terça-feira, 31 de março de 2009

Laura e água



















Depois daquele horroroso empate no Equador, adoeci. Tenho péssimas recordações do futebol equatoriano. Pra completar o domingo, detonei os arquivos do meu HD externo, que tinham sido carinhosamente arrumados recentemente.
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Dormi mal e acordei segunda com vários compromissos. Comecei o dia com minha caixa de mensagens abobada, nada chegava, nada saía. Viramos escravos das mensagens. Todo Mundo necessita de respostas!
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Impossibilitado de responder (e o que é pior, de perguntar!!!), aprontei alguns estudos de evidência pela manhã. De tarde, um evento no Hotel Guanabara e junta médica de coluna na sequência. No início da noite, fui ao terapeuta. Não, eu não estava surtando. Era dia dele mesmo!
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Completei ontem dois anos de terapia. Tenho muito a agradecer pelos ajustes que foram feitos.
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Nada me deprime mais hoje em dia do que discutir política. Meu fim de tarde foi tomado pelos ecos dessa discussão, embora eu não participe de mais nada nessa linha. Fui político por dez anos. Durante esses dez anos, sofri todos os efeitos colaterais do poder. Para o bem e para o mal. De modo algum quero tornar a ele. A mais leve referência àqueles anos duros me deixa um certo desequilíbrio. Essa foto da Laura em Ibitipoca é pra me sentir um pouco mais leve.

sábado, 28 de março de 2009

Os garotos

Tiramos o sábado chuviscoso e ficamos entulhados em casa. O tempo ainda está meio abafado, mas não atrapalhou nosso entulho. Quando nos entulhamos podemos parecer um só ou vários. Cada um tem sua importância ou nenhuma importância. E um almoço feito pela Diô de lamber os beiços.
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Depois pedimos uma pizza no Wictor e ficamos vendo Fluminense e Botafogo. Eu pensei que, diante de um time grande, o Fluminense pudesse finalmente se abrir e exibir seu bom futebol. Nada disso! O Botafogo de grande, só tem o nome. É um time pequeno e retrancado com jogadores medíocres. Que futebol feio esse do Botafogo!
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Hoje foi o dia de mostrar O Garoto, do Chaplin, pro Chicó. Meu pai chegou e ficou assistindo com a gente. Éramos quatro moleques, eu, meu pai, Laura e Chicó, assistindo Chaplin na manhã de Miracema.
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Bonfiglio de Oliveira fez maxixes de sair dançando sem par pela casa. Um deles, o mais bonito, se chama ironicamente Flamengo. Deve ser uma homenagem ao bairro, sei lá! O fato é que o paduano (que na verdade, deve ter nascido em Miracema!) Altamiro Carrilho e o croata Nicolas Krassik destroçaram o maxixe no cd Poesia do Sopro. Contamina tanto que eu quase parei o carro em plena Whashington Luiz e saí dançando.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Salve linda canção sem esperança

En su soledad, sentados frente a frente
a la hora de siempre y en la misma mesa
café de por medio, la misma pareja
de mediana edad y pinta de buena gente.
No les queda resto para otra jugada.
Se torció el camino... Se dio vuelta el viento.
Les pudo el fracaso y le resentimiento
y hoy son dos ejércitos en retirada.

Ay desamor, desamor...
negro desamor...
feroz desamor...

Casi sin mirarla, él le habla de puntillas
con frases muy cortas mientras ella niega
con los ojos fijos en la taza y juega
mecánicamente con la cucharilla.
Se sacó del bolso tal vez un anillo
lo tiró en el mármol y sonó a mentira
Él busca su mano y ella la retira
con la excusa de encender un cigarrillo.

Qué triste se ve.
Qué lejos está.
Tanto que olvidar
y nada que decirse.
Quién diría que
un día también
se quisieron y tal vez
fueron felices.

Mientras él, inmóvil se quedó sentado
ella muy despacio llegó hasta la puerta,
abriéndose paso entre las horas muertas
y la indiferencia de los parroquianos.
Y tras el cristal de la cafetería
calle abajo la siguió con la mirada
impotente, viendo cómo se alejaba
sin volver la cara el último tranvía.

Qué triste se ve.
Qué lejos está.
Tanto que olvidar
y nada que decirse.
Quién diría que
un día también
se quisieron y tal vez
fueron felices.

