quarta-feira, 28 de agosto de 2013

De passagem

Pra quem quer ver um filme pela leveza, recomendo A sorte em suas mãos, em cartaz no reformado Espaço Itaú na Praia de Botafogo. É uma comédia romântica argentina, com Jorge Drexler (surpreendente) e Valeria Bertucelli. Drexler vive um sujeito viciado em poquer, que mente muito e tem um certo fascínio por quartos exóticos de motéis.
Gosto de filmes assim. Desses que você vai ao cinema só pela diversão e sai dali mais leve. Ultimamente tenho resistido muito aos filmes inteligentes. Um outro filme argentino, Tese sobre um homicídio, com Darin, tem esses emaranhados difíceis, e tenho feito um esforço sobre humano para terminá-lo, mas sempre durmo depois de 15 ou 20 minutos.  
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O Fluminense, quem diria (!) está na condição de ressuscitar defunto. O São Paulo agradece.
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A entrevista de Lobão valeu a Veja da semana.
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Preciso de uma série que me surpreenda. Andei vendo Scandal e The bridge, mas não são lá essas coisas. Estão na categoria "dá pra ver". Com o final próximo de Breaking bad, e o fato da longevidade ter tornado Dexter uma série previsível e enjoada, a televisão está ficando cada vez mais cansativa. Dia desses, fiquei surpreso ao comentar um pedaço de Amor à vida. Já estou muito velho para voltar às novelas.
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Hoje na ponte aérea, a aeromoça especialista em detectar olhos marejados, perguntou: tudo bem? Eu disse tudo bem e quase disse são só saudades da Laura.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Alguém cantando perto daqui

Achei que ia ter que ir a Lisboa para ver Ana Moura. Felizmente, num fim de semana iluminado pela presença de Luisa, fui poupado de viajar muitas horas de avião. 
Mas Ana foi só a cereja do bolo desse último fim de semana, que começou com Caetano no Vivo Rio. Correto, preciso, alinhado para gravação do DVD, Caetano não errou um "a". E cantou Mãe, Alguém cantando e Desconvexo divinamente. De resto, as canções do ótimo Abraçaço. Tirando uma ou duas bobagens, o disco, que já havia sido um dos cinco mais ouvidos no ano passado, voltou ao Itreco com toda força.
Também voltaram o Quinto de Antonio Zambujo e o Desfado de Ana Moura por conta dos shows no domingo. É muito interessante redescobrir um disco já totalmente descoberto. No desfado, por exemplo, a canção A fadista tinha passado batida. Agora veio que veio. E a própria Abraçaço, canção que dá título ao cd de Caetano, pareceu mais encorpada e bonita. 
Acostumei-me a gostar das canções pelos discos. Houve um tempo em que era o contrário. Eu era um rato do seis e meia de qualquer canto aqui do centro. O disco vinha depois. Hoje não. Nos últimos anos (e bota último aí), virei ermitão e estranho que a canção não esteja tão perfeitamente costurada no show como é no disco. Por isso mesmo, raramente gosto de discos ao vivo. Isso ficou mais evidente no show do Zambujo, onde as variações são maiores. 
Mas a coisa mais absurdamente bonita que ouvi nesse fim de semana foi a Santa Morena com o Ronaldo do Bandolim Quarteto. Ronaldo, escoltado por Rogério Souza (sete cordas), Carol Panesi (violinista da Itiberê Orquestra) e Catherine Bent (violoncelo) fez uma Santa Morena de tremer as paredes seculares do Paço do Império.
Esperava Ana Moura com guitarra portuguesa e violão. Ela trouxe, além desses dois, um teclado e uma bateria meio desnecessários. A voz é a mesma do disco, sem erros. Não deu pra ficar para ver o duo com Criolo pelo adiantado da hora, mas o que vi foi perfeito. Tudo que me encantou nos discos confirmou-se no show.
O Espaço das Artes na Barra é sinistro pra quem chega muito cedo. Parece que você está dentro de um mausoléu. Fui assistir o documentário sobre Amália Rodrigues meio inquieto e achando tudo muito mórbido. Só sosseguei quando Zambujo abriu o show com Aquela Casa Fechada. De chorar. Gostei de ouvi-lo cantar a Valsinha e outras canções brasileiras. mas o forte foram mesmo os fados.
Foi um fim de semana muito atípico e musical. Tomara que venham outros!

