sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Si supieras que aún dentro de mi alma conservo aquel cariño que tuve para ti



Foi graças a Lucho Gatica que fiquei conhecendo a letra de La cumparsita, num velho disco da Odeon. Ele canta apenas a primeira parte da letra no final da canção e eu ainda fico meio engasgado quando ouço. Foi assim segunda feira no Centro Cultural Borges, num indefectível show de tango, obrigatório para quem vai a Buenos Aires segundo minha senhora.
Tenho implorado à minha senhora há mais de dois anos, uma ida à capital argentina, de onde tenho as mais gratas recordações. Fui lá umas cinco ou seis vezes e todas muito boas. Buenos Aires cheira  a música, há livrarias e disquerias por tudo quanto é canto.
Chegamos sábado de tardinha, dia ruim para quem vai às compras de discos, principalmente por ser véspera de domingo.Depois de um espetacular bife de chorizo no La Cabrera rumamos ao El Ateneo. A loja manteve o charme dos últimos anos, mas piorou muito em variedade e preço.Os preços argentinos dolarizaram, já não se compra nada muito barato como dantes. Um cd normal custa na faixa de trinta reais mesmo preço do cd brasileiro. Além disso, pelo menos no Ateneu, o rock parece sobressair imenso ao tango.
No domingo fomos a Colônia.Para o leitor que gosta de cidades de pedras, ruínas, flores raras e interior, Colônia é um caso de amor. Alugamos um jeep e passeamos pelo velho centro, pela praia e por toda a cidade., com direito a subir no antigo farol e ficar com o joelho triscando e almoçar num bar do peer, acompanhado de uma Miller muito gelada.
Na segunda de manhã quase tive uma comoção quando não visei a loja Tango da Rua Lavale. Tinha se escondido entre um banco e um boteco, mas estava lá. Novamente encontrei meu velho amigo tangueiro e foi um par de horas de boa conversa e conhecimento, com direito à novos discos de Veronika Silva, do Sexteto Milongueiro , da Orquesta Misteriosa de Buenos Aires, de Piazzolla e muitos outros mais. Já botei alguns no Itreco, já estou ouvindo e depois eu conto.
Buenos Aires ainda é dos melhores lugares para se ir com o amor. Pena que foi tão pouco.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

De volta ao Aeroporto de Brasilia

Tenho pena dessas pessoas que precisam viajar nesse avião pequenininho da Azul para qualquer lugar. Não tenho medo, meu pai já me acalmava com a história de "quando chega sua hora" (a dele mesmo acabou chegando de uma forma muito estúpida), mas o enjoo, a turbulência e as horas de espera nos embarques são infinitamente desesperadoras. Botei música no ouvido, é claro, pra poder aliviar.
Dei uma nova chance pro disco de Juçara Marçal entre Araguaina e Palmas. 
Costumo dar chance pra esses discos que vão para as listas de ,melhores do ano dos jornais e eu não ouvi muito bem. Foi assim ano passado com o disco d'OApanhador Só, que passei a gostar muito na segunda ouvida.
De Juçara, já ia desistindo do disco de novo quando bateram "Queimando a lingua" e "Canção para ninar Oxum". São lindas quando você dá uma chance de ouvi-las pelo menos 3 vezes. Acabei esticando o disco até Brasilia.
E li muitos Globos atrasados e a Veja de fim de ano..Nada que valesse a pena discutir aqui. Só me lembraram que as mortes de Manoel de Barros, João Ubaldo, Ariano Suassuna, Garcia Marques e Philip Seymour Hoffman nos deixaram mais pobres.
Em Araguaina, habitei o quarto 003 do Hotel Relicário. Um luxo. Quis ir até o Araguaia, mas ficou na vontade.Me pareceu uma cidade cuja beleza depende do rio que eu não conheci.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Trilha para iniciar 2015