Y mañana la mujer de la limpieza
junto a las colillas barrerá del suelo
unos besos mustios y un mechón de pelo
algo pisoteado por la clientela.

Joan Manoel Serrat

O desamor é o mal do século. Casais que lutam para manter as aparências e se rasgam de sofrimentos e traem, e claudicam e permanecem juntos. A ciência não pode medir a totalidade dos destroços de uma separação. A ciência não pode medir o tamanho da solidão dos que preferem permanecer juntos.
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Cheguei em Miracema depois de uma viagem, cronometrada e perfeita. Deixei as meninas numa festinha de colegas e fui sozinho pro Bunda. Lá, os amigos de sempre, a atenção de sempre. Alguns são modelos raríssimos de casais felizes. Desses que saem de madrugada só pra ouvir música no carro. Que fazem tudo juntos. Que amarram o cardaço do outro. Tenho mais inveja desses. Que conseguiram suplantar as tormentas juntos. Que permaneceram juntos depois das tempestades. Que se reconstruiram juntos.
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Laura e Luisa excedem no afago que têm por mim e não permitem que o espaço fique completamente vazio. Vou pegá-las depois de uma meia dúzia de cervejas e damos uma volta na velha Miracema chuvosa e vazia para conversar e ouvir música. É mágico e delicado estar com minhas filhas.
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A cidade volta aos poucos a ser parte de mim. Por muito tempo, tudo isso aqui era estranho e deixou de ser meu. Parecia distanciar-se de mim a cada vinda. Uns pouquíssimos amigos, filhos, a possibilidade do isolamento em Odete Lima. Agora parece mudar. Não quero perder essa sensação boa do menino em seus quintais. Como se pedaços de passados pudessem serzir uma costura leve e agradável. Quero voltar a ela.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Sete trovas

Faço faxina no HD do MAC hoje. Muito bom. É como se trocasse a ordem das coisas na casa. Mudar o sofá de lugar, jogar fora as inutilidades.
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Consegui, a muito custo, comprar o cd novo da Isabel Padovani, Mosaico.
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Arrisco dizer que Sete Trovas é a canção mais bonita que ouvi nessa década. A música (não conhece?, que pena!) é de Consuelo de Paula, Rubens Nogueira e Etel Frota . Guarde esses nomes, embora possivelmente você nunca mais vai ouví-los. É música que não toca na mídia, não está na novela, não saiu na revista. É música de garimpo. Pois bem. Apesar de já ter o disco Dança das Rosas, da Consuelo, onde a música foi lançada, só fui percebê-la num show da Izabel no CCBB, já comentado aqui.
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Ouvi-la, naquele arranjo de voz, baixo e percussão, deixou-me num estado de êxtase sem cerimônia. Por pouco, não mergulho na Cantareira e saio nadando pela baía.
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Nada mais natural que esperasse ansioso pelo cd da Izabel. Pois bem, finalmente chegado, descubro que ela não gravou a música.
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Ainda é cedo pra dizer alguma coisa de Mosaico, novo cd de Izabel Padovani., pois nem bem o ouvi ainda. Mas já perdeu 15 pontos só pela falta de Sete Trovas.

terça-feira, 24 de março de 2009

Agito e uso

Conversas inteligentes costumam ser estímulos viscerais à nossa satisfação pessoal. Reuniões de dia inteiro, geralmente sacais e difíceis de aguentar, se transformam em verdadeiras fontes de prazer e conhecimento, ainda que tenhamos que lidar com egos. Hoje tivemos uma reunião assim. Fácil de entender, bom de aplicar e com objetivo final no cliente, na boa prática médica. Saio dali leve. O único peso foi o brunch categoria duplo A preparado com carinho pela Dona Leila. Poderia encarar mais uma dessa seguida! Renatinha estranhou meu entusiasmo. Isso é música prá mim, Renatinha, é saber que existe porta, é poder trabalhar com você, tudo que tem dado prazer em viver.
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Sandra Carreirinha me aparece justo no dia de uma reunião de dia inteiro. Veio linda, parece ter se renovado com as férias. Ora, ora, ora!!! Nem vem Sandra Carreirinha! Amanhã eu espero sinceramente que você volte! Eu e o Prof Schott. E que venha linda do mesmo jeito que veio hoje!
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No final do dia, mais uma reunião desprovida do conteúdo entusiástico da primeira. Tensa, desinteressante. Alguém tem que fazer esse serviço também.
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Três viradas, 3 a 1. Começo a acreditar. E hoje, vim ouvindo no rádio do carro até Niterói e para minha surpresa, estava lá, vivinho: Luiz Mendes, o comentarista da palavra fácil!

