quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Poemínimos

Profiterolis

O lanche da TAM tinha profiterolis.
Não tinha sorvete de creme.
Nem tinha chantili.
Mas tinha profiterolis.
E eu reclamando da vida.
E das companhias aéreas.

Um dia de trabalho

Quatro horas entre
a Nilo Peçanha e a Alameda Santos

Seis horas trabalha trabalha
responde responde
amassa responde.

Quatro horas entre
a Alameda Santos e a Nilo Peçanha.
Ai de mim!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Confuso

Confesso que fiquei confuso. Não dividido, mas confuso.
Explico: 1) venho de pai e irmãos vascainos, embora sempre fosse torcedor do Fluminense; 2) Felipe, Diego Souza e até Dedé já vestiram a camisa tricolor, sem contar o técnico Ricardo Gomes, que fez história no time; 3) depois que o Coríntians eliminou as possibilidades do Fluminense, a coisa ficou ainda mais complicada: era a continuidade de um time carioca na disputa do título!
Verdade é que esse time do Vasco é o mais tricolor dos times que o Vasco já teve.
Fiquei confuso. Mas em momento algum, dividido!
O resultado de ontem foi um castigo para as trapalhadas da nova diretoria do Fluminense ao longo do ano. Ficamos sem técnico por uns 6 meses (3 para Abel chegar e mais 3 para se adaptar).
O time é o menos culpado. Afora os apagões contra o Bahia, o Atlético MG e o América MG, foi um time bravo. No final, até que ficamos no lucro. Já tinha comentado com Chicó (e aqui) que minha espectativa era apenas fugir do rebaixamento. Então, ficamos no lucro.
É um bom time, talvez falte um ou dois zagueiros, mas bem trabalhado, ainda poderá dar alguma alegria.
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Viajei de ônibus pra Miracema na sexta. Na classe executiva da 1001. A classe executiva da 1001 possui um lanche muito melhor do que o da gol e melhor do que o da TAM: snaks bauducco, polenguinho, suco de uva e outros itens que já não lembro, mas que podem ser considerados iguarias perto do lanche das companhias aéreas. De todo jeito, não fosse o tempo de viagem (quase 6 horas), dava pra continuar viajando de 1001 ad eternum.
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Fabiana Cozza está lançando um disco novo. Mais contida, sob a batuta carioca do Paulão Sete Cordas, é mais um ótimo disco de samba que só veio pra atrapalhar as escolhas dos melhores do ano.


domingo, 27 de novembro de 2011

A velha história de amor que sempre acaba bem


"Foi o destino quem quis
Dar-te ares de duquesa
Dois olhinhos de turquesa
E nome de imperatriz.

Olhar que voa cantando
Um coração quando passa
Dentro das veias vibrando
Com sangue da velha raça

Pra explicar-te, a frase
cai
Sem que a razão acompanhe
Se o fino encanto da mãe
Se o claro espírito do pai

Mas pensando em tua graça

Que o alto céu aprontou
Eu sei que nela perpassa
A velha verve do avô

Talvez o tempo decida

Num belo dia que verei
Tu ires fazer a vida
Com quem tem nome de rei"

Câmara Cascudo, Maria Luiza

Desde que eu sonhava que Maria ia acontecer um dia na minha vida, Luisa já estava escrita. Assim se passaram muitos anos, além dos 16 que ela completa hoje. Existe desde sempre. Na minha mais remota lembrança boa, no meu projeto de vida mais valioso.
Não digo que seja fácil, porque Luisa não é fácil. Mas de uns tempos pra cá, instaurou-se uma cumplicidade de olhos entre pai e filha, uma profusão de gestos, uma delicadeza de ninguém perceber, só nós, que seria até deselegante dizer que é difícil.
Sei como é dura a vida e como são ralos os momentos felizes, mas Luisa parece querer desmitificar meus abismos o tempo todo. Com ela, não há contra tempo.
Quando vejo um filme ou ouço uma canção que me toca, penso logo em como seria interessante ouvi-la ou vê-la pelos olhos de Luisa.
Houve um tempo em que acordar era um pesadelo, e pensar que Luisa existia, tornava o dia mais leve. Estar aqui por ela, já é um grande acontecimento.
Entre um poema do Bandeira, um texto do Braga ou uma canção da Rita Lee, Luisa brinca de me encantar a vida toda com seu jeito leve de viver.

