sábado, 19 de novembro de 2011

Discos e etc

"Eurico Alves, poeta baiano,
Salpicado de orvalho, leite cru e tenro cocô de cabrito,
Sinto muito, mas não posso ir a Feira de Sant’Ana.

Sou poeta da cidade,
Meus pulmões viraram máquinas inumanas e aprenderam a respirar o
[gás carbônico das salas de cinema.

Como o pão que o diabo amassou.
Bebo leite de lata.
Falo com A., que é ladrão.
Aperto a mão de B., que é assassino.

Há anos que não vejo romper o sol, que não lavo os olhos nas cores
[das madrugadas

Eurico Alves, poeta baiano,
Não sou mais digno de respirar o ar puro dos currais da roça."

Manuel Bandeira, Escusa.

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Três pastoras da Lapa estão lançando discos: Elisa Addor, Ana Paula da Silva e Roberta Nistra. Roberta Nistra é o que mais se aproxima dos Oguns e dos Malês, talvez por isso mesmo, o mais fácil de gostar dos três. Participações de Edu Krieger e Itiberê Zwag valorizam o canto da moça.
Pé de crioula, da catarinense Ana Paula da Silva é o mais universal. Os arranjos fáceis de Cláudio Jorge transportam o disco para a Lapa, com destaque para a regravação de Me alucina, de Candeia.
Finalmente, Elisa Addor e seu Novos tempos, que me foi gentilmente cedido por Marila, é mais um disco difícil de achar e bom de ouvir (gravadora Bolacha Discos??). Já aqui, também pilotada por Krieger, Elisa parece querer aproximar a Lapa dos Novos Baianos.
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Ainda não consegui gostar do novo de Lô Borges, Horizonte Vertical, mas prometo que vou dar mais uma chance ao disco. Parece mais uma tentativa de acender a chama do Clube de Esquina, tem um Mantra Bituca insuportável e um esforço para parecer moderno, com Fernanda Takai e Frejat.
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Também achei desnecessárias as intermináveis regravações de Jards Macalé em Jards, mas o disco tem seus encantos. O mais bonito é Mulheres, de Macalé e Zé Ramalho, que aqui ganhou uma gravação decente. E Revendo amigos é sempre bom de ouvir. De resto, prefira as originais.
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E o que dizer do novo disco brega de Marisa Monte, O que você quer saber de verdade? Eu devo ter o mesmo fraco pela canção brega que ela, porque gostei do disco. Mas Marisa parece ter se esquecido da excelência em Cor de rosa e carvão. Valeu muito o Lencinho Querido de Dalva, com o Café dos Maestros.
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Vi dois filmes meio assustadores, triiiiistes de doer: O garoto da bicicleta e Beautiful Boy. Ambos são histórias de meninos e perdas, e só o segundo trás esperança de dias melhores.
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Exausto, engatei um sono de muitas horas essa tarde, como há muito não engatava. Algumas horas de sono para ver se o pé deixava de latejar, se o estômago contorcia menos e a vida continuava. Desculpe, Bia, o máximo que aguento é dar uma olhada no jogo do Vasco e dormir de novo. Mas tudo de bom pra você assim mesmo!

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