domingo, 26 de setembro de 2010

A quadrilha da fornalha


"Agora só toco harpa
De camisola e sandália
Espio pra ver lá embaixo
A quadrilha da fornalha
Aquela ingrata hoje está
Trabalhando de salsicha
Espetatinha no garfo
Satanás fritando a bicha
- Ô Demônio, Capricha!"

Paulo Vanzolini, Juízo Final

Ainda é manhã desse domingo mal dormido e acabo de ver Um homem de moral, documentário dirigido por Ricardo Dias, que trás luz à vida e às canções de Paulo Vanzolini. O DVD estava na estante, ainda no plástico, e não sei que comichão me fez tirá-lo dali. Imperdível! Lembrou-me de Só dez por cento é mentira, outro documentário muito bem feito, sobre Manoel de Barros. Manoel e Vanzolini têm em comum a devoção pelo mato.
Tive o prazer de ver Vanzolini no Teatro do Leblon com Letícia, lançando a caixa Acerto de contas. Caixa e filme têm uma única proposta: outorgar flores em vida a um dos nossos grandes compositores.
O filme é costurado por depoimentos quase que exclusivos de Paulo Vanzolini falando de sua vida e contando a história das composições, entremeado pelo canto de Maria Marta, Chico, Paulinho, Martinho, Elton e outros.
Conheci Vanzolini num disco da Gravadora Marcus Pereira dos anos 70, com Chico cantando Praça Clóvis, canção que até hoje faz parte do meu extenso (8) e indefectível repertório violístico. Gosto de cantá-la. Como gosto de cantar Volta por cima, Leilão e Trato do homem.
O diretor foi muito feliz em escolher Maria Marta e o Cuitelinho para abrir o filme. Maria como sempre, encanta. Já é praxe quando vamos ao Margarida Café em Paraty, pedir que Maria nos presenteie com Vanzolini. Ela nunca nos nega. É sempre um momento mágico em Paraty.
Nos extras, Antônio Cândido analisa Cravo Branco, um dos sambas mais dolentes de Paulo Vanzolini.
Um homem de moral deve passar nos colégios, nas instituições públicas, em qualquer lugar que se proponha a mostrar um pedaço do Brasil visto por um de seus grandes homens.

Nenhum comentário:

Travado

"Diferente o samba fica Sem ter a triste cuíca que gemia como um boi A Zizica está sorrindo Esconderam o Laurindo Mas não se sabe onde ...