domingo, 30 de novembro de 2008

Amar e escrever à máquina

Passei o domingo dedicando-me às oito estações de Gidom Kremer. Uma maravilha o que o letão faz com Vivaldi e Piazzolla.
Andei meio irritado de manhã, perto de ter um ataque de pelanca. Detesto quando estou assim. Fico fragilizado, brigo com todo Mundo, não dou conta de mim. Trata-se de uma inevitável confusão mental movida não sei porque. Leticia consegue perceber isso a 300 km de distância ao telefone (desculpe, Nélis). Meu terapeuta já disse que a irritabilidade é um sintoma clássico da depressão. Vai ver que é porque eu me afoguei na cerveja ontem lá no Alexandre , ou isso ou aquilo que me irritou de manhã, não sei, ou porque eu já esteja pensando nas duas próximas semanas de trabalho duro que vêm por aí. Nesse domingo miracemense, só Luisa o tempo todo comigo. Tento poupá-la dos meus arroubos.
Ontem consegui fazer de tudo um pouco, inclusive trabalhar e antecipar alguns compromissos. Tento fugir das apresentações robotizadas cheias de tela, mas elas têm uma grande importância para minhas crises de ausência. Além disso, os resultados costumam ficar mais bonitos quando bem apresentados.
Resultado mesmo é aquele que você pode tocar. Que cresce aos olhos quando você comenta, que dá orgulho de ser parte. Tem sido assim com as evidências, as consultorias, com minha equipe de trabalho. Não há muita dificuldade em falar sobre isso.
No mais, tudo é menor.

sábado, 29 de novembro de 2008

New malemolência

Martinália é a própria encarnação da new malemolência em seu novo disco, Madrugada. Vim ouvindo ontem e não consigo tirá-lo mais. Produzido e bem arranjado por Celso Fonseca, o disco está muito bem recomendado. Destaques para Batendo a porta, clássico de João Nogueira e Paulo César Pinheiro e Sem dizer adeus, de Moska. Martinália brinca até com Don`t worry, be happy e não desaponta.
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Estou em Miracema com minhas filhas, hoje passamos um dia muito tranquilo.
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A internet aqui é movida a mula. Já comentei isso, mas vale repetir. Nem dá vontade de abrir o computador. Nem imagino como é que o Alexandre BB consegue comprar tanta coisa pela rede.
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Ontem vim do Rio tarde/noite chuvoso lamacento depois de "ministrar" aulas na Barra. Adoro o termo ministrar! É ao mesmo tempo pedante e insosso.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Acho bom juntar a fome com a vontade de comer

Hoje é aniversário de Luisa, minha vida. Precisa dizer mais alguma coisa? Obrigado por existir.
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Ontem aconteceu uma coisa que só acontece com Francisco José. Cheguei em casa e não consegui abrir minha própria porta. Não, eu não esqueci a chave. A porta é que não abria mesmo. O chaveiro do bairro (sorte do Ingá ter um chaveiro noturno!) levou duas horas para abrir a porta. Quando entrei, fiquei emocionado ao ver que tudo estava no seu lugar. Inclusive a desordem reinante.
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Hoje fui à Feira de Agricultura Familiar na Marina da Glória. Fui para ver Bule Bule, um de nossos melhores repentistas e forrozeiros. Apesar da anasarca, Bule Bule continua em plena forma. Pena não ter cantado o hit A fome com a vontade de comer. Saí de lá extasiado com seu pandeiro e voz afinadíssimos e as sambadeiras que vieram com ele.
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Mas nem só de Bule Bule, esteve a Feira. Um achado! Mil barracas de comestíveis e artesanato brasileiro de fazer a alegria de qualquer curioso. Comprei geléia de caju, cupuaçu, cagaita, granola de licuri, um monte de doce da melhor qualidade.
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Na volta, o taxista fez questão de colocar Ana Carolina pra estragar meu ouvido satisfeito. Como estragar uma canção tão bonita como Beatriz? Um fiasco!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Receita de ontem

Ontem cheguei aqui disposto e com vontade de escrever, mas o blogger não entrava de jeito nenhum e acabei meio frustrado.
Receita de ontem:
1 - Uma reunião agitada o dia inteiro, com bons resultados ao final;
2 - Almoço na Rosário para 36 famintos;
3 - Uma longa conversa com Leticia, há muito que não conversávamos tanto;
4 - Aniversário do Mário, o afeto que tenho por ele dispensa textos, mas bem que eu podia ter escrito um;
5 - Uma profusão de estudos espalhados sobre a minha mesa sobre dotrecogina alfa. Quanto mais cavo, mais o buraco fica fundo, melhor fica a pesquisa.
6 - Muita dor na minha fascite plantar, essa calcanheira já não está dando muito jeito não, professor.
7 - O último capítulo de Alice no fim da noite.

