segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Roletas travadas para sua segurança

Chove no Rio. Significa tropeçar na lama podre das ruas do centro. Eu banco e vou até o Alex procurar um filme novo. O Alex está fechado.
Volto para meu guarda chuva familião e sigo correndo até o Catamarã Urca II. As roletas estão travadas. Aguardo.
Chego em Niterói e a chuvinha continua. Entro no 17 e percebo que ele dá uma volta no Gragoatá. Sento ao lado de uma moça e ela faz o sinal da cruz como se eu fosse o demo. Tenho dúvidas se o 17 vai me deixar em casa. Ele deixa.
Ligo angustiado para o Wanderley pra saber em que ponto do estudo ele percebeu que não era cegado. Tenho medo que meu inglês atropelado tenha deixado passar alguma coisa. Wanderley nem se lembra. Vai ver. Eu aguardo.
Passo no verdureiro e compro mamão. Penso na janta. Depois concluo que o almoço de hoje no Escondidinho do Beco dos Barbeiros já foi almoço e janta. Um wafer limão já está de bom tamanho por hoje.
Apesar da chuva. o calor continua degradante. Minha barba coça. Meu pé dói. Minha esperança claudica. Não há mais nada além do beco.
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O final do dia de domingo reservou dois filmes interessantes: o coreano A empregada e Margot e o casamento. O primeiro é sensual, rodrigueano, em que uma empregada se envolve com seu patrão abastado. O segundo fala da relação tempestuosa de duas irmãs, muito bem interpretadas por Nicole Kidman e Jennifer Jason Leigh. Nem lembrei de Flamengo e Boa Vista.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Discos de fevereiro

DISCO DO MÊS: Osvaldinho e Marisa Viana, Viva Elpídio - pelo conjunto da obra, foi o disco que ficou mais tempo no shuffle esse mês. O bom gosto nos arranjos, as boas interpretações, e principalmente, a ótima idéia de trazer luz à obra de Elpídio dos Santos, compositor dos filmes de Mazzaropi e também de maxixes, boleros, sambas de breque e outras modas. Tão Brasil!

GismontiPascoal, André Memahri e Hamilton de Holanda - depois do estupendo Contínua Amizade, Andrè e Hamilton fizeram um mais bonito ainda. Egberto e Hermeto merecem!

Bill Frisell e Vinicius Cantuária, Lágrimas mexicanas - depois de uma longa ausência, esperava coisa melhor de Vinicius Cantuária, que dividiu com Chico umas das canções mais bonitas da década de 80 - Ludo Real. Ouvi o disco poucas vezes no aleatório e me pareceu coisa pasteurizada.

Lucas Santanna, Sem nostalgia - esse disco sofreu da Síndrome do Disco Alardeado, fenômeno que ocorre quando a imprensa saúda um disco como se fosse o disco da década. Eu fui lá, ouvi e não achei nada de pronto. Agora, ouvindo com mais tranquilidade, gostei do disco. Ótimo violão, boas canções, nada de píncaros, mas um bom disco.

Kátia Guerreiro, 10 anos nas asas do fado - Kátia está no rol das melhores cantoras de fado da atualidade. Aqui ela repassa dez anos de carreira, muito bem acompanhada e com repertório refinado.

Anne Calvi - resenhada por muitos, a nova cantora inglesa canta bem, sabe escolher a cozinha e fez um ótimo disco.

Tabaré Leyton, La factoria del Tango - novos cantores de tango são raros. Conheci alguns. Os que mais gosto são Daniel Melingo e Cristóbal Repetto. Pelo menos até hoje. De Repetto, nunca consegui o disco. Está esgotado em Buenos Aires. Procurei exaustivamente até o vendedor da Livraria Ateneo me indicar um bar disqueria chamado Notorius, que de nada adiantou. Mas o amigo da Tango's Store me apresentou esse cantor uruguaio Tabaré Leyton, que acabou de lançar seu primeiro disco. Um achado! Tem o Tomo y obligo mais bonito que já ouvi. Surpreendeu-me ontem chegando à Praça XV e fui repetindo até em casa. Devo ter ouvido umas 15 vezes seguidas. Começa com um arranhado de vinil velho e um duo de guitarras ponteia a canção até o final. No final, você agradece por ainda existirem música e esperança e por haver ainda muito que ouvir.

