd; mousedown:UX7yZ; mouseup:lbsD7e; mouseenter:tfO1Yc; mouseleave:JywGue; focus:AHmuwe; blur:O22p3e; contextmenu:mg9Pef;touchstart:p6p2H; touchmove:FwuNnf; touchend:yfqBxc(preventMouseEvents=true|preventDefault=true); touchcancel:JMtRjd;" jscontroller="VXdfxd" jsshadow="" role="button" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; border-radius: 2px; border: 0px; color: #546e7a; cursor: pointer; display: inline-block; fill: rgba(0, 0, 0, 0.54); flex-shrink: 0; height: 24px; margin: 16px 4px; outline: none; overflow: hidden; position: relative; text-align: center; transition: background 0.3s ease 0s; user-select: none; width: 24px; z-index: 0;" tabindex="0"><div class="VTBa7b MbhUzd" jsname="ksKsZd" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; background-image: radial-gradient(circle farthest-side, rgba(0, 0, 0, 0.12), rgba(0, 0, 0, 0.12) 80%, rgba(0, 0, 0, 0) 100%); background-size: cover; left: 0px; opacity: 0; pointer-events: none; position: absolute; top: 0px; transform: translate(-50%, -50%) scale(0); transition: opacity 0.2s ease 0s, visibility 0s ease 0.2s, transform 0s ease 0.2s, -webkit-transform 0s ease 0.2s; visibility: hidden;"></div><span class="xjKiLb" jsslot="" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; position: relative; top: 50%;"><span class="Ce1Y1c" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; display: inline-block; position: relative; top: -9.5px;"><span aria-hidden="true" class="DPvwYc GHpiyd" style="-webkit-font-smoothing: antialiased; -webkit-tap-highlight-color: transparent; direction: ltr; display: inline-block; font-family: "Material Icons Extended"; font-feature-settings: "liga"; font-size: 19px; line-height: 19px; overflow-wrap: normal; text-rendering: optimizelegibility;"></span></span></span></div></div></div><div class="znzEhe" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; display: flex; flex: 1 1 auto;"></div></div>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-21672727955805903362023-09-05T09:40:00.000-03:002023-09-05T09:40:01.259-03:00Meia dois<p style="text-align: justify;">Meus 62 começaram em São Paulo. Estranhamente eu amo SP e por vezes, acho que merecia ser paulista. Infelizmente, vinha de uma noite ruim no Hotel Central Park, devido a uma overdose de pastéis de nata na noite anterior. </p><p style="text-align: justify;">Os pastéis de nata são um motivo a mais para gostar de SP. A Quinta do Marquês, na Ministro, faz pastéis de nata idênticos aos que comi em Lisboa. Não há no Rio, pelo menos que eu conheça, nada parecido. A histórica Casa Cavé , do centro, oferece pastéis de nata murchos. </p><p style="text-align: justify;">Nos meus 62, a Avenida Ruben Berta estava parada e eu fiquei com medo de chegar em Congonhas depois do embarque. Da janela do táxi, vi meus planos de fuga para Miracema naufragarem se perdesse o vôo. Em geral, eu saio da empresa duas horas antes do embarque, com tempo de sobra para mofar no aeroporto, tomar um baccio, ficar olhando o quadro de vôos. </p><p style="text-align: justify;">Mas deu tudo certo e na chegada ao Santos Dumont, meu filho e o motorista já me aguardavam para viajar. Viagem tranquila sem atropelos. E minha casa de presente para a passagem dos 62. E Luisa nos esperava com abraço, bolo e presente. A festa estava feita.</p><p style="text-align: justify;">Nos meus 62, recebi duas mensagens que me comoveram muito: uma longa de Laura, que contava em poucas palavras nossa história comum, o quanto somos parecidos e o quanto nos amamos. Se não fosse um desconfiado da existência de Deus, estaria de hora em hora, dando graças a Deus pelos filhos que tenho.</p><p style="text-align: justify;">A outra mensagem foi da Isa. A Isa é uma amiga querida. Nossa curta vida em comum foi cercada de consideração e apreço. Deve ter uns trinta anos a menos que eu, mas é uma paixão desmedida, e sua mensagem só fez realçar. </p><p style="text-align: justify;">Nos meus 62, o Fluminense me presenteou com uma atuação de gala, e se classificou para as semi-finais da libertadores. Vamos em frente.</p><p style="text-align: justify;">No dia seguinte aos meus 62, eu comemorei com meus poucos amigos, com dois dos meus filhos, feliz e agradecido por estar vivo e relativamente saudável. </p><p style="text-align: justify;">Nos meus 62, fiz concessões à minha insônia e bebi até duas da manhã. E acordei muito sereno no dia seguinte. Era sábado, e eu tinha mais um dia de paz na minha cidade.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: right;">Miracema, 31 de agosto de 2023</p><p style="text-align: right;"><br /></p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-12472664791708298832023-08-30T10:52:00.005-03:002023-08-31T08:05:14.000-03:00Uma coca cola e um pão de sal com salsicha<p style="text-align: justify;">Fiquei bestado dessa arte de colocar preço em discos usados. Os livros de John Dunning estão me introduzindo na metodologia de precificação de livros raros. Um aprendizado e tanto! As primeiras edições, com capas impecáveis, autografadas pelo autor, sem carimbos ou ranhuras, valem muito. Pelo menos valiam em 1986, que é quando se passa a história. </p><p style="text-align: justify;">Para discos, não há um critério ordenado. Por exemplo, a loja Passadiscos precificou os cds de Otto a 99 reais e o Ella abraça Jobim a 24 reais. Não faço a menor ideia de como se chegou a esse cálculo. Não faço idéia de por que os discos do Otto estão tão valorizados hoje em dia. São bons discos, mas não passam disso. Além disso, estão todos no streaming, podem ser ouvidos sem custo, ainda que a sonoridade não seja a ideal.