quarta-feira, 31 de março de 2010

Perdido na santa páscoa

Já vou adiantando meus votos de feliz páscoa aos meus amados leitores porque não sei o que vai ser daqui pra frente até domingo. Essa frase está carregada de planejamento e dúvida, mas também de uma sincera sensação de vazio.
Tentei insistentemente um contrato com a vélox para ter acesso à rede em Miracema, mas a moça me informou que não há disponibilidade de rede para a minha linha. Ora, toda vez que eu ligo o computador aparece um monte de rede detectada, o que me faz supor que todos os meus vizinhos possuem vélox. Porque diabos eu fui premiado com uma linha inacessível? A outra opção é o claro 3G, mas aquilo é brincadeira. Quer dizer que nem monólogo nem diálogo.
Além disso, ir a Miracema está muito confuso. Antes era pra ver meus filhos e outras missões. Agora com Laura aqui e Luisa na fase pré-pós-tudo-bossa-band, a ida e a volta quase perderam o sentido Aos poucos, foram se tornando cansativas e enfadonhas e já não sei se vale o sacrifício de ir em duas semanas contíguas.
No script original, eu tinha conseguido uma folga amanhã e estava disposto a ir cedo pra lá. Mas agora essa possibilidade de sol/chuva mudou o plano da Laura de ir com a mãe para o Arraial e eu não respondo mais por mim para sair do Rio.
Resta-me desejar feliz páscoa aos meus 3 ou 4 leitores, seja lá o que isso for!

domingo, 28 de março de 2010

Todos estão mortos IV

Nada pode ser mais patético do que essa derrota do Fluminense para o Vasco. O time não funciona. Alan perdeu gols que qualquer Francisco (pai ou filho) faria, a zaga estava confusa (cadê o Dalton?) e no meio, só Conca funcionava. Está ruim e não sei se melhora com Fred, que tem exercido bem a função de líder, mas fazer gol que é bom, nem tanto! Final de domingo e o Fluminense se incumbe de salvar o Dodô!! É brincadeira!!
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Pra completar a noite dominicana, vi um filme que prometia, mas só ficou na promessa: Passageiros. Dirigido por Rodrigo "In treatment" Garcia, estrelado por Anne "O casamento de Rachel" Hathaway, o filme é uma mistura de Ghost com O sexto sentido e Um espírito baixou em mim. Não faria feio se chamassse Todos estão mortos IV. Muito ruim! Diane Westt é a única que se salva, mas parece continuar no filme, o papel da psicanalista de In treatment.
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De resto, viagem, compras na Sendas com Laura, renovação do estoque de wafers. almoço na Serra do capim. Vamos indo!

sábado, 27 de março de 2010

Miracema

Fiquei mais leve depois que a S10 feridou o asfalto da Serra do Capim e a viagem seguiu mais tranquila. Três finais de semana consecutivos sem vir a Miracema, precisava chegar aqui, rever os amigos e Luisa. E Chicó hoje cedo. E S. desde ontem à noite. Depois de uma ou duas originais e um bom bife no Bunda de Fora, já podia até achar que relaxar é possível.
Esses tempos quentes em Niterói e Rio têm sido difíceis. Dias intensos de trabalho e calor. No final da quarta, cheguei pra Sandra Careirinha e disse que aquele era o primeiro em muitos dias que eu ia pra casa com uma leve sensação da missão cumprida. Tenho saído da empresa devendo trabalho e aceito desafios que sei, vai ser difícil chegar. Mas sempre achei que não se deve reclamar de trabalho quando se tem.
Viajamos eu, Laura e três de seus colegas bailarinos que moram em Pádua. Vim ouvindo meus fados, baiões, Xangô e Chavela, ninguém reclamou. Os meninos parecem já ter sensibilidade para reconhecer boas canções.
Miracema já não tem os arroubos do menino que caminhava pelas ruas atento ao movimento noturno, mas ainda me falta muito.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Destroçando Cole Porter


