terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Empadas


Esse pequeno tempo de "férias" em Miracema tem reservado gratas surpresas, e também boas lembranças de tempos ruins. 

Pequenas sim, são só dez dias. Restritas também porque não consigo me livrar de responder e-mail, participar de reuniões, atender o telefone. O inferno só abranda quando viajo para fora do país. Férias em Miracema é home office.

Ainda assim, é possível um convívio mais estreito com Lucas, Chicote e Luisa. E uma agenda meio calórica mas aproveitando todo tempo possível juntos. Pra ver os jogos do Fluminense, comer uma dezena de pizzas no Mulambo, passar os finais de tarde no Le Jardan, experimentar o podrão que está na moda aqui.

Nesse último sábado, dia 21 de janeiro, fizemos o primeiro sarau do ano. Ficou muito próximo da perfeição. Com Moreira, Jadim, Juninho e Paulão inspirados, Alexandre no comando da churrasqueira, muita conversa, muita cerveja, muita música como nos melhores encontros. Tenho escrito pouco sobre família e amigos aqui, mas esse acontecimento me deixou tão satisfeito que achei que merecia registro. Principalmente porque o melhor da festa foi ter meus sobrinhos e filhos queridos juntos como há muito não acontecia. Ficou tudo muito bem encaixado.

Teve um dia da semana passada que passei pelo Bar do Orlando e comprei umas empadas de frango. Há alguma coisa  emblemática naquela empada. Quando adoeci em 2020, passei por radioterapia e quimioterapia na área do pescoço e fiquei com dificuldade de me alimentar. Cogitaram colocar uma sonda nasogástrica quando piorou muito, mas resisti. Havia uma enorme dificuldade do alimento passar pela garganta e o paladar estava muito limitado. As empadas eram a exceção. Todo dia, Laura ia no Orlando, comprava e amassava carinhosamente as empadas e eu comia. Não foi pelo paladar, foi o carinho, a compreensão e o acolhimento da minha filha.

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Bom dia

Acordo e me ocorre de súbito, vontade de te mandar um bom dia. Penso em todo bem e todo o mal que você me fez e concluo que lá dentro ainda existe um eu que tem vontade de te mandar um bom dia. Alguma coisa precisa ser feita nessa manhã de 10 de janeiro de 2023. Como metas de ano novo. É necessário matar esse eu complacente, esse eu do bom dia. Ele é um afeto natimorto, onde a reciprocidade não existe e acredito, nunca tenha existido de fato.

Também penso ser necessário incluir entre as metas, para que eu dure mais uns poucos anos, diminuir a quantidade de doces. O minibar do meu quarto não tem onde colocar mais chocolate. Esse eu doceiro, que acredito ter influência dos estabilizadores de humor, tem que morrer também.

Minha improvável experiência com o Tinder foi a pior possível. Tive que comprar o modo anônimo para aparecer somente para quem eu quisesse. Sou um homem do século passado, aprendi a conquistar  conversando muito. Depois desaprendi. E o tinder veio como uma gaiatice no início (ideia do Chicote), mas depois aconteceu o que acontece com qualquer plataforma de mídia social: meio que vicia. No fundo são as mesmas hipocrisias que carregam no facebook ou no instagram. Já me livrei do facebook e agora vou me livrar do tinder. Esse eu nunca existiu.

Meu melhor eu entrou o ano tocando O bonde (Sidney Miller), ouvindo Guilhermina (Ana Moura), passou o natal na casa da Fábia e o ano novo com todos os filhos e com amigos queridos. Meu melhor eu inaugurou o ano assintindo o show do Chico e da Mônica com Luisa. Meu melhor eu se surpreendou muito positivamente com esse inverno de janeiro. O trabalho flui mais leve longe do calor.

Meu melhor eu precisa urgente de férias.

Travado

"Diferente o samba fica Sem ter a triste cuíca que gemia como um boi A Zizica está sorrindo Esconderam o Laurindo Mas não se sabe onde ...