domingo, 20 de novembro de 2011

Saudações tricolores

Falta ao Palhaço um narrador. Talvez um cordelista, um Suassuna, falta alguém que dê liga. De resto, é um ótimo filme, com atuações memoráveis de Paulo José e Selton Melo e uma participação perfeita de Moacyr Franco.
Apesar da bela companhia (Laura), o que já valeria o bom filme, o Cinemark sempre faz questão de estressar o pessoal da fila, com discussões intermináveis na nossa frente, que quase prejudicam o início da sessão. E aquele cheiro rançoso de manteiga de pipoca nublando a projeção.
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E um Fluminense arrasador em Santa Catarina coroou esse belo fim de semana solitário, reflexivo e sonolento. Está muito bem.

sábado, 19 de novembro de 2011

Discos e etc

"Eurico Alves, poeta baiano,
Salpicado de orvalho, leite cru e tenro cocô de cabrito,
Sinto muito, mas não posso ir a Feira de Sant’Ana.

Sou poeta da cidade,
Meus pulmões viraram máquinas inumanas e aprenderam a respirar o
[gás carbônico das salas de cinema.

Como o pão que o diabo amassou.
Bebo leite de lata.
Falo com A., que é ladrão.
Aperto a mão de B., que é assassino.

Há anos que não vejo romper o sol, que não lavo os olhos nas cores
[das madrugadas

Eurico Alves, poeta baiano,
Não sou mais digno de respirar o ar puro dos currais da roça."

Manuel Bandeira, Escusa.

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Três pastoras da Lapa estão lançando discos: Elisa Addor, Ana Paula da Silva e Roberta Nistra. Roberta Nistra é o que mais se aproxima dos Oguns e dos Malês, talvez por isso mesmo, o mais fácil de gostar dos três. Participações de Edu Krieger e Itiberê Zwag valorizam o canto da moça.
Pé de crioula, da catarinense Ana Paula da Silva é o mais universal. Os arranjos fáceis de Cláudio Jorge transportam o disco para a Lapa, com destaque para a regravação de Me alucina, de Candeia.
Finalmente, Elisa Addor e seu Novos tempos, que me foi gentilmente cedido por Marila, é mais um disco difícil de achar e bom de ouvir (gravadora Bolacha Discos??). Já aqui, também pilotada por Krieger, Elisa parece querer aproximar a Lapa dos Novos Baianos.
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Ainda não consegui gostar do novo de Lô Borges, Horizonte Vertical, mas prometo que vou dar mais uma chance ao disco. Parece mais uma tentativa de acender a chama do Clube de Esquina, tem um Mantra Bituca insuportável e um esforço para parecer moderno, com Fernanda Takai e Frejat.
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Também achei desnecessárias as intermináveis regravações de Jards Macalé em Jards, mas o disco tem seus encantos. O mais bonito é Mulheres, de Macalé e Zé Ramalho, que aqui ganhou uma gravação decente. E Revendo amigos é sempre bom de ouvir. De resto, prefira as originais.
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E o que dizer do novo disco brega de Marisa Monte, O que você quer saber de verdade? Eu devo ter o mesmo fraco pela canção brega que ela, porque gostei do disco. Mas Marisa parece ter se esquecido da excelência em Cor de rosa e carvão. Valeu muito o Lencinho Querido de Dalva, com o Café dos Maestros.
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Vi dois filmes meio assustadores, triiiiistes de doer: O garoto da bicicleta e Beautiful Boy. Ambos são histórias de meninos e perdas, e só o segundo trás esperança de dias melhores.
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Exausto, engatei um sono de muitas horas essa tarde, como há muito não engatava. Algumas horas de sono para ver se o pé deixava de latejar, se o estômago contorcia menos e a vida continuava. Desculpe, Bia, o máximo que aguento é dar uma olhada no jogo do Vasco e dormir de novo. Mas tudo de bom pra você assim mesmo!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Que nem a gente


Favelado não é tudo traficante
Milionário não é tudo prepotente
Maltrapilho não é tudo meliante
Elegante não é, necessariamente,
Tudo competente
Ianque não é tudo imperialista
Paulista não nasceu tudo na mooca
Sambista não é tudo carioca
Artista não é tudo comunista
Maconheiro e indecente
Todo mundo é meio assim que nem a gente:
Tudo igual mas muito diferente