</p><p style="text-align: justify;">Qualquer coletânea usada possui preço médio de 5. Qualquer DVD (incluindo o Vento Bravo de Edu Lobo) sai em média por 10. Quem é que perde tempo com DVDs hoje em dia? Será que eu sou o único lunático que ainda assiste (e compra) esses disquinhos?</p><p style="text-align: justify;">Acredito ter hoje em torno de 5.000 discos. Deve ter muita coisa rara, ultra rara e muita coisa cujo valor atribuido não passaria de 5. Não importa. para mim todos têm o mesmo valor inestimável, não há preço que pague Prefiro dar. Quando tenho repetido, dou. Mas nunca venderia.</p><p style="text-align: justify;">Tivemos um problema sério com os cds. Na primeira década de existência, eles eram masterizados de forma ruim, de modo que saíam abafados. O primeiro disco do Elomar é um sacrilégio e nunca saiu uma revisão. Mas isso já mudou. Hoje em dia, a qualidade do áudio de um cd é tão boa quanto a do vinil. Foi por isso que nunca entrei nessa onda. Nunca voltei ao vinil. Tenho uns poucos, não mais que 300, a maioria herdados de uma tia querida que já se foi.</p><p style="text-align: justify;">Marcelo Fróes, um pescador de pérolas, tem se aprimorado em fazer reedições de 300 unidades de velhos discos. Logo serão raros e ultra raros. O do Rui Maurity, que tem Serafim e seus filhos, eu não consegui.</p><p style="text-align: justify;">O Sesc lançou 2.000 unidades de João Gilberto, Relicário. Tive que comprar na apple (arquivo) para ouvir com melhor ouvido. João ainda me deixa comovido como o diabo. Parece que os japoneses compraram tudo. Agora relançaram mais uma tiragem pequena. Quase comprei dois para ter um de reserva.</p><p style="text-align: justify;">Meus discos ficarão para os filhos. Eles que decidam dar cabo deles quando eu me for. Até lá, contarei a história de cada um para quem quiser me visitar.</p><p style="text-align: justify;">..........................................</p><p style="text-align: justify;">Fiquei velho como os discos. Amanhã completo 62 anos. Não são os discos que me fazem acordar todo dia e encarar o trabalho pesado. São meus filhos.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-61553267303339583912023-08-28T14:35:00.004-03:002023-08-30T10:57:24.374-03:00Até quem sabe<p style="text-align: right;"><i>Nunca mais vai beber minhas lágrimas, não vai não</i></p><p style="text-align: right;"><i>Me fazer de gato e sapato, não vai mesmo não</i></p><p style="text-align: right;">Hermínio Belo</p><p style="text-align: right;"><span style="text-align: justify;"><br /></span></p><p style="text-align: right;"><span style="text-align: justify;">Hesitei muitas vezes em voltar àquele sítio. Tinha deixado lá meu carro, minhas roupas, minhas parcas esperanças, meus anos de vida. </span></p><p style="text-align: justify;">Cada final de semana, eu protelava mais um, até que ontem, naquele dia frio e chuvoso, percebi que já tinha passado da hora. E aí eu fui.</p><p style="text-align: justify;">O coração, que se enganou novamente e novamente quis acreditar, batia esquisito, arrítmico, quase falhando. Tentei ser cortês o quanto púde, mas a ferida ainda estava aberta. Ainda latejava. Demora cicatrizar. Acho que não há mais tempo para cicatriz.</p><p style="text-align: justify;">Que amor é esse de muitas idas, muitas voltas, que nunca conseguiu se encontrar? Amor de lateralidade, que só coube a mim e a mais ninguém. Quantas dezenas de vezes errei em nome dele?</p><p style="text-align: justify;">Saí dali com a voz presa, o dedo anelar amputado, e a sensação de que perdi outra vez, e que o ciclo de perda e ganho tinha finalmente se encerrado. "Até um dia, até talvez, até quem sabe..."</p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-38090580512327834892023-08-22T08:50:00.012-03:002023-08-22T13:34:25.256-03:00Ainda há disquerias em Buenos Aires<p style="text-align: justify;">Viajei com o trabalho de baixo do braço e o trabalho acompanhou-me por todo o percurso. O zap e o e-mail não pararam . Na Rua Florida, em Porto Madero, no Hilton Hotel, em qualquer tempo eu me pegava a olhar o telefone e responder, já com vontade de quebrar aquilo. A viagem não seguia seu ritmo de lazer e repouso. Além disso, tinha um congresso por trás da viagem, que tomou conta do sábado.</p><p style="text-align: justify;">Senti falta do meu filho para andar comigo por aquelas lojas, comprei pouco sem ele. Sem ele, achei melhor procurar as lojas de disco. E pasmem, elas existem. Não com a fartura de antigamente, mas existem. Próximo ao Palacio das Papas Fritas, que é sempre minha primeira visita, há várias delas, mas uma em especial, numa esquina da Corrientes, duas quadras após o Palacio, me encantou bastante. Apesar do péssimo atendimento (não nos entendem e não fazem a menor questão de entender), consegui encontrar discos frescos de Silvio Rodrigues, Tabare Leyton, um Serrat e Sabina diferente dos dois já lançados, coletâneas de tango, etc. Apesar do péssimo atendimento, repito, senti que a música está viva ali. Fui também aos dois Ateneus da Florida, e também comprei discos nas duas.