Recebi, com entusiasmo, a última coletânea de crônicas de Nelson Rodrigues, da Agir: O reacionário. Vale cada centavo!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Até ficar com dó de mim

Ontem de manhã esqueci do excitante, de noite esqueci do calmante, só lembrei quando acordei às duas e aí já era tarde.
Nada disso, nem a chuva, nem um certo mau humor atrapalhou a minha incursão triunfante pela segunda-feira. Sou definitivamente, um homem de segundas.
O trabalho flui como um licor, a comida ruim do Trapiche tem lá os seus predicados, Sandra Carreirinha, o Professor, Longarino, Ronaldo, as flores novas e provisórias da nossa sala (faltou você, é claro!), tudo parece conspirar bem.
Se fosse fazer o meu time sheet de hoje, ia ser um texto longo. As coisas breves renderam maravilhosamente.
Quando entendemos o efêmero da vida, passamos a viver melhor. Hoje estou como Luis Tatit quando escreveu a canção Felicidade. Ser feliz assim é até meio chato.

domingo, 23 de novembro de 2008

Acerto de contas

Duas coisas marcaram o sábado, além das crianças: uma crônica de Camila sobre a amizade e o filme O Caçador de Pipas.
Em geral, evito best sellers. O tempo é muito curto para eles. O Caçador foi um dos poucos que li nos últimos anos.
O filme procura ser fiel ao livro.
O que mais deixa o leitor(ou o espectador) pensativo é a amizade entre os dois meninos, vista pelos olhos do autor, que procura exorcizar o tempo todo, os males que possivelmente tenha causado à relação, como se o livro fosse um acerto de contas com o passado.
Nas entrelinhas do filme ou na crônica em duas partes de Camila, é possível entender que também a amizade é um processo sofrido e até danoso.
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Gosto de viajar domingo de manhã, chegar aqui em Niterói e ter tempo de arrumar as coisas. Esquentar as turbinas pra segunda. Perco um almoço familiar, mas consigo me organizar melhor.

sábado, 22 de novembro de 2008

Vidinha besta

Está virando rotina isso de ir sexta feira com as crianças e os amigos, ao pé sujo mais concorrido de Miracema: o Sebastião Bunda de Fora. São boas as conversas, boa a carne e é o único lugar onde se pode beber uma Original super gelada em Miracema. Ontem ficou chuviscando na nossa conversa. Quem se importa?
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Com isso, adiei um pouco a conclusão dos estudos sobre sepse grave que estou trabalhando. Numa primeira avaliação, está claro para mim que, mesmo em bases "confiáveis", pode se colocar o interesse acima da evidência. Gente muito conceituada faz isso.
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Vi um filme de terror com Liv Tyler ontem: Os estranhos. Evite!
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E por aí vai. Chicó me deu um dente de presente, Laura passou o dia ensaiando, a internet daqui continua muito lenta, etc, etc, etc...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Vizinhos

