Era uma quarta-feira muito imprópria para encarar a noite como toda quarta-feira para quem trabalha quinta cedo. O show era tarde. Voltava de São Paulo e trabalho e tempo corrido. Precisava superar os muitos quilos em excesso, a insônia, a dor de cabeça.
Precisava voltar ao menino que andava de galho em galho pelo centro do Rio nos anos 80 à procura de música e poesia. Gonzaguinha, Nana, Língua de Trapo, MPB4, Clara Sandroni, Boca Livre, só pra citar os que vi mais de uma vez. A Sala Funarte, que era na Araújo Porto Alegre, o João Caetano, o Leopoldo Fróes, o Rival, a Barca das sete, o CCBB. As lojas de disco da Rua Sete de Setembro, uma vida inteira pelas esquinas do centro do Rio, precisava voltar lá.
Já tinha perdido Camané e Raquel Tavares esse ano. Gisela João não podia perder.
Vinte horas peguei um táxi para o Miranda. Eu sempre chego mais cedo, esperando que o artista vai compreender a minha insônia e começar na hora. Fiquei ouvindo/vendo Fluminense e Grêmio pelo celular.
Adorei o Miranda. Confortável, intimo, boa acústica, e a Lagoa Rodrigo de Freitas de fundos.
E Gisela impecável repassou todo o disco com seu corretíssimo trio de baixo, violão e guitarra portuguesa.Voltei par casa como se tivesse voltando da missa de domingo. Livre de todos os pecados.
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