Em janeiro, quando abri o site do Vivo Rio para comprar ingreso para o show do Paulinho da Viola, encontrei o inesperado fazendo surpresa: que Ludovico Eiunaudi viria ao Brasil e iria se apresentar na casa de shows. Apesar do nosso fanatismo pelo pianista, nunca pude imaginar que essa oportunidade viria. Na mesma hora liguei pra Laura , na mesma hora comprei o ingresso.
Conheci Ludovico através de uma crônica do Paulo Roberto Pires. Na época ele estava lançando o Diário Mali com Balake Sissoko. O disco foi um alumbramento. Tratei de contaminar minhas filhas. O Diário é de 2003. Foi quando a gente começou a ouvir e não parou mais.
O show foi ótimo. Seria mais propício que fosse no Municipal, mas no final deu tudo certo. Um sujeito chorava compulsivamente na cadeira de trás. Alguns menos educados erguiam seus celulares e filmavam desesperados, atrapalhando nossa visão. Ludovico solo ou em trio ou ainda em quarteto foi uma experiência única.
E ontem fui à Sala Cecília Meireles para o lançamento de Vão, o disco novo de Zé Miguel Wisnik.
Adoro a sala, mas dessa vez, equivocadamente, comprei os ingressos na platéia superior. Não gostto de ficar longe do artista. No resto deu tudo certo.
Wisnik abriu o show com o Jequitibá. Essa canção diz muito do meu amor por São Paulo, porque tudo que está dentro dela faz parte da minha vida paulistana.
Celso Sim foi um show a parte. Cantou Terra Estrangeira lindamente e fez duo com Wisnik na belíssima Eu disse sim. Aprendi que Carlos Renno decantou essa música do último trecho de Ulisses de James Joyce.
Wisnik contava a história de cada canção, da construção das letras, das parcerias, tudo de forma muito didática e agradável.
Das antigas tocou Mortal loucura e Os ilhéus (com Antonio Cícero presente no palco). No mais só as coisas maravilhosas do Vão.
No calor extenuante do domingo, Wisnik foi um sopro de alívio.