Déo Rian interpreta Roberto Carlos, Count Basie encontra os Beatles, houve um tempo em que grandes músicos podiam passear por obras mais populares sem qualquer pudor ou necessidade de fazer um trabalho comercialmente interessante, mesmo com essas capas esquisitas. Hoje é mais difícil. Ninguém espera por um Hamilton de Holanda toca Roberto ou um os Cohen tocam os Beatles. Esse tipo de comemoração ficou aviltada por exploradores caça-níqueis, que querem apresentar não uma revisão da obra do artista, mas uma forma de ganhar dinheiro chafurdando canções alheias. Isso explica o fato de Rod Stewart só ter passado a ser um campeão de vendas depois que debulhou em 4 cds, os standarts do cancioneiro americano. E pode explicar também o aparecimento de tenores e barítonos, como Michel Bublê, que vendem milhões de discos destroçando Gershwinn ou enterrando Cole Porter.
Os tempos são outros. Já não existem mais bobos. Todo Mundo quer ganhar o seu na ponta. E se ganhar o seu significa explorar perniciosamente a obra do outro, pouco importa. Há muitos espertos esperando ávidos para escutar!
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Cheguei em casa, abri o chuveiro e deixei a água fria escorrer sem pressa. Enquanto isso, fiquei remoendo o dia inteiro.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Últimas sessões de cinema



The hurt locker (quem foi o gênio que traduziu para Guerra ao Terror???) teve um único benefício ao ganhar o Oscar: derrotar Avatar. Isso o Xexéo já tinha escrito, a coisa do David e Golias. Não que seja um filme ruim. Guerra ao Terror é um bom filme de guerra. Mas passa longe de concorrer com Um homem sério ou Bastardos Inglórios.
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S. veio passar o fim de semana comigo e fomos ver o novo Scorcese, A Ilha do Medo, baseado no livro de Dennis Lehane, Paciente 67. Achei confuso em alguns momentos, mas não deixa de ser perturbador. Voltamos pra casa e tivemos que assistir Surpresas do coração, para aliviar os impulsos perturbados. Surpresas... é mais um dessas centenas de filmes romantiquinhos bestas que atendem a uma única fórmula: casal passa o filme todo brigando pra no final descobrir que foram feitos um para o outro. Mas é, por assim dizer, bonitinho.
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Também vi o fraco Jogo entre ladrões, cujo único ponto positivo foi a estonteante Radha Mitchell. A australiana só trabalha em filmes ruins, mas sua presença faz sempre muito bem aos olhos do espectador.

terça-feira, 23 de março de 2010

Essa canção é só pra dizer e diz.


Eu gosto de sair apagando as luzes que você deixou acesas só pelo prazer de saber da sua presença. Ultimamente, nada tem me dado mais gosto do que atravessar nossos silêncios. Silêncio de pai e filha. Silêncio calmo, que não precisa de conversa. O ambiente musical do silêncio.
Quando você veio, tive medo. Hoje sei que estar com você todo dia é o que estava faltando e eu não percebia. É fácil conviver com alguém que se parece tanto.
Ainda tenho medo. Morro de medo quando você demora. Quando você tem que ir. Meço as palavras pra não machucar você quando, raramente, nego alguma coisa. Não aprendi a negar, faltou-me o ensino.
Levo uma vida atribulada, suo exageradamente por todos os poros, vivo clamando por dias mais mansos. o tempo tem sido curto pra nós dois. Ainda assim, uma enorme quantidade de afeto mútuo e silencioso não permite que nos afastemos . É muito bom saber que você dorme serena no quarto ao lado, bom saber que vamos acordar juntos, bom saber que tem alguém na casa que não tem preguiça de fazer café.
Já até me acostumei com suas invencionices zis, seus esquecimentos, comer ração humana, passar lixa na verruga, esquecer a porta aberta, o gás ligado. Não importa, eu fecho a porta, desligo o gás, tudo isso só me faz lembrar que você está por aqui, nalgum canto da casa, provavelmente onde meu coração bate mais feliz. .