Bibi Ferreira, Brasileira, Uma Suíte Amorosa - já comentado aqui. Bibi canta maravilhosamente, a Serenata de uma mulher, de Chiquinha Gonzaga e Paulo César Pinheiro. O resto me pareceu dispensável.

Zeca Pagodinho, Vida da minha vida - já comentado aqui. O disco tem mais altos do que baixos e Zeca continua em forma para cantar seus sambas.

Anne Sofie Von Otter e Brad Mehldau, Love songs - achei por acaso na arlequim e não precisa dizer muito. Voz e piano a serviço da sofisticação e do bom gosto.

Eugênia Melo e Castro, 30 anos de carreira - aprendi desde moleque, escutando Amália e Francisco José, que voz de português nasceu pro fado. Custei a gostar das récitas de João Vilaret e do rock de Pedro Abrunhosa. Mas bossa nova e samba canção, ainda não deu pro meu ouvido. Apesar do bom gosto e dos 30 anos, Eugênia ainda não me convenceu.

Radiohead, the king of limbs - não posso dizer nada desse disco. É provável que ele tenha sido detonado pela tecla fasf foward toda vez que entrava uma música. Tenho que ouvir com calma. Tallvez com Luisa.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Tudo bem, é Bibi

Acordo, abro O Globo de hoje, 23 de fevereiro de 2011, e leio as manchetes:
"Lucro do Itaú Unibanco bate record e atinge R$13,3 bi em 2010"
"Governo distribui cargos a PMDB para garantir mínimo."
"Brasileiros têm plano de fuga para sair da Líbia."
Tento traduzir:
"Ninguém compete com o capital especulativo nesse país"
"Continua a carraspana política."
"Há famílias apreensivas no Brasil".
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O dia passa, as reuniões se sucedem, volto pregado pra casa, passo na Praça de Alimentação do Shopping: Mac ou Bobs (?), a que ponto fui chegar? Bobs, resolvo aprensivo comigo mesmo. Volto a pé na minha tentativa desbragada de liberar um pouco de endorfina e me lanço debaixo do chuveiro frio sem pensar muito no estrago que posso estar fazendo à natureza gastando essa água toda. Pensar dói. Meus pés, depois do terceiro dia de caminhada, doem.
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Na barca, briguei com a última seleção que fiz do Itunes e desliguei o shuffle.
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Bibi acaba de lançar um novo disco, Uma suíte brasileira. Botei logo pra tocar no shuffle. O repertório é meio óbvio. Tudo bem, é Bibi.
Vi Bibi estraçalhar como Piaf ou Amália, agora veio essa canção interrompida (Eu sei que vou te amar), aquela outra mal começada (Onde anda você). Tudo bem, resisto, é Bibi.
Vi Bibi comemorar não sei quantos anos de carreira no Teatro Guaíra em Curitiba e cantarolar lindamente árias de óperas, canções dissonantes, difíceis. Mas agora veio esse disco que parece um pout pourri interminável de canções mais do mesmo. Tudo bem, insisto, é Bibi.
Aprendi a gostar da Bibi atriz, cantora, diretora, muitos talentos em uma só. Agora ela recita "Todo amor que houver nessa vida", tão tão previsível. Tudo bem, canso, é Bibi Ferreira.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O B R I G A T Ó R I O

Das vantagens de se ver um filme dez anos depois de lançado: é possível ver um ator que aprendemos a admirar desde cedo e já nos deixou, saltar de um filme fresquinho como se tivesse filmado ontem. Foi essa sensação acolhedora de ver Raul Cortez em Lavoura Arcaica. Raul é a alma do filme.
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A faxina de domingo me levou ao DVD de Lavoura Arcaica. Li o livro ainda menino (devia ter uns 33) e tinha ficado confuso com a narrativa densa de Raduan Nassar. O filme completa o livro. Explica o livro. A opção de usar os diálogos não de forma convencional, mas tal qual foram escritos, torna o filme uma récita do poema. Porque Lavoura Arcaica é, antes de tudo, um belo poema. Com boas atuações de Selton Melo e Leonardo Medeiros, além de uma iluminada Simone Spoladore (que atriz, que mulher!), o filme acabou me prendendo noite adentro, ultrapassando os limites racionais do bom sono e do fuso horário de inverno. E ainda me levou algumas horas de pensamento convulsivo que nem toda tarja preta do Mundo abrandaria.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O resto do domingo

