Meus domingos continuam vazios e frios. Apesar de estar com meus filhos, eu continuo me sentindo sozinho por inteiro. A doença só veio piorar essa condição.
Melhora um pouco quando tem um jogo. Piora quando o Fluminense perde.
No final das contas, eu prefiro trabalhar. Participar das reuniões, responder aos colegas por qualquer via, fazer o dia passar mais rápido. No domingo, isso é impossível.
Sábado também, mas sábado eu consigo driblar porque é quando descanso da semana pesada. Tento fazer o que posso para melhorar a rotina. Não mais do que levar meus filhos para comer e passear no shopping.
Domingo era o dia de juntar a família. Era dia de conversar, planejar o almoço, as viagens, os passeios, comemorar as datas, viver. Hoje não vivo mais. Tento disfarçar para que eles não percebam a imensidão da dor e do vazio.
Minha vida foram erros em sequência. Cheguei aqui depois de muitas esquinas duras e difíceis. Me equivoquei demais. Eu vi um sim onde os outros viram não. Os outros estavam certos.
Esses últimos dias me reservaram pequenas alegrias. A participação do Fluminense no Mundial de clubes foi uma delas. Embora tenha se encerrado hoje, vibrei muito com as vitórias nas oitavas e nas quartas. Queria que o time fosse mais além, mas tenho que concordar que o outro mereceu ganhar.
Saímos no lucro. Tanto no lucro financeiro quanto no orgulho de ver nosso time jogando. Eu e meu filho. Todas as minhas alegrias que o futebol me entrega, eu divido com ele. Nos nossos silêncios, é ele que trás o grito.
Eu prometi a ele que iria voltar a escrever se o Fluminense vencesse.
Pois bem. Não consigo ir além dessa autobiografia em três linhas.
Mas saiba que, lá no fundo, no meio dessa turbulência toda, ficar na torcida com você significa muito.
Outro dia eu conto das outras pequenas alegrias.
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