segunda-feira, 23 de março de 2009

MIlágrimas



Já falei aqui da minha admiração explícita por Itamar Assumpção e Alice Ruiz, com quem fiz uma Oficina de Haicai na FLIP de 2005. Está no meu currículo! Laura ficou contaminada pela música de Itamar desde que fomos ver Milágrimas, do Ivaldo Bertazzo. E hoje me ligou especialmente para falar dessa versão das Orquídeas que está no You Tube. Ótima para começar uma segunda-feira, que começou confusa.

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Perdi as estribeiras logo cedo. Fui forçado a ligar para o SAC da editora abril. Mais uma renovação automática. Pior, já havia renegociado e eles confirmaram a proposta outra vez. Meia hora de falácia e tudo esclarecido. Será?

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Ao lado do sebo do Cláudio tem uma Zona chique aqui do Centro. Sou do tempo em que Casa de Massagens chamava Zona. Do outro lado do sebo, fica o estacionamento da Zona. Pela qualidade dos carrões que estacionam ali, dá pra perceber que o movimento é bom. Os mendigos fazem suas necessidades fisiológicas no estacionamento de noite. Portanto, não raro quando passo ali cedo pra um café com o pessoal do sebo (quase todo dia), há um cheiro de merda reinante. Hoje não foi diferente.

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Nunca entrei na Zona, mas conheço o leão de chácara, o faxineiro, o manobreiro do estacionamento. Estão sempre no café da manhã do Cláudio. às vezes um me pede um conselho médico, um tratamento pra gripe, uma receita de anti-hipertensivo. O cenário lembra o Rancho da Goiabada do Aldir e do Bosco. Todos ali espantando a tristeza, com ou sem birita e sonhando com bife a cavalo e batata frita. Ali sou só mais um. Gosto disso.

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Terminei o dia numa reunião na Agência Nacional de Saúde. Voltei andando da Glória até a Praça XV. Passei no Beringela, no Marquês do Herval. Nada que preste!

domingo, 22 de março de 2009

Duas perdas de tempo

Nicolas Cage é um canastrão do cinema americano. Mas gostei de alguns filmes que ele fez. Despedida em Las Vegas, Coração Selvagem e A Outra Face foram alguns deles. Ultimamente o ator só tem feito bombas. Uma delas foi o pior dos filmes que assisti nos últimos tempos: chama-se O sacrifício. Guardei o nome que é pra não me trair de novo. E agora esse Perigo em Bangkok. Pensei em mentir e dizer que peguei porque não tinha outra coisa na locadora. Mas não! Acreditei que o ator pudesse voltar a fazer alguma coisa boa. Muito ruim. Fuja!.
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Kevin Smith tem pelo menos uma obra prima: Procura-se Amy. Atrás de um Procura-se Amy 2 já vi muita coisa de Kevin. Fui ao cinema hoje ver Pagando bem, que mal tem? É ruim de doer!
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Almocei no La Mole. Eu, um medalhão e uma coca zero. Hoje não estou lá essas coisas não.
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Gasto um tempo precioso limpando meu HD. Dá um certo prazer. Alguma coisa possível de ser arrumada, já que livros, discos e filmes estão saindo pelo ladrão.

sábado, 21 de março de 2009

Um sábado e um esquecimento



Se fosse pedra, se fosse mesa, se fosse livro, tudo bem. Mas não era nada disso. Era eu mesmo. Eu mesmo esquecendo de ligar pra Sandra Carreirinha ontem, aniversário dela! Outro imperdoável absurdo da minha cabeça esclerosada. E pensar que passamos a semana toda falando nisso. Até com Longarino em Buenos Aires falamos. E nem Renatinha pra me ligar pra lembrar. E nem Cláudia Reis. E nem a menina que a substitui na sua interminável férias. E pensar que ontem foi um dia feliz sem grandes motivos e todo tempo do Mundo. Ato falho imperdoável. Sandra Carreirinha, fico te devendo um brownie no Palati, um ice cofee no Palheta, um escalopinho no Al Farábi, um camarão no Filé e Folhas, um abraço, um cheiro e um balaio de desculpas. Volte logo, volte rápido, que aquilo ali sem você não tem a menor graça.
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Meu sábado solitário começou com Gran Torino. Clint Eastwood irretocável. Meu segundo triplo A desse ano, que ainda está começando. 2009 promete!
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Depois fui almoçar no Beluga. Eu dois chopps pretos numa caneca geladíssima e uma picanha honesta. Voltei pra casa a pé. Passei na Sendas e renovei o estoque de wafer de limão. O elevador do prédio continua parado.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Feliz