Muçulmano não é tudo terrorista
Imigrante não é tudo delinqüente
Deputado não é tudo oportunista
Retirante não é, necessariamente,
Tudo indigente
Baiano não é tudo irreverente
Mineiro não é tudo come-quieto
Batuque não é tudo o som do gueto
Barbudo não é tudo comunista
Militante ou presidente
Todo mundo é meio assim que nem a gente:
Tudo igual mas muito diferente

Celso Viáfora, Que nem a gente


Fui tomado de surpresa dessas que só o cinema e a música podem trazer, e aconteceu no meio de bons e maus momentos que tive nesse feriado de terça, no finalzinho dele, para abençoar esse dia torto de viagem e cansaço: esse filme francês "Os nomes do amor" é, como há muito não tem sido, desses filmes que fazem levitar, que desmontam a gente das poltronas dos cinemas. Desses em que a gente descobre que a vida só vale o pouco que vivemos, o minguado da nossa existência. Logo me remeteu à canção de Celso Viáfora, que ano passado produziu-me sensações semelhantes quando fora descoberta.

Ontem só conseguira escrever isso:

Ledo engano: Eu separo o segundo caderno de sábado e domingo e guardo. Miracema me espera. Separo as Vejas não lidas, as Bravos, as Roling Stones, pensando que finalmente chegará o dia de lê las. Chego aqui e o que sei fazer é não mais que uma extensão do que faço lá: abro e-mails de vez em quando, respondo, vejo filmes, reabro, respondo de novo. Rezo por um dia branco, em que eu possa finalmente ler a coluna do Wisnik sem largar no meio, rir dos críticos da revista, reclamar do excesso de propagandas.

Mas agora, esse filme me fez ver as coisas de um jeito diferente. Devolveu-me alguma esperança inútil, mas é certo que devolveu. Os momentos compartilhados com meus filhos cada vez mais estreitos, as canções que saíram ontem daquele sarau abstêmio lá em casa, a devoção que alguns amigos de casa e do trabalho dividem comigo, o ouvido atento ao som do carro pra viagem passar mais rápido, a compreensão, a fé em alguma pouca humanidade, mas que seja. Valeu!

domingo, 13 de novembro de 2011

Pizza


Só o técnico Givanildo acreditava que o Fluminense poderia perder para o lanterna. Ficou provado que o time não consegue furar retrancas bem armadas. Foi assim contra Bahia, Atlético MG e agora.
Há bem pouco tempo, já tinha dito ao Chicó que nos contentássemos com a permanência do time na primeira divisão, tamanha a incompetência no primeiro turno, fruto de uma ação desastrosa da diretoria, que nem convém lembrar agora. A vitória sobre o Inter em pleno Beira Rio acendeu nossa minguada esperança de dias melhores. Ontem, no entanto, voltamos à realidade.
Há um benefício nisso tudo. Habitualmente só vejo jogos do Fluminense. De uns tempos pra cá, andei secando Flamengo, Vasco, Corínthians ou quem quer que pudesse nos atropelar. Agora joguei a toalha. Voltei a ter a meta do não rebaixamento por princípio.
E que falta faz o Deco, hein? Ninguém criava nada ontem naquele time. A atuação de Fred se limitou a um chute de voleio defendido por Neneca. E onde andou Sóbis o jogo todo? E quem explica essa entrada do Araújo? Blá blá blá ....
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Ontem detonei todas as possibilidades de sair de casa e hibernei, vendo séries, filmes e futebol. Novidade pra quem (?), essa escolha recorrente na minha vida?
Terminei a sexta comendo pizza com Laura e o sábado comendo pizza com Luisa. Foi o que me aconteceu de mais agradável nesses dias.
O pequeno Nicolau é um fime delicado sobre a infância, ainda que o diretor exagere em algumas situações e o torne meio caricato.
Também testei as séries The American Horror Story e Os irmãos Grimm. Não são lá essas coisas, mas dá pra passar o tempo. Tic, tac.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Alguns muchochos e um gramofone

