quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Pra não dizer que não falei de livros

Estou lendo, e pretendo terminar até o final do ano, Amálgama, o novo de Rubem Fonseca. Confesso, envergonhado, que é meu primeiro livro em 2013. Li poesias esparsas de vários livros, reli outras, e só. Não fui à FLIP, nem a Bienal, andei por alguns sebos, comprei alguma coisa, mas ler mesmo, só Rubem. 
Rubem nasceu em 1925, já passou dos 80, a velhice deixou Rubem mais preciso, menos lisérgico. Os leitores de Feliz ano novo ou O cobrador vão estranhar Amálgama. Até agora só notei espasmos do velho Rubem em Segredos e mentiras, o conto nª 3.
Se tivesse vivido nos anos 20, como Rubem e Chalky White, também teria me apaixonado por Daughter Maitlant. Ela canta divinamente aquelas canções divinas. Você pode conferir em  http://www.youtube.com/watch?v=tbzyQ6wjgdY.
Além disso, hoje estou meio redundante, mais enfadonho do que o normal. Deve ser essa São Paulo. Apesar de tudo, a Paulista está muito bonita de noite. Também concordo que há influência da canção do Gudin nessa assertiva. E também porque descobri um pé sujo bem razoável aqui perto do Caesar. 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Cinco canções que dançaram nos meus ouvidos em 2013


Feitiço caboclo com Dona Onete do disco homônimo - deu vontade de voltar ao "ver o peso" pra comprar o chá e ouvir as guitarras dançantes da música paraense.
Pisa de mansinho de Luiz Gonzaga e Xico Bezerra do disco Luas do Gonzaga de Gereba Barreto, com Adelmário Coelho e Santanna. O repertório do rei do baião sempre reserva surpresas irresistíveis. Essa entrou no ouvido e não saiu mais.
Calango da lacraia de Luiz Gonzaga e J. Portela, com Socorro Lira e Passoca do disco Socorro Lira e Osvaldinho, Os sambas do rei do baião. Um dos discos mais interessantes do ano, misturando a sanfona crua de Osvaldinho (ao jeito de Pedro Sertanejo) e a voz doce de Socorro.
O chão azul de Madureira de e com Moacyr Luz, do disco Moacyr Luz e samba do trabalhador ao vivo no Renascença - para não faltar um partido na seleção dançante.
Vê se me esquece, de Itamar Assumpção e Alice Ruiz, com Zélia Duncan do disco Tudo esclarecido - essa canção é uma das dez mais do Itamar e da Alice pra mim. Zélia transformou a música num forró de ouvir mil vezes e sair dançando pela casa.


terça-feira, 26 de novembro de 2013

Ainda o disco de Gonzaga Leal



Deu vontade de ligar pra Leticia, pro Ronaldo, Lugarinho, Marila, Jadim, Lilito, pro Moreira e mais um ou dois (não tenho tantos amigos assim pra encher um teatro). Deu vontade de ter trazido a Laura e o Mateus pelo cabresto. Vontade de avisar na Rádio Princesinha do Norte, no intervalo da novela ou na fauna do Amarelinho que Ná Ozzetti está cantando no Rival praticamente vazio nesta segunda. Está agora fazendo o Adeus batucada mais bonito que já se ouviu: mais que Carmem, mais que Ney, Dusek, Alaide, mais que Synval Silva, mais que ela mesmo no estúdio, é absolutamente irretocável, cristalino e vale perder o sono na segunda, o voltar mais cedo pra casa, o tempo com o Furustreco, só para ouvir, mil vezes ouvir, mil vezes guardar.
A gravadora Sony acaba de lançar um disco com novas versões da Arca de Noé. Meus filhos cresceram ouvindo as canções de Vinicius, comprei logo. Tem altos e baixos. Por exemplo, Seu Jorge fazendo a canção de abertura é meio apagado, ainda que correto. Quando Milton Nascimento cantava "e abre-se a porta da arca", sentíamos efetivamente a porta se abrir.
É com esse espírito que tenho ouvido cuidadosamente o disco de Gonzaga Leal, De mim. Suas versões de Arco do tempo e Show são mais sentidas do que as de Soraia Ravenle e Ná Ozzetti e agregam valor às originais. Com todo respeito às duas, passei a gostar mais dessas canções depois que Gonzaga Leal entrou nelas.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O acalanto das nonas


"Sei de um rio
Em que as únicas estrelas nele sempre debruçadas
São as luzes da cidade."

Conheci o Duofel, dos violões de Luiz Bueno e Fernando Melo, da belíssima gravação de Linda flor de Tetê Espíndola, que saiu num LP de duas faixas, que não consta na discografia oficial da cantora (será que sonhei com esse disco?).
Mais tarde, fui ao Festival de Jazz de Ouro Preto em 2007, e um dos shows que mais gostei foi o deles. Essa foto é de lá. Fiquei fascinado por uma canção do Baden Powel que nunca tinha ouvido, o Acalanto das nonas. Procurei desesperadamente, primeiro nos discos do duo, depois nos discos de Baden, até encontrá-la perdida no obscuro Melancolie, que Baden gravou em 1976 na França. Pode ser ouvido  em http://www.youtube.com/watch?v=jle30KvF3js.
Seis anos depois, já tendo quase desistido da música, encontro na sessão de jazz e clássicos da Livraria Cultura no Conjunto Paulistano, o disco Pulsando MPB do duo. A canção está lá, não tão bonita quanto na versão ao vivo que ficou na memória, mas ainda irresistível.
As músicas que mais voltaram no Itreco essa semana foram esse acalanto e o fado Sei de um rio. de Pedro Homem de Melo e Alan Quilman que já tinha me emocionado bastante com Suzana Travassos e Chico Saraiva e agora igualmente em um disco que descobri no Arlequim e comprei por acaso: Canções portuguesas do grupo Espelhos.
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Queria que esse texto fosse só acalanto e rios, mas infelizmente ainda existem as companhias aéreas e os aeroportos. Segui para São Paulo no vôo 6009 da Avianca, que atrasou cerca de 1 hora  num Santos Dumont com ar condicionado danificado e a sensação térmica de 48º. Cheguei cansado com a camisa molhada de suor, passei no hotel pra tomar um banho e ficar minimamente confortável para trabalhar  o resto do dia. Têm sido assim minhas idas a São Paulo. Sempre acompanhadas de alguma emoção ou várias..
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Pra compensar um pouco o desastre aéreo, de noite fui jantar com Moacyr no Rufino O Rufino tem o melhor peixe oceânico que já comi.O peixe e a boa conversa valeram pelo resto do dia quente.


