sábado, 12 de fevereiro de 2011

Screening

Tenho um misto de pavor e desprezo por avaliação periódica, mas só quando o avaliado sou eu. Vivo recomendando aos meus amigos que não deixem de fazer seu PSA, de dosar seu ácido úrico, mas eu mesmo nunca faço. Na porta dos 50, e com uma respeitável circunferência abdominal, continuo assim. Na verdade, acho que piorei. Minha última avaliação tinha sido feita em junho de 2006.
Imagino que esse misto encontre sua origem em duas razões: venho de uma família de hipocondríacos extremados e minha própria formação médica. Uma coisa juntou com a outra e, em vez de somarem forças, acabaram me tornando um cético. Ainda não descobri a razão pela qual faço terapia há mais de 4 anos. É, por certo, um milagre.
Foi com esse espírito que pedi a Renatinha para me solicitar um conjunto de exames obrigatórios e em atraso fatal. Era possível imaginar que o diabetes, a próstata e as coronárias já estavam de tal modo irreverssíveis que de nada adiantaria. Na sequência, imaginei também que, era bobagem fazer tudo isso, diante do inevitável êxito letal. Um dia ela vem mesmo, então pra que ficar fazendo prenúncios mórbidos laboratoriais???
Amanheci num sem vontade retumbante. Contei direitinho pra ver se eram mesmo 12 horas de jejum e já não era possível adiar pra mais uns anos. Cheguei no Laboratório Sérgio Franco da Rua do Ouvidor parecendo o goleiro na hora do pênalti. Se tivesse 10 minutos de fila, corria dali. Depois fiquei acessando de meia em meia hora o site do laboratório pra ver no que deu aquela catarse.
Eu não vou ficar falando dos meus resulltados laboratoriais, mas até a coisa que não está tão mal assim. À exceção dos triglicerídeos nas nuvens e do colesterol ídem, o resto ficou mais ou menos nos trinques. Dá pra esperar mais cinco anos.

Um comentário:

Renata disse...

Nem pensar! Vc está na minha agenda, velhinho. bj

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