sábado, 28 de maio de 2022

Vazio

Hoje o dia parece estar com defeito. Já fiz muito nesse sábado frio e morno, mas nada fiz. Um acelerômetro de idéias deixou-me aceso no fim da tarde e eu vim aqui para o teclado tentar decifrar. Talvez não saia nada, é bem provável que saia mais um texto ruim. 

Ao mundaréu de coisas inúteis desse dia, incluiram-se a tentativa de encontrar uma boa série, assistir à final da champions, perder a última oportunidade de comprar aquele moletom que eu queria e me acompanhar ao violão com minha voz sumindo. Faltou coragem pra comprar o moletom, desisti das séries que comecei a ver e pra terminar, minha voz está cada vez mais longe do meu violão. Sei que estou escrevendo duas vezes a mesma coisa, mas esse blog é o campeão da redundância. Outro campeão de hoje, o Real Madri contou com minha torcida só nos primeiros 15 minutos. Depois torci para o Liverpool e perdi novamente. 

De manhã, adquiri a mídia do disco novo da Mônica e do Dori - Canto Sedutor. O disco entrega tudo que promete, desde canções inéditas a relíquias como História antiga e Desenredo. Não poderia esperar mais do que ouvi, por tudo que já ouvi dois dois. Já os colocava entre os 6 ou 13 melhores que aprendi a gostar sozinho. Em dupla , só fizeram realçar a excelência.

Adoro estar com meus filhos, mas hoje não sei se estou sendo um bom pai. Fiz com eles o ritual de todo sábado: shopping, parquinho, almoço, lojas, uno. Mais do mesmo.

No fim do dia, fiquei tomado pela ideia de ir ao Campo de São Bento amanhã com eles de manhã e fugir um pouco das rotina dos finais de semana. Talvez eu salve o domingo, porque o sábado já se perdeu nos vazios.

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Sem concessões

"A primeira coca-cola foi, me lembro bem agora

Nas asas da Panair"


Monica Salmaso e André Mehmari repassaram a obra de Milton Nascimento no Teatro Riachuelo num show seco e sem obviedades, algo de sublime.  Acredito que a única música cantada entre as mais conhecidas do repertório do compositor, foi Paula e Bebeto, apresentada ao final em dueto de voz e marimba. A marimba foi um achado que só fez realçar a beleza do espetáculo.

Levei meu filho comigo. O menino não teve a oportunidade que eu tive de acompanhar a carreira do Milton . Nunca é tarde para começar, mas concordo que deve ter sido um começo difícil para ele. Quando abriram o show com Noites do sertão, canção bissexta do álbum Encontros e despedidas, já foi possível perceber que a seleção fugiria do mesmo. E a sombra de Guimarães Rosa estava ali fazendo companhia aos dois em Noites do Sertão, A terceira margem do rio e no texto que Monica leu.
Para escolha do repertório, acredito que eles fizeram o mesmo trajeto que eu fiz e a música do Milton deve ter crescido com eles do mesmo jeito que cresceu comigo. Eu não teria feito um roteiro mais adequado.
A maior parte das canções veio do Clube de Esquina 2. Não gosto muito de listas, mas posso afirmar que foi o disco do Milton que mais ouvi, provavelmente só comparável ao Milagre dos Peixes ao vivo em número de audições. Do Clube 2, foram irrepreensivelmente selecionadas Credo, Paixão e fé, Casamiento de negros e Canção amiga (linda demais como os dois).
Paixão e fé tem uma qualquer coisa que mexe com meu ateu comovido. Quando ela abriu as mãos e cantou Velejar, velejei..., foi inevitável não esboçar uma lágrima seca e lembrar de minha mãe.
Também teve Milagre dos peixes, Morro velho (tive um amigo mineiro que era apaixonado nessa), Saudades dos aviões da Panair, manifestações anti Bolsonaro e um bis apoteótico com duas canções de Caymmi - Canoeiro e Acalanto. Ninguém saiu dali sem dar uma palinha no boi boi boi, boi da cara preta....

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Por pouco não fui. Por vários motivos. Estava indisposto, Chicó atrasou pra chegar, o Uber demorou demais (para ir e para voltar). Mas valeu muito
Chegamos em casa a tempo de ver a goleada inútil de 10 a 1 do Fluminense em cima do Oriente Petroleiro.
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Morreu César Costa Filho. Entre as canções do seu repertório, teve uma que foi muito tocada pela velha guarda miracemense do samba: Dose pra leão. Na época a gente acreditava que fosse da autoria do Jadim. mas era do César. Vai ficar pra sempre.

terça-feira, 3 de maio de 2022

Uma estupidez


Há pessoas que você vê e diz

Só no vaso sanitário, aquele ali é feliz

Abel Silva

De volta ao problema - TENTATIVA E ERRO:

Não vale a pena(!), já me disse isso umas centenas de vezes e para cada uma delas, errei de novo. Possivelmente errarei outras vezes. Possivelmente deixarei os parentes e os amigos mais próximos estarrecidos, como já deixei. Possivelmente enfiarei os pés pelas mãos e sairei envergonhado de mim.

Será o amor? Que coisa mais duradoura é essa que adoece e não cura? Que quantidade de erros bizarros revidados com outros erros mais bizarros ainda? Eu tenho aprendido que a palavra amor pede cuidado. Cuidado no sentido de cuidar um do outro. Antes do sexo bom, do conforto familiar, da perspectiva de ajuda mútua, das viagens internacionais, há o cuidado. É simples como o Peninha: "Quando a gente gosta, é claro que a gente cuida." 

E ali não há o cuidado, nem nunca houve. Houve sim. Lá bem no início, quando até o ar refrigerado do carro era mais frio porque estava calor lá fora, quando nos amávamos ouvindo Chavela Vargas, quando minha cidade estava perto. O amor adorava um cinema, um jantar à luz de velas, flores. 

De uns tempos pra cá, continuei mandando flores, mas percebi que o amor era um processo uni lateral. O amor era o que estava guardado em mim e eu brigava por ele. Queria demais o amor. Mas ele já tinha batido em retirada com seus desafetos. 

Mas se não foi o amor, não teria sido a vontade de aprender com os erros e não repeti-los? Não. Os erros foram se atropelando em duas semanas de convivência e promessas recíprocas. Uma sequência estúpida de erros repetidos à exaustão ao longo dos anos. Estavam todos ali vivos como feridas que não fecham nunca.

TENTATIVA E ERRO - E agora começa de novo aquele luto que tanto incomodou e que já estava indo embora. Não há muito o que fazer. O jeito é esperar que outros erros não aconteçam


Travado

"Diferente o samba fica Sem ter a triste cuíca que gemia como um boi A Zizica está sorrindo Esconderam o Laurindo Mas não se sabe onde ...