Acordei feliz hoje igual na canção do Luiz Tatit. Dormi mal, tive pesadelos, as meninas me dispensaram esse fim de semana, Sandra e Renatinha não estão aqui, o Sol continua torrando, o elevador continua estragado, a perspectiva é só, não tenho nenhum motivo especial para estar feliz. Mas estou, curiosamente feliz.
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Nem pretende esse post servir de auto-ajuda, não tenho esse dom. Meus pés ainda doem, a barca foi e voltou lotada, rio de mim mesmo: estou bem!
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Nada de novo nos sebos do centro, Raimundinho e João de mau humor, só Márcia veio limpar com água quente, a sujeirinha do almoço. Continuo babão. E hoje, estranhamente feliz.
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Almocei hoje com uma velha amiga na Lapa, no Santo Cenário. A comida nem é lá essas coisas, mas tem uma torta de limão com sorvete de creme, de comer ajoelhado. Mas ninguém fica assim só por causa de uma torta! Ou de uma amiga!
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Não chega a ser radiante essa felicidade, mas é boa de sentir. Vou ficar assim até o esgotamento. E quem sabe, até depois dele!
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Watchmen é perfeito! Pra quem foi um viciado em quadrinhos, como eu, dá gosto ver um filme desses. 2,5A.


quinta-feira, 19 de março de 2009

Muitos ouvidos

Descobri há pouco tempo que não tenho oito nem doze ouvidos, de forma que só posso ouvir um Ipod de cada vez. Essa constatação coincidiu com o amadurecimento do gosto musical das meninas (acompanho entusiasmado meus próprios passos antigos). Foi daí que resolvi distribuir meus Ipods. Já tinha dado para elas um shuffle, agora foi um mais robusto.
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Dei um nano pra Laura e um video pra Luisa. Chicó ficou andando de lado, observando, como se dissesse: - E eu, nada??? O menino de sete anos ainda não tem nenhum cacoete para música. Ainda é cedo, Chicó!
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Sobraram-me um video de 60G e um shuffle de 1G. O que uso mesmo é o shuffle. É a música que escuto nas barcas, na rua, no calçadão da praia de Icaraí. Seleciono dez ou onze discos novos e carrego.
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Da última seleta começo a perceber lampejos de genialidade dos discos novos do U2 e de Rômulo Fróes. Rômulo Fróes é um paulista do samba que gravou dois discos essenciais: Calado e Cão. Agora veio com esse duplo No chão sem o chão. São discos que você vai aprendendo a gostar devagarinho e de repente se tornam obras primas.
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Também tenho ouvido Mucha Mierda, da Orquestra Típica Fernandes Fierro. Excelente! Gente nova tocando tango a moda antiga. E Quando salga el Sol, do Arbolito, um grupo especializado em música tradicional argentina.
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A voz lânguida de Verônica Sabino em Que nega é essa? também está no shuffle. É um disco ao vivo revisional como milhares que têm saído por aí. Verônica canta bem. Principalmente Não se afasta de mim. É de armar o boneco só de ouvir.
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Outra Verônica, a Ferriani também foi alocada. Não gostei. Repertório deslocado, arranjos datados e até aquela canção datada, Com mais de trinta. Continua datada. Já vi Verônica cantar com Chico Saraiva e no samba da Lapa. Sempre bonito. Merecia um disco melhor.
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O grande defeito do shuffle é que ele não dá o nome das músicas. Selecionei um disco instrumental que até agora não descobri do que se trata. Esqueci. E é bem enjoado.
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Tem uma ascensorista antiga da empresa que toda vez que eu entro de manhã cedo no elevador, ela começa a cantar uns cânticos religiosos em voz alta. Acho que ela acha que eu sou o capeta em pessoa.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Peso inútil

