domingo, 11 de dezembro de 2011

O melhor encontro casual



"Despreparada para a honra de viver
mal posso manter o ritmo que a peça impõe.
Improviso embora me repugne a improvisação.
Tropeço a cada passo no desconhecimento das coisas.
Meu jeito de ser cheira a província.
Meus insumos são amadorismos.
O pavor do palco, me explicando, é tanto mais humilhante.
As circunstãncias atenuantes me parecem cruéis."

Wislawa Szymborska, A vida na hora

Semana corrida essa que passou, talvez a última semana do ano de grandes embates. Daqui pra frente é o morno do natal que se avista. Ontem mesmo resolvi ir ao Plaza Shopping no final da tarde para renovar o estoque de chocolate. Já está difícil entrar e sair. Milhares de pessoas e uma fila complexa nas Lojas Americanas. De repente, avistei Laura. Não tinha marcado, não era o objetivo, mas lá estava ela. Não foi o meu primeiro encontro casual com Laura. Moramos juntos, dividimos silêncio e conversa, e algumas vezes, nos encontramos por acaso. Num ônibus, numa esquina, na praça de alimentação do shopping, em meio a muitos possíveis encontros, era Laura quem estava ali. Laura tem sido meu melhor encontro casual nesses anos todos.


Em São Paulo quarta e quinta, além dos atrasos da TAM, das reuniões conturbadas e da noite mal dormida no Hotel Transamérica, descobri o Restaurante Capim Santo e seu camarão ensopado no coco. Fotografei pra guardar o sabor.
Ontem apaguei o dia. Depois de três dias atropelados, o jeito foi hibernar. Entre um sono e outro assisti ao brasileiro Estamos juntos. Descontando o desempenho alto nível de Leandra Leal e a oportunidade de ver Luisa Maita cantando em cena, o filme não diz a que veio. É um ensaio sobre a solidão e a proximidade da morte que a mim, emocionou pouco.
Botei pra tocar no Itreco, o disco do fadista Pedro Moutinho, Um copo de Sol. É uma grata surpresa. Fado sem cerimônia, tradicional, sem improviso, vadio. Bom de ouvir.
E leio e releio sem parar o livro de poemas de Wislawa Szymborska, editado pela primeira vez no Brasil pela Companhia das Letras, com tradução de Regina Prybycien.
Taí uma boa dica: dê livro de poesia de presente no natal. Quem sabe o Mundo não acorda?

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