</p><p style="text-align: justify;">O Pálacio está cada vez mais decadente, mas as papas continuam iguais, e a carne muito boa também. Comi um filé com papas acompanhado de duas pepsis lights, custou 90.000 pesos, cerca de 70 reais. Também comi carne em Porto Madero, na Cabaña de Las Lislas, mas não sei precificar o quanto foi gasto, porque fez parte do evento. O dólar era comprado na Florida por 720 pesos. Cem dólares já eram suficientes para sair rico daquelas casas de câmbio.</p><p style="text-align: justify;">Tive medo de perder o vôo da volta porque o check-in simplesmente não abria no dia anterior. Tive que fazê-lo na fila da Gol, mas não teve dificuldade nenhuma. O vôo saiu pontualmente e chegou antes do previsto. </p><p style="text-align: justify;">As voltas me estressam demais. Sempre fico com receio de atrasos, cancelamentos, de perder o passaporte, de me pararem na alfândega. Em geral, isso nunca acontece, mas é sempre um sofrimento. Quem me acompanha, sabe dos meus abismos.</p><p style="text-align: justify;">A estrada serviu para terminar o estupendo <i>Edições Perigosas</i>, de John Dunning. História de livreiros passada em 1986, época em que eu era rato de sebos do centro do Rio. Há muitos trechos que poderia escrever aqui para não esquecer e muitas passagens em que eu me vi ali em Denver. </p><p style="text-align: justify;">Estou alternando ficção e poesia. Antes, li <i>Ninguém quis ver</i>, Bruna Mitrano. A poesia dela é visceral, mas não é exatamente o tipo de poesia que eu goste.</p><p style="text-align: justify;">Agora comecei Glauco Matoso, <i>Cem novidades</i>, com seus dissonetos irretocáveis. </p><p style="text-align: justify;">..........................................................................</p><p style="text-align: justify;">Queria pedir perdão aos meus leitores botaguenses (total - zero!) pelo texto anterior. Quem viu a virada do Botafogo sobre o Inter, sabe que estamos falando do melhor time do Brasil em atividade, que chegou ao topo por muitos méritos. Pode não se comparar a elencos mais robustos, como Flamengo e Plameiras (e até o Fluminense, por que não?), mas é extremamente bem organizado e sabe jogar bem. </p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-54068895666016514752023-07-31T09:31:00.003-03:002023-08-22T08:11:55.966-03:00O irresistível Botafogo<p style="text-align: justify;">O Botafogo, quem diria (??), depois de quase amargar o rebaixamento no Carioca, dá sinais claros de que será campeão com muita antecedência. Ontem meteu quatro no Curitiba, o mesmo que ganhou de forma convincente do Fluminense na semana passada. Até umas três ou quatro rodadas atrás, eu ainda acreditava que era lenda urbana, que uma hora ia começar a perder e não parar mais. Porque afinal, o Botafogo tem sido um zero à esquerda em tudo que joga nos últimos anos. Não vejo os jogos do Botafogo (em geral, ruins), mas já começo a acreditar que já temos um campeão brasileiro esse ano. </p><p style="text-align: justify;">Apático, sonolento, quase parando, caminha o Fluminense. Sábado não foi diferente contra o Santos. De dar nos nervos do torcedor, que compareceu em massa, para mais de 34.000. Contra um Santos, que ficou o tempo todo aglomerado no meio campo e não finalizou uma única vez, o Fluminense era pouco objetivo, longe do time que encantou o país no primeiro trimestre. Foi preciso mudar, já para mais da metade do segundo tempo para acordar, e ser salvo mais uma vez, por German Cano. Na entrevista ao final do jogo, Diniz mencionou que o time teve uma atuação soberana. Como assim?? A única coisa que teve de soberano naquele jogo foi o gol do Cano.</p><p style="text-align: justify;">Entre um jogo e outro, por falta absoluta de boas séries, assisto mais uma vez a obra de Quentin Tarantino disponível no streaming. Comecei com Bastardos, depois Kill Bill, depois Django livre (acho que é o que mais gosto), depois Os oito odiados. Dá pra ver cem vezes e continuar gostando.</p><p style="text-align: justify;">E, sim, estou assistindo Kohrra, afinal uma série prá lá de razoável na Netflix. É uma série policial indiana, com dois bons atores, dois policiais obscuros pelejando para solucionar um assassinato, num cenário marcado por violência, corrupção e miséria. Vale uma olhada.</p><p style="text-align: justify;">......................................................</p><p style="text-align: justify;">Fim de semana intenso. Há um corpo estendido no chão. Um banhista afogado na praia. Um carro que se assoma na garagem. Flores frescas onde morreu o menino. Não enxergo nada disso. Ela, no entanto, descreve tudo com detalhes.