sábado, 20 de novembro de 2021

Sábado no Ingá

 "Só se está só ou acompanhado dentro de si mesmo. Estou muito só hoje. Duas ou três lembranças, que me fizeram companhia desde segunda-feira. eu já gastei. Não creio que amanhã aconteça alguma coisa de melhor."

Do Diário de Antonio Maria


Para um sujeito abstêmio que praticamente se casou com o trabalho, sábados e domingos são terríveis. Principalmente quando a lombar decide agudizar. Não há posição que sustente. 

Tento rebater com música. Ainda não ouvi  com a devida atenção, o novo do Camané, Horas Vazias. Faz me companhia agora. Os mesmos fados bons de ouvir. Camané trouxe o fado de vez para minha vida. Infinito Presente, Sempre de mim, e o disco em que ele canta Alfredo Marceneiro foram ouvidos milhares de vezes, e continuarão sendo. Estão em todas as canções de afeto.

Sinto falta da minha cidade, da minha casa, do meu quarto. Passei a pandemia trabalhando online, uma experiência intensa e inovadora. Da minha casa, conseguia estar em São Paulo e no Rio ou em qualquer lugar ao mesmo tempo. Era assim mesmo, do meu canto para o Mundo. Agora tudo se foi, estou de volta a minha casa que não é minha, e nem é meu esse lugar, sáo para citar Fernando Brandt.

Não posso ser injusto com a cidade, que me acolheu por tantos anos, mas isso aqui tem um sabor amargo das coisas que já passaram. Quando estou aqui, sinto que passei com elas.

Hoje talvez eu retorne à Reserva para ver um filme qualquer. Talvez vá ver Noite passada em Soho. Depois eu conto.

Preciso sair desse período de incubação em que me encontro. Camané vai me ajudando com seus fados corridos. Escrever nunca é fácil. Às vezes sai na urina. Às vezes é pedra.

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