segunda-feira, 22 de março de 2010

A voz do morto 2 ou 3

Esse Fluminense que jogou contra o fraquíssimo Resende e quase deixou a peteca cair, não tem condições de aspirar a nada. Até o gol do Resende, no meio do segundo tempo, Rafael não tinha visto a bola. Bem, no gol ele também não viu, deixou passar um frango bem temperado. O time precisa recuperar 1/3 da fibra que teve quando evitou o rebaixamento. Acredito que seja o que está faltando. Nessa altura do campeonato, não se deve mexer em nada, muito menos no Cuca, que merece toda a paciência.
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Voltou o calor infernal do Centro do Rio, hoje foi um dia intenso. Pra completar, apareceu mais um acervo de clássicos e jazz de primeiríssima grandeza lá no Cláudio. Tive que garimpar muito pra não estourar o orçamento. Mas, enfim, o acervo era tudo de bom.
O Cláudio deve ter arrematado aquilo por uma miséria. Mais uma vez senti um arrepio na espinha.
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Tenho testado minha capacidade de responder a determinadas provocações sem grandes exaltações, mas às vezes me escapa o verbo. Que fazer? Nem 3 anos de terapia deram jeito nesse velho imediatismo. Depois acabo me arrependendo. Não da resposta dada, mas da forma como foi feita.
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Do acervo do Cláudio (quer dizer do morto), saquei o precioso Guiomar Novaes interpreta Chopin. Nos ultimos tempos, dificilmente trabalho ouvindo música. Hoje não teve jeito.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Guardados

"As pobres coisas que eu sei
Podem morrer, mas espero.
Como se houvesse um sinal
Sem sair do amarelo." (*)
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"Quando se chega a esse estágio, aquele que pensava em ser na vida apenas um leitor metódico está irremediavelmente perdido" (**)
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"Não sei se a posse de objetos úteis, como livros, CDs e DVDs, me qualifica para a fase anal retentiva tardia, mas às vezes, sinto-me morando numa filial da Livraria da Travessa." (***)
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Eu sei, ando devendo um texto razoável. Não espere mais de mim do que um texto razoável. Adoro escrever bobagens. Muitas vezes, as bobagens se transformam em textos razoáveis. E só. Hoje está muito difícil escrever textos razoáveis. Amigos e parentes agonizam e morrem. Morrem logo aqueles que mais amo. O tempo está para chuva forte ou calor insuportável. Ando pelas ruas do centro, descolorido, com dores articulares e sinais de esgotamento.
Só me resta tirar do bolso os guardados que leio e gosto e reproduzí-los aqui.
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Trabalho, há demais, eu não reclamo. Não sei se dou conta, mas não reclamo nunca. Faço uma agenda de prioridades. Ando meio puto com os sistemas de gestão. Eles costumam só servir para atrapalhar. e quando se tem uma porrada de sistemas de gestão tentando conversar um com o outro, aí é que o caldo entorna. O pobre do sujeito que analisa tem primeiro que interpretar tudo que foi erradamente alocado em cada sistema de gestão para depois dar um parecer, que muitas vezes recai sobre uma gota, uma agulha, um souvenir.
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Lulu Santos é compositor de músicas fáceis, gostosas de ouvir. Um dos vinis que furaram na minha vitrolinha foi aquele disco azul, coletânea dos discos da Warner do Lulu. Quem viveu nos anos 80 e não se lembra desse disco? Pois Lulu continua compondo canções fáceis e bonitas. Só não tocam mais no rádio. O rádio agora só toca padre, dupla sertaneja e axé music. Lulu lançou no fim do ano passado, o cd Singular. Demorei a tirar do plástico e botar no aleatório. São as mesmas canções, que poderiam perfeitamente tocar em qualquer FM e não fazer vergonha. Lulu está virando cult, mas sua música é para todos.
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(*) Aldir e Bosco , Transversal do Tempo; (**) José Mindlin, em entrevista a José Castelo; (***) Arthur Dapieve no Globo de hoje.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Estão se adiantando meus amigos


"Li que os terremotos do Chile causaram um deslocamento do eixo terrestre que atrasou - ou acelerou? - a rotação do planeta em alguns milésimos de segundo. O que pode não ser muito para você mas é importantíssimo para quem não pode desperdiçar um milésimo sequer de vida. São as mesmas pessoas que espremem o gargalo até a última gota, passam o pão no prato até não sobrar rastro do molho, pensam em cada batida do seu coração como um bônus e aceitam tudo que lhes dão na rua, até volante de quiromante. As pessoas que não podem perder nada, ainda mais fração de segundo.
Queremos nosso tempo integral na Terra, e nem um milésimo a menos."

