domingo, 7 de março de 2010

Os cantores brasileiros

Eram 11 e 15 e Marila me ligou pra dizer que Geraldo Maia estava na Cultura. Interrompi o jogo que Chicó estava vendo (provavelmente uma reprise de Madureira e Tigres) e botei no 114. Lá estava Geraldo, um cantador de pérolas brasileiras como essas do Manezinho ou aquela do Capiba. Tenho ouvido e reouvido seu repertório, composto por sambas de Luiz Gonzaga, repentes de Manezinho Araújo, ótimas composições próprias e um riscado brasileiro em sua plenitude, de fazer qualquer um se orgulhar de ter nascido nessas terras. Geraldo é recorrente nesse blog. Se eu falar dele toda semana e conseguir que meus 3 ou 4 leitores prestem atenção no aveludado da sua voz, na preocupação com a sofisticação dos arranjos simples, já está muito bem. Eu não desejo saber se Bono Vox vem ao Brasil, se os Beatles ressuscitarão aqui, meus desejos mais sinceros são mais simples: quando é que Geraldo Maia vem ao Rio (?), por exemplo.
Saí de Niterói pra ir à FNAC Barra há dois anos só pra ver Zé Luiz Mazziotti fazer um pocket. Essa gente é tão rara de ouvir ao vivo, que quando vem, é preciso decretar feriado e correr atrás.
Num país onde cada dia emerge uma nova cantora (Marisinhas aos Montes), os cantores brasileiros acabaram por ficar num segundo plano, à sombra dos grandes compositores que também cantam, e correm o risco de serem esquecidos.
É preciso ouvir Zé Renato, que tem gravado discos memoráveis, revisionais ou não, inclusive um de fados, outro de Sylvio Caldas, outro de Zé Ketti, tudo bom de ouvir e de muito bom gosto. Vi Zé Renato ainda muito jovem (eu e ele) no Teatro da UFF nos anos 80, quando ele gravou Luz e Mistério. Tem uma voz melodiosa, quase feminina, de rara beleza.
E Renato Braz. E Marcos Sacramento E Eugênio Avelino, onde anda Xangai que não vem ao Rio há tanto tempo?
E Johnny Alf. Esse não vai ser mais possível. Deixou-nos discretamente. Conheci Alf do disco Banquete dos Mendigos, um disco que Jards Macalé fez para arrecadar fundos pra ele mesmo. Foi ali que ouvi, pela primeira vez, extasiado a sua Ilusão à toa. Depois a cantora Paula Lima gravou um cd chamado Canção de amor de iguais, de repertório homo. Como assim??? Ganhei algumas mulheres ao som de Ilusão a toa e nunca me senti tão Dom Juan!! Agora não tem mais jeito. Até hoje, acho Ilusão a toa uma referência de boa cantada.
Pedro Miranda gravou um disco ímpar (Pimenteira). Sérgio Santos, além de exímio violonista, tem uma bela voz. Moisés Marques tem gravado grandes discos E você, o que faz aí parado ligado nessa FM clichê do clichê? Procura esses caras que você acaba achando!

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