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-59951717943748606562023-07-28T13:47:00.002-03:002023-07-28T13:48:03.682-03:00Num velho fusca de pneus careca<p style="text-align: justify;">Casei-me pela primeira vez em 1985. Hoje eu sei que tenho uma ótima relação de respeito e consideração com minha primeira esposa, mãe das meninas. </p><p style="text-align: justify;">Em 85 eu era um médico recém formado, lutando para ganhar alguns trocados nos plantões noturnos. Não tinha sobra pra passar a lua de mel em lugar nenhum. </p><p style="text-align: justify;">Um primo distante ofereceu a casa em Cabo Frio. Aceitamos de pronto. Eu tinha um fusca com 4 pneus carecas e sem sobressalente. Nenhum deles furou, para nossa sorte.</p><p style="text-align: justify;">Passamos três dias em Cabo Frio, que no frio parecia sem graça. Decidimos então ir para o aconchego niteroiense, onde ainda moro. Eu não fazia a menor idéia de como dirigir pelas ruas do Rio, mas tinha show da Leny em Vila Isabel. Não me lembro do nome da casa, acho que era Petisco da Vila.</p><p style="text-align: justify;">Não eram tempos de google maps nem de waze, e a minha experiência com a zona norte era com o Hospital do Andaraí, que eu ia de ônibus. A gente ia a Roma porque tinha boca, e foi assim que chegamos ao berço de Noel Rosa. Não tenho muita certeza nem de como chegamos nem de como retornamos, mas chegamos e retornamos intactos. E Leny nos presenteou com o melhor que podíamos ter na nossa humilde lua de mel.</p><p style="text-align: justify;">Já tinha visto Leny no Teatro da UFF, acompanhada pelo piano de Guilherme Vergueiro (inesquecível), mas esse show na Vila foi muito especial. </p><p style="text-align: justify;">E agora que Leny partiu e não a temos mais, ficou sua música a nos dar algum alento.</p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-86769800950746462942023-07-10T13:55:00.007-03:002023-07-10T14:53:42.802-03:00Da arte de perder<p style="text-align: justify;">Não era um grande amigo, mas era sim, um bom amigo. Sempre me recebia efusivamente, tratava-me com cordialidade e quando precisava, estava sempre pronto a ajudar. </p><p style="text-align: justify;">Em algumas viagens de carnaval nos anos 90, fomos juntos e a conversa era sempre boa. Não havia nele um traço sequer de tristeza ou dor. Seu semblante era desprovido daquelas linhas depressivas, comum aos deprimidos, e que em muitas vezes, só um deprimido como eu, reconhece.</p><p style="text-align: justify;">É verdade, tinha uma natureza solitária, mas parecia solitário por opção. Parecia gostar do jeito que era. </p><p style="text-align: justify;">Era magro, esguio, do tipo saudável, resolvido financeiramente, com nenhum motivo aparente para sair de cena.</p><p style="text-align: justify;">Nos anos 90, compartilhávamos uma assinatura da revista Playboy. Era um entusiasta. Sempre que saía uma moça nova, fazia questão de ligar e comentar.</p><p style="text-align: justify;">Acredito que fosse uma ano mais novo do que eu, mas éramos dois meninos do interior criados no mesmo conforto que só aqueles que são da roça conhecem. </p><p style="text-align: justify;">Andávamos distantes desde que ele saiu da farmácia e assumiu outras funções. Foi falta de oportunidade mesmo. Lamento muito que tenha ocorrido logo agora.</p><p style="text-align: justify;">A notícia de que ele tirou a própria vida surpreendeu-me agudamente. Vai fazer muita falta.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-85783505482847045462023-07-07T12:00:00.003-03:002023-07-07T13:15:46.038-03:00No umbigo do deserto<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEix8X_xH5zIwXwYvGJz4cp-afC5B1WfzDDf_zlCUzHr0stiWQ67olCwmGsIBdb2N62FKnNFFXuIyM1C6D6JhA4V3ttr9ioiFJ-ktYFjIlL8lgZ39qkaTAQtEgmjyOaCSXnQ2AqCQ2Pfdjsl4P38uI6ZZWDj-Y7rkB-SJyou4fEOjDuwQxmlMJm4Uw31IAuc/s640/IMG_1393.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="480" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEix8X_xH5zIwXwYvGJz4cp-afC5B1WfzDDf_zlCUzHr0stiWQ67olCwmGsIBdb2N62FKnNFFXuIyM1C6D6JhA4V3ttr9ioiFJ-ktYFjIlL8lgZ39qkaTAQtEgmjyOaCSXnQ2AqCQ2Pfdjsl4P38uI6ZZWDj-Y7rkB-SJyou4fEOjDuwQxmlMJm4Uw31IAuc/s320/IMG_1393.JPG" width="240" /></a></div><span style="background-color: white;"><div style="color: #888888; font-family: "Fanwood Text", serif; font-size: 16px; text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: medium;"><i>É verdade: eu ainda ganho o bastante para viver.</i></span></div></span><span style="font-family: trebuchet; font-size: medium;"><i><span style="background-color: white;"><div style="text-align: right;">Mas acreditem: é por acaso. Nada do que eu faço</div></span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: right;">Dá-me o direito de comer quando eu tenho fome.</div></span><span style="background-color: white;"><div style="text-align: right;">Por acaso estou sendo poupado.</div></span></i><span style="background-color: white;"><div style="text-align: right;"><i>(Se a minha sorte me deixa estou perdido!)</i></div><div style="text-align: right;"><i>Bertold Brecht</i></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Cheguei cedo no serviço de imagem no Leblon ontem. Só comigo e mau comigo. Terceiro ano de controle de tratamento de um câncer que apareceu no climax da pandemia.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Enquanto os europeus morriam em escala geométrica, o Brasil claudicava diante de um presidente absurdo, as pessoas aprendiam a trabalhar de casa e eu aguardava meus 59 chegarem, começava a me incomodar com dois caroços que apareceram no pescoço.