Veríssimo, no Globo de domingo.


Ando muito preocupado. Grandes amigos estão partindo assim sem maiores explicações. Antes de qualquer previsão futura. Não foi câncer, não foi nenhuma doença crônica dessas que vão matando aos poucos. Partem simplesmente. E vão me deixando cada vez mais só e mais estarrecido. Essa madrugada foi o Hélcio. Da esquerda pra direita, o Hélcio é esse oitavo personagem sorrindo como sempre, moleque, caçula de nós todos.
Era um jovem amigo de cinquenta e poucos anos. Uma das grandes referências em auditoria em saúde no Estado. Cardisplicente como eu, porém com um gosto enorme pela vida, diferente de mim, que costumo desprezá-la. Eu nem esquento minha cabeça com milionésimos de segundo.

terça-feira, 16 de março de 2010

Há que se olhar com cuidado essa situação dos elevadores. Ontem só havia um funcionando inclusive para os 4 andares da empresa, o que provocou uma fila interminável, dobrando a Vargas. Descer só de escada mesmo.
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Ná Ozzetti é a grande dama da canção brasileira atual, a meu ver. Conheço Ná desde o vinil Rumo ao vivo, que quase furou na vitrolinha. A medida em que fui me interessando pelas coisas do Rumo, Ná Ozzetti foi entrando na minha vida.
Hoje ela habita quase todos os discos que cabem no meu shuffle. No do Ataulfo, ela está. No Chiquinha em revista, lá está ela de novo. No Concha de Sopa, olha ela ali outra vez.
E agora, que eu resolvi reouvir o Ná e André, não é incomum passar 3 ou 4 canções do aleatório interpretadas por ela. Entre a Praça Araribóia e a Rio Branco, entre o Gragoatá e o Cláudio, entre o Paço e a Rosário, é Ná quem comanda meus ouvidos.
Em que coisa linda ela transformou A ostra e o vento (!), até então uma canção pouco expressiva na obra de Chico, ganhou sua interpretação definitiva. Tudo em Ná é feito com um esmero e um perfeccionismo difícil de se encontrar hoje em dia.
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Ontem foi aniversário de Letícia. Dessa vez, não mosquei na data não. E pude dar a ela o abraço que merecia. Letícia é imprescindível na minha vida besta.

domingo, 14 de março de 2010

O amor em tempos de desamor


Queria ver um filme com Laura. Essa solidão a dois, ainda que carregada de afeto e compreensão, às vezes precisa de um regalo, que pode ser um filme. Que seja algo mais do que um café, um almoço ou uma conversa nos intervalos. Fiz o que pude: liguei o ar da sala, tirei da gaveta a quinta e atrasadíssima temporada de Lost, não teve jeito. Laura preferiu o ensimesmismo.
Daí fui pro quarto e dei de cara com o DVD de O amor nos tempos do cólera. Lançado em dezembro de 2007, carregado de críticas ruins, ficou no limbo, na poeira do tempo. Até que os milagres da letra A me trouxeram o DVD. Adorei!
A rigor, o único defeito do filme é ser falado em língua inglesa. De resto, as atuações são muito boas (Javier está muito bem como Florentino Ariza) e o que é melhor: trazem o livro de volta. O amor nos tempos do cólera foi meu primeiro Gabriel Garcia Marques, antes mesmo de Cem anos de solidão. Mais que o livro, trazem os interiores de Gabo de volta. Trazem os nossos interiores. É como ler o Poema Sujo. Já me apossei tando daqueles versos de Gullar que, às vezes acho que eu mesmo os escrevi.
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Não são os interiores de A partida, outro ótimo que vi ontem. O filme japonês é muito delicado, tem uma trilha impecável, só peca um pouco pelo excesso de tristeza. Difícil não derramar uma lágrima na cena final.
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Filmes como O amor nos tempos do colera renovam nossas crenças de que, nesse Mundo real e bizarro, ainda podem existir magia e sensibilidade.

