quarta-feira, 10 de março de 2010

Carnaval do Geraldo


Reza a lenda que as últimas palavras de Radamés Gnatalli foram: -Pelo amor de Deus, não deixem o Hermínio colocar letra nas minhas músicas. Lenda ou não, acho que Radamés estava sendo injusto. Hermínio Belo é o nosso melhor letrista de choros iletrados. Cem anos de choro ou amigo é casa (Capiba) e Estrada do sertão (João Pernambuco) são duas provas cabais da capacidade do poeta.
É muito difícil letrar um choro iletrado. Wisnick tentou fazê-lo com o Banbino do Nazareth e não deu muito certo. O pior é que a música já havia sido letrada por Catulo da Paixão Cearense, uma letra belíssima que Wisnick ignorou. Tentei abordá-lo sobre o assunto na FLIP de 2007, mas Nelinha não deixou. Pena.
Há choros letrados que valorizam a melodia. Aprendi, por exemplo, a gostar mais do Ingênuo (Pixinguinha e Benedito) depois que o Paulinho Pinheiro letrou.
O SESC de São Paulo acabou de lançar Chiquinha Gonzaga em revista. Um primor, como tudo que é lançado pelo selo. Arranjos sublimes, repertório finíssimo, e Ná Ozzetti, Suzana Salles, Carlos Careqa e outros do primeiro time dos intérpretes da música brasileira.
Mas nem a voz de Ná, nem o arranjo perfeito conseguem favorecer a letra do corta jaca, feita em 1902 por Machado Careca. Horrível!
E por falar em lundus, choros e marchas, Geraldo Leite acaba de lançar uma espécie de Rumo aos antigos 2. Chama-se Sopa de Concha. A mesma preocupação em recuperar velhas canções que fazem parte do lado B dos grandes compositores, ótimos arranjos e o Rumo junto de novo. Adorei!

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