</div></span></span><span style="font-family: trebuchet; font-size: medium;"><span style="background-color: white;"><div style="text-align: justify;">Tive a sorte de ter um oncologista e um amigo. Um oncologista amigo que me diagnosticou num período recorde de quatro dias, e um amigo que se dispôs a me acompanhar nas incontáveis idas a Muriaé para o tratatmento com radio e quimioterapia.</div><div style="text-align: justify;">Além disso, minhas filhas que migraram para minha casa e passaram a morar ali como se assim sempre fosse. </div><div style="text-align: justify;">Era um carcinoma epidermoide de base de língua, a me castigar pelo tanto que falei nessa vida, e como se não fosse a fala meu melhor instrumento de persuasão. A fala e o canto (esse último desprovido de qualquer talento, mas de muita valia interior), que me deixariam mudo num primeiro momento e rouco até hoje. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Quando a moça falou comigo que o exame não estava autorizado, eu tive vontade de fugir dali rápido. Só quem já fez uma ressonância magnética de cabeça e pescoço com contraste e ficou quase duas horas asfixiado naquela máscara ouvindo todos os barulhos sabe do que eu estou escrevendo. Além disso, era uma overview do tratamento inteiro.Mas fiquei, fiz e deu bom. Mais um ano de carência.</div><div style="text-align: justify;">..........................................................</div><div style="text-align: justify;">Não há um único comentarista esportivo que não tenha escrito que Diniz assumir a seleção e o Fluminense ao mesmo tempo é um inequívoco conflito de interesse que vai dar problema. Todos flamenguistas, corintianos, cruzeirenses. Nós, tricolores, queremos Diniz na seleção e no Flu. E ganhando nos dois.</div><div style="text-align: justify;">...........................................................</div><div style="text-align: justify;">O título desse texto é referência a uma canção de Caetano chamada José.</div></span></span><p></p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-21026923843852241682023-06-28T15:27:00.002-03:002023-06-28T15:41:16.617-03:00Anoitece em Niterói e estamos todos cansados<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjldqU3yNsnY_zNXlNQ3LEQplG14RTstmhoLBJ97y0KTwec5QNVQLImGrZBDTpjnOqICQAx_RpF909hP9YFMbabcTlVl1Txdkhjhz9PgIpaoBo1GaUXsO7aqNQ1q0KfnHqQx_slOzOWNnqyP1QAl8kBcqpl4mj5JvXe0RUvGLbJDF-10F_k4LUpUULa1A/s1600/WhatsApp%20Image%202023-06-03%20at%2017.25.47.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="900" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjldqU3yNsnY_zNXlNQ3LEQplG14RTstmhoLBJ97y0KTwec5QNVQLImGrZBDTpjnOqICQAx_RpF909hP9YFMbabcTlVl1Txdkhjhz9PgIpaoBo1GaUXsO7aqNQ1q0KfnHqQx_slOzOWNnqyP1QAl8kBcqpl4mj5JvXe0RUvGLbJDF-10F_k4LUpUULa1A/s320/WhatsApp%20Image%202023-06-03%20at%2017.25.47.jpeg" width="180" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">Vim de Miracema anestesiado pelo maxsulid. Só parei em Teresópolis pra tomar um café com bolo de laranja, como é de costume. Nem me lembro quando escrevi essa frase, mas vou seguir daqui. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Lembro sim, foi quando o Fluminense ganhou minguado de 2x1 do Bragantino. Depois disso, minguou igualmente em 2x1 contra o Bahia e quase amarga uma desclassificação ao empatar ontem com o Sporting Cristal. Não dá pra reclamar nem vaiar o time por enquanto, mas algo precisa ser mudado. Aquele time que encantou o país no primeiro trimestre parece dar sinais claros de esgotamento.</div><p></p><p style="text-align: justify;">Também ando desanimado com a programação da Netflix. Não há nada de novo que preste. Produções européias medíocres, filmes novos ruins e um catálogo de filmes velhos "que todo mundo já viu" interminável. Já estou começando a pensar que 64 por mês estão pesando no orçamento. </p><p style="text-align: justify;">Fui recentemente vitimado pelo golpe do Uber. Fui até a Barra numa corrida de 78 e paguei 80 ao motorista, satisfeito com o serviço. Daí a pouco recebo uma mensagem informando que o moço relatou só ter recebido 20, que iriam me cobrar mais 58 na próxima. Contestei anexando o documento (por sorte paguei com pix). Daí a dois dias recebo do Uber um noelesco "por essa vez, passa": <i>Dessa vez, iremos, excepcionalmente considerar o valor quitado</i>. Como assim?? Não seria correto pedir desculpas e me recompensar com duas ou três corridas gratuitas pelo dano causado?</p><p style="text-align: justify;">E assim, passam-me os dias. Além do Fluminense, da Netflix e do Uber, há vários relatos de pequenos desastres que poderiam encher esse texto, mas pouparei meus dois ou três leitores. Vou apenas relatar que sinto uma falta enorme de ir a minha cidade, de descansar na minha casa, de rever Luisa, de conversar com os amigos, de voltar a estudar violão, de ouvir um fado corrido.</p><p style="text-align: justify;">Ultimamente minha vida tem sido uma profusão enorme de comprar e não ir. Nessa lista, somam-se Antonio Zambujo e Yamandu, Paulinho da Viola e Mônica Salmaso (cantando Eliseth), todos irremediavelmente perdidos. E também não irei a Porto Alegre amanhã, embora tenha sido convidado.</p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-4577571703808960322023-05-03T09:01:00.007-03:002023-05-03T09:18:58.254-03:00Lombada na viá<p> </p><p align="right" class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; text-align: right;"></p><p align="right" class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; text-align: right;"><span style="color: #202124; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">“Dou o tiro