James Gandolfini e Marlon Brando já me fizeram torcer por mafiosos politicamente corretos em Familia Soprano e O Poderoso Chefão. Kate Winslet constroi um personagem tão envolvente em O leitor, que quase nos faz vítimas do analfabetismo moral discutido pelo filme e torcer por uma carrasca.
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Confesso que nunca gostei muito da atriz. Acho que a minha implicância deve vir de Titanic e a minha repulsa por essas coisas megalômanas. Nesse filme, ela excede. Está perfeita! Triplo A pra ela e duplo A para O leitor!
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Tento andar sem a minha pasta, mas é difícil. Tenho carregado pesos inúteis uma vida inteira. Contas pagas, papéis reciclados, propaganda de cabaré no centro do Rio. Minha pasta parece fazer parte de mim. Durante muitos anos, usei uma pochete. Até descobrir através da Revista Playboy, que as pochetes são as coisas mais cafonas que um sujeito pode usar. O segundo lugar era manter os plásticos do carro zero pra dizer que é novo, coisa que eu também fiz por algum tempo.
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Mas o peso vai tendo um impacto cada vez mais relevante com a velhice. Hoje na barca fui do lado duma menina, estudante de medicina provavelmente, de posse do livro Histologia Básica, de Carneiro e Juqueira. Velhos tempos! O maior peso inútil que eu carrego é meu tecido adiposo.

terça-feira, 17 de março de 2009

Essa ciranda quem me deu foi Lia

Minha cota de idas à Barra tem aumentado muito por conta das aulas e das reuniões. Hoje foi uma ida especialmente prazeirosa. Aproveitamos o gargalo de hora e meia de engarrafamento para conversar sobre trabalho e falar da vida dos outros. Já disse que faz parte da nossa rotina de trabalho, a boa conversa. Foi o que fizemos hoje engarrafados do Pontal ao Leme.
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Botei pra tocar o disco de cirandas de Lia do Itamaracá na volta. Lógico que ninguém prestou atenção. Mas deu pra perceber , entre uma conversa e outra, que o disco é bom. Lia adquiriu uma voz clementínica. E a cozinha parece muito bem feita.
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Voltei da Barra e comecei a preparar um trabalho sintonizado no Itunes daqui. De repente, Pereio começa a recitar A mesa de Drummond. Hora de parar tudo por 12 minutos e ouvir e chorar pela não sei quantocentésima vez!
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Cheguei em casa continuei trabalhando. Esse estudo sobre terapia baseada em metas em sepse grave é uma cachaça. Hoje em dia, a evidência tem me dado tanto prazer quanto a música ou a literatura.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Desmemória

Luisa tem uma curiosidade infinita por filigranas. - Pai, por que o raio é assim, por que o trovão é assado? Coisas que efetivamente, eu não faço a menor idéia e vou tentando responder, mas na maior parte das vezes fico com aquela cara de quem não faz a menor idéia.
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Algumas atribuições que eram minhas aqui na empresa, eu deleguei pra outros colegas e absorvi outras. Por isso, alguém liga e pergunta : - Dr, a gente paga a taxa de repimboca da parafuseta. - Não sei, minha filha, pergunta pra Renatinha!
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Ultimamente quanto mais leio, menos sei. O buraco vai ficando cada vez mais fundo e deve ter um limite para acumular conhecimento. O pior efeito colateral do aprendizado é a ignorância.
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Isso tudo é pra contar que essa madrugada acordei às quatro e doze de um sonho estranho, que pode ter sido também efeito colateral do Como se tornar um milionário. Alguém fazia-me perguntas cada vez mais difíceis e eu ia virando barata a cada embaraço. E aquilo ia dando uma angústia sufocante até que determinei que deveria acordar e tomar um copo d'água gelado. O impacto foi tão desconfortável que achei melhor não voltar pra cama. Liguei o note. e só voltei pro quarto quando tive a certeza de que aquele sonho já tinha acabado.
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Coloquei os e-mails em dia, participei de duas reuniões, terminei um estudo de evidência, limpei a caixa de mensagens, acertei alguns pontos com Ronaldo, fui ao terapeuta, subi de escada aqui em casa, defeito no elevador. Segunda bombando!
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Ando tão desmemoriado que esqueci do aniversário da Pepininha ontem. Faço um esforço enorme para esquecer o meu e viver todos os dias como se fossem especiais ou não. Os dias são apenas dias. Mas essa foi imperdoável. Mil desculpas, Pepininha! Que seu domingo tenha sido abençoado a boa música, ótimas companhias e gols de Fred.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Atualizações

