domingo, 22 de outubro de 2023

Alone again

Os meninos são um desastre com a casa no fim de semana. É possível que tenham puxado o pai. Não é incomum encontrar, no final do domingo, a pia da cozinha cheia de copos, pratos, talheres e sujeira, o quarto dos dois em frangalhos e a sala cheia de resto de doces, tigelas e outros restos.

Os meninos são um desastre com a casa no fim de semana, mas como fazem falta! Fins de semana sem eles e como este, são verdadeiros abismos. 

A primeira armadilha para o fim de semana solitário é ficar em casa. Comecei a planejar meu fim de semana na sexta. Na sexta decretei que queria ser Carlinhos Lima e olhei o roteiro dos filmes. Meu pai era apaixonado por cinema e ia a Cinelândia de sala em sala toda vez que vinha ao Rio.

Comecei na sexta mesmo com O protetor 3. O filme é longe o pior dos protetores. Perdi a matança inicial porque confundi no início do horário da sessão e passei na Americanas para comprar chocolate e água. Uma passada na Americanas é essencial para quem não gosta de pipocas e voltarei a comentar sobre o assunto no final. O filme é caricato, abusa da violência e Denzel Washington que reputo como um dos grandes atores da minha geração, virou um canastrão. Nem a belíssima Sicília como cenário salva o filme.

Sábado teve sessão dupla na Reserva Cultural. Adoro o espaço, mas não tenho frequentado ultimamente. Os cinemas são pequenos e aconchegantes, as poltronas confortáveis, o som muito bom. Fiquei triste porque a Livraria Blooks fechou. A Blooks era ampla e refrigerada e ótima para espiar e comprar livros e discos. Era parte do motivo pelo qual íamos a Reserva.

Comecei assistindo Meu nome é Gal. O filme não é mais do que um média metragem com Gal muito bem interpretada por Sophie Charlotte, que atua, canta e dubla muito bem. Mas só pega os primeiros anos, deixando a impressão de que terá uma continuação. Vale mais como um documentário sobre a repressão militar, com boas atuações dos atores que interpretaram Caetano, Gil, Torquato e principalmente, Guilherme Araújo.

Na sequência de Gal, vi Assassinos da rua das flores, novo filme de Scorcese. É muito bom ver Scorcese, De Niro e Di Caprio trabalhando juntos novamente. Eles fazem um filme de mais de 3 horas passar mais rápido do que médias metragens  entediantes (e nem estou falando de Meu nome é Gal). A tragédia dos índios Osage e a criação do FBI é filme para muitos Oscars.

Em casa, assisti (de novo), Melhor é impossível (disponível no Prime). Jack Nicholson caricato e brilhante merece ser visto muitas vezes. E leio, com enorme prazer, Tempos vividos, sonhados e perdidos, do craque do futebol e da crônica Tostão. O Mário era apaixonado na escrita do Tostão, eu achava meio chato. Hoje abro a Folha primeiro para ler o Tostão.

E hoje ainda tem Elis e Tom na Reserva.

Sobre nossas idas ao cinema em família, as crianças adoravam pipoca, mas o meu lado sovina achava um absurdo aquela pipoca de cinema. Eu sempre argumentava que se podia comprar quilos de milho de pipoca. Foi daí que nasceu a história da passadinha na Americanas. O mais que comprássemos não chegava perto da pipoca no Cinemark. Virou hábito. Hoje só o Lucas faz questão da pipoca no cinema. Tem muito filme que ele dá mais importância à pipoca do que ao filme.

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Elis e Tom é um excepcional documentário sobre a criação de um dos discos mais emblemáticos da música popular brasileira. Devia passar nas escolas.

Em três dias, fui mais ao cinema do que no ano todo. E adorei voltar ao Reserva, mas achei tudo muito vazio. Espero que não esmoreça.



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