de partida, terça-feira<br />
Compro os tênis de corrida, quarta-feira<br />
Vai-me saber pela vida, quinta-feira<o:p></o:p></span></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; text-align: right;"><span style="color: #202124; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">É pena,
sexta não dá<br />
Sábado à noite há cachupa<br />
E domingo, pois, lá está<br />
A família toda junta<br />
Feijoada, Deus me acuda<br />
Vou correr, vou, na segunda”</span><span style="background: rgb(255, 249, 238); color: #222222; font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: rgb(255, 249, 238); color: #222222; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: rgb(255, 249, 238); color: #222222; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">A frenética senhora que comanda o aplicativo
de radares não parava de gritar: lombada na viá!! Era assim toda vez que
aparecia um quebra-molas na longa estrada que liga Miracema ao Rio de Janeiro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: rgb(255, 249, 238); color: #222222; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Minha vida anda meio como que atravessada por
aqueles gritos: a toda hora aparece uma pedra, uma lombada, uma interrupção, um
cansaço de tudo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: rgb(255, 249, 238); color: #222222; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Da festa de Miracema, não ousei mais do que a
Barraca da Apae pra comprar palha italiana e a do Bode pra comer carne. Pouco
fiquei com minhas filhas, não fui ao show do Diogo Nogueira, conversei pouco
com meus amigos, dei pouca atenção à família. E, pior de tudo, dormi muito mal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: rgb(255, 249, 238); color: #222222; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">No fundo, eu acho que ninguém me aguenta
mais. E ontem, para desespero da minha inutilidade, apesar de estar com o
ingresso garantido, não fui assistir à goleada histórica do Fluminense sobre o
River Plate. Que lástima! Meu filho fez a festa por mim.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: rgb(255, 249, 238); color: #222222; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Eu fiquei de casa, nervoso no primeiro tempo,
feliz no segundo, mas longe do calor da torcida. Ultimamente, quando chegam as
17h, eu já me sinto pesado, sem vontade de fazer nada. Ninguém entende muito
esse desânimo crônico, as pessoas querem o movimento, a vida precisa ser
vivida. Mas estou quase dispneico e dou mais valor a uma noite de sono do que
qualquer outra coisa. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: rgb(255, 249, 238); color: #222222; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Tive que interromper as aulas de violão por
causa de trabalho e obviamente, do esgotamento. Até uns três meses atrás, era rotina
chegar em casa e tocar um pouco. Hoje mal pego no violão. Sinto falta dele. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: rgb(255, 249, 238); color: #222222; font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Os olhos vazados, a perna ferida, os dentes
escassos, uma vazio de doer muito. Velhice, trabalho intenso, a cascata
degenerativa dos anos pesando no coração e na existência, cada vez mais inútil.</span><o:p></o:p></p><br /><p></p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-14297325395006666962023-04-11T18:19:00.002-03:002023-06-28T15:49:18.470-03:00Na vida quem perde um telhado, em troca recebe as estrelas<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_7x24P9fFvh2mQQxUO_Pk79PHBAwslzmx6yMxeRQMbt3RgbvrrBfd9WvavhzEq6x2pKqRgHnmHyvvRfIbk_az54hdbQw_ZdWMDFux_VIAWZYkO1F9h4uVSrbXtF6t9tJDYZpsrKg0AAicLTfQb7DtOPq3SsIDSfkyQ4SFpj_h5T_umaDfF3-h8JtCxg/s640/IMG_1185D.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="640" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_7x24P9fFvh2mQQxUO_Pk79PHBAwslzmx6yMxeRQMbt3RgbvrrBfd9WvavhzEq6x2pKqRgHnmHyvvRfIbk_az54hdbQw_ZdWMDFux_VIAWZYkO1F9h4uVSrbXtF6t9tJDYZpsrKg0AAicLTfQb7DtOPq3SsIDSfkyQ4SFpj_h5T_umaDfF3-h8JtCxg/s320/IMG_1185D.JPG" width="320" /></a></div><p><br /></p><div style="text-align: justify;">Tive muitas dúvidas antes de sair de casa para ver o jogo. O Flamengo com esse time de estrelas entrou ganhando de dois a zero, o Fluminense com chances enormes de perder novamente, o Fla Flu é sempre um risco (nunca tinha presenciado um ao vivo), o Uber difícil para ir e para voltar (o Uber nunca está onde e quando a gente efetivamente precisa), enfim, tinha todos os motivos para não ir. A coisa piorou muito quando chegamos ao Maracanã e por uma displicência do Uber, que nos deixou num lugar muito ruim e maior displicência minha, que não olhei para o lado, acabei atropelado por uma moto e lasquei a perna direita. Na hora pensei: é minha chance de voltar para casa.