quarta-feira, 17 de junho de 2009

Amor é filme

Demorei a responder seu último e-mail porque precisava pensar um pouco nas coisas que você disse sobre mim. Fiquei pensando naquilo tudo, no jeito com que você tratou minhas espectativas e ensaio uma resposta toda vez que abro a caixa do gmail e olho para a mensagem. O que mais me intriga são suas considerações sobre o amor, mais especificamente sobre o meu amor. Você crê que eu ainda amo porque seu coração leve ainda pensa em amor.
O amor morreu. O amor, do jeito que conhecemos, só existe na sua (nossa) lembrança. Aquele amor sem resguardos, que podia superar qualquer obstáculo, que se descobria a cada toque, a cada cheiro, não existe mais. Aquele amor ficou esquecido no Cinema 1 da Prado Jr, na mesa da Pizzaria Guanabara, no Parque Lage, no frio miracemense de maio e no calçadão da Praia de Copacabana, onde foi enterrado vivo.
O amor pediu pinico. Esgotou-se. A plenitude do amor é um fósforo frio. Não há mais o amor íntegro. No máximo, uma divisão entre o amor e o não amor. Uma divisão cega que geralmente não chega a nenhum lugar.
Modernizaram o amor de uma tal maneira que conseguiram torná-lo comercial, natalino, obsoleto. E ainda não criaram o dia do amor porque já tem um monte de dias de namorados, santos casamenteiros, natal, páscoa, ano novo, dias propícios para comprar presentes para o amor. O amor já não carece mais de afeto, agora carece de perfumaria e bombom.
O amor, como eu vivi, nos áureos tempos nossos, onde ainda se podia subir no Mirante de Botafogo e namorar, findou-se! Há fragmentos do amor nos lençóis sujos dos motéis baratos, nas estradas mal asfaltadas desse país, no fim de tarde em Odete Lima, na Enseada Azul em Guarapari, mas são só fragmentos que vão sumindo com o tempo.
Agora eu posso dizer que amo uma parte do todo. Mas o resto desse todo está partido em mil dúvidas, ressentimentos e rancores acumulados. Na soma dos cacos, é o que se pode chamar de remendo. O amor é um remendo. Um arremedo!

Quando penso em amor, meu amor, só consigo enxergar Laura, Luisa e Chicó, que constituem aí sim, uma forma incorruptível de amor.

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