quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Alguém cantando perto daqui

Achei que ia ter que ir a Lisboa para ver Ana Moura. Felizmente, num fim de semana iluminado pela presença de Luisa, fui poupado de viajar muitas horas de avião. 
Mas Ana foi só a cereja do bolo desse último fim de semana, que começou com Caetano no Vivo Rio. Correto, preciso, alinhado para gravação do DVD, Caetano não errou um "a". E cantou Mãe, Alguém cantando e Desconvexo divinamente. De resto, as canções do ótimo Abraçaço. Tirando uma ou duas bobagens, o disco, que já havia sido um dos cinco mais ouvidos no ano passado, voltou ao Itreco com toda força.
Também voltaram o Quinto de Antonio Zambujo e o Desfado de Ana Moura por conta dos shows no domingo. É muito interessante redescobrir um disco já totalmente descoberto. No desfado, por exemplo, a canção A fadista tinha passado batida. Agora veio que veio. E a própria Abraçaço, canção que dá título ao cd de Caetano, pareceu mais encorpada e bonita. 
Acostumei-me a gostar das canções pelos discos. Houve um tempo em que era o contrário. Eu era um rato do seis e meia de qualquer canto aqui do centro. O disco vinha depois. Hoje não. Nos últimos anos (e bota último aí), virei ermitão e estranho que a canção não esteja tão perfeitamente costurada no show como é no disco. Por isso mesmo, raramente gosto de discos ao vivo. Isso ficou mais evidente no show do Zambujo, onde as variações são maiores. 
Mas a coisa mais absurdamente bonita que ouvi nesse fim de semana foi a Santa Morena com o Ronaldo do Bandolim Quarteto. Ronaldo, escoltado por Rogério Souza (sete cordas), Carol Panesi (violinista da Itiberê Orquestra) e Catherine Bent (violoncelo) fez uma Santa Morena de tremer as paredes seculares do Paço do Império.
Esperava Ana Moura com guitarra portuguesa e violão. Ela trouxe, além desses dois, um teclado e uma bateria meio desnecessários. A voz é a mesma do disco, sem erros. Não deu pra ficar para ver o duo com Criolo pelo adiantado da hora, mas o que vi foi perfeito. Tudo que me encantou nos discos confirmou-se no show.
O Espaço das Artes na Barra é sinistro pra quem chega muito cedo. Parece que você está dentro de um mausoléu. Fui assistir o documentário sobre Amália Rodrigues meio inquieto e achando tudo muito mórbido. Só sosseguei quando Zambujo abriu o show com Aquela Casa Fechada. De chorar. Gostei de ouvi-lo cantar a Valsinha e outras canções brasileiras. mas o forte foram mesmo os fados.
Foi um fim de semana muito atípico e musical. Tomara que venham outros!

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