quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Ao menor sinal de amor sincero eu já fico bem



Na corrida para fechar o ano como disco mais ouvido de 2021, Celso Viáfora sobra na frente. Um senhor disco de inéditas, numa época em que há pobreza de inéditos e que preferimos ouvir os discos revisionais. Já decorei a sequência, que parece contar uma história, que cada canção tem um aprendizado embutido. Arranjos simples, a sutil participação de Patrícia Bastos (que também deu as caras no novo de Luiz Tatit), não há concessões, mas sim poesia seca e canção diversa. E é apenas o décimo disco do Celso. Poderia lançar um por ano.

O último disco de Carlos do Carmo, fadista falecido em primeiro de janeiro, que se chama E ainda..., foi o grande disco de fado desse ano. Poemas de Herberto Helder, José Saramago, Sophia de Mello Breiner viraram fados lindíssimos.

Meus ouvidos ficaram muito felizes já agora no final do ano com o disco novo de Céu, Um gosto de Sol. Um disco de intérprete em que a cantora, que já tinha lançado um bom disco no início do ano (acústico) soube juntar Ismael Silva com Morris Albert, por mais estranho que pareça. E deu vida nova a velhas canções como Teimosa, Chega mais, Pode esperar e a faixa título.

Luiz Tatit e Dante Ozzetti não precisaram de muito para fazer um disco ótimo de ouvir, Abre a cortina. O disco abre com Ao menor sinal, que é daquelas canções que grudam e fazem o dedo nervoso voltar muitas vezes. Depois fica mais intimista, mas nunca perde o pique.

Nana Tom Vinicius provavelmente é do final de 2020, mas não dá para deixar passar, pois foi ouvido mesmo esse ano. É possível reinventar canções de Tom e Vinicius gravadas centenas de vezes por outros intérpretes e não soar repetitivo? Só Nana Caymmi pode conseguir essa proeza. É daqueles que classifico como obrigatório.

Finalmente esse Aldir inédito, que faz a ponte entre Aldir e Noel, numa versão antológica do ültimo desejo (Outro último desejo), só para citar uma das grandes canções do disco. Deve ter mais Aldir perdido por aí, vamos garimpar. A poesia dele faz muito bem ao coração.

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Devorando Paulina Chiziane, a ganhadora do Prêmio Camões de literatura. A escritora tem uma ligação forte com a literatura de Maria Valéria Resende. Estou lendo Niketche (Uma história de poligamia) e O alegre canto da perdiz (no kindle). De vez em quando rola uma lágrima no olho vazado. Aldir também sabe produzir esse efeito lacrimoso.

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