Já li na revista Management, um artigo sobre a importância de se tirar férias para o funcionário e para a empresa. Também aprendi no terceiro ano de medicina quando fui para o Hospital do Andaraí dar plantão que NINGUÉM É INSUBSTITUIVEL.
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Pois bem. Tento me confortar com esses e outros. Mas a verdade mesmo é que Sandra Carreirinha faz uma falta danada! Ainda que só a veja ali fazendo seu trabalho com o Professor, ou que só a cumprimente ou que nem isso, sinto muito a falta dela. Sinto falta de vê-la do outro lado do vidro.
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Segunda então nem se fala, que Renatinha e Longarino não estão lá. Fazer o que?
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Eu vi Como se tornar um milionário. É bom, mas não achei essa coca-cola toda não (Sorry, Camila!, mas esse nem com a Viuvinha!). 1,5A. Até agora dos que vi, daria o Oscar para Benjamin Button.
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O fim de semana foi algo próximo do perfeito. No sábado ainda fomos abençoados a um temporal da peste em Miracema e ficamos os quatro (eu, Lau, Lu e Chicó) passeando de carro enquanto a chuva passava. Vocês não vão entender, mas é muito bom passear de carro enquanto chove.
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Laura herdou da mãe a demora interminável para se aprontar. Quando a gente acha que vai, é que ela esta apenas começando. Sou um sujeito paciente. Já fui muito pior. Era dado a ataques de pelanca com os atrasos correntes de quem quer que fosse. Hoje não me queixo. Mesmo assim, elas reclamam. Mulheres!!!!
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Assisti com elas Apenas uma vez, uma história de um amor que tem tudo pra se realizar e não chega a lugar nenhum. Às favas com a ética! Aquele filme bem que merecia um happy end caudaloso.
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Viajei bem de volta e fui novamente abençoado com chuva forte quando baixei na Washinton Luiz. E vim a tempo de ver a bela estréia de Fred no Fluminense.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Noite de hotel

Noite de hotel a um continua sendo um saco. Mesmo num hotel 5 estrelas. A TV nunca passa nada que preste e fico ali com o dedo apertando o controle remoto sem rumo certo. A falta da minha caminha, do meu banheiro e até do meu ar barulhento incomodam.
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O Hotel Paulista Plaza é um duplo A com louvor. O louvor se deve a estar localizado exatamente em frente à Rubayat, onde me afoguei no recomendadíssimo bufê Mediterrâneo.
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Fui a São Paulo participar de uma discussão sobre materiais de alto custo. Comigo estavam dois gerentes de Hospitais Top de São Paulo. Dá pra notar que a preocupação com boa prática e custo está sendo tratada com o devido respeito que merece pelos hospitais (pelo menos na demonstração apresentada). O Hospital S. contratou uma empresa que possui um software especializado em fazer cotações de materiais de alto custo. O Hospital E. tem usado protocolos e padronizações que priorizam a boa prática médica e a otimização dos custos.
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A preocupação dos hospitais com padronização demonstra que o desgaste causado pela exploração da indústria só vai ter resultado quando todos os players estiverem antenados.
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Aqui no Rio a situação não é bem assim. A procura em fundamentar parcerias é muito menor e ainda impera o absurdo quanto maior o custo, maior o resultado.
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O site www.emdiacomacidadania.com.br está lançando a campanha "Então, me excomungue " na rede. Essa atitude da igreja católica só fez aumentar e ganhar força a campanha para legalização do aborto no país
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Raul Quadros está disputando o título de pior comentarista esportivo do país com Junior, Falcão e outros menos votados. Saudades de João Saldanha, Afonso Soares e Luiz Mendes, o comentarista da palavra fácil. Palavra fácil hoje, só se ligar no mudo!

terça-feira, 10 de março de 2009

Essa merece um post


Andei revendo as fotos de Ajuda e essa foi a primeira que me comoveu. Era pra dar destaque à camisa do Fluminense.
Hoje ao rever as fotos, percebo que é o que menos importa no cenário. É o pai apaixonado, a filha linda e o Oceano Atlântico que contam!

domingo, 8 de março de 2009

Socorro, eu não estou sentindo nada!!!!!!!!!!!!!!!!

