terça-feira, 11 de abril de 2023

Na vida quem perde um telhado, em troca recebe as estrelas

 


Tive muitas dúvidas antes de sair de casa para ver o jogo. O Flamengo com esse time de estrelas entrou ganhando de dois a zero, o Fluminense com chances enormes de perder novamente, o Fla Flu é sempre um risco (nunca tinha presenciado um ao vivo), o Uber difícil para ir e para voltar (o Uber nunca está onde e quando a gente efetivamente precisa), enfim, tinha todos os motivos para não ir. A coisa piorou muito quando chegamos ao Maracanã e por uma displicência do Uber, que nos deixou num  lugar muito ruim e maior displicência minha, que não olhei para o lado, acabei atropelado por uma moto e lasquei a perna direita. Na hora pensei: é minha chance de voltar para casa.

É impressionante como as pessoas são solidárias quando você passa por um acidente qualquer, Na mesma hora, apareceu uma cadeira e uma pedra de gelo. Essas pequenas alegrias comovem. Saímos dali procurando a entrada leste, que ficava do outro lado de onde o Uber havia nos deixado. Eu com a perna inchada e a pedra de gelo e meu filho ao mesmo tempo preocupado e com medo que eu desistisse. Enfim conseguimos entrar.

A leste é mista, mas como o mando era do Fluminense tinham uns poucos flamenguistas conosco. A maior parte era tricolor gritando a todos pulmões. A torcida foi gigante. Acreditou desde o início que chegaríamos lá. Nós também. Tomamos chuva, ficamos em pé o jogo todo, nada de sair pra mijar, mas saímos dali recompensados e felizes. 

Pequenas alegrias são coisas raras nos dias de hoje, mas são as que mexem com a gente por dentro. Uma amiga que trouxe macarrão de BH, um por do Sol no Caminho Niemeyer, uma ida extemporânea na Beringela aproveitando a hora do almoço, uma nova camisa do time. Vamos vivendo das pequenas coisas.

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O título desse texto é da canção Poeira Leve do Tom Zé.

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