Cheguei cansado de São Paulo ontem. Dor por todo lado, decorrente das ferrugens da idade. Reuniões extensas, responsabilidades cada vez mais mutiladoras. Laura chorando baixinho porque o trocador foi mal educado com ela. Minha mãe ao telefone reclamando do joelho
Desabei.
Mandei uma dose dupla de bola, assisti um episódio de Dexter e apaguei, com vontade de matar o trocador, em dúvida se ia pra Miracema (acordei decidido a não ir) e lembrando de Fernando Pessoa: "a vida prática sempre me pareceu o menos cômodo dos suicídios".
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Hoje acordei e botei a Kora Jazz Band pra tocar na Cantareira, esqueci da planta do pé e peguei a reta. Cheguei no serviço e fui atropelando as tarefas e até toparia uma Baden Baden ale geladinha ao cair da tarde, mas não havia ninguém pra desfrutar da minha conversa chata. Desagradável me ocorrer que há vinte anos atrás, essa mesma conversa pareceria encantadora, mas agora é só um velho muchochando. Foda-se!
E há, sim, coisas interessantíssimas acontecendo. Carolina, meu bem, acabou de dar a luz à Gabriela, renovando nossas limitadas esperanças na humanidade. Fabiana Cozza está lançando disco novo arranjado pelo Paulão. Estou economizando o final de Nemesis, o novo de Philip Roth, mais um extraordinário. Mas o fato mais esquisito que aconteceu essa semana foi o gramofone de 1918 (mais ou menos) adquirido pelo Cláudio e funcionando maravilhosamente. É triste pensar que aquela pequena iguaria foi bater na mão de um comerciante que nem sabe quem é Catulo da Paixão Cearense! Cheguei a oferecer 200, mas ele nem ouviu.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Frank Pegador

"Quem não quiser chorar
Finja que vai partir
Tome um lugar no bonde
Não peça que ande
Nem diga por onde seguir
Lembre que só depois
Quando chegar ao fim
Mesmo sem brilho e sem glória
Verá sua história contada assim
Passa em seu passo tranquilo e cansado
De quem já sabe de cor seu destino
Para, suspira e prossegue
Vai percorrendo
Rota de sua rotina de sempre chegando e partindo
Por um caminho traçado no chão
Cantando
Contente
Tin dim dim tin dim dim
Chega ao ponto final
Vê, companheiro e confessa
Que o bonde sem pressa chegava depressa demais
Quem não achava o dinheiro saltava ligeiro
Corria e pegava o de trás
Guardo no meu pensamento transformo em cantiga
Momentos que foram tão meus
E hoje quem passa nem liga
Nem pensa em dizer adeus"


Na sexta de noite retornei à Rua da Capivara, reduto do samba miracemense. Dessa vez o Lilito me presenteou com uma versão d'O bonde, de Tapajós, Costa e Miller (pedaço da letra acima). Lilito tem dessas coisas. De vez em quando ele saca do seis cordas, uma canção inesperada e a noite fica mais leve. Nunca teve um bonde na história minha vida, mas o poema consegue me tranportar prá um lugar que roubei deve ser de algum amigo frequentador do ponto cem réis. No meu bonde imaginário, passeava com a menina pelo Outeiro, pelo Parque Laje, pela Praia de Copacabana e voltava na barca da meia noite sentado na proa, sem peso algum. Ainda há a menina e a paisagem, mas o bonde ficou apenas nas canções de afeto.
No sábado peguei Chicó e passamos o dia no Wii, jogando boliche. Criei o personagem Frank Pegador e bati o record da casa com 5 strikes consecutivos e uma sub luxação. O menino ficou impressionado.
Sábado de noite cantei parabéns pra Laura e retornei domingo a tempo de ver mais uma goleada de dois a um do tricolor.
Dessa vez só me cansou a viagem, que afinal, nem cansou tanto assim.

sábado, 5 de novembro de 2011

Obrigado

Por estar ali no quarto ao lado quando acordo e fazer o meu acordar mais leve. Pelo bem maior de saber que há alguém pra cuidar de mim e alguém a quem eu possa cuidar. Por almoçar comigo nos sábados niteroienses em que habitualmente o tédio e os seriados enlatados tomam conta de mim e nosso almoço de sábado virou a única programação viva. Pela conversa amiga e pela compreensão do silêncio. Pelas viagens que fizemos juntos, não as de passeio, mas as de rotina, em que dividimos milhares de canções de afeto, poesias, frases, desconversas e boa companhia para asfalto duro. Por ser você o que você é, assim desse jeito contido e meigo, sem malabarismos. Por permitir que eu ouça suas gargalhadas do quarto ao lado assistindo Friends ou Glee ou qualquer outra coisa que faça seu riso solto. Por dividir o frango xadrez e o chocolate, e se lembrar do suco ades e do wafer limão. Pelo privilégio de ser seu pai e de fazer parte da sua vida. Parabéns.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Aula de samba