Assisti ao filme Stone (aqui no Brasil alcunhado Homens em fúria), locado na CAHU video em bluray a oito pratas e com Roberto de Niro e Edward Norton nos papéis principais. Ao final, pode se perceber a mensagem de quem fez a tradução do título em português: fuja, antes que a fúria tome conta de você! É muito ruim! O que aconteceu com De Niro? Cadê aquele ator que fez Touro Indomável, Era uma vez na América, Os bons companheiros, O franco atirador??? Aprendi a gostar de cinema nessa época. Agora só (não) vejo essas bobagens, tipo Entrando numa fria e suas intermináveis sequências.
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Vi uns pedaços de Flamengo e Botafogo, a atuação perfeita do goleiro Felipe e só.
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Dei uma organizada no HD do desk, agonizando de tão cheio. Não deu pra cortar muita coisa. A velha história de amor entre um homem e seu HD.
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O fim do horário de verão infelizmente não levou o Sol. Segundo um taxista que me atendeu recentemente, os termômetros são obrigados por lei, a marcar 3 graus a menos para não desesperar a população. Deve ser verdade, porque Niterói ontem, parecia estar em 43. Estou ficando com medo da conta de luz.
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De noite. assisti ao piloto da série Blue Blood, da qual não vou tecer qualquer comentário, pois não há mais o que dizer dessas séries policiais americanas. Assisti porque escreveram que tinha qualquer coisa de Familia Soprano, mas passa muito longe.
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Dormi.
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Mal.................

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Confuso

Viajar no carnaval tem sido uma tradição familiar de muitos anos. Aos poucos, as meninas foram indo e agora parece pesar uma tonelada decidir. Principalmente num fim de semana confuso e solitário numa Niterói queimando. Mesmo assim criei coragem e fui ao Supermercado Guanabara renovar o estoque de latas de cerveja e refrigerante. Foi assim que começou o meu venerável final de semana.
Que importa tudo isso? A maior parte do tempo, vaguei vazio entre quarto e sala. Ontem de tarde, ainda deu uma pane elétrica na rua e o ar teve que ser desligado. Lembrei do aperto que passei em Buenos Aires.
Foi nesse cenário, com ventilador de teto precário, que vi o Flumimense pagar o primeiro vexame de 2011: perder nos pênaltis para o Boavista. Muricy Ramalho parece estar confuso, escalando o time de forma diferente cada vez que joga. Assim não há padrão que aguente! Tinha combinado de ligar pra Chicó depois do jogo, mas não tinha muito que falar.
Depois, tirei da estante empoeirada, pra minha felicidade momentânea, Nome Próprio, de Murilo Salles. Leandra Leal estraçalha! Ela vale o fime.
No fim da noite, Didi me manda um torpedo dizendo que estava com saudade. Respondi que não tinha nada pra dizer. E não tinha mesmo! Na verdade, queria estar lá com ela, mas nem isso saía da minha guela seca.
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Na sexta em São Paulo, meu único prazer foi uma passada rápida na Livraria da Cultura da Paulista. Hoje não há lugar melhor no país para se comprar livros e discos. Espero que a loja do Rio inaugure logo. Aqui só tem a Arlequim, que pode competir em qualidade de repetório, mas o preço é estratosférico.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Ben Affleck

Conheci Ben Affleck dos filmes de Kevin Smith. Primeiro Procura-se Amy (3A) e depois Barrados no shopping (1A). Gosto do ator. É meio canastrão em algumas produções, mas habitualmente, funciona bem. Acabo de ver dois filmes com Ben. No primeiro, ele se aventura como diretor. E também não desaponta. Atração perigosa é um bom thriller de ação. O outro, The company men, é um ótimo filme sobre as consequências do desastre econômico. Ben interpreta um mauricinho que se vê repentinamente desempregado e perde tudo. É de se estranhar porque Chris Cooper (que também trabalha em Atração Perigosa), não tenha levado nenhuma indicação por esse filme. A atuação do ator é muito boa.
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Nem estou acreditando que vou pra São Paulo hoje. Depois de velho, dei pra ter um certo pânico, não por viagens, mas pela perda absurda de tempo nos checks in e out. E um certo medo da improdutividade de determinadas reuniões.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Um abraço pro Jadim



"Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado."

