"Querida Tão Triste
Compreendo, apesar das ligações indivizíveis e inumeráveis, que chegou o momento em que devemos agradecer a intimidade dos últimos meses e dizer adeus. Todas as vantagens serão suas. Creio que nunca nos entendemos verdadeiramente; aceito minha culpa, a responsabilidade e o fracasso. Tento desculpar-me, só para nós, é claro - invocando a dificuldade que impõe o navegar entre duas águas durante x páginas. Aceito também, como merecidos, os momentos felizes. Seja como for, perdão. Nunca olhei sua cara de frente, nunca mostrei a minha."
Juan Carlos Onetti, Tão triste como ela.
Hoje me ocorreu, em meio a tantos cansaços, esse conto de Onetti. O uruguaio sempre acha um jeito de comover. Andei pelas ruas do centro procurando sentidos, velhos discos que dessem sentido a tudo isso. Mas hoje nada encontrei.
Vontade de voltar para minha cidade, andar pelas suas madrugadas desertas sem qualquer pensamento responsável. Vontade de rever o menino que fui.
Mas já vai muito longe o menino. Inalcançável menino.