</div><p></p><p style="text-align: justify;">É impressionante como as pessoas são solidárias quando você passa por um acidente qualquer, Na mesma hora, apareceu uma cadeira e uma pedra de gelo. Essas pequenas alegrias comovem. Saímos dali procurando a entrada leste, que ficava do outro lado de onde o Uber havia nos deixado. Eu com a perna inchada e a pedra de gelo e meu filho ao mesmo tempo preocupado e com medo que eu desistisse. Enfim conseguimos entrar.</p><p style="text-align: justify;">A leste é mista, mas como o mando era do Fluminense tinham uns poucos flamenguistas conosco. A maior parte era tricolor gritando a todos pulmões. A torcida foi gigante. Acreditou desde o início que chegaríamos lá. Nós também. Tomamos chuva, ficamos em pé o jogo todo, nada de sair pra mijar, mas saímos dali recompensados e felizes. </p><p style="text-align: justify;">Pequenas alegrias são coisas raras nos dias de hoje, mas são as que mexem com a gente por dentro. Uma amiga que trouxe macarrão de BH, um por do Sol no Caminho Niemeyer, uma ida extemporânea na Beringela aproveitando a hora do almoço, uma nova camisa do time. Vamos vivendo das pequenas coisas.</p><p style="text-align: justify;">..............................................</p><p style="text-align: justify;">O título desse texto é da canção Poeira Leve do Tom Zé.</p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-47134928397973589872023-03-27T08:58:00.002-03:002023-03-28T13:34:08.356-03:00Ludovico e Wisnik<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9ROpKDTJ2JeJzUp-ing3OIYnP7xWAS5hhvSq5IbzfMv0MP7-SPH4WDuYvDJu_2LUtrSLhsPTCqeLQwuW7DLhkYSFCjnK-4vvNEhH8PdKk1HqEAq7COeCqqS52Ilx1JYLE0WU926775_hFkyiwYbb9BubEBFq4wkZIZPoD-9IGUEQ6L8hMIXEQ-4KfaA/s640/IMG_1026.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="465" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9ROpKDTJ2JeJzUp-ing3OIYnP7xWAS5hhvSq5IbzfMv0MP7-SPH4WDuYvDJu_2LUtrSLhsPTCqeLQwuW7DLhkYSFCjnK-4vvNEhH8PdKk1HqEAq7COeCqqS52Ilx1JYLE0WU926775_hFkyiwYbb9BubEBFq4wkZIZPoD-9IGUEQ6L8hMIXEQ-4KfaA/s320/IMG_1026.jpg" width="233" /></a></div><p><br /></p><div style="text-align: justify;">Esse tórrido calor de março tem reservado gratas surpresas.</div><p></p><p style="text-align: justify;">Em janeiro, quando abri o site do Vivo Rio para comprar ingreso para o show do Paulinho da Viola, encontrei o inesperado fazendo surpresa: que Ludovico Eiunaudi viria ao Brasil e iria se apresentar na casa de shows. Apesar do nosso fanatismo pelo pianista, nunca pude imaginar que essa oportunidade viria. Na mesma hora liguei pra Laura , na mesma hora comprei o ingresso. </p><p style="text-align: justify;">Conheci Ludovico através de uma crônica do Paulo Roberto Pires. Na época ele estava lançando o <i>Diário Mali</i> com Balake Sissoko. O disco foi um alumbramento. Tratei de contaminar minhas filhas. O Diário é de 2003. Foi quando a gente começou a ouvir e não parou mais. </p><p style="text-align: justify;">O show foi ótimo. Seria mais propício que fosse no Municipal, mas no final deu tudo certo. Um sujeito chorava compulsivamente na cadeira de trás. Alguns menos educados erguiam seus celulares e filmavam desesperados, atrapalhando nossa visão. Ludovico solo ou em trio ou ainda em quarteto foi uma experiência única. </p><p style="text-align: justify;">E ontem fui à Sala Cecília Meireles para o lançamento de <i>Vão</i>, o disco novo de Zé Miguel Wisnik.</p><p style="text-align: justify;">Adoro a sala, mas dessa vez, equivocadamente, comprei os ingressos na platéia superior. Não gostto de ficar longe do artista. No resto deu tudo certo. </p><p style="text-align: justify;">Wisnik abriu o show com o <i>Jequitibá</i>. Essa canção diz muito do meu amor por São Paulo, porque tudo que está dentro dela faz parte da minha vida paulistana. </p><p style="text-align: justify;">Celso Sim foi um show a parte. Cantou <i>Terra Estrangeira</i> lindamente e fez duo com Wisnik na belíssima <i>Eu disse sim</i>. Aprendi que Carlos Renno decantou essa música do último trecho de <i>Ulisses</i> de James Joyce. </p><p style="text-align: justify;">Wisnik contava a história de cada canção, da construção das letras, das parcerias, tudo de forma muito didática e agradável. </p><p style="text-align: justify;">Das antigas tocou <i>Mortal loucura</i> e <i>Os ilhéus </i>(com Antonio Cícero presente no palco). No mais só as coisas maravilhosas do Vão.</p><p style="text-align: justify;">No calor extenuante do domingo, Wisnik foi um sopro de alívio.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4586468604272131981.post-69867473651189916352023-03-23T09:49:00.012-03:002023-04-11T18:21:59.136-03:00Até breve, João<div class="ujudUb" jsname="U8S5sf" style="background-color: white; color: #202124; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 12px;"><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzWzjUEqX8mqrBLuKlSCg1EcDPLi5u9GCjKqVimFBH3OlvsycgacXKk0-leAh1bnBPlxWVgY4Ps9BlYEHF72WRs1a4vsDsakiZa40iLF6eXZZYrORa6_TZuXrJeYFlkH7kXW0Z8TG2b4MAfyaIWCJGivh1wxff7b8S1n8AjLk9tyKuYv6qgV0zk0rrNQ/s640/IMG_1090.