Antonio Cícero

Já andei comentando aqui sobre minha mania de guardar. Guardar pra depois ler, pra depois ouvir, pra depois ver. Diferente da poesia do Antônio Cícero, meus discos, livros e filmes ficam guardados até quase esquecidos. Um dia eu vou na estante e escolho um qualquer. Na minha última visita, achei esse Medos privados em lugares públicos do diretor francês Alan Resnais, do qual tinha visto apenas Meu tio da América há muitos anos no antigo cinema 1 da Prado Jr em Copacabana. Medos privados... é um belo filme sobre relações humanas, que infelizmente apresenta poucas soluções para os seis personagens que por coincidência, acabam se envolvendo. Resnais sabe juntar e separar com a mesma sutileza. Por conta desse, já encomendei Ervas daninhas, o mais recente do diretor.
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Também botei pra tocar Abattoir blues, um disco menos cavernoso de Nick Cave e uma bela surpresa. Já deu váriar voltas no Itunes. Breathless tomou conta do meu ouvido na Baía.
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Hoje é aniversário de um dos meus 3 ou 4 melhores amigos. Nossa história de afeto comum se repete quase todo dia nesse blog ou em qualquer lugar que nos encontramos. No sábado, comemoramos comendo uma traíra preparada por ele. Jadim já está guardado nas minhas mais ternas lembranças e nos melhores acontecimentos. É uma alegria especial saber que ele existe.
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13/02 - Fluminense 1x0 Madureira - o time ainda se vale da individualidade de alguns jogadores para marcar pontos. Como Rafael Moura nos últimos jogos e Fred nos primeiros. Ainda não encontrou uma unidade, mas promete.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Screening

Tenho um misto de pavor e desprezo por avaliação periódica, mas só quando o avaliado sou eu. Vivo recomendando aos meus amigos que não deixem de fazer seu PSA, de dosar seu ácido úrico, mas eu mesmo nunca faço. Na porta dos 50, e com uma respeitável circunferência abdominal, continuo assim. Na verdade, acho que piorei. Minha última avaliação tinha sido feita em junho de 2006.
Imagino que esse misto encontre sua origem em duas razões: venho de uma família de hipocondríacos extremados e minha própria formação médica. Uma coisa juntou com a outra e, em vez de somarem forças, acabaram me tornando um cético. Ainda não descobri a razão pela qual faço terapia há mais de 4 anos. É, por certo, um milagre.
Foi com esse espírito que pedi a Renatinha para me solicitar um conjunto de exames obrigatórios e em atraso fatal. Era possível imaginar que o diabetes, a próstata e as coronárias já estavam de tal modo irreverssíveis que de nada adiantaria. Na sequência, imaginei também que, era bobagem fazer tudo isso, diante do inevitável êxito letal. Um dia ela vem mesmo, então pra que ficar fazendo prenúncios mórbidos laboratoriais???
Amanheci num sem vontade retumbante. Contei direitinho pra ver se eram mesmo 12 horas de jejum e já não era possível adiar pra mais uns anos. Cheguei no Laboratório Sérgio Franco da Rua do Ouvidor parecendo o goleiro na hora do pênalti. Se tivesse 10 minutos de fila, corria dali. Depois fiquei acessando de meia em meia hora o site do laboratório pra ver no que deu aquela catarse.
Eu não vou ficar falando dos meus resulltados laboratoriais, mas até a coisa que não está tão mal assim. À exceção dos triglicerídeos nas nuvens e do colesterol ídem, o resto ficou mais ou menos nos trinques. Dá pra esperar mais cinco anos.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Olhos azuis


