amor é tudo que nós dissemos
que não era
"Esse menino crescido
Que tem o peito ferido
Ainda vivo, não morreu"
Torquato Neto
Foi no início dos anos 80, quando eu queria saber bem mais do que meus vinte e poucos anos, que comecei a ler os autores visceralistas. Visceralista é um termo cunhado por Roberto Bolaño no livro Detetives Selvagens, para nominar os poetas que escreviam com as vísceras. Acabei estendendo o conceito para outros escritores.
Esses livros vieram pelas mãos de um amigo mineiro que morava comigo e tinha uma disciplina rígida para leitura. Tentei imitá-lo na época, mas sou muito desorganizado e acabo por abandonar livros pela metade ou deixá-los no plástico para quem sabe um dia. Não importa, desarrumado ou não, é bom saber que eles estão lá.
Esses livros em geral eram publicados pela Editora Brasiliense, em geral eram traduzidos por Paulo Leminski ou do próprio Leminski, cujos poemas já eram extraordinários
Mas tudo começou com Charles Bukowski. Seus romances semi autorais, de palavreado xulo e ao mesmo tempo sublime, fizeram a cabeça do menino acostumado com Machado, Vinícius, Cecília, Cabral, Pessoa e Bandeira. Foi nessa época que eu li, de um átimo, Misto quente, Factotum, Cartas na rua e Mulheres. Com o tempo li muitos outros, mas nunca tive o mesmo entusiasmo dos quatro primeiros.
Li os beatniks Jack Kerouac, Allen Ginsberg e Willian Burrougs. Gostei mais do terceiro do que dos dois, mas nenhum me entusiasmou tanto quanto Bukowski.
Depois vieram John Fante e Salinger. O apanhador no campo de centeio estreitou a minha geração com a de Salinger, vi muitas semelhanças ali. Pergunte ao pó, de Fante, também já foi lido e relido. Embora não tenha tempo, adoro reler meus livros, rever filmes e séries. Um livro nunca é lido da mesma maneira duas vezes.
Foram esses autores que me levaram aos brasileiros Sérgio Santanna, Ruben Fonseca, Carlos Heitor Cony. Para as mais íntimas, adoro ler o homem mulher, de Sérgio Santana, título desse texto.
E (quem sabe influenciado pelo encanto de tudo que li), estou lendo Dorrit Harazim, o instante certo. Nossa melhor cronista fala sobre as fotos marcantes da humanidade, como essa aí de cima.
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