segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Vê se me esquece

Em respeito ao meu cigarro

À música que toca no carro.

Minha insônia, meu sossego

À minha visão de cego

Minha aversão pelo vinho

Meu gosto de andar sozinho

Em respeito a minha dor

Meu rastro de interior

Minha preguiça para festas

Não obstante as serestas

Em respeito ao meu fado

Meu jeito de andar de lado.

Ao filme que vejo, ao livro que leio

Ao meu poema feio

Aos jogos do Fluminense

Minhas séries de suspense

A todos os meus amigos

Os que ficaram comigo

Ao ar gelado do carro

Camané, Carlos do Carmo

Aquele filme turco de muitas horas

A minha ojeriza por demoras

Meu luto em capítulos longos

Uns quadrados, outros redondos

Minhas canções de afeto

Minha insistência em estar perto

As esquinas que passei

As que simplesmente aceitei

À convivência com meus filhos

Rara, dispersa, fora dos trilhos

Ao que foi feito para não ter fim

E só estava em mim.

Por todo tempo perdido

Por sua falta de apego








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