sexta-feira, 27 de maio de 2022

Sem concessões

"A primeira coca-cola foi, me lembro bem agora

Nas asas da Panair"


Monica Salmaso e André Mehmari repassaram a obra de Milton Nascimento no Teatro Riachuelo num show seco e sem obviedades, algo de sublime.  Acredito que a única música cantada entre as mais conhecidas do repertório do compositor, foi Paula e Bebeto, apresentada ao final em dueto de voz e marimba. A marimba foi um achado que só fez realçar a beleza do espetáculo.

Levei meu filho comigo. O menino não teve a oportunidade que eu tive de acompanhar a carreira do Milton . Nunca é tarde para começar, mas concordo que deve ter sido um começo difícil para ele. Quando abriram o show com Noites do sertão, canção bissexta do álbum Encontros e despedidas, já foi possível perceber que a seleção fugiria do mesmo. E a sombra de Guimarães Rosa estava ali fazendo companhia aos dois em Noites do Sertão, A terceira margem do rio e no texto que Monica leu.
Para escolha do repertório, acredito que eles fizeram o mesmo trajeto que eu fiz e a música do Milton deve ter crescido com eles do mesmo jeito que cresceu comigo. Eu não teria feito um roteiro mais adequado.
A maior parte das canções veio do Clube de Esquina 2. Não gosto muito de listas, mas posso afirmar que foi o disco do Milton que mais ouvi, provavelmente só comparável ao Milagre dos Peixes ao vivo em número de audições. Do Clube 2, foram irrepreensivelmente selecionadas Credo, Paixão e fé, Casamiento de negros e Canção amiga (linda demais como os dois).
Paixão e fé tem uma qualquer coisa que mexe com meu ateu comovido. Quando ela abriu as mãos e cantou Velejar, velejei..., foi inevitável não esboçar uma lágrima seca e lembrar de minha mãe.
Também teve Milagre dos peixes, Morro velho (tive um amigo mineiro que era apaixonado nessa), Saudades dos aviões da Panair, manifestações anti Bolsonaro e um bis apoteótico com duas canções de Caymmi - Canoeiro e Acalanto. Ninguém saiu dali sem dar uma palinha no boi boi boi, boi da cara preta....

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Por pouco não fui. Por vários motivos. Estava indisposto, Chicó atrasou pra chegar, o Uber demorou demais (para ir e para voltar). Mas valeu muito
Chegamos em casa a tempo de ver a goleada inútil de 10 a 1 do Fluminense em cima do Oriente Petroleiro.
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Morreu César Costa Filho. Entre as canções do seu repertório, teve uma que foi muito tocada pela velha guarda miracemense do samba: Dose pra leão. Na época a gente acreditava que fosse da autoria do Jadim. mas era do César. Vai ficar pra sempre.

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