Ver um filme brasileiro não é como pegar um dvd qualquer na estante e botar pra tocar. Precisa de uma certa atenção e preparação para assistir, como se existisse uma categoria filme brasileiro. Nem todos são fáceis. Por exemplo, estou vendo aos pouquinhos, mas ainda não consegui acabar nem fazer juízo, ao filme Insolação, de Felipe Hirsch.
Vi, em dois dias, Olhos azuis, de José Jofily. Gostei do que vi. Olhos azuis é basicamente, um filme sobre o preconceito cotidiano de um modo geral. Não chega a ser um filme tocante, mas acho que nem é esse o propósito. As boas atuações de Cristina Lago e David Rashe ajudam. A trilha igualmente. Deu pra perceber a voz de Silvério Pessoa. O cinema brasileiro tem mostrado algumas boas surpresas, nem sempre acompanhadas de bons públicos.
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9/2 - Fluminense 2x2 Argentino Jrs - o torcedor tricolor, como eu, já está acostumado a ver o time lutando contra o rebaixamento. Campeão brasileiro pra gente, só era possível em sonho. Portanto, qualquer resultado que vier dessa Libertadores, já vai muito bem. Esse preâmbulo é só pra reforçar que nada justifica o nervosismo absurdo que tomou conta dos jogadores no Engenhão. Pareciam estar decidindo a copa. E o Argentino Jrs naturalmente, se aproveitou do fato. O time ficou fragilizado e a vaia da torcida só contribuiu para aumentar o nervosismo. Espero time e torcidas mais calmas no próximo confronto.
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Estar aqui de novo é bom. O ar gela mais rápido, meu quarto é longe de tudo, a vida parece fluir mais devagar.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Sugestões para Zeca Pagodinho


Tenho ouvido, com um certo atraso, o novo de Zeca Pagodinho, Vida da minha vida. Percebo que Zeca tem procurado diversificar seu repertório com canções que fogem um pouco do seu trajeto natural, seja do Cacique ou do samba tradicional carioca. É o caso de Um real de amor, o samba de Brandão e Fagner gravado no disco de Fagner com Zeca Baleiro. Foi uma ótima pedida, muito bem garimpada, mas nem tudo é luz ali.
Uma das que mais me incomodam é a regravação de Poxa, de Gilson de Souza. Não consigo imaginá-la sem perceber uma leve pretensão caça níquel. Sucesso na voz do autor em 1975, Poxa acrescenta muito pouco ao repertório do intérprete e ainda vem emaranhada de um tecladinho meio insosso.
Por outro lado, Zeca anda descobrindo Moacyr Luz. Isso é muito positivo. Moacyr tem um repertório de ótima qualidade, principalmente quando compõe com Aldir Blanc. De Moacyr e Aldir, eu arriscaria dizer que Você não parece mais você ficaria fina na voz de Zeca.
Apreciador de maxixes, Zeca precisa descobrir Pimenta de Cheiro, de Celso Viáfora. Está no antológico Basta um tambor bater, que também tem o partido Dia lindo, que parece ter sido feito para Zeca.
O samba de roda do Besouro, que encerra o cd Capoeira do Besouro de Paulo César Pinheiro também é uma ótima sugestão, assim como Manda chamar de Nuno Ramos, gravado por Rômulo Fróes.
Zeca gosta muito de cantar determinadas figuras, tais com o puxa-saco e o garanhão, presentes neste cd. Acho que ele deveria experimentar o universo de Paulo Vanzolini e gravar Trato do Homem ou Maria que ninguém queria, fáceis de cantar e que seriam sucessos rápidos na voz do intérprete.
O sambão Florindo, de Duani, gravado por Mariana Aydar, também ia ficar muito bem se Zeca resolvesse gravá-lo. E eu acho também que Cartas do Metrô, de Moysés Marques, deve ter sido feita para Zeca.
Por enquanto é isso. Um dia eu mando mais.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Inverno da alma

Se há alguma coisa que salta aos olhos de pronto em Inverno da alma, essa é a atuação de Jenifer Lawrence. A moça é a alma do filme. Jenifer tem tudo para seguir brilhante. O fime, que narra a história de uma adolescente que tem que cuidar da mãe (doente) e dos irmãos num lugar em que reinam a miséria e a produção de metanfetamina, e ainda procurar o pai que alienou a própria casa como fiança, é um drama baseado no livro de mesmo nome de Daniel Woodrel (inédito aqui). Até agora, é meu segundo nome na disputa do Oscar (o primeiro, naturalmente, é Bravura Indômita). E, mesmo ainda não tendo visto todos, Jenifer já é a minha favorita para melhor atriz.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Tirando as pedras do caminho



