terça-feira, 22 de julho de 2008

A evolução natural da cascata degenerativa

Estou concluindo estudo de medicina baseada em evidência sobre cirurgia de coluna lombar, tema muito polêmico no meio médico por conta da promiscuidade reinante na relação entre médico e fornecedor. Dou de cara com um artigo que fala sobre a evolução natural da cascata degenerativa, em que o peso da idade afeta diretamente as estruturas de forma a degenerá-las naturalmente. Penso: esse aí sou eu, a própria cascata degenerativa. O espírito e os ossos vão virando ruinas.
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Mais ainda quando leio Mário Marques no JB de terça. O sujeitinho é muito fraco mesmo. Hoje ele desce o porrete em Mônica Salmaso. Alega que ninguém consegue defendê-la musicalmente diante da pergunta: "Afinal, por que você gosta de Mônica Salmaso?" Ora, ora, ora, essa é muito fácil, mas entendo porque um sujeito como Mário Marques não possa respondê-la.
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Em primeiro lugar, fica muito difícil avaliar o trabalho de uma cantora por um único disco. Ainda mais quando se trata do disco em que Mônica interpreta Chico. É um disco difícil, que tem que ir ouvindo muitas vezes pra gostar. No final, você acaba concluindo que é um disco sensível, delicado e de ótimo gosto.
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Detesto classificar o trabalho de um músico, mas atrevo-me a dizer que Mônica Salmaso é a melhor cantora surgida no Brasil nas três últimas décadas. Dois discos atestam essa afirmação claramente: Trampolim e Iaiá. São dois clássicos que não precisam de estudo nenhum para crescer a cada audição, mas esses, Mário Marques não ouviu. Esses provavelmente, como ele próprio afirma, tacou-os para o lado na mesa ou deu aos seus amigos office-boys. Que pena!
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E tem mais: o disco que Mônica fez com Paulo Belinatti regravando os afro-sambas de Baden e Vinicius equipara-se com o de Virginia Rodrigues em excelência. Mas esse também Mário Marques não deve ter ouvido.
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Só concordo com Mário Marques nas duas frases iniciais da sua croniqueta: "Sou de um time muito pequeno - aliás, minha medição é empírica já que não consegui trazer ninguém para o meu lado." Está certíssimo, Mário Marques! Com esse refinadíssimo conhecimento musical, essa sua escrita vai longe!

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