Toda a verdade sobre a separação de Daniele Winits

Depois que Laura veio pra cá, D Nilza tem solicitado novos itens de limpeza a cada faxina. Óleo de peroba hoje, sabão neutral amanhã e por aí vai. A cera tem que ser Analia. Essa cera não existe nas casas Sendas, mas D Nilza nunca desiste em seus bilhetinhos de "está faltando": a cera tem que ser Anália!
Na fila do supermercado, a única opção é ficar olhando as manchetes das revistas. A Revista Contigo estampou a manchete que dá título a esse texto. No que pese o meu interesse estrambólico pela notícia, não imagino como alguém pode perder seu tempo útil lendo inutilidades. Na minha cabeça, aquilo serve pra ler no máximo na fila de supermercado, quando você já não tem mais nada pra fazer. Mesmo assim, só a manchete.
Não imagino que tenham sido pagos um redator, um impressor, uma revista inteira pra discorrer sobre um assunto que interessa apenas, quando muito, a Daniele e seu marido.
Há tanto Machado pra ler, tanto Ernesto pra ouvir, tanto Polanski pra ver, porque cargas d'água alguém vai se interessar, num domingo quente em Niterói, pela separação de Daniele Winits????????????

sexta-feira, 12 de março de 2010

Voltei, vim matar minha saudade


Alguém vai achar que é maluquice, mas nada me fez tão bem essa semana do que chegar na empresa hoje e encontrar luz. Por trás da luz, minha sala arrumadinha, refrigerada, minhas musas Renatinha, Luciana e Sandra Carreirinha, tudo funcionando muito bem, a dinâmica retomada depois de 2 dias inteiros sem luz e sem poder trabalhar. Já estava ficando angustiado, com princípios de ideação suicida.
Trabalhar em casa, em São Paulo ou no Cariri não chega nem aos pés de estar aqui na minha salinha.
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O Mundo vai ficar mais triste com a ida de Glauco e do seu Geraldão. Sou apaixonado por tiras. É uma parte do jornal que nunca deixo de ler. Ainda mais quando se trata de Glauco, Laerte, Angeli e outros gênios brasileiros do traço. A morte estúpida do cartunista esvaziou a leveza da sexta-feira.
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Mandei o mau humor pro espaço, a dieta pro baralho, o azedume pro inferno e chamei as meninas pra almoçar na Parmê. Agora com a pança cheia de pizza, não me sinto nem um pouco arrependido. Uma vez por mês não pode fazer mal a ninguém!!!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Blecaute

Dois desapontamentos...
1) O disco de Edu Lobo, Tantas marés, peca exageradamente pelo excesso de sofisticação. Tudo que é sofisticado demais, beira a chatice. Já ouvi umas três vezes e ainda não emplacou.
2) Comecei a ler Memórias da Sauna Filandesa, Marcelo Mirisola. O primeiro conto é de uma escrotice inenarrável. Marcelo contista passa longe da categoria de Marcelo cronista. Aguardemos o resto.

.. e uma constatação:
1) Acho que vou dar mais uma chance pra eles.
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Há dois dias que não consigo...trabalhar!?!?! O prédio que abriga minha empresa na Rio Branco está sem luz há dois dias. Não há o que comemorar. Tenho tentado trabalhar em casa, mas minha base está toda na empresa.
Ontem, fui trabalhar em Nova Iguaçu. Na volta, fritei a careca enquanto aguardava o Castelo. Hoje preferi trabalhar em casa mesmo.
Não posso mais deliberar sozinho de ir agora para Miracema descansar um pouco, amuar no quarto a tarde inteira vendo filmes inúteis com S. ou um jogo da segunda divisão com Chicolino. Laura está aqui comigo. Atualmente, quem manda no pedaço é Laura.
Por falar em S., semana passada assistimos o show de Sílvia Machete. Em DVD. Irresistível! A moça canta bem e faz uma performance meio circense que tinha tudo pra ser estereotipada, mas fica ótimo. Um achado essa Silvia Machete!