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="636" data-original-width="640" height="318" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzWzjUEqX8mqrBLuKlSCg1EcDPLi5u9GCjKqVimFBH3OlvsycgacXKk0-leAh1bnBPlxWVgY4Ps9BlYEHF72WRs1a4vsDsakiZa40iLF6eXZZYrORa6_TZuXrJeYFlkH7kXW0Z8TG2b4MAfyaIWCJGivh1wxff7b8S1n8AjLk9tyKuYv6qgV0zk0rrNQ/s320/IMG_1090.jpg" width="320" /></a></div><br /><div style="text-align: right;"><br /></div></div><div class="ujudUb" jsname="U8S5sf" style="background-color: white; color: #202124; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 12px;"><div style="text-align: right;"><i><span jsname="YS01Ge">O coração não sente nada</span></i></div><div style="font-style: italic; text-align: right;"><i><span jsname="YS01Ge">Do que não quer enxergar</span></i></div><span jsname="YS01Ge" style="font-style: italic;"><div style="text-align: right;"><i><span jsname="YS01Ge">Cá no mundo da lua</span></i></div></span><span jsname="YS01Ge"><div style="font-style: italic; text-align: right;"><i><span jsname="YS01Ge">Tive notícias suas</span></i></div><div style="font-style: italic; text-align: right;"><i><span jsname="YS01Ge"><br /></span></i></div><div style="text-align: right;"><span jsname="YS01Ge">Adriana Calcanhoto</span></div></span></div><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">A primeira vez que ouvi Zé Renato (ao vivo) foi em 1981 no Teatro da UFF. Estava lançando <i>Luz e Mistério</i>, talvez o disco mais bonito da sua carreira, se é que se pode nominar um único. De voz inigualavelmente bonita, Zé Renato alternou por diferentes caminhos até chegar ao <i>Quando a noite vem</i>, lançado esse ano. Nesse meio tempo fez discos antológicos em homenagem a Zé Keti, Sílvio Caldas e Paulinho da Viola, um belo disco de fados, um outro iguamente belo em dupla com Renato Braz e até mesmo um contendo canções da Jovem Guarda, Qualquer coisa na voz dele fica muito bonita, solo ou em coro (com o Boca Livre). <i>Quando a noire vem</i> é um disco delicado, a maioria das canções é conhecida. A opção por um repertório manjado é sempre um risco, mas como já escrevi, tudo na voz dele fica bonito. Comprei o disco. Sempre que puder comprarei no disco. Eu mesmo digitalizo e coloco no Itreco.</p><p style="text-align: justify;">Hoje só compro discos na Pops Discos em São Paulo. Eles tratam muito bem tanto quando vamos na loja quanto quando encomendamos. Sempre que chegam, há festa. Como esses que chegaram hoje. Há pouca coisa disponivel. Muita coisa no streaming, pouca coisa no disco.</p><p style="text-align: justify;">Meu Itunes tem 256 gigas de músicas digitalizadas por mim. São quase 55.000 músicas. Considerando o tempo médio de três minutos por música, chegamos a 165.000 minutos ou 2.750 horas ou 115 dias ininterruptos para ouvir tudo uma única vez. Não dá mais tempo. Por isso mesmo tenho colocado o Itunes no aleatório para que ele me recarregue de boas memórias. </p><p style="text-align: justify;">Foi assim na última viagem com os meninos. Primeiro veio Adriana Calcanhtto, <i>Tive notícias</i>, do álbum <i>Só. </i>Esse disco é de 2020, mas eu estava esquecido dele. <i>Tive notícias</i> é uma lembrança boa (e triste).</p><p style="text-align: justify;">Numa viagem de 4 horas, é incomum que o aleatório repita um artista. Mas dessa vez, Soledad Villamil veio em dose dupla: <i>Amor em entredicho </i>e <i>Volver volver</i>, todas duas muito bonitas. Recordações da Buenos Aires musical de dezenas de idas. Da Argentina, também veio o tango Nocturno do Bajofondo.</p><p style="text-align: justify;"><i>Décimas por el nascimiento,</i> Victor Jara, <i>Ana Carolina</i>, Época de Ouro,<i> Flora</i>, Ednardo (daqueles versos tristes <i>Se eu pudesse pensar em ti sem vontade de querer chorar, sem pensar em querer morrer nem pensar em querer voltar.</i>..), uma nova versão de <i>Terra Estrangeira</i> com Celso Sim do disco <i>Vão</i> do Wisnik. Vou anotando aqui para uma futura canção de afeto e para não esquecer desse momento terno e delicado com meus meninos. </p><p style="text-align: justify;">..............................................</p><p style="text-align: justify;">Hoje eu soube da morte do meu amigo João. </p><p style="text-align: justify;">Foi na esquina da Primeiro de Março com a Rosário, onde reinava o sebo de discos <i>Escuta Som</i>, que eu passei os melhores anos da minha fase Rio de Janeiro. Acho que pelo menos um terço da minha discoteca foi comprada ali, em intermináveis conversas com Cláudio, João e Raimundinho. O sebo acabou com a trágica morte do Cláudio em 2017, mas João permaneceu por ali. Por um tempo, vendeu discos usados na Banca de revistas do Seu Franco. Era um homem bom. Sempre que passava na Rua, vindo das Barcas, reservava um tempo para conversar e até cheguei a comprar alguns discos mais para ajudar. O João trazia a Escuta Som de volta.</p><p style="text-align: justify;">Hoje soube pelo Seu Franco que o João Partiu. É a vida. Qualquer dia nos encontramos.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Francisco Limahttp://www.blogger.com/profile/02337344148526763380noreply@blogger.com0