quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Cinco coisas que aprendi sozinho

Que a profundidade da canção Iansã, de Gil e Caetano, só percebi quando ouvi com Alice Caymmi. Alice é a verdadeira rainha dos raios, como outrora foi sua tia.

Que se tivesse seguido atento aos ensinamentos de minha mãe, teria sido campeão em tudo. Um dia esqueci deles e fiquei gordo. Mas isso está mudando.

Que tem dor na escrita promíscua de Sérgio Santana, na tira dissimulada de Flávio Almeida, na última canção de afeto.

Que quando colocado a contragosto num espaço dançante, ao som de uma pseudo Banda Vitória Régia e de um pseudo Tim Maia, eu travo.

Que a falta que sinto da minha cidade é visual, olfativa, de paz, amigos e filhos.




segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Destino Bocaiuva


Saí pra votar com a patroa em Vila Valqueire cheio de dúvidas. Lembrei daquela cena de Agosto (Rubem Fonseca) em que o Matos é arguido se Lacerda ou Getúlio e responde : mas tem que ser uma dessas merdas? E eram Getúlio e Lacerda!
Bem, eu estava completamente confuso. Já tinha passado por algumas fases: simpatizado com Eduardo Campos um dia antes dele morrer, adotado a bandeira do "basta de continuismo", e até mais simpatizado com Dilma no debate. Tudo isso são reflexões de pura incompetência. Não acompanho a política, não leio essa parte no jornal., entendo pouco das mazelas. Fiquei mais aliviado por ir à Vila Valqueire apenas justificar, pois voto mesmo em Miracema.
A viagem a Valqueire me obrigou a passar pelos subúrbios do Rio e o aleatório das canções insistia em mandar as canções suburbanas.
Na ida, Engomadinho, de Pedro Caetano e Claudionor Cruz com Aracy de Almeida. Não adianta tentar remedar, só Aracy canta bem o Engomadinho. Talvez já tenha escrito isso, mas vai de novo: eu era menino e Aracy era jurada do Programa Silvio Santos, obrigatório lá em casa aos domingos. Foi dessa forma desajeitada que conheci Aracy. Depois tive que trilhar um caminho espinhoso para reconhecer a grande cantora que foi. Ainda tenho uma certa dificuldade, mas não quando ouço o Engomadinho ou Triste cuíca. Olivia e Sacramento que me desculpem, mas Aracy esgotou essas duas. Qualquer coisa vai ser nada mais do que uma interpretação pálida do que ela deixou.
Em Quintino, me ocorreu o Destino Bocaiúva, da obra menos conhecida de Guinga e Aldir, já decantada por Fátima Guedes. Fátima também daria outro belo parágrafo, mas fica para uma outra.
De volta, só deu Noel. Começou com Dama do Cabaré. A versão que ouvi é da trilha do filme Noel poeta da Vila, não sei o nome do cantor, mas é muito boa.Ouvi também Estátua da Paciência com o Coisas Nossas do antológico Noel inédito e desconhecido, e Amor de parceria com Tatiana Parra.
Quase chegando em casa, Martinho da Vila e Martinália trouxeram Minha viola.
Bela viagem a Valqueire. No segundo turno eu volto.
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Em São Paulo, posso me dar ao luxo passar na Cultura depois do trabalho.. Hoje foi um achado: na sessão de clássicos, Rodolfo Medeiros e Marcelo Ghelfi, Sons do Brasil e Argentina, Selo Sesc São Paulo, por R$16,90. Um luxo! Corra antes que acabe. 

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Um outro dia propício para o fado


Era uma quarta-feira muito imprópria para encarar a noite como toda quarta-feira para quem trabalha quinta cedo. O show era tarde. Voltava de São Paulo e trabalho e tempo corrido. Precisava superar os muitos quilos em excesso, a insônia, a dor de cabeça.
Precisava voltar ao menino que andava de galho em galho pelo centro do Rio nos anos 80  à procura de música e poesia. Gonzaguinha, Nana, Língua de Trapo, MPB4, Clara Sandroni, Boca Livre, só pra citar os que vi mais de uma vez. A Sala Funarte, que era na Araújo Porto Alegre, o João Caetano, o Leopoldo Fróes, o Rival, a Barca das sete, o CCBB. As lojas de disco da Rua Sete de Setembro, uma vida inteira pelas esquinas do centro do Rio, precisava voltar lá.
Já tinha perdido Camané e Raquel Tavares esse ano. Gisela João não podia perder.
Vinte horas peguei um táxi para o Miranda. Eu sempre chego mais cedo, esperando que o artista vai compreender a minha insônia e começar na hora. Fiquei ouvindo/vendo Fluminense e Grêmio pelo celular.
Adorei o Miranda. Confortável, intimo, boa acústica, e a Lagoa Rodrigo de Freitas de fundos.
E Gisela impecável repassou todo o disco com seu corretíssimo trio de baixo, violão e guitarra portuguesa.Voltei par casa como se tivesse voltando da missa de domingo. Livre de todos os pecados. 

Onde comer bem no Centro do Rio

O tempo tem mostrado que comer no Centro do Rio é tarefa cada vez mais complicada. Ando limitado aos restaurantes antigos que como há mais d...