Moro há cerca de 30 anos, alguns interruptos, no mesmo prédio de apartamentos do Ingá e nunca conheci meus vizinhos além de bom dia, boa tarde, boa noite. Sei que tem um médico aqui no 703, porque dividimos o mesmo espaço nas vagas da garagem e vez por outra, tratamos de conversar sobre as vagas. Nada demais.
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Sei também que tem umas moças no oitavo que se mudaram há pouco tempo pra cá. Costumo tratá-las de moças do oitavo mesmo. - Boa noite, moça do oitavo, tento puxar conversa no elevador. A moça ri e quase que ouço um - Boa noite, Tio do sexto.
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O fato é que quando saí de Odete Lima e vim para Miracema, vim morar num prédio de apartamentos também. Um prédio de apartamentos em Miracema é até certo ponto, algo insólito. Em primeiro lugar, porque há até bem pouco tempo, só havia casas aqui. O advento do elevador deve ter chegado por volta de 2005. Depois, numa cidade pequena do interior, onde todo Mundo conhece todo Mundo, um prédio de apartamentos tende a virar uma comunidade.
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Mora aqui comigo a Dona Decima, no bloco B, segundo andar. Ela anda irritada com a S10 porque seu K não conhece curvas, só anda em linha reta e a S10 costuma assustá-la um pouco. Dia desses, quase brigou comigo. Falei cá de baixo: -Fique tranquila, D Decima, a S10 não morde!
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Em cima do meu apartamento, mora um vizinho adoentado, emagrecido, velho amigo do meu pai. Hoje fiquei comovido ao contemplar sua mulher lavando o carro deles, num misto de solidariedade e companheirismo. Os olhos enternecidos do vizinho contemplavam a mulher sorridente, com o esguicho na mão. Olhou-me furtivamente, um pouco envergonhado, até que abriu-se num sorriso. Há esperança, é certo que há esperança!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

It's a long way

Woke up this morning
Singing an old, old Beatles song
We're not that strong, my lord
You know we ain't that strong
I hear my voice among others
In the break of day
Hey, brothers
Say, brothers
It's a long way


Passei o dia com as crianças aqui em casa, revi O Mercador de Venesa com Laura, estudei um bocado, vi um filme com Liam Neeson muito bom - Busca implacável.
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O dia veio em ondas de alegria e tristeza como todo dia. Vamos indo. Ir é melhor do que parar e por aí vai. Indo.
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No carro, uma antologia pessoal de Caetano Veloso feita alguns anos atrás. Até há pouco tempo, era douto em fazer antologias pessoais pouco óbvias de grandes compositores.
Essa começa com Circuladô de Fulô com Izabel Padovani e termina com It's a long way, com Célia Porto. São duas canções abismais, duas interpretações viscerais. As músicas parecem ter sido feitas para as duas. E tem Regina Machado cantando Esse amor e Fora de ordem. Sou apaixonado pela voz de Regina. Lamento muito que poucos a conheçam. É difícil explicar por que.
Renato Braz deu a versão definitiva para O amor, poema de Maiakovski musicado por Caetano. E Roberto cantando Como 2 e 2, o próprio Caetano e seu triste José. Para Bethânia, reservei O ciúme e Diamante Verdadeiro, e para Gal, a intérprete definitiva da obra de Caetano, Mãe e Luto, duas das mais delicadas. Aquele frevo axé com Vânia Abreu e Marcelo Quintanilha e Cida Moreira com A outra margem do rio completam a coletânea, se bem me lembro.
Ótimo para ouvir de novo e lembrar que houve um tempo.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Saudade de Odete Lima


Esse frio chuvisquento miracemense deu saudade de Odete Lima. Aquilo lá anda meio abandonado desde que voltei a morar aqui nos fins de semana. Saudade daquele silêncio e dos tempos que ocupávamos o silêncio com amigos em torno da mesa farta de boa conversa e boa música. Vontade de juntar os cacos de novo e reunir o Jadim, o Moreira, o Rafael , os amigos e as canções. De ser feliz e simples como conseguíamos ser.
Odete Lima está aqui em mim desde os 17, quando meu pai fez uma casa no morro e eu passei a habitá-la. Era meu canto distante do Mundo, uma vitrolinha portátil, um violão desafinado, um punhado de amigos malucos, as primeiras namoradas sérias, tudo foi passando por mim e por Odete Lima.
Eu sei que tudo que eu sou hoje ainda mora um pouco em Odete Lima. Em Odete Lima e em mim.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Recomendatório

