quinta-feira, 31 de maio de 2018

Não sei o que meu corpo habita nessas noites quentes de verão





Fui a Baltimore. Um dos motivos extraordinários foi conhecer a Barnes e Noble de lá. Que decepção! Parece mais uma Saraiva compungida. Os livros e discos estão mesmo em extinção. 
Saudade das lojas europeias, mesmo a FNAC portuguesa. Saudade da Loja Tango da Lavale. Da Arlequim do Paço. Da Passadiscos em Recife. Por favor, sobrevivam. Por mim, sobrevivam. Por Luisa, que ainda está em seus anos 20, sobrevivam. Pelo Flávio Almeida, pelo Jader, pela Marila, sobrevivam, velhas lojas de disco. Encarquilhadas lojas de disco com seu cheiro típico de boa música.

E ontem fui ver Edson Cordeiro no Teatro NET, o Tereza Raquel. O Terezão também levou uma pequena parte da minha história. Foi lá que vi Gal pela primeira vez, e o Língua de Trapo, quando ainda gargalhava de verdade  E vi Vitor Ramil com Luisa.

Vi Edson iniciar sua carreira no início dos anos 90 num show maravilhoso no Teatro Rival (por favor Rival, sobreviva!). Na época, o Rival tinha matinée e soirée. Então vimos Ângela Ro Ro brilhar na preliminar, e Edson fechar com um show lisérgico, acompanhado com brilho pelo baixo de Jorge Oscar e pelo violão de Tuco Marcondes. Era uma música incendiária.
Começava com Creole love call, do Duke, num voz e baixo que arrepiava, já estávamos embriagados do show anterior, ficamos chapados. embasbacados com Edson Cordeiro. 
Poderia falar horas desse show, da Seguidilha para violão e voz, da perfeita combinação do cantor com os músicos, mas minha lembrança mais forte foi quando Edson cantou Down em mim do Cazuza. Aquilo era, sim, a igreja de todos os bêbados.

O Edson Cordeiro que vi ontem é absolutamente diferente daquele do Rival.
A voz educada, bem empostada, às vezes emotiva, enumerava os fados com absoluta correção de um contratenor. E só.
Depois de seis ou sete canções, pensei comigo mesmo que o disco falou muito mais ao coração. O disco das lojas que estão indo embora.

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