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Fado Amália


"Lá porque tens cinco pedras
Num anel de estimação
Agora falas comigo
Com cinco pedras na mão!


Enquanto nesses brilhantes

Tens soberba e tens vaidade,
Eu tenho as pedras da rua
Pra passear à vontade!


Pobre de mim, não sabia

Que o teu olhar sedutor
Não errava a pontaria
Como a pedra do pastor


Mas não passas sorridente

Ah, lá de ar satisfeito
Pois hei de chamar-te "a pedra"
Pelo mal que me tens feito!


E hás de ficar convencido

Da afirmação consagrada:
Quem tem telhados de vidro
Não deve andar à pedrada"
Linhares Barbosa

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Por 800, leva o meu

Discos do Deolinda costumam grudar, já tinha acontecido assim com Dois selos e um carimbo e agora devagar com Mundo pequenino. É uma espécie de fado novo, menos Amália, mais Ana Bacalhau. Hoje fiquei na sala ouvindo muitas vezes cada canção, devo ter irritado os vizinhos. Não adianta, gruda no ouvido.
Há tempos não viajo mais de barca. Agora arranjei um novo transporte para ouvir música: os aviões da Gol (música e amendoim!). Vim de Brasília hoje exaurido depois de muitos atrasos (e olha que eu estava de TAM!), mas não deixei de botar o Itreco nos ouvidos. Ele mandou Nina Wirti, Moacyr Luz, Milton Nascimento (estou reouvindo o disco com o Belmondo, outra maravilha para ouvidos), e, naturalmente, Deolinda. É uma onda: você vai ouvindo a música seguinte depois de tanto ter escutado a anterior e a seguinte acaba grudando e logo se passa para a seguinte.
Leio na Veja Rio que Soledad Villamil está no CCBB nesse fim de semana por dez pratas. O desligado aqui se perdeu da programação do CCBB e agora certamente não vai encontrar mais ingressos. Ainda que encontrasse, esse não é lá um fim de semana para ir a shows. Vou deixar pra Buenos Aires.
Na revista de domingo d'Globo, leio sobre a procura pelo livro Roberto Carlos em detalhes, que nos sebos pode chegar a 800. O meu está no plástico ainda, foi comprado na época em que estava liberada a venda. Por 800, leva.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A Rosa de Hamilton e Laginha

Pode ser que os puristas desconfiem, mas para meu ouvido simplista, Mundo de Pixinguinha é o mais brasileiro dos discos de Hamilton de Holanda. Rasguei a semana ouvindo Seu Lourenço no vinho, a Canção da Odalisca, e evidente, as mais conhecidas. A que mais me agradou inicialmente foi Rosa, costurada pelo piano de Mário Laginha e pelo bandolim de Hamilton. Não é preciso fazer muito para que Rosa fique admirável (até Marisa Monte e Ryuichi Sakamoto conseguiram), mas Hamilton e Laginha extrapolaram. De deixar o dedo nervoso estragar o touch do Itreco de tanto que volta.
Tem me ocorrido prestar mais atenção em Maria João e Mario Laginha. Noutro dia, Monica Salmaso cantou uma canção deles no Rival (pés no chão) cheia de querelas do Brasil, fiquei maravilhado.
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Agora em Vitória, 3 ou 4 dias depois de escrever esse primeiro parágrafo, acordo no terceiro hotel diferente em 3 noites e já não consigo precisar as incontáveis vezes que voltei Zambujo cantando Lábios que beijei. O cancioneiro brasileiro é um rosário interminável de salvação para a alma. Ontem no avião, consegui terminar o disco de Gonzaga Leal. Gonzaga se aproxima muito do conceito de pescador de pérolas Consegue extrair canções esquecidas nos discos. "Você disse não lembrar" já tinha chamado a minha atenção no disco de Adriana Calcanhoto, e Gonzaga só veio confirmar as minhas melhores expectativas com a música. Ainda não consegui gostar do esperado dueto com Cida Moreira, mas vou dar mais algumas chances.

Tento desistir a todo custo dos jogos do Fluminense. Nada me deprime mais do que ver o time tão apatetado. Já não há clima para a permanência de Luxemburgo, por mais conservador que nós torcedores sejamos. Não adianta nada disso, estou sempre em frente à tv, angustiado.

De volta a São Paulo, debaixo de chuva torrente e atraso de vôo, algumas semanas já se passaram desde que comecei a escrever essas notas inúteis. No meio das nuvens, aconteceu! Aconteceu que até as nuvens, nada tinha chamado a atenção no disco novo da Deolinda, Mundo pequenino. Ainda. No meio da viagem, aconteceu Não ouviste nada. É verdade. Agora ouvi!

Triste cuíca

Aceitar o castigo imerecido Não por faqueza, mas por altivez No tormento mais fundo, o teu gemido Trocar um grito de ódio a quem o fez As de...