Estou sentindo falta da minha solitude. Não essa de domingo o dia inteiro vendo filmes, ouvindo música, lendo, mas aquela de ficar o domingo inteiro vendo filmes, ouvindo música e lendo. Meu pobre leitor intuirá que estou doido. Explico melhor.
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Andei muito bem acompanhado nos últimos tempos nos fins de semana. Nos dias úteis, estou sempre bem acompanhado dos amigos que trabalham comigo. De forma que já vinha sentindo uma falta danada do meu ócio domingueiro, de passar o dia escolhendo música pruma canção de afeto e outras maneiras mais higiênicas de coçar o saco com prazer. Mas o que vejo no espelho é um cara chato de poucos dentes falando consigo mesmo: cadê minhas meninas? Meu menino, cadê? Onde anda aquele egoismo gostoso de poder qualquer coisa no vazio?
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Aqui no Ingá só tem dois programas: A Locadora Cahu Vídeos e a Casas Sendas. Na locadora, tem uma gordinha que vive me dando conselhos arretados. Nas Sendas, Biscoitos wafer limão e sorvete. Só! E um Sol de rachar pra acompanhar o sujeito.
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Estou em litígio com o ar do meu quarto. Acho que vou me enfiar na geladeira!
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O Globo de domingo tem Xexéo, Veríssimo, Ubaldo, Calazans, blá, blá blá. Meia hora de leitura bem lida. Que é que eu faço com as outras vinte e três e meia?
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Resolvi ver um dos 527 filmes que estão a espera de oportunidade. Fui lá fundo nas minhas melhores espectativas. Escolhi Milos Formam, Sombras de Goya. Para um Milos Formam, digo alguém que fez Um estranho no ninho, Hair e Amadeus, Sombras de Goya é apenas médio. 1A!
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Arrisquei um capítulo na tv da quinta temporada de House. Continua bom. Pro meu gosto duvidoso, continua bom.
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E claro, tem o indefectível jogo do Fluminense às 18h. Esse é o meu domingo pleno. De vazios!
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NB: Renatinha, o ibuprofeno foi batata!

sexta-feira, 6 de março de 2009

Um beijo na Virgínia

"Eu vim aqui prestar contas
De poucos acertos
De erros sem fim.
Eu tropecei tanto, às tontas,
Que acabei chegando
No fundo de mim.

O filme da vida
Não quer despedida
E me indica, acha a saída
E pede socorro onde a lua
Encanta o alto do morro
E gane que nem cachorro
Correndo atrás do momento que foi vivido

Venha de onde vier
Ninguém lembra porque quer
Eu beijo na boca de hoje
As lágrimas de outra mulher

Cinquenta anos são bodas de sangue
Casei com a inconstância e prazer,
Perdôo a todos, não peço desculpas
Foi isso que eu quis viver

Acolho o futuro de braços abertos
Citando Cartola: "Eu fiz o que pude"
Aos cinquenta anos, insisto na juventude!"

Aldir Blanc

O caso de amor de Chicó com minhas tias

O menino veio passar a semana pós carnaval comigo, mas resolveu morar com minhas tias. Minhas tias assumiram a função oficial de anjos da guarda da Familia Freitas há muitos anos. Estão sempre dispostas a ajudar no que for preciso. E por esses dias, assumiram a guarda do Chicó. Não sei o que andaram fazendo, que o menino não quer mais sair de lá. Já me mandou bilhetes pedindo que o levasse.
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Papagaio quando anda de lado, avalia, já dizia Manoel de Barros. Chicó é assim quando quer alguma coisa e acha que pode não ganhar. Fica andando de lado, cubando. Manda bilhetes. Papai, posso ir na minha tia amanhã? Pode, Chicó, pode!
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O arcebispo de Olinda escomungou a equipe médica que fez o aborto da menina de 9 anos que engravidou por estupro. A mãe da menina também foi escomungada. Há quantas anda a igreja católica com essas sandices?
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Enquanto isso, Ruth de Aquino, na Época, dá conta de que o Brasil vai abrir quatro novas embaixadas em quatro micro-ilhas no Caribe, uma delas com trinta e nove mil habitantes (menos que Miracema) ao custo módico de um milhão de dólares/ano e ninguém vai ser excomungado.
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Não é novidade no futebol. O time vai mal, o técnico é demitido. Mas Renê Simões está longe de ser um mau técnico. Ao contrário, tirou o time do degredo ano passado. Torcia por ele. Mas a mão que afaga, é a mesma que apedreja. Principalmente no ambiente pebolístico.