quarta-feira, 10 de março de 2010

Carnaval do Geraldo


Reza a lenda que as últimas palavras de Radamés Gnatalli foram: -Pelo amor de Deus, não deixem o Hermínio colocar letra nas minhas músicas. Lenda ou não, acho que Radamés estava sendo injusto. Hermínio Belo é o nosso melhor letrista de choros iletrados. Cem anos de choro ou amigo é casa (Capiba) e Estrada do sertão (João Pernambuco) são duas provas cabais da capacidade do poeta.
É muito difícil letrar um choro iletrado. Wisnick tentou fazê-lo com o Banbino do Nazareth e não deu muito certo. O pior é que a música já havia sido letrada por Catulo da Paixão Cearense, uma letra belíssima que Wisnick ignorou. Tentei abordá-lo sobre o assunto na FLIP de 2007, mas Nelinha não deixou. Pena.
Há choros letrados que valorizam a melodia. Aprendi, por exemplo, a gostar mais do Ingênuo (Pixinguinha e Benedito) depois que o Paulinho Pinheiro letrou.
O SESC de São Paulo acabou de lançar Chiquinha Gonzaga em revista. Um primor, como tudo que é lançado pelo selo. Arranjos sublimes, repertório finíssimo, e Ná Ozzetti, Suzana Salles, Carlos Careqa e outros do primeiro time dos intérpretes da música brasileira.
Mas nem a voz de Ná, nem o arranjo perfeito conseguem favorecer a letra do corta jaca, feita em 1902 por Machado Careca. Horrível!
E por falar em lundus, choros e marchas, Geraldo Leite acaba de lançar uma espécie de Rumo aos antigos 2. Chama-se Sopa de Concha. A mesma preocupação em recuperar velhas canções que fazem parte do lado B dos grandes compositores, ótimos arranjos e o Rumo junto de novo. Adorei!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Adeus segunda-feira cinzenta

"Eu tenho um espelho cristalino
Que uma baiana me mandou de Maceió
Ele tem uma luz que alumia
Ao meio dia reflete a luz do Sol."

Tem sido assim às segundas. Dou um direcionamento logo cedo, pego a dianteira e vou. Se parar pra pensar, danou-se! É difícil para um deprimido, explicar. Principalmente quando não há muita explicação.
É preciso seguir, eu sigo.
Preciso fazer, eu faço.
Interrupções bruscas doem.
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O caso Adriano e noiva ganhou as manchetes de jornais. A moça foi ao baile funk e fez estrago no carro dos jogadores, pintou os canecos. Até os traficantes tiveram que apartar. Estivesse vivo, Bandeira torceria o nariz, mas teria que exclamar: Tão Brasil!!!
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Tenho uma ponta de orgulho de não saber nada a respeito da nova edição do Big Brother. Nem nenhuma das edições. Nem Laura nem Luisa sabem o que se passa na casa, outro grande motivo de orgulho! Costumo só conhecer as personagens quando saem na Playboy, da qual sou assinante inconteste. Hoje teve uma crítica (repare bem, uma crítica!?!?) no Globo sobre os milhões de espectadores que acompanham. Há gosto pra tudo!
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Hoje é o dia internacional da mulher. Também não acompanho o calendário, não ligo para dias específicos, mas em todo caso, Laura, Luisa, Silvana, Renatinha, Nelinha, Sandra, Luciana, Rose, Silvia, enfim, todas as mulheres que me habitam, que o Mundo seja mais leve e mais doce a cada dia e não só hoje.

