segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Até quem sabe

Nunca mais vai beber minhas lágrimas, não vai não

Me fazer de gato e sapato, não vai mesmo não

Hermínio Belo


Hesitei muitas vezes em voltar àquele sítio. Tinha deixado lá meu carro, minhas roupas, minhas parcas esperanças, meus anos de vida. 

Cada final de semana, eu protelava mais um, até que ontem, naquele dia frio e chuvoso, percebi que já tinha passado da hora. E aí eu fui.

O coração, que se enganou novamente e novamente quis acreditar, batia esquisito, arrítmico, quase falhando. Tentei ser cortês o quanto púde, mas a ferida ainda estava aberta. Ainda latejava. Demora cicatrizar. Acho que não há mais tempo para cicatriz.

Que amor é esse de muitas idas, muitas voltas, que nunca conseguiu se encontrar? Amor de lateralidade, que só coube a mim e a mais ninguém. Quantas dezenas de vezes errei em nome dele?

Saí dali com a voz presa, o dedo anelar amputado, e a sensação de que perdi outra vez, e que o ciclo de perda e ganho tinha finalmente se encerrado. "Até um dia, até talvez, até quem sabe..."

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