Fui à exposição do Laerte e do Angeli no Centro Cultural do Correios. Imperdível! Dois dos melhores cartunistas brasileiros mostrando seus melhores trabalhos. Fiquei tão envolvido que esqueci de olhar as cobras do Veríssimo.
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Tenho ouvido aqui, ali e acolá o disco que Jane Duboc revisita a obra de Egberto Gismonti. Um trabalho muito delicado e bonito. Da melhor qualidade.
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Comecei a ver a nova temporada de House sem entender muito. Não assisti metade da quarta. Mas não gostei do que vi. Achei mal trabalhada a possível saída do oncologista.
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Continuo acompanhando Alice com muito prazer.
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Achei por acaso na Livraria da Travessa, uma Antologia do Pastoril Profano. Boa oportunidade pra reouvir o Véio Mangaba e outros Véios. Gosto muito do pastoril, principalmente a parte debochada dele.
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Vi, em DVD, Casamento em dose dupla (Diane Keaton) e Virando a mesa. Ambos razoáveis, dá pra perder duas horas de vida.

sábado, 15 de novembro de 2008

Bons amigos


Sábado lindo, meus amigos aqui comigo, o Flu mandando bala, camarão na moranga, cerveja gelada, melhor só se as crianças estivessem aqui, mas não se pode querer tudo.
Nessa segunda fase Niteroiense, nunca tinha recebido ninguém aqui em casa que não fosse família.
Hoje não foi diferente. Esse grupo está tão junto que já virou família. Nem imaginava que pudesse aos 47 anos do segundo tempo, conviver com pessoas tão especiais assim.
E pela segunda vez, pude provar do camarão na moranga do Longarino, uma especiaria para poucos.

É verdade que temos estado muito juntos e sintonizados, mas essa gente excede e vai me deixando cada vez mais distante da sensação de estar só.
Tive que sofrer um pouco com o Fluminense, mas enfim, acabou tudo muito bem. O time fez o seu trabalho e agora é esperar.
Lindo sábado! Que venham outros!
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Terminei a noite vendo 100 escovadas antes de dormir. Exceto pela participação de Geraldine Chaplin, o filme italiano é mais um clássico da pornografia vulgar e da psicologia de boteco.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Os filmes B e os anti-eméticos

Chego à conclusão definitiva de que os anti-eméticos de ação central são potenciais depressores, pelo menos pra mim. Ontem, depois de passar o dia em curso (curso = café, coffe break, almoço, lanche, doce, o dia inteiro), cheguei em casa e mandei uma bromoprida. Meia hora depois quase tentei enfiar a cabeça no vaso e dar descarga.
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Bom, tenho que confessar, eu também comecei a ver Os Fora da Lei, um filme inglês no estilo vingança com as próprias mãos. O filme foi me deprimindo a medida que a bromoprida fazia efeito, de forma que ainda que insistisse para ver aquilo, ia me deprimindo cada vez mais. Cheguei à metade. O resto, não conto.
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Bom, tenho que confessar também que meu amigo Cláudio tentou me empurrar os discos da Cecília Dale com Roberto Menescal. Claro, não comprei, mas mesmo assim, fiquei deprimido.
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Chego à conclusão definitiva de que os filmes ingleses do tipo B, os anti-eméticos de ação central e os discos da Cecília Dale são potencialmente suicidas. Quando combinados, são tiro certo! Boa noite, Renatinha.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Pneumotórax


Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
- Respire.
- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
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Manuel Bandeira
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Nenhum poeta entendeu melhor de abismos do que Manuel Bandeira. Não há nada mais verdadeiro do que tocar um tango como último recurso. Hoje não acordei muito bem não. Vou tentar um tango desses de rasgar o coração pra acordar o dia ruim!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O vôo da guará vermelha.

Uma graça a crônica de Fernanda Torres na Veja Rio dessa semana. Tanto que começo a tomar coragem para buscar o tempo perdido e recomeçar Proust aos 47 anos do segundo tempo. Mas, Fernanda, o romance, o romance está vivo! Não deixe de ler os novos romancistas. Farei uma única sugestão a você: O vôo da guará vermelha, Maria Valéria Resende. É um finíssimo biscoito, Fernanda.
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Mais uma segunda proveitosa! Está ficando clichê.
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Fora a cantareira velha lotada de gente, uma caminha da inútil a um sebo da Cinelândia e o bife duro do Filé e Folhas que recusei de pronto. Meus pés reclamam!
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Perda de tempo: Invisível, um dos filmes do mês da HBO, vi por não ter outra coisa, é muito ruim. E Encurralados, com Pierce Brosnam é um suspense muito B.
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Por outro lado, liguei no Canal Brasil e estava reprisando uma entrevista do Pereio com o Miele, os dois completamente bêbados. Muito bom!