domingo, 7 de março de 2010

Os cantores brasileiros

Eram 11 e 15 e Marila me ligou pra dizer que Geraldo Maia estava na Cultura. Interrompi o jogo que Chicó estava vendo (provavelmente uma reprise de Madureira e Tigres) e botei no 114. Lá estava Geraldo, um cantador de pérolas brasileiras como essas do Manezinho ou aquela do Capiba. Tenho ouvido e reouvido seu repertório, composto por sambas de Luiz Gonzaga, repentes de Manezinho Araújo, ótimas composições próprias e um riscado brasileiro em sua plenitude, de fazer qualquer um se orgulhar de ter nascido nessas terras. Geraldo é recorrente nesse blog. Se eu falar dele toda semana e conseguir que meus 3 ou 4 leitores prestem atenção no aveludado da sua voz, na preocupação com a sofisticação dos arranjos simples, já está muito bem. Eu não desejo saber se Bono Vox vem ao Brasil, se os Beatles ressuscitarão aqui, meus desejos mais sinceros são mais simples: quando é que Geraldo Maia vem ao Rio (?), por exemplo.
Saí de Niterói pra ir à FNAC Barra há dois anos só pra ver Zé Luiz Mazziotti fazer um pocket. Essa gente é tão rara de ouvir ao vivo, que quando vem, é preciso decretar feriado e correr atrás.
Num país onde cada dia emerge uma nova cantora (Marisinhas aos Montes), os cantores brasileiros acabaram por ficar num segundo plano, à sombra dos grandes compositores que também cantam, e correm o risco de serem esquecidos.
É preciso ouvir Zé Renato, que tem gravado discos memoráveis, revisionais ou não, inclusive um de fados, outro de Sylvio Caldas, outro de Zé Ketti, tudo bom de ouvir e de muito bom gosto. Vi Zé Renato ainda muito jovem (eu e ele) no Teatro da UFF nos anos 80, quando ele gravou Luz e Mistério. Tem uma voz melodiosa, quase feminina, de rara beleza.
E Renato Braz. E Marcos Sacramento E Eugênio Avelino, onde anda Xangai que não vem ao Rio há tanto tempo?
E Johnny Alf. Esse não vai ser mais possível. Deixou-nos discretamente. Conheci Alf do disco Banquete dos Mendigos, um disco que Jards Macalé fez para arrecadar fundos pra ele mesmo. Foi ali que ouvi, pela primeira vez, extasiado a sua Ilusão à toa. Depois a cantora Paula Lima gravou um cd chamado Canção de amor de iguais, de repertório homo. Como assim??? Ganhei algumas mulheres ao som de Ilusão a toa e nunca me senti tão Dom Juan!! Agora não tem mais jeito. Até hoje, acho Ilusão a toa uma referência de boa cantada.
Pedro Miranda gravou um disco ímpar (Pimenteira). Sérgio Santos, além de exímio violonista, tem uma bela voz. Moisés Marques tem gravado grandes discos E você, o que faz aí parado ligado nessa FM clichê do clichê? Procura esses caras que você acaba achando!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Fênix


Deixa eu olhar um pouco para o meu próprio umbigo. Não é todo dia que aparece um Ataulfo inédito na vida de um sujeito. Adoro Ataulfo Alves, conheço sua obra bastante, mas essa Fênix havia passado desapercebida ao longo dos últimos 48 anos. Agora, a gravadora Lua Music lançou um duplo em homenagem aos 100 de Ataulfo, completados ano passado. Botei na frigideira aleatória do Itunes e vim. Quando eu estava ultrapassando a roleta da Cantareira, veio a música. Um arranjo de cordas explêndido e uma voz clara que não me recordava. Depois fui ver, era Edith Veiga, e a música se chama Fênix. Imaginei que a letra fosse do Mário, mas é de Aldo Cabral. É Mário e Bilac puros, destilados! De Niterói até o Cláudio na Rosário, a música não parou de tocar. Mostrei pro Raimundinho, mostrei pra Renatinha, já não se faz mais letra e música como essa. E muitas vezes, descobrir uma canção nova já é razão suficiente para se sentir mais vivo do que morto.
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Mais vivo me senti ao sair do Teatro Ginástico com Laura, embevecido pelas Cochambranças de Quaderna. Impossível sair dali sem que a maçã do rosto esteja renovada e sem vergonha, cheia das graças de Ariano e Leonardo Brício e sua trupe. Aí é possível esquecer todas as dores e achar que tudo dança.

quarta-feira, 3 de março de 2010

São Paulo

Voltei a São Paulo hoje, contrariando minha cota de uma ida por mês, mas dessa vez não trouxe muita coisa na sacola do conhecimento. Ficaram devendo. Foi um evento da ANS, que interessava somente à ANS e à nove players entre os quais, não fomos incluidos. Fico angustiado quando não consigo trazer alguma coisa, especialmente quando vou a São Paulo. É uma perda de tempo miserável em Congonhas e no Santos Dumont. Pra não perder totalmente o dia, li muito no avião. Eventos da ANS são extraordinários no quesito distribuição de papéis, livros, cds, etc. Ganhei mais do que li no avião do que o que ouvi no evento. Quero distância de São Paulo pelos próximos 30 dias.