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

From to you


Lembrei do Abbey Road no texto anterior, poderia ter colocado o Sgt Peppers e o Let it be na lista, mas comecei a gostar dos Beatles antes de 1975, quando esses lps citados furaram na vitrolinha. O primeiro Beatles que apareceu lá em casa, o que me introduziu na música deles, foi a coletânea "a collection of beatles - oldies". Eu devia ter uns 11 ou 12, a gente fazia hi-fi na garagem de casa. Deve dar para imaginar o encanto que causou ouvir "from to you" pela primeira vez.
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Depois dos boleros chulos, o menino agora anda gostando de fox. É futurismo, menina! Ontem extrapolei: peguei do violão e mandei meu repertório de oito canções: ele dormiu na hora.
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Triste em São Paulo. O lugar mais frio de São Paulo é o meu quarto.
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Trabalho muito mal com o powerpoint. Minhas apresentações são militares. Na última reunião resolvi incluir algumas mensagens de auto ajuda depois de tantas reclamações. Botei lá as recomendações de Jim Dodge para jovens escroques. O pessoal adorou.
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As fotos cubanas de Nanda Costa revigoraram meu apego pela Playboy. Renovei por 3 anos.
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Não sai mais do Itreco: Simone Guimarês e Cristina Saraiva, Chão de aquarela. Já tinha meio que esquecido dele, agora voltou com tudo de bom.

De Afonso Ávila, Discurso da Difamação do Poeta

"O poeta falava e as pessoas ouviam atentamente.
O poeta falava e as pessoas costumavam ouvi-lo atentamente.
O poeta falava e as pessoas costumavam ouvi-lo com alguma atenção.
O poeta falava e as pessoas às vezes ouviam com alguma atenção.
O poeta falava e algumas pessoas o ouviam com alguma atenção.
O poeta falava mas raras pessoas o ouviam com alguma atenção
O poeta falava e as pessoas já não o ouviam.
O poeta falava e as pessoas já o olhavam sem ouvir.
O poeta mal falava e as pessoas já abrem a boca em fastio.
A ATITUDE DIANTE DO POETA É O BOCEJO."

Transcrito de Discurso da Difamação do Poeta, pág 103

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Os cem discos que furaram na vitrolinha Philips

Nesse ano sem lançamentos de Chico, Bosco ou Caetano, Socorro Lira já mandou duas pérolas finíssimas já decantadas aqui. Não é exagero dizer que esse é o ano de Socorro Lira.
Esse singelo tratado da delicadeza não sai da agulha. E olha que o namoro ainda está na segunda música, que se chama "da coisa linda". Tive uma relação intensa com a primeira, "delicado", ainda mais delicada que a do Waldir. Separei-me dela para não ficar enjoado e já mandei a segunda.
Esse disco deu saudade dos discos que furaram na vitrolinha. 
Tenho aversão à lista, mas não resisti a essa. Juntar os vinis mais ouvidos entre 1975 (tinha eu 14 anos de idade e comecei a perceber melhor o efeito avassalador que a música podia produzir) e 1986 (quando comprei meu primeiro cd, A Barca dos amantes, do Milton).
Lógico que eu esqueci de alguns, é só uma pré-lista do essencial, sem ordem de importância e cronológica.
Alguns foram lançados muito antes de 75, mas só entraram na minha vida a partir daí.