Uma nova canção de afeto ou o que eu tenho ouvido ultimamente.

Compro e baixo discos e boto tudo no Itunes, um liquidificador eclético de canção e poesia. Ouço sempre na escolha aleatória, na barca, no avião, no trabalho, em casa.O que gosto filtro e seleciono para ouvir no carro. Quando chega a 18 canções, vira uma canção de afeto. Uma canção de afeto pode ser lapidada e ouvida muitas vezes no carro.
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Essa última canção começa com Rosa Passos, Não sei o que acontece, do álbum Rosa. É um disco delicado que também tem outras canções de afeto, já alocadas em outras seleções anteriores (Molambo, Sutilezas, Duas Contas, etc). Essa, de Alexandre Leão, apareceu do nada. Sou só mais um da turba de apaixonados pela baiana.
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A segunda é do disco novo de Tom Zé, Estudando a Bossa. A canção chama-se de: terra; para humanidade, e é dividida com Badi Assad. Um dueto que remete propositalmente a Esse teu olhar/Só em teus braços. Belíssima! Estudando a bossa é melhor que Estudando o Pagode e bate na porta de Estudando o samba, o disco emblemático de Tom Zé.
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Depois vem Vida em Marte, versão de Life on mars, do novo disco de Adriana Maciel, Dez Canções. Por enquanto, é o que chamou atenção no disco.
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E aí uma grata surpresa do disco do violonista paulista Rubens Nogueira: Questão encerrada, (letra de Paulinho Pinheiro) com Rubens e Juliana Amaral. O disco todo (Quando eu canto meu samba) é muito bom.
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A quinta veio também como quem não quer nada, do primeiro disco de Roberta Sá, Braseiro e chama-se Ah, Se eu vou.
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E aí vêm duas canções portuguesas das minhas musas de além mar: Mariza (Moçambique) e Ana Moura (Portugal) : Chuva e A sós com a noite. Não há o que falar dessas canções. É ouvir e se encantar.
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Eso que llevas aí, de um disco ao vivo de Fito Paez, ainda inédito no Brasil é uma das ótimas do disco.
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Também inédito aqui, o disco Sinatra, em que Michael Feinstein regrava a obra do ícone. Não é um disco desses de Fulano novo interpreta Sinatra velho. Feinstein já tem contribuições muito interessantes sobre a obra dos Gershwinn e de Berling, tendo inclusive trabalhado com Ira. Selecionei Beguin the beguine, linda, delicada. Onde estava Cole Porter quando fez essa canção? E Pixinguinha quando fez o Ingênuo? Creio que no céu.
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Depois Dejame do disco Pasion Bolero de Agustin Lara, que só ouvi recentemente.
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E aí, três canções enraizadas nesses Brasis de Mário de Andrade: Terra do Caranguejo, com A Barca, Queremos Navegar, com o Coral Nossa Senhora do Rosário e Gabiroba, com o Grupo Alumeia. Todas fundamentais.
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Depois uma valsa do disco que Piazzolla gravou com Osvaldo Pugliese: Desde el alma.
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As duas vozes mais bonitas que surgiram aqui nos últimos anos: Mônica Salmaso e Virgínia Rodrigues. Mônica comparece com Toada, de Mário Sève e Guilherme Wisnick, um acalanto que começa com o piano de Benjamin Taubkin e termina na voz de Mônica e na flauta de Mário. Esse disco de Mário (Casa de todo Mundo) é um achado! De Virgínia, selecionei Porto Araújo, de Guinga, do disco novo.
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Depois disso tudo, vem Paranoid Android do Radiohead. Eu sei que meus quatro leitores vão implicar com o fato de colocar uma canção manjada dessa numa seleção pouco óbvia. Quem me conhece sabe que prefiro gastar meu ócio ouvindo as canções da Expedição Mário de Andrade do que as do Radiohead. Mas como há tempo prá tudo, ouvi e gostei dessa música, tirada de uma antologia de dois volumes do conjunto.
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Finalmente, a versão de João Bosco para Pai Grande, do Milton. A canção é uma pérola e Bosco dá um tratamento muito especial a ela.
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Você pode ouvir Beguin the beguine com Michael Feinstein apertando o play aí de cima.