Nesses últimos anos, minha relação com São Paulo vem piorando muito. É quase que do evento pro hotel, do hotel pro aeroporto e assim sucessivamente. Já não frequento mais os sebos do velho centro, não vou mais à Baratos Afins, há muito que não sei o que é o Espaço Parlapatões. Tudo isso era figurinha fácil quando ia a São Paulo.

Com o tempo, vai se perdendo aquele ímpeto jovial de se arriscar, de se importar pouco com os arranhões, de viver simplesmente.

terça-feira, 2 de março de 2010

Chove lá fora

Atraído (a) pelo roteirista de Juno, (b) por uma resenha da Playboy e (c) pelos apelos adolescentes para adultos de Megan Fox, assisti Garota Infernal. É, por assim dizer, muito ruim. Fuja! Também vi o ótimo Código de conduta, um thriller jurídico com excelentes participações de Gerard Butler e Jamie Fox.
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Tempo de chuva e Anat Cohen me surprende outra vez com a sua Anzic Orchestra. Dessa vez foi o Ingênuo. Eu sou apaixonado pelo Ingênuo. Até já gravei um cd com 20 versões da canção, indo pela original do Pixinguinha, passando pela obrigatória do Jacob e terminando em Baden. Ouvia no carro sequencialmente as 20 versões e depois reouvia. Pois Anat delicadamente conseguiu dar luz nova à canção. Imperdível esse Noir.
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Laura me surpreendeu hoje comendo ração humana!! Como assim?? Acho totalmente inadequado, mas ela garantiu que foi recomendação do nutricionista. Pare o mundo que eu quero descer!!
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A chuva também tem atrapalhado a passada no sebo, o café da volta, o esticar do caminho. Esquisito esse tempo.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Como assim???????????????


Já ouvi umas 3 ou 4 vezes o incensado cd Certa manhã acordei de sonhos intranquilos do Otto. No que pese o belo título, o cd é uma merda! Por enquanto, pelo menos. Há coisas que tive de ouvir 30 vezes pra começar a gostar, quem sabe não é um exemplo?. Uma coisa eu tenho certeza: sua versão de Naquela Mesa é muito ruim! De fazer Jacob do Bandolim, o homenageado, dar muitas voltas no túmulo de raiva. E seus intérpretes originais, Eliseth e Nelson, teriam achado aquilo um horror de mau gosto. Pois muito bem, hoje na Veja, está informando do show de Otto no Circo Voador e que o tecladista Bactéria imitará o teclado de Lafayette quando Otto cantar a canção. Como assim?????? Lafayette e seus teclados eram fichinha fácil na Exposição agro-pecuária de Miracema dos anos 70. Devia ter um limite para o inusitado. Acho que foi por isso que Alessandra deu linha no Otto!
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Walter Alfaiate deixou o Rio e Botafogo órfãos de elegância e boa música. Seus poucos discos tinham a padronagem da sua costura: eram muito bem feitos. Lembro de um samba feito pelo Paulinho e pelo Aldir em homenagem a Botafogo que Walter gravou. chama-se Botafogo, chão de estrelas. Um hino de Botafogo, que poucos tiveram o privilégio. E de Sacode Carola. E do último disco em homenagem a Mauro Duarte, que ainda carece de uma audição mais detalhada. É mais um grande músico que nos deixa.
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Também nos deixou o historiador José Mindlin. Minha paixão por Guimarães Rosa tem qualquer coisa do Mindlin. Foi ele que me orientou a leitura das veredas.
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Quanto mais ouço médicos notáveis, mais me refugio em Manoel de Barros. Hoje tive uma reunião com meia dúzia deles. Cada frase que saía, ecoava um Deixe-me em paz com Manoel dentro de mim.
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Chove muito em Niterói. Estamos no tempo de calor assombroso alternado com chuva forte. A cantareira bombou às 19:20!


Onde comer bem no Centro do Rio

O tempo tem mostrado que comer no Centro do Rio é tarefa cada vez mais complicada. Ando limitado aos restaurantes antigos que como há mais d...