domingo, 14 de março de 2010

O amor em tempos de desamor


Queria ver um filme com Laura. Essa solidão a dois, ainda que carregada de afeto e compreensão, às vezes precisa de um regalo, que pode ser um filme. Que seja algo mais do que um café, um almoço ou uma conversa nos intervalos. Fiz o que pude: liguei o ar da sala, tirei da gaveta a quinta e atrasadíssima temporada de Lost, não teve jeito. Laura preferiu o ensimesmismo.
Daí fui pro quarto e dei de cara com o DVD de O amor nos tempos do cólera. Lançado em dezembro de 2007, carregado de críticas ruins, ficou no limbo, na poeira do tempo. Até que os milagres da letra A me trouxeram o DVD. Adorei!
A rigor, o único defeito do filme é ser falado em língua inglesa. De resto, as atuações são muito boas (Javier está muito bem como Florentino Ariza) e o que é melhor: trazem o livro de volta. O amor nos tempos do cólera foi meu primeiro Gabriel Garcia Marques, antes mesmo de Cem anos de solidão. Mais que o livro, trazem os interiores de Gabo de volta. Trazem os nossos interiores. É como ler o Poema Sujo. Já me apossei tando daqueles versos de Gullar que, às vezes acho que eu mesmo os escrevi.
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Não são os interiores de A partida, outro ótimo que vi ontem. O filme japonês é muito delicado, tem uma trilha impecável, só peca um pouco pelo excesso de tristeza. Difícil não derramar uma lágrima na cena final.
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Filmes como O amor nos tempos do colera renovam nossas crenças de que, nesse Mundo real e bizarro, ainda podem existir magia e sensibilidade.

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