sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Listas

Velho, não.
Entardecido, talvez.
Antigo, sim.

Me tornei antigo
porque a vida,
tantas vezes, se demorou.
E eu a esperei
como um rio aguarda a cheia.

Mia Couto, A Adiada Enchente

O disco do ano para mim foi A vida é de Celso Viáfora, uma coisa meio ficção, meio biográfica. Celso tem a minha idade e parece ter passado pela vida como eu. Eu comungo e poderia ter escrito aquilo tudo.

Também escutei muito Zé Miguel Wisnik, Vão (principalmente o Jequitibá), Caetano Veloso, Meu coco, Mônica Salmaso e André Mehmari, Milton, (que espelhou o show maravilhoso) Eric Clapton, The lady in the balcon e Ana Moura, Guilhermina. Essa é a minha playlist de mais ouvidos esse ano.

Ouvi pouco e por isso devo ter ficado desapontado, o disco da Mônica e do Dori.

Assisti Paulinho da Viola e Mariza ao vivo em shows memoráveis. A FLIP e o Festival de chorinho e sanfona de Rosal foram ótimos. Retornar à FLIP presencial depois de três anos, e com Laura de ótima companhia foi muito gratificante. A pousada Arte Urquijo deu um toque de delicadeza e conforto à nossa festa particular.

E conheci Anne Ernaux, de quem estou lendo O lugar, e assisti No tempo do super 8, ótimo documentário com imagens da família  resgatadas pelo filho e com texto e leitura de Anne. A francesa deu uma aula de empatia na festa de Paraty. 

Duas outras viagens foram muito especiais. A primeira em Portugal. Passei 12 dias sozinho e feliz. Fui às melhores casas de fado, comi muito bem, conheci Évora, andei Lisboa de ponta a ponta. Amo Portugal.

E a outra a Buenos Aires com meu filho. Também foi uma viagem muito especial, já historiada aqui no blog.

A melhor série de televisão que vi foi The white lotus. Emendei as duas temporadas e gostei de tudo, Jennifer Collidge a parte. A última temporada de Pinky Blinders foi especial. E gostei muito de Elza e Mané, Ruptura e Dopesick. Tive alguns vãos esse ano de carência de boas séries, o que me fez revisitar algumas antológicas, como Família Soprano, Boardwalky Empire, Epitáfios e Curb.

Os desapontamentos: A casa do dragão e a última temporada de Better can Sall. A primeira é um spin off que não chega nem perto da original. A segunda foi muito confusa.

Filmes, vi muito poucos, a maioria por streaming. Mas não posso deixar de dar destaque a Argentina 1985.

2022 foi um ano difícil. Envelheci, mas continuo em exposição.



Travado

"Diferente o samba fica Sem ter a triste cuíca que gemia como um boi A Zizica está sorrindo Esconderam o Laurindo Mas não se sabe onde ...