quarta-feira, 29 de junho de 2011

Ler, ouvir, ver...


Tirei da cartola aleatoriamente, após uma certa depressão pela falta dos episódios semanais de Game of Thrones e The killing, o filme Como esquecer. Mais um ótimo filme sobre perda com uma bela performance de Ana Paula Arósio, num papel delicado pra quem já foi Hilda Furacão. Ana Paula se supera. A trilha muito bem armada por Bia Paes Leme inclui a versão doída do Retrato em branco e preto com Elis, e k. d. lang arrasando em Coming home. Não precisa mais nada.
Também vi, igualmente capturado do aleatório, o grego Attenberg. O diretor consegue transformar uma história banal num filme denso e delicado. A cena inicial do beijo é sensualmente perturbadora.
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Tenho ouvido, desde o ano passado, homenagens ao centenário de vários compositores brasileiros. Há pouco comentei sobre Wilson Batista. A Gravadora Lua Music é responsável pela maior parte desses song books. Acho a iniciativa louvável, nesse país de memória muito curta.
O que mais gostei foi o duplo que reuniu parte da obra de Ataulfo Alves. Deu um tratamento renovador para as óbvias e mostrou que músicas pouco conhecidas como Fênix (Edith Veiga perfeita) e Pavio da Verdade (Verônica Ferriani idem) podem ampliar ainda mais a nossa percepção da genialidade desses compositores.
Recentemente a Lua Music lançou Uma flor para Nelson Cavaquinho. Nesse, achei mais baixos do que altos. Os altos vão para Fabiana Cozza (Pranto de poeta) Arnaldo Antunes (Luz negra) e um intimista Benito di Paula em Rugas, voz e piano.

domingo, 26 de junho de 2011

Nada de novo no front / Uma noite perfeita

Em essência, não há muito o que escrever. Há na verdade, muito que ler, ouvir e ver.
Depois da pedra, veio a fadiga. Uma fadiga crônica que se acentuou depois da pedra.
A manhã do feriado resumiu-se praticamente à leitura de jornais atrasados e à essa radiola de muitos gigabytes no aleatório. De vez em quando, ela se dá ao luxo de me mandar um Ildo Lobo ou um Joel Nascimento. Faz frio em Parada de Deus.
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De vez em quando, encaixa uma noite em que o Maestro Moreira está particularmente inspirado e pode conduzir sua trupe de cordas a um emocionante concerto de choros e sambas que levanta qualquer defunto.
De vez em quando, aparece um Paulão percurssivo e transforma o set de sambas numa jam tão interessante quanto a de choro.
De vez em quando, alguns dos melhores amigos aparecem para fazer o coro dos contentes e pode se ouvir alguns uníssonos de celebração da vida.
De vez em quando, a noite parece ter seus cheiros próprios e dá vontade de voltar a ser menino e ver o dia amanhecer.
A esse estado de espírito, costumo dar o nome de noite perfeita. Foi o que aconteceu nesse último sábado.
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Pra quem já não esperava mais nada, esse minguado Fluminense 1x Avaí 0 de final de domingo saiu como goleada.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ilusão a toa

Vi Fluminense e Cruzeiro no sábado e fiquei satisfeito com o que vi. A dor estava branda e deu pra ver e vibrar. Com apenas um jogo, o técnico Leomir já deu uma nova perspectiva. Bem armado em campo, o time poderia até ter perdido que não faria feio. Como vinha fazendo desde que Muricy peneirou.
No domingo, torci pelo Flamengo no primeiro tempo. É que uma parte da carreira de Petkovic pertenceu e deu muitas alegrias ao Fluminense. No segundo, acabei torcendo também. A torcida do Flamengo me ganhou com a sonora vaia que mandou para a entrada de Emersom. No final, o empate foi ótimo para nós. Mas durante o jogo, fui um flamenguista extemporâneo.
Além de Tirza, assisti ao suspense The killer inside me. Filmes densos não deveriam ser recomendados para uma semana de pedra. Mas quanto mais procurava uma coisa mais leve, mais encontrava pedra.
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Botei outra vez no shufflle, a combinação inusitada da simplicidade de Dona Inah com a sofisticação de Eduardo Gudin. Não me lembro de ter ouvido uma harmonia tão perfeita nesses últimos tempos.
Tenho ouvido os fadistas Ricardo Ribeiro e Joana Amendoeira. Fados me acalmam. Na viagem dolorida. só Ana Bacalhau com seu Fado Notário me fazia relaxar.
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Explorar repertórios pouco óbvios de compositores consagrados pode ser uma faca de dois gumes. Tenho ouvido O samba carioca de Wilson Batista e Alaide Costa canta Johnny Alf com uma certa desconfiança. Ambos caem nessa premissa.
Há alguns acertos no disco de Wilson, como Nina Becker fazendo dupla com Wilson das Neves, Cristina Buarque e Rosa Passos, mas nenhuma música é tão interessante quanto à marcha Nelson Cavaquinho, defendida por Teresa Cristina. Será que Wilson imaginava o tamanho do gênio que estava homenageando?
Quanto à Alaíde, dê a ela um piano e ela faz qualquer canção virar obra prima. Sou apaixonado pela voz da cantora; Mas, -não sei-, o disco de Alf tem uns arranjos meio arrastados, muito lentos, o repertório é bem desconhecido. Queria que Alaíde gravasse Ilusão a toa.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Tinha uma pedra no meio do caminho ou tudo dói mais no inverno

Quando eu era menino, atendi muita cólica renal nos plantões noturnos miracemenses. Geralmente o sujeito já chegava pedindo um buscopan com glicose. Lá dentro do meu ser, ria daquelas histórias de que dói mais que a dor do parto, que é a pior das dores e por aí ia. Tinha certeza de que comigo, não!!!. Sem história familiar, os rins tinindo de bons, eu não ia ter aquilo nunca.
Pois não é que quarta de noite me apertou uma dor cortante no lugar da apendicite. Pensei: voltou a FDP! Mas depois lembrei que não tinha mais apêndice. E a dor ia piorando quanto mais caía a noite. Não aguentei, chamei Nélis.
Nélis veio e me levou pra tomografia. Encalacrada no ureter direito, a bichinha pulsava na minha barriga doída.
O pior e que no dia seguinte resolvi ir pra Miracema. A dor parecia suportável e pegar a estrada e fugir daqui era o mais natural. Que lástima! Penei a viagem inteira como se tivesse uma faca na barriga. A música me acalmava um pouco, mas quando Juca de Oliveira recitou o Poema de Finados de Bandeira, chorei de pena de mim. Já estava no Soberbo depois de subir a Serra dos Órgãos naquele sacolejo de dor.
Passei o cão nesses dias. Descobri que ir pra Miracema doente é muito ruim. Nada de sábados animados, nada de filhos pra almoçar comigo, e um frio de realçar a dor. O máximo que consegui foi algum conforto, a reza forte da minha mãe junto com chá de tudo quanto é rebenta pedra e alguns coquetéis de buscopan com glicose na veia.
Acordei hoje às duas da madrugada sem dor. Vi que era hora de peneirar de volta, esperei a manhã, enchi duas moringas de água e voltei.
Durante o desterro, vi alguns filmes interessantes, mas nenhum tão surpreendente e denso quanto o holandês Tirza.

Onde comer bem no Centro do Rio

O tempo tem mostrado que comer no Centro do Rio é tarefa cada vez mais complicada. Ando limitado aos restaurantes antigos que como há mais d...