  1. Transversal do Tempo da Elis,
  2. Mudança dos Ventos da Nana,
  3. Antologia do Samba-canção do MPB 4.
  4. Às próprias custas do Itamar.
  5. Das barrancas do Rio Gavião do Elomar
  6. Vira virou do MPB 4
  7. Rumo aos antigos
  8. Clara Sandroni I
  9. Ciclo da Bethânia
  10. Falso brilhante da Elis
  11. E a gente nem deu nome da Nana
  12. Ashes are burning. do Renaissance
  13. Secos e Molhados I
  14. Novo aeon do Raul
  15. Rita Lee, Atrás do Porto tem uma cidade
  16. Clube de esquina 2 do Milton
  17. Boca Livre I
  18. Face a face da Simone
  19. Uns do Caetano
  20. Elis de 1974
  21. Pássaro da manhã da Bethânia
  22. Cidadão do Mundo do Fernando Lona 
  23. Pra não dizer que não falei das flores do Vandré
  24. O grande circo místico de Edu e Chico
  25. Ópera do Malandro do Chico
  26. Cinema transcendental do Caetano
  27. Geraes do Milton
  28. Apenas um rapaz latino americano do Belchior
  29. Saudade do Brasil da Elis
  30. Prisma luminoso do Paulinho
  31. Pequeno perfil de um cidadão comum de Toquinho
  32. Tom e Edu de Edu e Tom
  33. Terra Brasilis do Tom
  34. Gonzaguinha da Vida
  35. Heartattack and vine do Tom Waits
  36. Somos todos iguais nesta noite do Ivan Lins
  37. Abbey road, dos Beatles
  38. Refazenda do Gil
  39. Caça à raposa do João Bosco
  40. Ave noturna do Fagner
  41. Chico Buarque de 1978
  42. Dori, Nana, Danilo e Dorival Caymmi - Ao vivo no Scala II 
  43. Cinema Transcedental do Caetano
  44. Cigano do Fagner
  45. São demais os perigos dessa vida, de Vinicius e Toquinho
  46. Essa é sua vida do João Bosco.
  47. Eu quero é botar meu bloco na rua, do Sérgio Sampaio
  48. Nara canta Roberto
  49. Pescador de pérolas do Ney
  50. Nara canta Chico
  51. A noite do Ivan Lins
  52. Alumbramento do Djavan
  53. Coração bobo do Alceu.
  54. Francisco, do Chico
  55. Álibi da Bethânia
  56. Água viva da Gal
  57. Memorias cantando do Paulinho
  58. Luz e mistério do Zé Renato
  59. Pecado do Ney
  60. Elis e Tom
  61. Clara Sandroni II
  62. Realce do Gil
  63. Atrás da porta da Nana
  64. Ernesto Nazareth por Antonio Adolfo
  65. Caçador de mim do Milton
  66. Angela Ro Ro I
  67. Silvio Caldas ao vivo de 1973
  68. O tango na voz de Nelson Gonçalves
  69. A pagina do relâmpago eletrico, do Beto Guedes
  70. Avohai do Zé Ramalho
  71. Raimundo Fagner de 1976
  72. A música de Luiz Gonzaga e Zé Dantas
  73. Que qui tu tem canario do Xangai
  74. Clássicos em choro do Altamiro
  75. Na quadrada das águas perdidas do Elomar
  76. Nego Dito do Itamar
  77. Gal a todo vapor
  78. Cantoria I de Elomar, Geraldo, Vital e Xangai
  79. Inclinações musicais do Geraldo
  80. Chico e Bethânia no Canecão
  81. Bicho do Caetano
  82. Cinco sentidos do Alceu
  83. Premê do Premeditando o breque
  84. Frevo mulher da Amelinha
  85. Pedrinho do Vitor Assis Brasil
  86. Fonte da vida do Zé Renato
  87. Leni Andrade (Pointer, 1984)
  88. Sinal fechado do Chico
  89. Calabar do Chico
  90. Voz e suor, Nana e César
  91. Antologia do samba canção do Quarteto em cy
  92. Cobra de vidro do Quarteto em Cy e MPB 4
  93. Totalmente demais do Caetano
  94. Ave noturna do Fagner
  95. Cauim do Ednardo
  96. Milagre dos peixes ao vivo do Milton
  97. Pérola negra do Luiz Melodia
  98. Contrastes do Macalé
  99. Bicho de sete cabeças do Geraldo Azevedo
  100. Angela Ro Ro I

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Os nove mandamentos da liturgia franciscana

1) Que música e poesia venham antes, e o resto seja menor.
2) Que eu possa morrer sem desespero, feliz de ter vivido em paz.
3) Que meus filhos sejam livres para fazer suas escolhas.
4) Que Miracema esteja sempre ali, perto e dentro de mim.
5) Que eu possa conservar os três ou quatro amigos que ficaram em mim.
6) Que eu nunca desista do aprendizado como método de trabalho.
7) Que eu viaje menos e ouça, leia e veja mais.
8) Que eu sempre possa provar da comida simples que aprendi a gostar.
9) Que o amor seja mais do que tudo isso.

Onde comer bem no Centro do Rio

O tempo tem mostrado que comer no Centro do Rio é tarefa cada vez mais complicada. Ando limitado aos restaurantes antigos que como há mais d...