Saldos do final de semana

Minha mãe sofreu um acidente e fraturou o rádio. A fratura dispersou meu fim de semana em Miracema. Voltei à Casa de Saúde onde trabalhei uma vida inteira. Nada mudou. Até as enfermeiras continuam lá, mais encarquilhadas, como eu. Madalena, Elzinha, Tunico, são da época que eu dava plantão duas vezes por semana e continuam segurando o bonde do plantão noturno. Até os clientes parecem ser os mesmos que também já passaram por mim. A Casa parece ter estacionado no tempo. Como tudo por aqui.
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Luisa comemorou antecipado seu aniversário do dia 27, promovendo um halloween na casa da mãe dela só para menores. Na sexta de noite fiquei só com Chicó. Cada vez nos entendemos melhor.
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Voltei ontem a tempo de ver um Fluminense apático perder para o Cruzeiro no Mineirão.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O apreço não tem preço


Um bando de amigos trabalhando junto é mais ou menos isso aí. E quando acontece essa raridade de se encontrarem, que seja para uma reunião de trabalho, é muito bom. É gente com a qual eu já me entendo por gestos, nem precisa de palavras. Gente que carrega o Estado com trabalho honesto e talento para lidar com os limites entre a boa prática e a administração de custos.
Olhando com cuidado, é possível observar entre o Ney e eu, o Sylvio Bailarina com uma auréola na cabeça, reclamando: vou mandar chuva pra glosar esse banquete! E não deu outra: choveu a tarde toda!
Comemoramos assim mesmo, com chuva e muitos mini-bifes numa churrascaria da Rua do Rosário!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Tres palabras

Foi um sufoco. O narrador e o comentarista do sportv torciam ardorosamente pelo Figueirense, quase botei no mudo. O campo uma poça, pode ter jogo assim? Chuva torrencial e poça!
Com a devida desculpas aos Vascainos, mas o Fluminense abriu as pernas para o Vasco domingo. Teve trelelê ali! Ora, o Fluminense vem bem, recuperando seu futebol, o Vasco numa água danada. Aí o Fluminense fica completamente perdido em campo pro Vasco ganhar. Os idiotas da objetividade vão dizer: é um clássico e clássico tudo é possível. Tudo bem, mas que aquele jogo foi muito esquisito, lá isso foi.
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Terminei de ver O banquete do amor, com Morgan Freeman fazendo um professor debilitado pela perda do filho. Ótimo, gostei da proposta do filme. Ainda tem quem acredite nas coisas do amor. Faz bem olhar pra trás e ver que a gente também teve daqueles momentos. E mulheres belíssimas em cenas idem.
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Fui a São Paulo hoje, mas é como se não fosse. Não vou mais aos velhos sebos, não sei mais da programação do Satyros, não durmo mais lá. vou, trabalho e volto. Valeu pelo trabalho.
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Tres palabras, o clássico de Osvaldo Farres, recriada por Brad Mehldau, é a Maria Manoela saindo do banheiro de toalha cheirosinha e chamando pra dança.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Daquilo que me orgulha


Laura faz 16 amanhã.

Quando Laura nasceu, percebi que a vida estava me dando um outro sentido, uma nova oportunidade. Eu era um sujeito abençoado pela solitude e pela auto-suficiência, virtude defeituosa que Laura e Luisa herdaram agudamente.

Naquele dia, todas as minhas convicções se fragilizaram e senti que aparecera uma razão maior e diferente para dividir e somar.

Tudo que Laura me deu até hoje foi mais que o dobro do que eu esperava dela. Por menos que eu esperasse, ela sempre me surpreendeu com mais.

Mostrou o amadurecimento de chorar comigo quando eu estive absolutamente só no Mundo. Nu. Só Laura me via e chorava comigo. Laura acreditou comigo em todas as bobagens que eu acreditei. Por amor a mim.

Vi Laura crescer e tomar gosto pela vida. Dos primeiros passos acanhados até a dança que tomou conta de Laura, fui observador privilegiado, pai orgulhoso, amigo, cúmplice, entusiasta, apaixonado.