quinta-feira, 5 de março de 2009

A náusea
















A febre, a mialgia, a possibilidade da mãe das meninas viajar com elas para Campos logo no dia que eu vou estar lá, o final depressivo da primeira temporada de Mad Men e esse calor insuportável, minaram meu bom humor e minha vontade de escrever ontem. Fiquei ali flanando entre não ter nada e nada ter. É a pior das horas. As coisas vão perdendo o sentido e dá ânsia de vômito. Mas é só ânsia, porque talvez se vomitasse, poderia levar um pouco desse fel.
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Jon Hamm construiu um Don Draper cirúrgico, preciso e ao mesmo tempo atormentado em Mad Men. O desfecho com dois finais alternativos em que o primeiro era apenas produto da imaginação de Draper foi perfeito.

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Não há gripe que me impeça de estar bem em dias de reunião da Câmara Técnica de Medicina Baseada em Evidências. Uso o resto de mim que não se esgotou. Hoje não foi diferente dos outros dias.
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Depois da reunião, pareço um caco flutuando até a Cantareira. Mais náusea.

terça-feira, 3 de março de 2009

Mamãe eu quero

Sam Shepard é um dos meus autores de cabeceira. Já li e reli suas Crônicas de Motel. Como ator, Sam nunca justificou o autor que é. Nem vai pela atuação, é pelos filmes medíocres que ele escolhe. Perdi um tempo definitivo vendo esse Sem Defesa. Peguei por causa de Shepard. Pura perda de tempo!
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A gripe tomou conta de vez. E o calor do Rio está proibitivo. Hoje vieram me perguntar como é que eu passo 7 dias na Bahia e volto branquelo do mesmo jeito. É fácil: bloqueador, camisa, boné e sombra.
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Meus primeiros aprendizados em cirurgia vascular dão me conta da lesão "mamãe eu quero". Trata-se do aneurisma solitário, em local propício para procedimento endovascular e complicação zero em paciente de baixo risco cirúrgico.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Ronca o bizouro na fulô

Voltemos a Arraial da Ajuda : uma grata surpresa da viagem, dessas de ficar bo-qui-a-ber-to: o disco de Geraldo Maia, Sambas de São João, de 2007. Belíssimo! Feito a partir do livro Pernambucanos no disco, do jornalista Renato Phaelante, Geraldo pinça rarezas de Capiba, Meira, Luperce e outros pernambucanos. O disco é muito comovente e deveria ser ouvido nas escolas como aula de boa música. Lindo esse Ronca o bisouro na fulô, de João Pernambuco, que abre o disco. Pernambuco tem um pé firme no samba e no choro. Quando fui a Recife alguns anos atrás, Maciel Melo levou-me às rodas de choro do velho Recife, onde pude assistir, dentre outros, o cavaquinista Jacaré e a cantora Dalva Torres. Conheci Geraldo da série de discos de frevo Asas da América. Depois sumiu. Agora soube que já lançou outros discos. Aqui no Rio, é impossível encontrar, mas vou procurar.
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Os scores dos hotéis: a pousada Aquarius é um duplo A: quarto amplo, perde um pouco no banheiro, café excelente, serviço de atendimento de primeira, wireless e o principal: perto de tudo em Ajuda. O Hotel Conceição em Linhares é um 1 A, talhado para paragens de famílias com criança vindo da Bahia e indo para o Rio. Tem boliche, cinema (as crianças viram Se eu fosse você 2), boa comida e boas acomodações. Internet a cabo nos trinques
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A segunda feira foi calma e rendeu muito bem, no que pese a) a ausência de Sandra, Renata e Longarino, e b) uma gripe importada de Ajuda que está fazendo miséria com minha musculatura.

Onde comer bem no Centro do Rio

O tempo tem mostrado que comer no Centro do Rio é tarefa cada vez mais complicada. Ando limitado aos restaurantes antigos que como há mais d...