segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Dó das estrelas

Tenho dó das estrelas
Luzindo há tanto tempo,
Há tanto tempo…
Tenho dó delas.

Não haverá um cansaço
Das coisas,
De todas as coisas
Como das pernas ou de um braço?

Um cansaço de existir,
De ser,
Só de ser,
O ser triste brilhar ou sorrir…

Não haverá, enfim,
Para as coisas que são,
Não morte, mas sim
Uma outra espécie de fim,
Ou uma grande razão –
Qualquer coisa assim
Como um perdão?

Pessoa/Wisnik, ouça com Jussara Silveira e morra um pouco cada vez

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Asa partida


"Quando eu não tinha o olhar lacrimoso,
que hoje eu trago e tenho.
Quando adoçava meu pranto e meu sono,
no bagaço de cana do engenho.
Quando eu ganhava esse mundo de meu Deus,
fazendo eu mesmo o meu caminho,
por entre as fileiras do milho verde
que ondeiam, com saudade do verde marinho:

Eu era alegre como um rio,
um bicho, um bando de pardais;
Como um galo, quando havia...
quando havia galos, noites e quintais.
Mas veio o tempo negro e a força, fez comigo
o mal que a força sempre faz.
Não sou feliz, mas não sou mudo:
hoje eu canto muito mais."

Belchior
Já passa do meio do ano e eu ainda não escrevi sobre discos. Quando criei esse blog, um dos objetivos era aborrecer meus três leitores com as canções que ouço todo dia. Assim, tinha pronto em minha cabeça um texto sobre o disco de Siba, um sobre o de Moisés Marques, mas acabou não vingando. Fica no entanto, a recomendação. 
Mas há um disco que já passou para o estado de longa permanência no Ipod. Como já sabemos, ouço música no trajeto entre a Praça Araribóia e a  XV, atravessando a Baía. Meu shuffle só tem 1 gb, de forma que só entram os discos mais novos. Os que permanecem mais tempo concorrem aos cinco melhores do ano. Ano passado por exemplo, fiquei com a trilha de Boardwalk Empire por 8 meses no ouvido. Gostei tanto que pedi ao Lugarinho que me trouxesse o disco físico, que nunca saiu nessas plagas. Ele foi muito gentil. Como sempre. 
O disco a que me refiro chama-se Janelas do Brasil. A cantora é Amelinha. Os que habitaram os anos 80 vão se lembrar de Amelinha e seu Frevo mulher, a canção de Zé Ramalho que estourou no final dos 70, início dos 80. Tudo que eu gosto de música hoje deve um pouco àqueles tempos. E ouvir Amelinha cantar Asa partida ou Galos, noites e quintais, do jeito carinhoso que ela trata dessas canções, não dá pra escapar uma contra-lágrima no olho esquerdo. Ainda mais depois desses tempos negros que vieram.  

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