Nucky Thompson está morto. Conseguiram um desfecho razoável para o velho Enoch. A mim, não convenceu. Preferia que fosse um final como foi o de Antony Soprano, embora James Gandolfini tenha nos tirado a possibilidade do retorno.
Encontro-me agora (6/1, 9:53) em estado de "mofando" no Aeroporto de Brasilia, aguardando um voo para Araguaina. Parece claro que 2015 começou atropelando.
Entre natal, ano novo e início de ano, fui ao céu e ao inferno algumas vezes. Agora mofo no aeroporto em Brasilia.
O melhor do natal começou na verdade com o pré natal, em Miracema, com amigos, irmãos e filhos. Conversa fácil, comida honesta, e o cavaco do Jadim puxando aquelas canções que só nós sabemos cantar, do tipo Você não parece mais você ou Trato do homem.
Minha sogra fez a melhor comida do natal, preparada com coração e cheiro verde, e ficamos ouvindo velhos boleros surrados, principalmente Chavela.
Também voltei depois de longos anos, à Praia de Camboinhas, com Chicó, Lucas e o amor. Tive que dar 20 para conseguir vaga numa barraca. Está inabitável, bolorenta e fedida, mas o mar continua lindo. Contribuiu para a paz uma cerveja estupida e o encantamento do menino pelo mar.
Como sempre, foi a música que me trouxe à vida nesse fim /início de ano. Eis a lista das primeiras oito canções de afeto da 34ª Canção de Afeto:

1) Divenire, com o pianista holandês Jeroen Van Veen - as canções de Ludovico me remetem à Laura. Comprei essa caixinha em Amsterdan com nove discos do compositor interpretados pelo pianista. Desde novembro, não sai do Itreco.

2) Porta aberta, Camané - ainda ouço muito, Do amor e dos dias, na verdade só agora com a devida atenção. Porta aberta é um fado chorado lindíssimo.

3) La churrasca, Chavela Vargas - do disco gravado ao vivo no Carnegie Hall, com dois violões, com aquela voz, com tudo de bom.

4) Freguês da meia noite, Ney Matogrosso - de Atento aos sinais ao vivo. a música de Criolo, a voz soturna do Ney, aquela coisa Itamar/Gudin/Vanzolini misteriosa de São Paulo.

5) El choclo com Fabio Hagler Sexteto - comprado em Buenos Aires há alguns anos e só agora no osso. Maravilhoso.

6) A lenda do Abaeté com Nana - tentaram mais uma indefectível homenagem ao centenário Caymmi com Chico, Caetano e companhia. É médio. Mas Nana salva como sempre oferecendo sua voz grave numa recriação definitiva da Lagoa.

7) Mil e uma noites de amor - com Céu - Céu ao vivo é desde já o disco mais ouvido desse início de 2015. o cover de Pepeu é tudo de bom e algo mais. Também selecionei...

8) Dez Contados - com Céu.

Estou lendo Chico Buarque (O irmão alemão), ouvindo Fernando Pessoa (recitado por Bethânia e Clarice Berardinelli), e a insônia está com a macaca.
Feliz ano novo.


sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Cinco discos em 2014

Gisela João -  a paixão começou numa resenha no Globo sobre novos fadistas. Dei um jeito de baixar o disco e daí ele não saiu mais do Itreco. Voltaste e Sei finalmente ainda doem cada vez que escuto. Num ano pobre de shows e saídas, fui arrastado para o Miranda assistir a cantora numa quarta-feira quente e saí de lá extasiado com dois discos, por medo de perder um deles.

Alice Caymmi, Rainha dos raios - no início só me chamou atenção a versão contundente de Meu Mundo caiu. Depois vieram todas as outras oito. Princesa e Meu recado viraram hits lá em casa, até o Lucas gosta de cantar.

Mônica Salmaso, Corpo de baile - a cantora acertou em cheio ao gravar Guinga e Paulo Cesar Pinheiro. Pena não ter trabalhado mais o disco, insistindo em apresentações surradas cantando Vinicius e etc.

Amazônia Socorro Lira - mais um de Socorro que não saiu da vitrolinha. Quando vamos ver Socorro Lira Cantar no Rio? Gostaria muito.

Amores absurdos, Celso Viáfora - esse começou num show no simpático Solar de Botafogo, com seu mais simpático ainda Teto Solar. Celso esbanja talento em composições intimistas que falam de filhos, amores e vida.

Onde comer bem no Centro do Rio

O tempo tem mostrado que comer no Centro do Rio é tarefa cada vez mais complicada. Ando limitado aos restaurantes antigos que como há mais d...