segunda-feira, 6 de abril de 2015

Atenção senhores passageiros

Acordo.
O motorista do taxi manda um bom dia. Quase respondo: dependo da Gol, do Santos Dumont e de Congonhas para que seja bom o meu dia. Também dependo do trânsito em São Paulo. Dependo da minha memória frágil, de controlar minha fome, do colírio que esqueci em casa.
No Santos Dumont consigo antecipar duas vezes: no guichê e no embarque. Tudo certo. Lembre-me de mandar uma agenda no final do ano pra essa moça que sempre me atende tão bem no aeroporto.
Ja estou no espaço aéreo escrevendo esse texto.
Quem pode se interessar por essas bobagens? Tenho sido mestre em iniciar longos textos que nunca acabo. E daí?
No espaço aéreo, é Carminho que me salva enquanto escrevo. Depois do ótimo último disco, resolvi colocar a discografia toda para rodar. São três discos especiais que se pode ouvir inúmeras vezes sem
enjoar. É fado muito bem cantado e sofrido.
Não ouço fado nas rádios, não escuto comentários de alcova, mas está em mim como se fosse vivo. Está em mim como se fosse parte. E é mesmo muito bom que seja.
Sinto falta de Luisa. Sinto falta de todos, mas ultimamente a falta de Luisa tem doído mais. Deve ser
porque ela está tão longe de mim. Longe e perto de mim.
Em Congonhas também consigo a proeza da antecipação dupla. Volto no vôo de 17:10.
De novo no espaço aéreo. Leio a Veja e velhos segundos cadernos. Não consigo mais ouvir nada alem do barulho da espaçonave e do ruído das conversas.

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