Todo dia quando acordo é de Laura (+ Luisa e Chicó) que busco luminosidade para sentir prazer em fazer o que faço, ter amigos, tomar banho. São eles que me carregam.

Amanhã eu vou estar em São Paulo, longe de Laura. Mas perto de Laura, aqui dentro, pois a carrego comigo em cada parte de mim.
Justificar

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Gula

21 e 38, vontade de detonar os wafer limão da cozinha.
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Não deixa de ser emocionante, apesar de ser apenas um documentário e não o espetáculo, o dvd do show LOVE, do Cirque du soleil e dos Beatles. Peguei hoje no Cláudio e já cheguei com vontade de ver. É contagiante o carinho com que tratam as canções.
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Cláudia Ohana continua uma bela mulher, mas ainda há excesso de pelos.
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Faço um esforço para terminar meu Paul Auster, Homem no Escuro. O livro é ótimo e eu vou prorrogando leitura. Li hoje o seguinte (do personagem central relatando que depois de muitos anos voltou a fumar por causa da neta) : " O que conta é a companhia, o vínculo conspiratório, a solidariedade do tipo foda-se dos amaldiçoados."
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Hoje levei uma seleção que tinha trazido de Buenos Aires da Sonora Matancera pro Raimundinho lá do Sebo. Ele quase teve um piripaque de emocionado. Raimundinho ainda conserva seus vinis. É bom conversar com pessoas que gostam de boa música. Você se sente menos maluco.
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Quê mais? 21 e 49 e os biscoitos continuam lá, desafiando minha gula insaciável.

domingo, 2 de novembro de 2008

Velhos domingos


Faz muito tempo isso. Eu morava na Rua Do Sapo em Miracema, onde moram minhas filhas até hoje e nunca estava só, como tenho andado ultimamente e hoje. Acompanhávamos Piquet e Senna em todas as corridas. De madrugada era sempre festa lá em casa, um rito que se repetia todo ano enquanto Senna viveu. Muita cerveja e uma conversaria honesta, de bons amigos. Vivíamos muito bem com o pouco que ganhávamos. Eram as corridas e os jogos do Fluminense. Lembro daquele gol de barriga do Renato Gaúcho, devia ter uns dezoito na minha sala, todos flamenguistas, menos eu.

Depois que Senna morreu, abandonei as corridas. Não achei honesto da minha parte continuar acompanhando. Perdeu a graça. Acreditei muito pouco em Felipe Massa pudesse fazer alguma coisa, mas cheguei a acompanhar e até comentei aqui.

Mas hoje, Massa me trouxe de volta a emoção das tardes de domingo em Miracema. Acompanhei de ponta a ponta e não pude evitar uma lagrimazinha na última volta. Belos tempos aqueles, belos tempos. Obrigado, Felipe!

sábado, 1 de novembro de 2008

Sábado útil

Fui a Rio das Ostras apresentar um trabalho para um grupo de atendimento. Já falei aqui, gosto desses grupos. Tenho prazer em lidar com essas pessoas. Pessoas de uma simplicidade espontânea, interessadas em aprender. Acostumadas a lidar com a dureza do atendimento.
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Esse decreto que regulamenta o atendimento telefônico é colírio para meus olhos. Passei uma humilhação com um cartão de crédito que nem vale a menção, que não vou esquecer nunca. Quem sabe agora eles não aprendam a deixar o pobre sujeito trocentas horas na musiquinha como se ele fosse o maior desocupado do Mundo?
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Resolvi voltar hoje mesmo. Aproveitar o domingo pra descansar um pouco. Dormir de preferência.
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Cheguei, liguei a internet e encontrei Luisa e Laura no msn. Meus dois endereços cadastrados online, é muita sorte. E aí conversamos um pouquinho. Que saudade! Rio das Ostras acabou tirando minha ida a Miracema. Mas semana que vem eu tô lá.
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Faz frio em Niterói. O tempo endoidou de vez!

Triste cuíca

Aceitar o castigo imerecido Não por faqueza, mas por altivez No tormento mais fundo, o teu gemido Trocar um grito de ódio a quem o fez As de...