terça-feira, 4 de agosto de 2020

Burn out

A pandemia trouxe com ela uma nova modalidade de trabalho: em casa. 
Alguém pode imaginar que, dentro de casa, trabalhamos com mais calma, podemos desenvolver nosso trabalho e nossos resultados  com mais fluidez e qualidade.
Nem sempre é assim. 
Tenho participado algumas vezes de duas reuniões ao mesmo tempo, fritando o peixe, olhando o gato e o telefone. É algo perturbador. 
E as ferramentas de trabalho - whatsapp, e-mail, ligações, ficaram cada vez mais intensivas, tocando todas muitas vezes ao mesmo tempo e sem limites de horário.
De forma de, de segunda a sexta-feira, sobra muito pouco para a sanidade.
Tenho sentido esses efeitos mais intensos no último mês. 
As coisas pioram muito quando tenho que cumprir meus prazos, como pagar uma conta. Já paguei contas duplicadas, atrasei por esquecimento, transferi dinheiro errado e só venho piorando. 
Além disso, há o tempo de solidão e  vazio que a pandemia trouxe. Tenho sentido falta de, ponhamos assim, tomar uma cerveja no Bunda de Fora. Logo eu, que parei de beber. 
Estar em Miracema melhora um pouco a situação. Tem sempre um amigo por perto, sempre um filho por perto, e tem quem cuide de mim.
E de vez em quando eu pego a reta e caminho até a rodoviária da cidade com um ímpeto de não enlouquecer.
Eu sei que muita gente deve estar passando por isso. Alguns amigos saíram de férias. Estão de férias em casa. Tenho inveja deles. Acho muito difícil que conseguisse fazer dessa forma.
Espero que tenhamos ainda o tempo de rir disso tudo. 
E valorizar cada abraço possível quando for possível um abraço.

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