terça-feira, 5 de setembro de 2017

Crônicas de Motel

Para Sam Shepard


Aguardando a família em São Paulo - depois de quase seis anos na ponte aérea, consigo pela primeira vez, inverter a ordem das chegadas: dessa vez são eles que chegam. Isso poderia ser uma grande bobagem colocado assim a esmo, mas para mim tem uma importância de pedra. Essa coisa de subverter a ordem deixou meu velho coração satisfeito. Já posso imaginar o Lucas caminhando comigo pela Paulista ao entardecer. Espero que venham com essa alma leve que está permeando esse feriado.

Jogava o Flamengo, eu queria escutar - já me acostumei às segundas e às aulas de violão. Estou certo que meu professor entende que é só aquilo ali, que não haverá nada mais do que aquele pequeno momento íntimo, em que ouvimos e tocamos canções que são caras para mim e inéditas para ele. Algumas me pegaram cansado demais, mas ele percebe e alivia. É o único momento varanda da minha casa. Varanda que pensávamos ser um ótimo lugar para conversar e tomar um vinho num final de sexta.

O fim da delicadeza - no dia do meu aniversário, torci que corresse o mais breve possível e que fosse uma data normal em que eu pudesse jantar com a família com todos à mesa. Impossível estarem todos, mas foi tocante a decisão da Manu de não ir para o pai e ficar conosco para jantar. Nesses tempos difíceis, foi uma das coisas mais delicadas que me aconteceram em 31 de agosto.

Três canções - Mônica Salmos gravou o disco do ano - Caipira - mas me chamaram a atenção três canções caipiras de autores não caipiras que já deixaram muitas lágrimas no meu olho seco. Primeiro foi o Baile Perfumado do Roque Ferreira. É certamente a canção mais bonita que ouvi esse ano. Roque está com muito crédito. Seus dois discos não saem do Itreco. E essa agora. A versão de Mônica para Feriado na roça de Cartola compete deliciosamente com a do autor e a de Cida Moreira. Não se sabe de qual se gosta mais. Na próxima canção de afeto, vou botar as três emparelhadas. E Bom dia, de Nana e Gil, que já tinha gostado com Gil e Milton e também com Cida. Outro caso de emparelhar e ouvir muitas vezes.

As caravanas -um novo Chico é sempre um novo Chico e deve se esperar esses lapsos de genialidade do autor, como em Tua cantiga, dele com Peranzetta. Lembra muito das composições de Chico com Jobim. E esses versos divergentes, que incomodam do mesmo jeito que encantam. Só reclamo da preguiça. Um disco com nove faixas,  sendo duas regravações é quase um compacto duplo. Mas ainda é um Chico.
É outro caso de polícia muito sério foi a última temporada de game of thrones: 7 episódios. Muito pouco para quem está órfão de séries nesses últimos tempos.

Pirão de peixe - saiu uma edição especial do clássico Pirão de peixe com pimenta, do Sá e Guarabyra. Corra antes que acabe!

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