terça-feira, 15 de março de 2022

Blackout

Não faço idéia do que aconteceu comigo no dia 12 de fevereiro entre 15 e 23 horas. Provavelmente nunca saberei. 

Fiz todas as abordagens diagnósticas para justificar o apagão e nada de anormal. 

Sei que houve um período na minha vida em que me desliguei do Mundo. Zumbizei. Segundo Luisa, eu ficava repetindo as coisas várias vezes. Quando acordei no dia 13, lembrava-me de tudo, menos das últimas horas.

Os sessenta estão pesando mais do que o normal. 

Não escrevo aqui há tempos. Não que tenha faltado assunto. Nesse meio tempo, ouvi muita música, li muito livro, estive em Lisboa, sempre pensando em como descreveria tudo isso. Mas até a minguada hora da escrita está comprometida.

Ontem vivíamos a pandemia em seu momento agudo e o trabalho mudou para dentro de casa. Em casa, dava jeito de estar no Rio e em São Paulo, às vezes ao mesmo tempo. Com a volta do ritmo presencial, não consigo mais manter essa elasticidade, e acabei deixando as pessoas acostumadas com a minha disponibilidade. Somando isso tudo à minha dor lombar cada vez mais incapacitante, tenho passado por períodos difíceis.

Quero escrever. Elza Soares e João de Aquino, a casa de fados O Faia, algumas séries menores (e uma ótima, 1883), o Rio Tejo, livros do Antonio Lobo Antunes, um novo livro de crônicas do Antônio Maria, o ótimo filme ataque de cães, aguardam ansiosos minhas crônicas medíocres. 

Travado

"Diferente o samba fica Sem ter a triste cuíca que gemia como um boi A Zizica está sorrindo Esconderam o Laurindo Mas não se sabe onde ...