Entre os discos da extinta Copacabana, garimpados pela gravadora Discobertas de Marcelo Fróes, um deles já faz valer a pena o garimpo todo: o primeiro de Almir Guineto, O suburbano. Das tradições mais enraizadas do Cacique de Ramos, com auxílio luxuoso, dentre outros, de Rafael Rabelo, Martinho da Vila e do saudoso Geraldo Babão, o disco é uma pérola. O bom pagode deve muito à Almir e a esse trabalho.
O disco é de 81. Conheci Almir mais à frente, já na RGE, naquele disco que tem Conselho e Lama nas ruas (outro clássico), de forma que os partidos, os pagodes e os mocotós do velho disco soam novíssimos pra mim.
Hoje na Baía, vim ouvindo o estupendo III, do Kora Jazz Trio. Quase saí dançando da Cantareira com a versão que eles fizeram para o Chan chan. Num dia confuso como esse, descobrir novos sons é um alumbramento.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dois filmes e um feriado inútil




Feriados de quarta-feira habitualmente são inúteis e não deveriam existir, principalmente pra quem está no estrangeiro, longe da sua cidade. Mas hoje até que o clima ameno em Niterói contribuiu para a hibernagem.
Para um dia razoável, nada melhor quando aparecem dois filmes razoáveis. Kevin Spacey e Tom Hanks acabaram salvando o dia dos mortos. O primeiro, no mezzo divertido mezzo drama O pai da invenção. Foi bom para ver Kevin que andava sumido e consegue salvar do tédio, uma historinha habitual e meio morna. Já Hanks tem que salvar o filme (intitulado no Brasil -argh!!!- como O amor está de volta) e Julia Roberts, mas quem salva mesmo quando pouco aparece é Brian Cranston, que faz o marido canalha e libidinoso de Julia. Acho que os dois pegam 1A só pelo fato de terem passado pelo finados sem que eu desistisse de vê-los na primeira metade.
Minhas lembranças do dia de finados são cheiro de flor, missa e cemitério de Miracema. Eu ia lá em menino, tocava o sino e saía correndo, mas nunca no dia de finados.
Fora essas, de pura folgazanice, fui muito pouco ao cemitério. Se pudesse conversar de novo com meu avô, que morreu quando eu tinha 9, mas ainda vive nas boas lembranças da minha vida, não vacilaria e retornaria lá, quantos dias fossem precisos.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Na hora do almoço moderno



"Ainda sou bem moço
Pra tanta tristeza
E deixemos de coisa
E cuidemos da vida
Se não chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta, moço,
Sem ter visto a vida"

Belchior, Na hora do almoço


1) Almoçar com meus amigos num quilo ordinário. A cada dia gosto mais da parte "com meus amigos" e menos da parte "num quilo ordinário". No almoço, discutimos trabalho, falamos da vida alheia e da nossa vida, tomamos café Octávio. Não é um almoço familiar nem um almoço de trabalho. É um almoço de amigos que se gostam.
2) Comprar tinta de cabelo para minha mãe e minha filha. Fica claro que meus extremos são diferentes de mim, que gosto dos meus poucos cabelos brancos.
3) Dar uma passada no Cláudio e no Alex para ver se tem um disco ou um filme novo. O melhor dia para se ir no Alex é segunda, não me pergunte porque. No Cláudio, é imprevisível. Podem passar dias sem ter nada e de repente aparecer um acervo de jazz ou clássico extraordinário.
4) Caminhar a esmo pelas ruas do velho centro, preocupado em não tropeçar em pessoas, buracos, hidrantes, explosões.
5) Pagar contas, comprar remédios, sacar dinheiro, lembrar que nada se repete à luz do Sol e no caso da categoria "pagar contas", ainda bem.
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A foto acima foi tirada num almoço prorrogado em Odete Lima. Tem o espírito dos nossos meio dias.

Triste cuíca

Aceitar o castigo imerecido Não por faqueza, mas por altivez No tormento mais fundo, o teu gemido Trocar um grito de ódio a quem o fez As de...