Tive o privilégio de assistir à premiére do DVD da Academia do Choro, em casa no sábado, com três amigos do quinteto miracemense. Melhor ainda, ouvi o trio tocar ao vivo algumas canções do DVD. Quando começam a tocar, falam por notas, transpiram música, improvisam cirandas de querer ficar ali a noite inteira ouvindo. Os choros do Moreira e os sambas do Lilito já fazem parte do repertório clássico das nossas noites miracemenses. Não fossem essas noites miracemenses de conversa e música, essa roda de amigos de alma desarmada, Miracema seria só mais uma cidade, como todas as cidades chatas desse Mundo. Elas fazem toda a diferença!!
No fim da noite, saquei do Cancioneiro Elomar (um dos meus tesouros que já foram pra Miracema), a cifra de Cantada e tentei fazer, com o violão do Moreira. Não deu muito certo, mas quem se importa? Um dia agente emplaca!
Se a qualidade sonora deixa a desejar (o DVD foi gravado num único canal), o esforço para mostrar o trabalho do grupo é compensado por uma energia que transcende à qualidade do som. São cinco músicos antenados, mostrando Pixinguinha, Chiquinha, Jacob e eles mesmos, com uma cumplicidade e sintonia pouco comuns de se ouvir hoje em dia. E o clip com a canção do Moreira (Tirando as pedras do caminho) é um achado.
A noite cai, Miracema está calma e o bandolim do Moreira sibila na Rua Samtos Dumont. Como Bandeira, eu tomo alegria!!!
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06/02/11 - Fluminense 2x3 Botafogo - um jogo de futebol deve ser um espetáculo para celebrar a atuação dos jogadores. Quando um juiz chama para si mesmo os holofotes da partida, não dá pra aguentar. Foi o que aconteceu ontem. Marcou dois pênaltis inexistentes (o primeiro, cometido por Rafel Moura pode até ter acontecido, mas nenhum juiz marca aquele pênalti), distribuiu cartões sem qualquer critério (inclusive para o Botafogo), atrapalhou o quanto pode. Pelo que fez ontem, Gutemberg de Paula Souza deveria ser imediatamente banido do futebol. Apesar de tudo, o Botafogo jogou melhor a maior parte do tempo (Conca e Fred estiveram irreconhecíveis ontem) e mereceu ganhar. Não porque o juiz quisesse, mas por suas próprias pernas.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O amor e outras drogas

Não se pode esperar nada de um filme que faz apologia da indústria farmacêutica e serve de propaganda para majors como Pfizer e Lilly, mas O amor e outras drogas tem seus encantos. A começar pela protagonista, Anne Hathaway, que merecia pelo menos uma indicação para o Oscar pela interpretação de uma moça que se descobre prematuramente com Doença de Parkinson. O filme consegue ter uma beleza plástica leve e consistente, sem apelar para clichês pornográficos. É mais provável que esses personagens e essa direção tivessem saído de uma obra de Fernando Porto do que o pálido As cariocas. Melhor para nós, os muito românticos, que comédias como essa continuem a preservar o gênero tão vulgarizado por Jenifer Aniston e companhia.
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O Camelódromo da Uruguaiana voltou a operar a plenos pulmões hoje. O centro perde um pouco a graça sem aquele burburinho calorento.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O discurso do rei

Achei o filme tocante, mas não passou disso. Por vezes, chato. Fiquei mais impressionado com Geofrey Rush do que com Colin Firth, mas espero sinceramente que Colin leve o Oscar de melhor ator esse ano, já que ano passado foi roubado, depois de uma atuação impecável em A single man. O Discurso do rei concorre a melhor filme (-), diretor (-), ator (-, e, engraçado, dessa vez acho que Jeff Bridges merece mais por Bravura Indômita), ator coadjuvante (+), atriz coadjuvante (+ou -, ainda não vi as outras), e outras 6 estatuetas menos importantes. Na minha simpática opinião, leva ator coadjuvante e figurino.
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Tenho andado nauseado, com dor de cabeça, dormindo mal, mas de bem comigo mesmo. Não existe almoço grátis. Hoje ao sair da empresa, um temporal desabou sobre meu guarda-chuva verde e me deixou encharcado. Vamos vivendo.
Sinto falta da minha casa, dos aconchegos da Didi, da polenta da Diô. Mas sei que é humilhante ter que pedir aos dias que passem logo.

Triste cuíca

Aceitar o castigo imerecido Não por faqueza, mas por altivez No tormento mais fundo, o teu gemido Trocar um grito de ódio a quem o fez As de...