terça-feira, 22 de agosto de 2023

Ainda há disquerias em Buenos Aires

Viajei com o trabalho de baixo do braço e o trabalho acompanhou-me por todo o percurso. O zap e o e-mail não pararam . Na Rua Florida, em Porto Madero, no Hilton Hotel, em qualquer tempo eu me pegava a olhar o telefone e responder, já com vontade de quebrar aquilo. A viagem não seguia seu ritmo de lazer e repouso. Além disso, tinha um congresso por trás da viagem, que tomou conta do sábado.

Senti falta do meu filho para andar comigo por aquelas lojas, comprei pouco sem ele. Sem ele, achei melhor procurar as lojas de disco. E pasmem, elas existem. Não com a fartura de antigamente, mas existem. Próximo ao Palacio das Papas Fritas, que é sempre minha primeira visita, há várias delas, mas uma em especial, numa esquina da Corrientes, duas quadras após o Palacio, me encantou bastante. Apesar do péssimo atendimento (não nos entendem e não fazem a menor questão de entender), consegui encontrar discos frescos de Silvio Rodrigues, Tabare Leyton, um Serrat e Sabina diferente dos dois já lançados, coletâneas de tango, etc. Apesar do péssimo atendimento, repito, senti que a música está viva ali. Fui também aos dois Ateneus da Florida, e também comprei discos nas duas.

O Pálacio está cada vez mais decadente, mas as papas continuam iguais, e a carne muito boa também. Comi um filé com papas acompanhado de duas pepsis lights, custou 90.000 pesos, cerca de 70 reais. Também comi carne em Porto Madero, na Cabaña de Las Lislas, mas não sei precificar o quanto foi gasto, porque fez parte do evento. O dólar era comprado na Florida por 720 pesos. Cem dólares já eram suficientes para sair rico daquelas casas de câmbio.

Tive medo de perder o vôo da volta porque o check-in simplesmente não abria no dia anterior. Tive que fazê-lo na fila da Gol, mas não teve dificuldade nenhuma. O vôo saiu pontualmente e chegou antes do previsto. 

As voltas me estressam demais. Sempre fico com receio de atrasos, cancelamentos, de perder o passaporte, de me pararem na alfândega. Em geral, isso nunca acontece,  mas é sempre um sofrimento. Quem me acompanha, sabe dos meus abismos.

A estrada serviu para terminar o estupendo Edições Perigosas, de John Dunning. História de livreiros passada em 1986, época em que eu era rato de sebos do centro do Rio. Há muitos trechos que poderia escrever aqui para não esquecer e muitas passagens em que eu me vi ali em Denver. 

Estou alternando ficção e poesia. Antes, li Ninguém quis ver, Bruna Mitrano. A poesia dela é visceral, mas não é exatamente o tipo de poesia que eu goste.

Agora comecei Glauco Matoso, Cem novidades, com seus dissonetos irretocáveis. 

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Queria pedir perdão aos meus leitores botaguenses (total - zero!) pelo texto anterior. Quem viu a virada do Botafogo sobre o Inter, sabe que estamos falando do melhor time do Brasil em atividade, que chegou ao topo por muitos méritos. Pode não se comparar a elencos mais robustos, como Flamengo e Plameiras (e até o Fluminense, por que não?), mas é extremamente bem organizado e sabe jogar bem. 

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